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Unidade I – O Desenvolvimento Sobre o Pensar e o Fazer Político no Ocidente

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Prévia do material em texto

Responsável pelo Conteúdo: 
Prof. Rodrigo Medina Zagni 
 
Revisão Textual: 
Profa. Dr. Patricia Silvestre Leite Di Iorio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Desenvolvimento sobre o 
Pensar e o Fazer 
Político no Ocidente 
Nessa unidade, vamos tratar do tema “o 
desenvolvimento sobre o pensar e o fazer político no 
Ocidente”. 
Do despertar de uma consciência sobre a existência 
social do Homem, passando às formas de organização desse 
convívio social, até crescentes graus de institucionalização e 
de normatização da vida social, culminando nos aparelhos 
de Estado, leis e na dimensão político-partidária da luta 
política; desenvolveu-se a Ciência Política no Ocidente junto 
de uma Filosofia Política e inseridas, ambas, num quadro 
ainda maior: o da Teoria Geral da Política, segundo 
Norberto Bobbio. Essas transformações mobilizaram uma 
série de autores a tentar compreender dinâmicas políticas de 
distintas sociedades em termos científicos, construindo a 
própria Ciência Política no Ocidente. 
Sendo assim, este é um conteúdo fundamental não só 
porque nos serve de base informativa para compreender as 
origens da Ciência Política; mas nos servirá também de base 
para compreender distintas dimensões de fenômenos 
políticos, que atravessam o nosso cotidiano e nem sempre 
são percebidos por nós com essa qualidade. 
Atenção 
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar 
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 
 
 
 
 
 
 
 
Quando imaginamos algo relacionado à política, via de regra, pensamos na 
dimensão dos partidos, dos discursos intermináveis e inteligíveis, das campanhas 
eleitorais e suas promessas mirabolantes, dos escândalos de corrupção que são 
divulgados pela grande imprensa, dentre tantas coisas que possamos dizer, pouco 
agradáveis. 
Mas, e se eu lhe disser que essa é apenas uma dimensão do que se entende 
como política; e mais, uma dimensão gravemente restrita de algo que é muito mais 
amplo e profundo? 
Imagine-se no tempo de um dia e me responda se você mantém, nessas 24 
horas, alguma relação política; ou mais, se você é político. Mas, não se apresse 
ainda em responder. 
À mesa, com sua família, no café da manhã, ao fugir de uma discussão com 
seus pais ou tentar resolver uma desavença familiar, pode-se dizer que você esteja 
sendo político? 
Ao tomar um transporte público ou dirigir seu automóvel para ir ao 
trabalho, as regras de trânsito e o percurso seguido são aleatórios ou há uma 
política de transportes que oriente essa dimensão da vida social? 
Ao chegar à sua empresa para o trabalho, tanto o horário, quanto a 
vestimenta, quanto as metas de produtividade e a própria cultura da empresa não 
seriam, em alguma medida, determinadas por uma política da empresa? 
Ao chegar à universidade e deparar-se com um conteúdo de uma disciplina 
chamada Ciência Política, estamos tratando de partidos e eleições ou teríamos um 
outro tipo de política como disciplina acadêmica? 
Nesta unidade, vamos conhecer esse espectro muito mais amplo, profundo 
e complexo do que venha a ser o termo política; bem como perscrutaremos as 
origens do pensar e do fazer político no Ocidente; o que nos servirá de base para 
compreender situações as mais diversas do nosso cotidiano, até as estruturas de 
poder às quais estamos circunscritos. 
Em busca das respostas às perguntas aqui elaboradas, embrenhe-se pelo 
conteúdo teórico, apresentação narrada e demais materiais dessa unidade, a fim de 
entendermos mais sobre a dimensão política da vida social. 
Contextualização 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sempre que pensamos em “política” imaginamos a dimensão de organização político-
partidária da sociedade, ou seja, pensamos no âmbito dos partidos políticos que disputam 
eleições, que por sua vez garantem sua chegada ou permanência no poder. Pensamos em 
cada partido em torno de uma ideologia ou um grupo de interesses; organizados, 
normalmente, para concorrerem às eleições. 
Ocorre que esta é apenas uma dimensão do que se refere à vida política! Uma 
dimensão demasiadamente restrita, ou seja, “política” é muito mais que isso! Em verdade, 
tratamos de algo muito mais amplo e que envolve a todos nós! Os partidos políticos, por si só, 
lamentavelmente, não conseguem envolver-nos, dado o distanciamento entre seus reais 
interesses e o eleitorado mediano. 
Essa dimensão mais ampla de política, aqui mencionada, refere-se às negociações que 
mantemos uns com os outros para um melhor convívio social, o que inclui as formas de 
organizar esse convívio. Verificamos, então, a política em todas as relações que envolvem os 
indivíduos na interação social. 
E quando interagimos socialmente? Sempre! Uma vez que a vida humana se dá, 
primordialmente, em grupos de interesses comuns, isso porque é muito mais fácil viver em 
grupo do que isoladamente. 
 
Material Teórico 
Time lapse blurred view of people crossing the street and a tour bus in the background 
Fonte: © Corbis 
 
 
Vamos pensar juntos? Para atender a nossa necessidade biológica mais primordial - a 
fome, como seria melhor organizar as atividades que garantiriam saciá-la (plantio, caça, 
coleta, domesticação dos animais, o trabalho para obtenção de renda com a qual se compra 
comida...), individualmente ou em grupo? Obviamente você deve ter respondido que é pela 
“lei do menor esforço”: em grupo. 
A interação dos indivíduos dentro dos grupos é natural à própria existência humana. 
Esta interação entre indivíduos formando grupos e as relações que os grupos mantêm entre si 
constituem, em essência, relações políticas. Sendo assim, há um campo muito grande de 
possibilidades de definição quando perguntamos: 
 
O que é política? 
O que é política? 
 
Por definição, trata-se de tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da 
cidade, aos negócios públicos. Percebam que continuamos tratando de “como organizar” o 
convívio social, agora no espaço das cidades. 
Mas, antes de fecharmos com essa definição, vamos recorrer à etimologia, ou seja, à 
origem do termo, para verificarmos a que se referia o termo “política” quando de sua criação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sendo assim, a política é, fundamentalmente, produto da interação social; tanto é que 
Aristóteles, filósofo grego que viveu durante o séc. III a.C., ao se referir ao Homem, tratou-o 
como o “ZÕOM POLITIKÓS”, ou seja, o “animal político”. Aristóteles, ao se referir ao 
Homem de tal forma, dizia que ele nascia para viver em sociedade e não isolado dela, sendo 
assim, a vida humana seria, em essência, eivada de relações políticas. 
ETIMOLOGIA: 
Grego: πολιτεία (politeía) 
POLITIKÓS = referia-se à organização da unidade política POLIS (Cidade-Estado 
grega) 
Cidade-Estado; Comunidade; Sociedade; Coletividade 
Latim: POLITICUS 
 
 
A política seria, então, a negociação constante de 
interesses entre dois ou mais atores, invariavelmente em 
condições desiguais, em que um pode mais que outro (ou 
pela força, ou pelo prestígio, ou por influência). Se a 
política se dá entre atores desiguais (forte e fraco = mais 
forte e menos forte; rico e pobre = rico e menos rico; 
influente e não influente = mais influente e menos 
influente etc.), podemos dizer que relações políticas 
envolvem, invariavelmente, relações de poder (aquelas 
em que um pode sempre maisque o outro). 
Consiste em ações, comportamentos, intuitos, 
manobras, entendimentos e desentendimentos dos 
homens, vetorizados por relações de força (como no dito 
popular: “Manda quem pode; obedece quem tem 
juízo!”). 
Se a política pode ser verificada na interação entre indivíduos numa dada comunidade, 
também se verifica nas relações entre as comunidades, incluindo aqueles que alcançaram o 
grau de organização política na forma de Estado. Isso para dizer que é possível localizar a 
política não somente no âmbito dos indivíduos convivendo entre si numa determinada 
comunidade; mas também no âmbito das comunidades convivendo entre si, ou dos Estados 
convivendo entre si numa outra dimensão de comunidade: a comunidade internacional. 
A questão aqui é ampliar ou reduzir o foco para relações que, em essência, constituem-
se ordenadas por lógicas similares, por vezes idênticas: relações políticas. 
 
 
OUTRAS DEFINIÇÕES DE POLÍTICA 
 
Acabamos de definir a política como produto da interação social, sendo assim, como 
conduta social. Ocorre que há outros campos de definição sobre a política: 
Como instituição - verifica-se o significado de política deslocado do âmbito do convívio 
entre os indivíduos para sua esfera máxima de organização em sociedade: o Estado. Trata-se 
do campo de disputa para conquista do poder, ou parte dele, ou um lugar nele: por meio de 
eleições, campanhas eleitorais etc. 
Bust Of Greek Philosopher Aristotle 
Fonte: © Bettmann/CORBIS 
 
 
 
A concepção maquiaveliana, atribuída, portanto, a 
Nicolau Maquiavel (1469-1527), pressupõe a política, 
como instituição, como a luta pelo exercício 
de poder. Poder assume aqui, portanto, o próprio 
sentido de governo: aquele que governa exerce poder 
sobre os governados; o governante ordena, os 
governados obedecem. 
Há também o sentido da política como a 
orientação seguida por um governo, ou seja, 
como um governo efetivamente governa. Nesse 
sentido, a política é subdividida em áreas: a política 
educacional trata da matéria da educação, ou seja, 
como funciona naquele governo a questão do ensino; 
a política financeira de um governo refere-se à 
organização do sistema financeiro daquela sociedade 
e assim por diante. 
Como área de conhecimento, temos a política como filosofia e a política como 
ciência. O que as difere é exatamente o que separa o pensar do fazer. Sua dimensão 
especulativa, desobrigada dos procedimentos empíricos para comprovação de teses, é a 
filosofia, espaço do pensar sobre a política. Com rigor metodológico, partindo da própria 
filosofia especulativa e aplicando-lhe métodos rigorosos de verificação para validação das 
hipóteses trabalhadas, temos a política como ciência, dimensão do fazer político ou do estudo 
sobre o fazer político. 
Sendo assim, desdobra-se a política como Filosofia ou Ciência do Estado; bem como a 
Filosofia ou Ciência do Poder. 
 
 
Você está acompanhando o raciocínio? Então, vamos continuar! 
 
Ocorre que tanto a filosofia como a ciência necessitam de fundamentos teóricos. É aqui 
que localizamos então uma teoria política: a fundamentação teórica que orienta a filosofia e 
a ciência que estuda a moral normativa do governo da sociedade civil. 
E é a partir dos clássicos da literatura política que localizamos os pressupostos 
teóricos da política. Nesses livros, autores de distintas sociedades refletem, ao longo da 
história, sobre os problemas políticos de sua época, nos dando indicações sobre a sua 
percepção do que seria um “governo ideal”, ou seja, qual a melhor forma de organizar as 
sociedades. 
Niccolo Machiavelli An Italian Philosoph 
IMAGEM: © Bettmann/CORBIS 
COLEÇÃO Bettmann 
 
 
Platão, Aristóteles, Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau, Hegel, Marx, Engels, Stuart 
Mill, dentre tantos, cumpriram essa função. O conjunto de sua obra constitui os clássicos do 
pensamento político. 
Se a política, como teoria, é objeto de estudo, ela pode também ser ensinada. 
Portanto, existe uma dimensão de política também como disciplina e da mesma forma com 
que o conhecimento construído se encontra organizado entre Filosofia Política e Ciência 
Política, o mesmo ocorre com a política como disciplina, ou seja, ela pode ser ensinada como 
Filosofia Política ou como Ciência Política. 
A disciplina de Filosofia Política consiste na análise filosófica da relação entre 
cidadãos e sociedade, formas e condições de exercício de poder, sistemas de governo, 
princípios legitimadores do exercício do poder político etc. 
A disciplina de Ciência Política pertence ao domínio do conhecimento prático, de 
natureza normativa e pragmática, com a finalidade de estudar como organizar 
institucionalmente o Estado e, com a estabilidade advinda, atingir o bem-estar em sociedade 
por meio do bom governo. 
Com isso, chegamos à política como objeto de reflexão, de estudo, sobre as relações 
interindivíduos; as relações interestados e sistemas de governo. 
Tendo explanado sobre os mais distintos significados que guardam os sentidos de 
política, é possível agora determinarmos, em linhas gerais, quais são seus fundamentos em 
relação à própria dimensão político-partidária, que dizíamos no início do texto ser aquela 
compreendida única e exclusivamente como política, uma visão, portanto, simplista sobre algo 
muito mais complexo e amplo. 
Nessa perspectiva, a política é a arte de governar (a polis = cidade-estado grega); e 
governar é o âmbito da política como poder, entendendo-se política pela luta, conquista, 
manutenção e expansão do poder. As instituições políticas seriam então os meios pelos quais 
se exerceria o poder; e toda relação de poder é mediada pela força: como vimos, as relações 
de poder existem entre aqueles que mandam e aqueles que obedecem. 
 
 
 
RELAÇÕES ENTRE FILOSOFIA E POLÍTICA 
 
A política nasceu, primordialmente, 
como reflexão filosófica, e é aí que 
encontramos uma proximidade muito forte 
entre Filosofia e Política. 
Desde que os primeiros hominídios 
passaram a ser organizar em grupos com a 
finalidade de se proteger de animais 
predadores, para organizarem as ações 
produtivas e o necessário à sobrevivência numa 
natureza que não só provêm, mas que é, em 
essência, hostil, passaram a refletir sobre formas 
melhores e mais eficazes de organização da vida 
social. 
Já sabemos que esse tipo de reflexão assume, então, um objeto primordialmente 
político. Sendo assim, o histórico de reflexão política do Homem é antigo. Muito anterior a 
sua sistematização como área de conhecimento ou ciência, verificamos a política então como 
objeto de reflexão filosófica. 
Tanto como reflexão quanto como atitude filosófica, trata-se do campo especulativo 
sobre formas ideais de organização das sociedades, num grau de complexidade maior: de 
governo e de instituições para exercício desse governo. 
Desta forma, do mais simples ao mais complexo, encontramos a reflexão política 
norteando a organização da vida em sociedade. 
 no caso mais simples, jovens num acampamento decidindo a disposição de suas 
barracas, sua localização em relação aos seus objetivos (proximidade de uma fogueira 
para minimizar o frio e espantar animais predadores, por exemplo), determinando um 
líder para o grupo ou dissolvendo a liderança determinando que todas as decisões 
partiriam do acordo entre todos: estão se organizando em termos políticos, a partir de 
reflexões que empreendem previamente sobre como melhor organizar o grupo, essas 
também dadas em termos políticos. 
 no caso mais complexo, a organização da vida política em torno de instituições como o 
Congresso, composto por Câmaras de Senadores e de Deputados, a existência de umpresidente (chefe do Executivo) que é eleito pelo povo, e um poder judiciário que deve 
fiscalizar o cumprimento das leis, também consiste numa forma de organização política 
da sociedade, e que também foi objeto de densas reflexões, essas localizadas na 
literatura, especificamente, de Filosofia Política. 
Petroglyph 
IMAGEM: © Natural Selection John Bracchi /Design 
Pics/Corbis 
COLEÇÃO Design Pics 
 
 
 
Assim sendo, a política não é algo distante de nós. Do mais simples ao mais complexo, 
ela nos atinge cotidianamente, seja na forma de organizarmos o convívio no âmbito do lar, até 
o preço do pão sobre a mesa, este suscetível às variações de preço por conta não só do 
mercado, mas das políticas econômicas que normatizam o mercado. 
A política, portanto, é parte indissociável da vida social. 
Podemos continuar? Vamos falar sobre a institucionalização das relações políticas e 
sobre a jurisdização da vida social. 
 
 
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES POLÍTICAS E A 
JURISDIZAÇÃO DA VIDA SOCIAL 
 
Como vimos, a política permeia a vida social, podendo ser entendida de forma 
abrangente, dentre tantas definições, nas formas de organização da sociedade em torno de 
objetivos comuns. 
Ocorre que grupos sociais podem se organizar de diferentes formas, com distintos graus 
de complexidade, ou seja, pode haver grupos cuja organização seja simples e grupos cuja 
organização seja complexa. 
Grupos sociais de tipo de organização simples dispõem apenas das práticas de 
organização do grupo. Grupos sociais de tipo de organização complexa detêm instituições que 
normatizam e garantem suas práticas de organização. 
Podemos dizer que aquilo que distingue grupos de organização social simples de 
grupos de organização social complexa seja o seu grau de institucionalização, ou seja, a 
existência de instituições que garantam o cumprimento das práticas de organização, práticas 
essencialmente políticas. 
Já sabemos que a política é o âmbito de relações vetorizadas pela força, sendo assim, 
constituem relações de poder. A questão é: como se exerce o poder para que se faça cumprir 
as práticas de organização da sociedade? Pelo uso da força! Mas, você sabe a partir de quais 
instrumentos? 
Muito bem, criam-se normas para a organização da sociedade: leis. Esse processo de 
normatização, em seu aspecto legal, recebe o nome de “jurisdização”. Nesse sentido, a 
complexização dos grupos, que é entendida por nós como sua crescente institucionalização, 
pressupõe também um grau sempre crescente de jurisdização da vida social (criação de leis 
cuja finalidade é regular o convívio social). 
 
 
Quanto mais complexos os grupos, maior o seu grau de 
institucionalização e jurisdização. 
Para o mais famoso sociólogo norte-americano, Talcott 
Parsons (1902-1979), todas as sociedades desenvolveriam, 
naturalmente, dinâmicas de complexização, ou seja, os grupos que 
começariam se organizando de forma simples, gradativamente, 
iriam se tornando complexos. 
Para ele, os grupos sociais estariam em constante 
transformação. Neste sentido, grupos simples teriam um 
funcionamento praticamente orgânico, atendendo as suas leis 
naturais de desenvolvimento; passando gradativamente para 
organizações com graus de complexidade sempre crescentes, assumindo uma organização de 
tipo mecânico. 
A esse processo de transformação, Talcott Parsons chamou de diferenciação. A 
diferenciação pressupõe, então, como movimento de transformação de grupos sociais simples 
(orgânicos) para complexos (mecânicos), processos crescentes de institucionalização (criação e 
aperfeiçoamento de instituições) e jurisdização (criação e aperfeiçoamento das leis). Não que 
os grupos simples não possuam leis, sua natureza é que é distinta. 
Temos então, da mesma forma, dois tipos de leis que correspondem a distintos graus 
de complexidade das sociedades que as produzem. 
Para as mais simples temos leis que advêm da tradição, cuja transmissão é oral e se 
ensina de geração para geração: são chamadas de leis consuetudinárias ou tradicionais. 
Para as mais complexas, temos leis formais e legalmente instituídas, invariavelmente 
escritas. Essas são chamadas de legais ou burocráticas. 
Não que não haja leis consuetudinárias em sociedades complexas, a questão é que, 
primordialmente, nessas sociedades há a tendência de burocratizar a normatização da vida 
social. 
Para ambos os casos, seu cumprimento está pautado no 
poder que uma classe dirigente política tem sobre seus súditos, 
para que se faça cumprir a lei mediante a ameaça do uso da força. 
O intelectual alemão Max Weber (1864-1920), a partir 
dessas relações, definiu o Estado (esfera máxima de organização 
burocrática de uma sociedade) como a instituição que detém o 
monopólio do uso legítimo da força. 
Essa seria a relação primordial entre a institucionalização 
da vida política e a jurisdização da vida social: o Estado (nas mãos 
de uma classe dirigente ou dominante) seria a instituição que 
Fonte: 
 www.nndb.com/.../00011
3472/talcott-parsons.jpg 
Fonte: blog-pfm.imf.org/.../12/in-
his-essay-on.html 
 
 
 
poderia, em termos legais, usar a força ou ameaçar usá-la para garantir a obediência à lei e, 
desta forma, organizar a vida de seus súditos (governados). 
Assim sendo, se obedecemos às leis, por exemplo, para não fumarmos em lugares 
públicos, não é só porque nos conscientizamos de que esta atitude pode atentar contra a 
saúde do próximo. Se assim fosse, a ética, sozinha, poderia pautar o convívio social, na 
medida em que um não faria ao outro aquilo que não desejaria que fosse feito consigo 
mesmo (uma sociedade ideal, ainda distante da real). Quando obedecemos este tipo de lei é 
também porque agentes do poder público (representantes do Estado como fiscais ou policiais, 
por exemplo) podem, efetivamente, forçar-nos por lei a pagar uma multa, ou fazer recair sobre 
nós outras medidas punitivas (restritivas de liberdade ou de direitos, dependendo do delito). 
 
 
NÍVEIS INTERMEDIÁRIOS DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA 
 
Ocorre que esses fenômenos não se verificam apenas nas relações que os indivíduos 
mantêm com o Estado, mas nos mais variados níveis intermediários que podem existir em 
diversos contextos. Tratemos de alguns exemplos que ilustram essas relações nesses níveis 
intermediários. 
Pensemos em um grupo de moradores de um pequeno vilarejo, em uma zona rural. 
Obviamente, eles estão submetidos às mesmas leis que sociedades mais complexas, 
urbanizadas, nas cidades (caso estejam no mesmo território nacional, para leis federais; 
estadual, para leis estaduais; e municipal, para leis municipais); contudo, entre si, mantêm 
formas simples (orgânicas) de organização. 
O Prof. Antonio Cândido (notável intelectual brasileiro) 
demonstrou em sua tese de doutorado, “Parceiros do Rio 
Bonito”, como sociedades rurais praticavam o que ele 
denominou como “solidariedade vicinal”, ou seja, como se 
ajudavam mutuamente, ainda que não houvesse leis 
escritas que assim os obrigassem. Por exemplo, quando 
uma família desejava construir ou ampliar sua casa, os 
demais moradores daquela localidade iam todos ajudar em 
regime de mutirão, trabalhando até que a casa estivesse 
pronta ou reformada. Depois do trabalho feito, a família 
ajudada retribuía com uma festa, dando de comer e beber a 
todos que participaram do mutirão. Em muitas cidades do 
interior este esquema ainda vigora em ações tradicionais 
como a de “encher laje” quando uma construção é iniciada, Fonte: 
www.blogtribuna.com.br/.../ArquivoP
osts,12,2008 
 
 
prática transmitida por gerações. Voltando ao fenômeno estudado por Antonio Cândido, a 
família que foi ajudada passaa ter uma obrigação moral de ajudar as outras famílias, quando 
estas precisarem construir ou reformar suas casas. 
Ocorre que nada disso está estipulado em forma de lei escrita; o que não quer dizer 
que não possa ser entendido, de alguma forma, como lei. Trata-se aqui daquele tipo que 
definimos como “leis tradicionais” ou “consuetudinárias”. Ocorre que você poderia indagar: 
mas é garantido o seu cumprimento pelo uso da força? Em alguma medida sim! Imagine 
aquele que se nega a ajudar! Não participará das festas, não será ajudado quando precisar, 
ele estará excluído do grupo em todos os aspectos! Em alguma medida, o grupo exerce 
pressão sobre o indivíduo excluindo-o, percebe-se uma força sendo operada por parte do 
grupo contra aquele que passa a ser considerado como “desunido” e egoísta, e então não 
participa mais da comunidade. A ameaça da exclusão pode ser entendida como a ameaça do 
uso da força, nesse caso, a força necessária para excluir o indivíduo do grupo. 
Podemos também pensar numa comunidade que escolhe plantar a sua própria 
comida, não agredir ao meio-ambiente, não participar da sociedade de consumo de massa e 
não eleger nenhuma liderança para sua comunidade, diluindo a autoridade para que todas as 
decisões daquele grupo partam da vontade coletiva. Ainda que nada disso seja escrito, são 
normas que devem ser obedecidas, ainda que tradicionais ou consuetudinárias, sob pena de o 
indivíduo desobediente ser excluído do grupo. No mesmo sentido, há força sendo operada no 
âmbito do grupo. 
Agora, caminhemos para outro nível intermediário, um tanto mais complexo. 
Imaginemos um grupo de moradores de uma determinada comunidade, que resolve se 
organizar em termos legais; porém burocráticos. Percebem que criando um conjunto claro de 
leis, para o grupo, é mais fácil evitar abusos por parte de alguns moradores e, com isso, de 
prejudicar o coletivo. 
Por exemplo, criam normas para o uso de equipamentos sonoros, para evitar que 
alguém ouça músicas em volume exageradamente alto a ponto de importunar o sossego dos 
demais moradores. Ainda que exista uma lei maior que trate da figura legal da “importunação 
de sossego”, o grupo resolve que o morador que assim proceder, além de estar suscetível a 
processo criminal, deverá pagar multa, para que isso não ocorra novamente e, temendo o 
pagamento da multa, outros moradores não façam o mesmo. 
Ora, quem criou essas normas? Quem as tornou legítimas? Quem cobraria a multa? A 
quem ela deveria ser paga? 
Percebam que se não houver uma instituição com legitimidade para realizar as tarefas 
descritas, a finalidade da organização desse grupo de moradores, no grau desejado, não pode 
ser operada. Seria preciso quem instrumentalizasse, em termos políticos, o uso legítimo da 
força, ou seja, uma instituição. Um condomínio, por exemplo, é um dos exemplos desse tipo 
de instituição. 
 
 
A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL 
 
Uma instituição como o condomínio, à qual é delegada a tarefa de normatizar, 
fiscalizar e garantir o bom convívio entre seus partícipes, tem que estar configurada 
adequadamente para que sua própria existência e decisões sejam eficazes e legítimas. 
Ela deve ser dotada de processos decisórios que contemplem o desejo da maioria 
daqueles que vivam circunscritos ao espaço daquela autoridade, de poucos privilegiados, ou 
de um apenas que tenha poder de impor sua única e exclusiva vontade. Essa instituição deve, 
ainda, deter formas de representatividade para o conjunto de moradores, além de ser dotada 
de assembleias nas quais possam ser propostas a criação de novas normas ou a re-elaboração 
das antigas, ou seja, deve ser dotada de um desenho institucional complexo que garanta a 
legitimidade de suas decisões. A legitimidade em questão está pautada na realização do bem 
comum, entendido como a aspiração da maior parte de seus moradores. 
Com tudo o que vimos até aqui, o condomínio trata-se de uma organização, em 
essência, política e de tipo complexo. Isso porque como instituição deve ser dotada de leis 
burocráticas (escritas e estatutariamente legítimas) e manter meios para garantir, pelo uso 
legítimo da força (entendida aqui como coerção para dobrar a vontade do outro em direção 
ao bem comum) o convívio social harmônico em seus limites. 
 
 
POR UMA TEORIA GERAL DA POLÍTICA 
 
A elaboração de uma Teoria Geral da Política, como 
campo de relações entre a Filosofia Política e a Ciência Política, 
foi um dos mais significativos projetos do italiano Norberto 
Bobbio (1909-2004), filósofo político e historiador do 
pensamento político, que o concebeu numa concepção neo-
empiricista, esforço lógico de sistematização do conhecimento. 
Esse esforço de sistematização foi fruto da experiência 
anterior de elaboração de uma Teoria Geral do Direito, que só 
pôde ser erigida graças às pesquisas realizadas como docente 
da disciplina de Filosofia do Direito. Inicialmente, em 1935, 
lecionou a matéria na Universidade de Camerino, em 1938 
na Universidade de Siena e, em 1940, obteve a cátedra de 
Filosofia de Direito na Faculdade de Jurisprudência 
da Universidade de Pádua. Em 1948, tornou-se regente da 
cadeira de Filosofia do Direito da Universidade de Turim. 
tailinehijaz.files.wordpress.com/2009/0
9/norb... Veja a imagem em: 
tailinehijaz.wordpress.com/.../ 
 
 
A partir de 1972, Norberto Bobbio recebeu a tarefa que lhe permitiria realizar, a 
exemplo do que havia feito com a Teoria Geral do Direito, uma Teoria Geral da Política: foi 
designado para a cadeira de Filosofia Política da Universidade de Turim. 
O profundo estudo que realizou sobre o pensamento político ocidental, seus mais 
importantes autores e o conjunto de sua obra: os clássicos do pensamento político, permitiu a 
Norberto Bobbio uma visão de conjunto que articulava, sob vários aspectos, a Filosofia e a 
Ciência Política, ou seja, as intersecções e interpenetrações entre o pensar e o fazer político. 
É de Bobbio a célebre constatação que em vários momentos de nossa história, o 
pensar está intimamente ligado ao fazer político, não podendo ser dissociados sob nenhum 
pretexto: é daí que nasce uma Teoria Geral da Política, dessas articulações, rupturas e 
relações. 
O termo “Teoria Geral da Política” apareceu pela primeira vez apenas em 1984, 
quando foi realizado um congresso dedicado ao pensamento político de Bobbio e que levava 
o nome: “Por uma teoria geral da Política”. Ao congresso seguiu-se, no ano seguinte, a 
publicação de um livro com o mesmo nome. 
Apesar de em 1998 o próprio Norberto Bobbio ter afirmado que a edificação de uma 
Teoria Geral da Política ter consistido em uma promessa não mantida, sua proposta para uma 
teoria política constitui hoje o maior esforço compreensivo articulado sobre o pensamento e o 
fazer político no Ocidente. 
Originária da concepção dada a partir da experiência da Teoria Geral do Direito, a 
Teoria Geral da Política de Bobbio mostrou-se logo contraposta e distinta. 
Em essência, consiste no estudo das obras daqueles que são considerados “autores 
clássicos”, ou seja, atemporais, cujas obras guardam significados importantes não apenas para 
o tempo e sociedade na qual foi escrita, mas para todos os tempos e sociedades. A partir de 
seu pensamento, cruzando a análise linguística com referências 
históricas, seria possível reconstruir categorias fundamentais do 
pensamento político. 
Para entendermos o impacto que teve essa proposição, 
é importante reconstituirmos o quadro geral do debate sobre a 
política no tempo de sua elaboração: a década de 1970. 
Pode-se dizer que tenha sido um período de 
renascimento da Filosofia Política, depois de um longo período 
em que apenas sua dimensão prática, do fazerpolítico, teria 
dominado o debate acadêmico. 
 
 
Fonte: top-
people.starmedia.com/humanities/opiniones 
 
 
Nesse período, o modelo hegemônico de Filosofia Política era o de John Rawls. 
Fundamentalmente, os pressupostos defendidos por ele no livro “A theory of justice”, de 
1971, ressuscitam a Filosofia Política depois de um longo período de debates voltados aos 
seus sentidos puramente pragmáticos. 
Rawls propunha um tipo normativo de reflexão sobre a política a partir de duas diretrizes: a do 
valor, ou seja, da justificação das políticas; e a do dever ser, o que quer dizer, das orientações 
prescritivas (no sentido pragmático), sobre as políticas. 
Obviamente há uma ideia incutida no modelo de reflexão política sugerido por Rawls: 
encontrar a melhor solução possível para uma sociedade mais justa. Isso, por si só, restringe 
também o próprio campo de atuação da política de acordo com o que vimos no início deste 
texto. 
Já o esboço da teoria de Bobbio toma uma concepção anterior de Filosofia Política, 
distinta daquela reapropriada por Rawls. Para ele, o sentido das filosofias políticas deveria ser 
o de classificar as formas historicamente praticadas de política, bem como de interpretar suas 
naturezas e tarefas. 
A partir da experiência que teve na cadeira de Filosofia do Direito, Bobbio ao 
enveredar sobre os estudos de política verificou que não se poderia extirpar uma teoria geral 
da política da teoria normativa da justiça que já se encontrava acabada. 
Em 1970, na conferência “Tradição e novidade da Filosofia Política”, em Bari, Bobbio 
apresentou suas constatações sobre as relações entre Filosofia Política e Ciência Política, 
classificando-as em 4 tipos distintos segundo sua natureza, tarefa e clássicos aos quais se 
refeririam. 
 
 
 
 
1º tipo 
 
Natureza 
Construção de um modelo ideal de Estado; 
Utopias, ou seja, o ideal distante do real a ponto de seus 
projetos serem irrealizáveis; 
Modelos idealizados de sociedades justas. 
Tarefa Investigar a melhor forma de governo 
Clássicos Platão, “A República” (séc. IV a.C.); 
Thomas More, “A Utopia” (1516) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2º tipo 
 
Natureza 
Investigação do fundamento último do poder; 
Justificação do dever de obediência política; 
Legitimidade do poder político. 
Tarefa Justificar o Estado 
 
Clássicos 
Hobbes, “O Leviatã” (1651) 
Rousseau, “O contrato social” (1762) 
 
 
3º tipo 
(Teoria Geral 
da Política) 
Natureza Determinação do conceito geral de política; 
Autonomia da política em relação à moral, direito, 
economia. 
Tarefa Investigar a natureza da Política 
Clássicos Maquiavel, “O Príncipe” (1513) 
Georg Hegel, “Fenomenologia do espírito” (1830) 
 
 
4º tipo 
(impraticada) 
Natureza Interpretação da Filosofia como Metaciência 
Validação da ciência política 
Tarefa Análise da linguagem política 
Clássicos Alfred J. Ayer; “Linguagem, Verdade e Lógica” (1936) 
 
Sobre as relações que identificou entre os quatro tipos é possível sistematizá-las da 
seguinte forma: 
Tipos Preocupação central Relações 
1 e 2 valor ou validade complementares e contíguos 
3 e 4 fato e conhecimento complementares e contíguos 
 
A partir dessas relações, Bobbio verificou a existência de duas grandes vertentes de 
reflexão sobre a Política: 
Caráter Tipo Relação 
NORMATIVO-PRESCRITIVA 1 e 2 interligadas 
INTERPRETATIVO-ANALÍTICA 3 e 4 
 
 
 
Assim sendo, a Filosofia Política seria, em essência, valorativa e sua preocupação 
central, o valor ou validade (normativo-prescritiva); enquanto a Ciência Política seria, também 
em essência, não-valorativa, estando centrada nos fatos político-históricos (interpretativo-
analítica). 
O problema principal da Teoria Geral da Política seria, portanto, as relações entre fato 
e valor, mais amplamente, entre Ciência e Filosofia Política. Isso se traduz a uma questão 
clássica em política: sua dependência ou independência da moral (por exemplo, deve-se 
obedecer a uma ordem injusta?). As medidas políticas são fato, a moral é valor: em que 
sentido as medidas políticas são condicionadas por valores? Sobre isso, Bobbio nos chamou a 
atenção para a existência dos juízos, tanto de fato como de valor. 
Nesse caso, os juízos de fato (sobre o que é e como é), sempre foram definidos como 
distintos dos juízos de valor sobre uma conduta ideal (o que deve ser ou como deve ser). A 
solução proposta por Bobbio é a conexão entre essas duas dimensões, a do fato e a do valor 
e, mais amplamente, entre Filosofia e Ciência, nesses termos, Política. A essa conexão se daria 
o nome de Teoria Geral da Política. 
Essa teoria, como dito, partiria do estudo dos clássicos, ou seja, seria edificada a partir 
do estudo de autores que refletiram, cada um ao seu tempo, sobre a política. Ocorre que não 
se trataria dos clássicos em sua totalidade, mas daquilo que Bobbio nominou de “clássicos 
maiores”: autores que elaboraram modelos conceituais de amplo horizonte e construíram 
visões gerais do universo político, demonstrando ampla percepção de problemas e soluções, 
bem como a conexão entre distintas percepções de problemas e soluções apresentadas. Nisso 
consistiria o que Bobbio chamou de a “Lição dos Clássicos”, o significado da própria Teoria 
Geral da Política, segundo seu criador. 
O que é importante frisar é que essa lição dos clássicos abarca questões tanto de fato 
como de valor, assim sendo, tanto de Filosofia como de Ciência, daí sua distinção em relação 
à Teoria Geral do Direito. 
Houve críticas ao esboço criado por Bobbio, 
mais incisivamente do italiano Danilo Zolo, jurista e 
filósofo do direito, que as publicou em 1985, em 
formato de ensaio, na Revista de Teoria 
Política, que propunha colocar em confronto 
filósofos da política e cientistas políticos. Para Zolo, 
as definições com que Bobbio operava sobre 
Filosofia e Ciência Política comprometiam sua 
Teoria Geral. Na sua percepção, a Filosofia Política 
deveria tratar de teorias gerais e inclusivas, com 
uma forma diferenciada de selecionar e enfocar problemas, pela via da subjetividade; já a 
Ciência Política abarcaria teorias de raio limitado especializadas. Mesmo assim, o esboço de 
Bobbio segue sendo a mais consistente sistematização das relações entre Filosofia e Ciência 
Política. 
Fonte: www.fundacioncarloscasares.org/modelo_2.php?d... 
 
 
 
 
 
 
Ainda sobre o tema ”o desenvolvimento sobre o pensar e o fazer político no Ocidente”, 
indico os textos abaixo, disponíveis na internet, a título de leitura complementar: 
ALKIMIN, Sérgio Vaz; “O que é política?”; Site Shvoong, disponível no link: 
http://pt.shovoong.com/social-sciences/political-science/1636126-que-é-política 
OLIVIERI 
Material Complementar 
 
 
 
 
 
 
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