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Local: A300 - 3º andar - Bloco A / Andar / Polo Tijuca / POLO UVA TIJUCA Acadêmico: EAD-IL80008-20173A Aluno: NATHALIA AREA LEAO GARCIA DE SOUZA Avaliação: A2- Matrícula: 20172300004 Data: 16 de Setembro de 2017 - 15:30 Finalizado Correto Incorreto Anulada Discursiva Objetiva Total: 9,00/10,00 1 Código: 22332 - Enunciado: Em Maré, nossa história de amor, filme da cineasta Lúcia Murat, a tragédia Romeu e Julieta, de Shakespeare, acontece em nossa paisagem contemporânea, na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro. Tendo-se em vista seus conhecimentos a respeito de literatura e tradução, é possível compreender o filme Maré, nossa história de amor como uma tradução de Romeu e Julieta porque: a) Ao realizar o filme, Lúcia Murat fez uma transcriação da tragédia Romeu e Julieta em um novo contexto histórico e político. b) Ao realizar o filme, Lúcia Murat contou a tragédia Romeu e Julieta da mesma forma que o dramaturgo William Shakespeare. c) Ao realizar o filme, Lúcia Murat não fez modificações no texto original da tragédia Romeu e Julieta, de Shakespeare. d) Ao realizar o filme, Lúcia Murat fez uma reprodução, uma cópia, da tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare. e) Ao realizar o filme, Lúcia Murat respeitou integralmente a história contada na tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Alternativa marcada: a) Ao realizar o filme, Lúcia Murat fez uma transcriação da tragédia Romeu e Julieta em um novo contexto histórico e político. Justificativa: Resposta correta: Ao realizar o filme, Lúcia Murat fez uma transcriação da tragédia Romeu e Julieta em um novo contexto histórico e político. Correta, pois a tradução é sempre um processo de recriação ou transcriação entre textos, mesmo na tradução intersemiótica, que é realizada entre diferentes linguagens artísticas. Distratores: Ao realizar o filme, Lúcia Murat contou a tragédia Romeu e Julieta da mesma forma que o dramaturgo William Shakespeare. Errada, pois a diretora Lúcia Murat recriou de outra maneira a tragédia de Shakespeare ao deslocar a história Romeu e Julieta para outro tempo, a contemporaneidade, e espaço, a comunidade da Maré no Rio de Janeiro. Ao realizar o filme, Lúcia Murat não fez modificações no texto original da tragédia Romeu e Julieta, de Shakespeare. Errada, pois a ideia de que há um texto original implica dizer que as traduções seriam reproduções ou cópias, e não transcriações. Por isso, chamarmos de texto de partida, e não de original, considerando ainda que o processo de tradução faz modificações no texto de partida ao recriá-lo. Ao realizar o filme, Lúcia Murat fez uma reprodução, uma cópia, da tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Errada, pois não se trata de reprodução ou cópia, e sim de recriação ou transcriação. Ao realizar o filme, Lúcia Murat respeitou integralmente a história contada na tragédia Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Errada, pois, por ser um processo de recriação, na tradução não é possível manter integralmente o texto de partida, uma vez que a recriação permite adaptações e ajustes, dependendo das escolhas do tradutor. 1,00/ 1,00 2 Código: 22338 - Enunciado: O filósofo Michel Foucault pensará a escrita como uma prática de si e um cuidado de si. Foucault nos ensina como a troca de cartas e os cadernos de anotações (diários) abrem nossa percepção de nós mesmos e do outro. Muitas práticas artísticas modernas e contemporâneas — filmes, imagens, livros — podem ser pensadas como uma escrita de si. Diante disso, marque a alternativa que apresenta corretamente um exemplo que foge da perspectiva referenciada. a) A produção imagética de Frida Kahlo. Além de diários, Frida Kahlo pintou diversos autorretratos como uma estratégia de ressignificar as fortes dores físicas e emocionais. b) A exposição-instalação Cuide de Você, de Sophie Calle. A artista reuniu 107 mulheres para responder ao término de relação feito por e-mail pelo seu namorado. c) As cartas trocadas entre os poetas Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. d) As cartas trocadas entre a artista Lygia Clark e o artista Hélio Oiticica. e) O filme Estrelas além do tempo, que conta como mulheres negras foram invisibilizadas como cientistas da NASA durante o período histórico conhecido como Guerra Espacial. Alternativa marcada: e) O filme Estrelas além do tempo, que conta como mulheres negras foram invisibilizadas como cientistas da NASA durante o período histórico conhecido como Guerra Espacial. Justificativa: Resposta correta: O filme Estrelas além do tempo, que conta como mulheres negras foram invisibilizadas como cientistas da NASA durante o período histórico conhecido como Guerra Espacial. Correta, pois o filme Estrelas além do tempo, indicado ao Oscar 2017 como melhor filme, roteiro e atriz coadjuvante e 0,50/ 0,50 dirigido por Theodore Melfi, dá voz às histórias de Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, que, à época da corrida espacial contra os soviéticos, enfrentaram a segregação racial sulista e se revelaram fundamentais para que o primeiro astronauta americano, um homem branco, entrasse na órbita da Terra, em 1962. A alternativa deve ser marcada porque é a que mais se distancia da noção escrita de si articulada pelo filósofo Michel Foucault. Distratores: A produção imagética de Frida Kahlo. Além de diários, Frida Kahlo pintou diversos autorretratos como uma estratégia de ressignificar as fortes dores físicas e emocionais. Errada, pois a produção da artista Frida Kahlo é um exemplo de escrita de si. Kahlo, em seu diário e ao pintar diversos autorretratos, escreve e ressignifica a si mesma. A exposição-instalação Cuide de Você, de Sophie Calle. A artista reuniu 107 mulheres para responder ao término de relação feito por e-mail pelo seu namorado. Errada, pois a artista Sophie Calle, com a exposição Cuide de você, embaralha os territórios do privado e do público. Calle propõe uma escrita de separação e sobre separação ao se juntar com uma centena de mulheres. Ela diz sim a partir de um não, de um fora. As cartas trocadas entre os poetas Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Errada, pois as cartas trocadas entre os dois poetas fazem parte de procedimentos de si apontados por Michel Foucault. Michel Foucault foi um dos pensadores que pensaram sobre escrita de si. Ele sugere uma vida de autoria de si mesmo. No texto A escrita de si, Foucault irá centrar-se no ato da escrita como estratégia prática na constituição de si. Ele flagra duas tecnologias do cultivo de si: a escrita de cartas e os cadernos de anotações (diários). As cartas trocadas entre a artista Lygia Clark e o artista Hélio Oiticica. Errada, pois as cartas trocadas entre os dois artistas fazem parte de procedimentos de si apontados por Michel Foucault. Michel Foucault foi um dos pensadores que pensaram sobre escrita de si. Ele sugere uma vida de autoria de si mesmo. No texto A escrita de si, Foucault irá centrar-se no ato da escrita como estratégia prática na constituição de si. Ele flagra duas tecnologias do cultivo de si: a escrita de cartas e os cadernos de anotações (diários). 3 Código: 23874 - Enunciado: Leia o fragmento da escritora e teórica Conceição Evaristo: "Escrever pressupõe um dinamismo próprio do sujeito da escrita, proporcionando-lhe a sua autoinscrição no interior do mundo. E, em se tratando de um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação. [...] A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para 'ninar os da casa grande', e sim para incomodá-los em seus sonos injustos." (Disponível em: <http://gelbcunb.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-09- 17T06:33:00-07:00&max-results=2&start=10&by-date=false>. Acesso em: 5 maio2017.) Diferentemente da escrita de si e da escritura, que apresentam como matriz o pensamento europeu, a noção de escrevivência, pensada por Conceição Evaristo, tem como matriz o pensamento afrodiaspórico e as marcas de uma ancestralidade negra. Ou seja, escreviver é, conforme Evaristo, um gesto estratégico de se dizer sem a mediação de um outro e a partir das marcas do próprio corpo e da vida, e é também um gesto político de trazer narrativas durante muito silenciadas. Diante disso, apresente a imagem correta sobre a noção de escrevivência na perspectiva de Conceição Evaristo. a) O grafite da grafiteira Criola: b) Os girassóis de Van Gogh: 1,00/ 1,00 c) A pop art de Andy Warhol: d) A fotografia de Sebastião Salgado: e) O vaso de rosas de Van Gogh: Alternativa marcada: a) O grafite da grafiteira Criola: Justificativa: Resposta correta: O grafite da grafiteira Criola. Podemos encontrar ecos entre a noção de escrevivência e as noções de escritura e escrita de si. No entanto, no texto de apoio da questão, a escritora Conceição Evaristo indica que a escrevivência é “um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação”. Apenas o grafite (gesto de insubordinação) de Criola (mulher negra) contempla essa característica da escrevivência proposta por Evaristo. Distratores: Os girassóis de Van Gogh e O vaso de rosas de Van Gogh. Erradas, pois, no texto de apoio da questão, a escritora Conceição Evaristo indica que a escrevivência é “um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação”. Embora Van Gogh seja um importante artista para se pensar, entre outras coisas, a loucura e embora possamos considerar seus Girassóis e o Vaso de Rosas como uma escrita de si, ele é um homem que pertence a uma matriz europeia e branca. A pop art de Andy Warhol. Errada, pois a escritora Conceição Evaristo indica que a escrevivência é “um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação”. A pop art de Andy Warhol é um importante marco para repensarmos o fazer artístico, no entanto, não se conecta com o recorte sobre a escrevivência feito por Evaristo no texto de apoio da questão. A fotografia de Sebastião Salgado. Errada, pois a escritora Conceição Evaristo indica que a escrevivência é “um ato empreendido por mulheres negras, que historicamente transitam por espaços culturais diferenciados dos lugares ocupados pela cultura das elites, escrever adquire um sentido de insubordinação”. Na fotografia de Sebastião Salgado, está o ponto de vista de um homem. Para Evaristo, escreviver seria uma maneira de a menina da foto fazer uma escrita de si mesma sem a mediação de um outro. 4 Código: 22339 - Enunciado: Leia a seguir o poema-canção de Karina Buhr: Enfrentar leões Enfrentar Passar por cima de uma coisa Que está no lugar Mordida E a pele fica ferida Prossiga no rastro, no pasto e siga a vida No fim a tristeza é amiga da onça Que ensina a enfrentar leões A partir da leitura do poema e da relação que se pode estabelecer entre ele e a escritura como clínica de artista, é possível dizer que: a) A poesia pode ser considerada uma escritura cuja finalidade é entreter o leitor; por isso, Karina Buhr escreve: “a tristeza é amiga da onça / Que ensina a enfrentar leões”. b) A poesia é o gênero literário menos indicado para pensar a escrita e a literatura como saúde. c) O poema-canção de Karina Buhr é uma maneira melancólica de pensar a vida, conforme mostra o verso “e a pele fica ferida”. d) O poema-canção de Karina Buhr, assim como o filme Elena, de Petra Costa, funcionam como escrituras para se ter saúde — a cura do artista está na arte. e) O poema-canção de Karina Buhr e as produções artísticas contemporâneas são confusas e por isso podem nos levar a afastarmo-nos de uma saúde mental e emocional. Alternativa marcada: d) O poema-canção de Karina Buhr, assim como o filme Elena, de Petra Costa, funcionam como escrituras para se ter saúde — a cura do artista está na arte. Justificativa: Resposta correta: O poema-canção de Karina Buhr, assim como o filme Elena, de Petra Costa, funcionam como escrituras para se ter saúde — a cura do artista está na arte. Correta, pois o poema-canção de Karina Buhr e o filme Elena são reverberações daquilo que conhecemos como escritura e escrita de si — procedimentos para curarmo-nos da melancolia e da tristeza que recaem sobre nossos ombros. Distratores: A poesia pode ser considerada uma escritura cuja finalidade é entreter o leitor, por isso Karina Buhr escreve: “a tristeza é amiga da onça / Que ensina a enfrentar leões”. Incorreto, pois os versos “a tristeza é amiga da onça / Que ensina a enfrentar leões” do poema-canção de Karina Buhr, não pretendem apenas entreter mas cantar a tristeza como possibilidade de força e alegria. A poesia é o gênero literário menos indicado para pensar a escrita e a literatura como saúde. Incorreto, pois o texto artístico, literário ou não, se pensado como escritura é um modo de ter saúde. O poema-canção de Karina Buhr é uma maneira melancólica de pensar a vida, conforme mostra o verso “e a pele fica ferida”. Incorreto, pois o poema-canção de Karina Buhr é uma ode à resistência — viver é resistir. O poema-canção de Karina Buhr e as produções artísticas contemporâneas são confusas e por isso podem nos velar a afastarmo-nos de uma saúde mental e emocional. Incorreto, pois o poema-canção de Karina Buhr e as produções artísticas contemporâneas nem sempre atendem a uma ordem linear ou pragmática. As produções artísticas contemporâneas não atendem a uma causalidade recorrente das produções artísticas que querem apenas entreter e reproduzir discursos homogeneizadores. A confusão que se percebe em algumas produções contemporâneas é uma maneira de alterar a ordem de uma lógica de sentido imposta. 0,50/ 0,50 5 Código: 22331 - Enunciado: Leia o poema Isto é para dizer, do poeta William Carlos Williams, traduzido por Antonio Cicero: Isto é para dizer Eu comi ameixas que estavam na geladeira as quais você decerto guardara para o desjejum Desculpe-me estavam deliciosas tão doces e tão frias Disponível em: <http://antoniocicero.blogspot.com.br/2009/09/william-carlos-williams-this-is-just-to.html>. Acesso em: 7 maio 2017. Partindo de seu entendimento de literatura como ficção e da análise do poema Isto é para dizer, é possível afirmar que: a) Não é um poema porque parece um bilhete, apesar de estar em versos e ter a tradução do poeta Antonio Cicero. b) É um poema porque foi traduzido pelo poeta Antonio Cicero, embora pareça um bilhete. c) É um poema se lido como poema, considerando, ainda, que há a assinatura de um poeta, William Carlos Williams, como autor. d) É um poema desde que seja possível considerar bilhete como um tipo de poesia, sendo necessário, para tanto, escrevê-lo em versos. e) Não é um poema porque está em versos e porque a assinatura de William Carlos Williams como autor em nada interfere na leitura. Alternativa marcada: c) É um poema se lido como poema, considerando, ainda, que há a assinatura de um poeta, William Carlos Williams, como autor. 1,00/ 1,00 Justificativa: Resposta correta: É um poema se lido como poema, considerando, ainda, que há a assinatura de um poeta, William Carlos Williams, como autor. Correta, pois as noções do que é poesia, assim como do que é literatura, dependem do contexto histórico e social e podem ter na assinatura de um poeta enquanto autor umdos requisitos para que um texto prosaico seja reconhecido, por alguns, como um poema. Distratores: Não é um poema porque parece um bilhete, apesar de estar em versos e ter a tradução do poeta Antonio Cicero. Errada, porque não é o fato de parecer um bilhete que definirá se é ou não um poema, e sim por quem será lido e, dependendo de valores estéticos e do momento histórico, se será reconhecido como poema. É um poema porque foi traduzido pelo poeta Antonio Cicero, embora pareça um bilhete. Errada, porque não é a tradução de Antonio Cicero que reconhece ser o texto um poema, uma vez que o poeta pode traduzir diversos gêneros textuais, incluindo bilhetes. É um poema desde que seja possível considerar bilhete como um tipo de poesia, sendo necessário, para tanto, escrevê-lo em versos. Errada, porque não é a classificação de bilhete como poesia que determinará se o texto é um poema, visto que a definição de gênero literário não é algo imutável ao longo do tempo. Não é um poema porque está em versos e porque a assinatura de William Carlos Williams como autor em nada interfere na leitura. Errada, porque a assinatura de um poeta como autor de um texto em versos pode, sim, sugestionar ao leitor que ele está diante de uma produção literária. 6 Código: 22329 - Enunciado: Leia a citação: "É tentador desistir e concluir que a literatura é o que quer que uma dada sociedade trata como literatura — um conjunto de textos que os árbitros culturais reconhecem como pertencentes à literatura." (CULLER, 1999, p. 29). Considerando o fragmento apresentado e seus estudos acerca do que é literatura, identifique a definição correta. a) O conceito de literatura independe de um contexto histórico e social por ser permanente. b) O conceito de literatura é determinado de acordo com um dado contexto histórico e social. c) O conceito de literatura considera como textos literários os produzidos pelos árbitros culturais. d) O conceito de literatura é imutável ao longo da história, isto é, não sofre qualquer tipo de modificação. e) O conceito de literatura decorre do reconhecimento de dada sociedade pelos árbitros culturais. Alternativa marcada: e) O conceito de literatura decorre do reconhecimento de dada sociedade pelos árbitros culturais. Justificativa: Resposta correta: O conceito de literatura é determinado de acordo com um dado contexto histórico e social. Correta, pois, de acordo com Culler,a definição do que é literatura dependerá de como uma determinada sociedade reconhecerá o que é literatura. Portanto, a definição está sujeita a alterações ao longo do tempo. Distratores: O conceito de literatura independe de um contexto histórico e social por ser permanente. Errada, pois é justamente o contrário: o conceito sempre dependerá do contexto histórico e social. O conceito de literatura considera como textos literários os produzidos pelos árbitros culturais. Errada, pois não são as produções literárias dos árbitros culturais que são consideradas como literatura, e sim o que eles reconhecem como tal. O conceito de literatura é imutável ao longo da história, isto é, não sofre qualquer tipo de modificação. Errada, porque, como já exposto anteriormente, o conceito de literatura é mutável ao longo do tempo. O conceito de literatura decorre do reconhecimento de dada sociedade pelos árbitros culturais. Errada, pois as sociedades não são reconhecidas pelos árbitros culturais para entenderem o que vem a ser literatura. São as sociedades que entendem o que é literatura em determinado momento histórico. 0,00/ 1,00 7 Código: 22333 - Enunciado: Observe a imagem a seguir: A imagem é uma cena do filme Pina, do cineasta alemão Wim Wenders, e mostra uma mulher amarrada a uma corda. Em dança e em literatura, assim como em outras produções artísticas, podemos reagir de diferentes formas à exterioridade do mundo: a) Produções literárias, assim como outras produções artísticas, podem ressignificar dores e por isso podem ser lidas enquanto clínica de artista. b) Produções literárias, bem como outras produções artísticas, não decorrem de como seus escritores sentem o mundo. c) Produções literárias, assim como outras produções artísticas, decorrem de condições objetivas e não subjetivas de sentir o mundo. d) Produções literárias, bem como outras produções artísticas, podem ser entendidas soba perspectiva de clínica se curarem doenças. e) Produções literárias, assim como outras produções artísticas, produzem saúde somente se forem entendidas fora da vida. Alternativa marcada: a) Produções literárias, assim como outras produções artísticas, podem ressignificar dores e por isso podem ser lidas enquanto clínica de artista. Justificativa: Resposta correta: Produções literárias, assim como outras produções artísticas, podem ressignificar dores e por isso podem ser lidas enquanto clínica de artista. Correta, pois as produções literárias, assim como outras produções artísticas, podem produzir resistência saudável à exterioridade do mundo, podendo, por isso, serem lidas em uma perspectiva de clínica de artista. Distratores: Produções literálrias, bem como outras produções artísticas, não decorrem de como seus escritores sentem o mundo. Incorreta, pois as produções 1,00/ 1,00 literárias, bem como outras produções artísticas, decorrem de como percebemos e sentimos o mundo. Produções literárias, assim como outras produções artísticas, decorrem de condições objetivas e não subjetivas de sentir o mundo. Incorreta, pois, em produções literárias, bem como em outras produções artísticas, a forma como nossa subjetividade capta a exterioridade do mundo interfere em nosso processo criativo. Produções literárias, bem como outras produções artísticas, podem ser entendidas sob a perspectiva de clínica se curarem doenças. Incorreta, pois não é a cura de doenças que define uma perspectiva clínica e sim a possibilidade de produção de saúde. Produções literárias, assim como outras produções artísticas, produzem saúde somente se forem entendidas fora da vida. Incorreta, pois produções literárias, assim como outras produções artísticas, são produzidas a partir de vivências e por isso não dissociarmos literatura de vida. 8 Código: 22336 - Enunciado: Inteprete a seguinte imagem: O grafite Luto, da artista Talita Andrade, funciona como uma escrita/escritura. Analisando a imagem destacada, pode-se inferir: a) Não podemos considerar o grafite como escrita. A escrita diz respeito apenas a textos escritos facilmente encontrados em escolas, bibliotecas e livrarias. b) Não podemos considerar o grafite como escrita. O grafite traz desordem e sujeira visual para nossas cidades. c) Não podemos considerar Luto como grafite porque é uma imagem que gera violência. d) Não podemos considerar como escrita apenas poemas e narrativas. O grafite é uma maneira de escrever a cidade e politizar, por exemplo, o corpo da mulher. e) Não podemos considerar Luto como arte porque a mulher da imagem não para para refletir sobre o que Talita propõe como artista. Alternativa marcada: d) Não podemos considerar como escrita apenas poemas e narrativas. O grafite é uma maneira de escrever a cidade e politizar, por exemplo, o corpo da mulher. Justificativa: Resposta correta: Não podemos considerar como escrita apenas poemas e narrativas. O grafite é uma maneira de escrever a cidade e politizar, por exemplo, o corpo da mulher. Correta, pois a imagem – o grafite —, nesse caso, é uma maneira de escrever. Ou seja, entende-se por escrita e escritura todo gesto político e auto- afirmativo de si diante do mundo. Distratores: Não podemos considerar o grafite como escrita. A escrita diz respeito apenas a textos escritos facilmente encontrados em escolas, bibliotecas e livrarias. Incorreto, pois a escrita, pensada de maneira expandida, conforme nos ensina RobertoCorrêa dos Santos, “ultrapassa soluções e sínteses e modelos”, ou seja, a escritura é toda manifestação do si, seja em livros, paredes ou em qualquer outro suporte. Não podemos considerar o grafite como escrita. O grafite traz desordem e sujeira visual para nossas cidades. Incorreto, pois Roberto Corrêa dos Santos diz que “escrever impõem rasgos”. O grafite, pensado como escrita, rasga, reorganiza e politiza as paisagens cinza das cidades. Não podemos considerar Luto como grafite porque é uma imagem que gera violência. Incorreto, pois é o contrário: o grafite Luto denuncia a violência que ocorre diariamente em nossas cidades. Aqui, a palavra 'luto' é ambígua. Esse luto é substantivo e se refere a alguém que está de luto pela morte de alguém (quantas mulheres são assassinadas diariamente no Brasil e no mundo apenas por serem mulheres?). Luto também é verbo conjugado na primeira pessoa do singular — eu luto! Luto e Lutar. Lutar para que mulheres não continuem morrendo por serem mulheres, vítimas do machismo, da misoginia e da transfobia. Não podemos considerar Luto como arte porque a mulher da imagem não para para refletir sobre o que Talita propõe como artista. Incorreto, pois o grafite não pede a mesma contemplação de galeria e museus. A mulher da imagem confunde-se ao grafite. A ou o transeunte fazem parte do grafite. O objeto artístico e o sujeito que contempla se confundem. Tanto o grafite quanto aquele que olha o grafite fazem parte da paisagem urbana e um atravessa o outro 1,00/ 1,00 9 Código: 22335 - Enunciado: Leia a seguir um trecho do livro Queria ver você feliz, de Adriana Falcão: Só para constar: • Gosto de pares. • Quando me deparo com gente adolescente, um furor repentino me ataca. • Se o querer de uma pessoa insiste no querer de outra, me arrepio. • Ai, que negócio me dá quando presencio dois velhinhos passeando de mãos dadas. • Êxtases me extasiam, atos de ternura me enternecem, sou o rei dos clichês. • Desnecessário comentar que sempre me seduziram cenários clássicos, como pistas de dança, parques de diversão e noites de chuva. (FALCÃO, 2014, p. 8) O trecho apresentado é um disparador para pensarmos sobre a história de amor dos pais da escritora do livro, Adriana Falcão. Falcão recolhe fotografias e cartas trocadas entre Caio e Maria Augusta e, a partir delas, escreve sobre o amor trágico de seus pais. Ao falar sobre seus pais e transformar o Amor em narrador da história, ela narra a si mesma. A mistura de ficção e realidade nos faz considerar esse livro como aquilo que os teóricos da literatura tem chamado de autoficção. Diante do exposto, sintetize em um parágrafo o que se pede nos itens a seguir. a) Como se articula a discussão sobre literatura e ficção com as noções de escritura e de escrita de si? b) A escrita de si, nesse caso pode ser considerada como um cuidado consigo mesmo? c) A escrita de si é uma maneira de ter saúde? Resposta: 1,50/ 1,50 Justificativa: Expectativa de resposta: O século XXI expande a noção de literatura e, portanto, do que é ficcional. Atravessada pela velocidade das mídias, a literatura se configura menos como essência e mais como trânsito. A literatura atravessa e é atravessada pelo audiovisual, pelo teatro, pela arte de rua, pela dança, pelas artes plásticas (para citar apenas algumas séries culturais). A literatura, nos tempos atuais, põe em xeque o status do ficcional. O livro de Adriana Falcão está contido nesse campo expandido da literatura e embaralha ficção e realidade. Falcão recolhe cartas e fotografias dos pais e, por intermédio do narrador “Amor”, conta a história de amor trágica de Caio e Maria Augusta. Podemos fazer uma inferência da história dos dois com uma das histórias de amor mais conhecidas: Romeu e Julieta. Além disso, ao narrar a história dos pais, Falcão conta, de modo enviesado, a história do Rio de Janeiro e mostra um dos momentos críticos na história do Brasil, a Ditadura. Podemos ainda pensar nas pistas que o nome do livro nos traz, como: “Queria ver você feliz”. Ao conjugar o verbo 'querer' no modo indicativo do pretérito imperfeito, o narrador traz uma ideia de continuidade. É como se Adriana tivesse dizendo para si mesma que o desejo de felicidade permanece, apesar da história trágica dos pais. No final, ao revisitar o passado, a escritora recria a possibilidade do presente. Contar o amor dos pais é escrever ficção sobre si mesma, é maneira de se reiventar. Na reinvenção de si, traumas são potencializados em saúde. Conclui-se: na escrita de si e na ficção está a possibilidade de pensar a vida como saúde. 10 Código: 22334 - Enunciado: A seguir, leia os trechos de uma carta do escritor Graciliano Ramos ao autor argentino Benjamín de Garay: [...] Se a minha “Baleia” for bem recebida aí, mandar-lhe-ei, caso você ache conveniente, umas histórias semelhantes, lá para o fim do ano, que é quando espero concluir o trabalho. Poderemos publicá-las em espanhol; primeiro em jornal, depois em livro. Antes disso, vamos ver como tratam a cachorra doente. [...] Outra coisa: o Angústia saiu com grande quantidade de pastéis. Provavelmente você vai encontrar dificuldades na tradução. Há também expressões nordestinas de São Bernardo, que aqui no Sul ninguém entende. Se você tiver alguma dúvida, escreva-me. Adeus, caro Garay. Um abraço do G. Ramos MAIA, Pedro Moacir. Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro. In: ROCHA PERES, Fernando (Org.). Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos Benjamín de Garay e Raúl Navarro. Salvador: Edufba, 2008. Nos trechos da carta, Graciliano Ramos, escritor de Angústia e de São Bernardo, mostra preocupação com possíveis dificuldades sobre a tradução de expressões nordestinas que Benjamín Garay terá de fazer. Entendendo a tradução como transcriação, o tradutor argentino poderá adaptar essas expressões à cultura de seu país? Justifique sua resposta. Resposta: Justificativa: Expectativa de resposta: Sim, é possível que o tradutor argentino Benjamín Garay, em seu processo de tradução, faça ajustes e adaptações não somente em relação a expressões nordestinas, mas também a outros elementos do texto que considere importante sofreram ajustes na medida em que a tradução é recriação e não reprodução do texto de partida. E Gracialiano Ramos entende, de acordo com a carta, que a cultura local interfere na recepção de um texto, tanto assim que aguarda notícias de como o público argentino receberá sua história de Baleia antes de enviar outras semelhantes. 1,50/ 1,50 (https://strtec.s3.amazonaws.com/ilumno/processamento/imagens_corrigidas/2017/09/18/25227224- 9c97-11e7-9112-0242ac110007.jpg? Signature=LtbnyM7hlv58PJuNKfkuNWPq5tw%3D&Expires=1543935957&AWSAccessKeyId=AKIAJ5OVDHP63TNWC3PQ) (https://strtec.s3.amazonaws.com/ilumno/processamento/imagens_corrigidas/2017/09/18/2725f884- 9c97-11e7-9112-0242ac110007.jpg? Signature=rffpR%2Ft%2B7Qc3XBvyjW91kmI63Ek%3D&Expires=1543935957&AWSAccessKeyId=AKIAJ5OVDHP63TNWC3PQ)
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