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Mecanismo da ATM (RESUMO)

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OKESON, J.P. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 7 ed. São Paulo: Artes Médicas, 2013 (p.15-18).
A ATM é uma articulação extremamente complexa por justamente ser composta. Sua estrutura e função podem ser divididas em dois sistemas distintos:
	O primeiro sistema articular é responsável pelo movimento de rotação na ATM, é composto justamente por uma ligação do disco ao côndilo, que se denomina complexo côndilo-disco. O segundo sistema articular é composto pelo complexo côndilo-disco que funciona basicamente contra a superfície da fossa articular, que caracteriza o movimento chamado de translação.
	Apesar das estruturas não serem unificadas. O contato deve ser mantido constantemente para uma estabilidade articular adequada. A constante atividade dos músculos é o que mantem essa estabilidade, e prosseguem assim principalmente por conta dos músculos elevadores que tracionam através da articulação, e mesmo em estado de repouso esses músculos estão em um estado de contração moderada, chamada de tônus. Conforme a atividade muscular aumenta, o côndilo é forçado com maior intensidade contra o disco e o disco contra a fossa, resultando em um aumento da pressão intra-articular dessas estruturas articulares. Na ausência de pressão intra-articular, as superfícies articulares vão se separar e a articulação irá, tecnicamente, se deslocar.
	Conforme a pressão intra-articular varia, a largura do espaço do disco modifica. Nesse seguimento quando a pressão é baixa, como na posição fechada de repouso, o espaço do disco se alarga. Quando a pressão é alta, como durante o apertamento dentário, o espaço do disco se estreita e o côndilo se instala na zona intermediária mais fina do disco, este processo que intensifica o assentamento do côndilo na zona intermediária. As bordas anterior e posterior do disco são mais amplas que a zona intermediária, tecnicamente o disco poderia rotacionar tanto anterior quanto posteriormente para cumprir essa função.
	Quando a boca está fechada (posição articular fechada), a tração elástica no disco é mínima ou nenhuma. No entanto, durante a abertura da mandíbula, quando o côndilo é puxado para frente e para baixo na eminência articular, a lâmina retrodiscal superior torna-se cada vez mais esticada, gerando forças mais intensas para retrair o disco. A pressão intra-articular e a morfologia do disco evitam que este seja retraído de forma exagerada. 
	O músculo pterigóideo lateral superior está inserido na borda anterior do disco articular e é tecnicamente um protrusor do disco. A protusão do disco não ocorre durante a abertura mandibular. Quando o pterigóideo lateral inferior está protuindo o côndilo para frente, o pterigóideo lateral superior está inativo e, por consequência, não carrega o disco para frente com o côndilo. O pterigóideo lateral superior é ativado somente em conjunto com a atividade dos músculos elevadores durante o fechamento mandibular ou durante um golpe de força.
	O ligamento capsular anterior une o disco à margem anterior da superfície articular do côndilo. Além disso, a lâmina retrodiscal inferior une a extremidade posterior do disco à margem posterior da superfície articular do côndilo. Ambos os ligamentos são compostos de fibras colágenas e não se esticam. Portanto, uma suposição lógica é que eles forçam o disco a transladar para frente com o côndilo. Apesar da lógica, os ligamentos não participam ativamente da função articular normal; eles apenas restringem passivamente movimentos limítrofes extremos. O mecanismo pelo qual o disco é mantido com o côndilo durante a translação depende da morfologia do disco e da pressão intra-articular.
	Na translação, a combinação da morfologia do disco com a pressão intra-articular mantém o côndilo na zona intermediária e o disco é forçado a transladar com o disco para frente com o côndilo. A morfologia do disco é, pois, extremamente importante na manutenção da posição correta durante a função. Uma morfologia apropriada, somada a pressão intra-articular, resulta em um importante recurso de auto posicionamento do disco. Esse relacionamento do disco é mantido durante pequenos movimentos passivos mandibulares de rotação e translação. 
	Quando mordemos uma substância dura de um lado, as ATMs não recebem igualmente a mesma carga. Isto ocorre porque a força do fechamento não é aplicada sobre a articulação, mas sim sobre o alimento. A mandíbula é apoiada ao redor do alimento duro, o que leva a um aumento da pressão intra-articular na articulação contralateral e uma considerável diminuição da pressão intra-articular na articulação ipsilateral, do mesmo lado. Isso pode levar à separação das superfícies articulares, resultando num deslocamento da articulação ipsilateral. Evitando esse deslocamento, o músculo pterigóideo lateral superior se torna ativo quando há força de resistência, rotacionando o disco para frente sobre o côndilo, de maneira que a borda posterior mais espessa do disco mantenha o contato articular. Nessa proporcionalidade, a estabilidade articular é mantida durante o golpe de força da mastigação. Conforme os dentes atravessam o alimento e se aproximam da intercuspidação, a pressão intra-articular é aumentada, logo o espaço do disco diminui e este é mecanicamente rotacionado em sua posição posterior; assim, a zona intermediária mais fina preenche o espaço. A posição articular fechada em repouso é reassumida assim que a força de fechamento é interrompida. 
BIANCA LIS SOUZA ARAÚJO
Fichamento sobre a biomecânica da ATM
SALVADOR
2018
BIANCA LIS SOUZA ARAÚJO
 Trabalho, apresentado para a matéria de Pré-Clínica em Oclusão e Dentística do curso de Bacharel em Odontologia da Faculdade UNIME.
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