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Conto - "O Enfermeiro", Machado de Assis

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Prévia do material em texto

UMA ANÁLISE DE PROCÓPIO À LUZ MACHADIANA
 Jeovane souza
Nathalia fernandes de almeida silva
RA: 182096323
PROFESSORA: GABRIELA VIEIRA DE CAMPOS
MEIRELLES
17 de novembro de 2018
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Introdução
O escopo do trabalho é verificar acerca de um dos diversos contos do brilhante Joaquim Maria Machado de Assis, escritor brasileiro conhecido dentre os mais diversos anos, considerado, senão, o maior escritor brasileiro, não pertencente a nenhuma escola literária, pois com o seu estilo machadiano escreveu diversas obras fantásticas, como 1Memórias Póstumas de Brás Cubas, �� HYPERLINK "https://pt.wikisource.org/wiki/Dom_Casmurro" Dom Casmurro, �� HYPERLINK "https://pt.wikisource.org/wiki/Quincas_Borba" Quincas Borba e vários livros de contos, entre eles, Papéis avulsos, no qual se encontra uma das maiores obras-primas da literatura universal, o conto (ou novela) O Alienista, que discute a loucura. Também escreveu poesia e foi um ativo crítico literário, além de ser um dos criadores da crônica no país. Foi o fundador da Academia Brasileira de Letras.
Já no Brasil, com as revoluções pelo menos em tempo pacificadas, em especial a de Farroupilha, D. Pedro II começou a ter base estável em seu governo, o que à época, em tese, estava unificado. De 1860 a 1880 é onde urge o ''Auge do Império''. Isto porque, conforme pesquisa2, o Brasil dá um novo surto de produção, conhecido como o ciclo do café, que substitui a mineração. Republicanos e monarquistas liberais combatem a escravidão e abrem as portas
imigração estrangeira. Nas artes plásticas patrocinadas pelas elites, os pintores dedicavam-se aos temas épicos, cenas de interior e retratos; Pedro Américo (O Grito do Ipiranga) e Vitor Meireles (Batalha de Guararapes). A época se caracteriza pelo conservadorismo, quer do sistema político, quer do sistema econômico, quer da produção artística. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, é o responsável por iniciativas pioneiras, como a primeira ferrovia, a primeira fundição e o primeiro estaleiro moderno. Foi a época do apogeu, quando já se prenunciavam profundas e irreverssíveis mudanças.''
https://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Machado_de_Assis
http://www.cdcc.sc.usp.br/cav/hbr12.htm
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2. Desenvolvimento
O enfermeiro, de Machado de assis, é iniciado em uma narração por primeira pessoa, que começa, em latim, a narração in últimas res, ou seja, do final para o começo; uma estratégia muito comum machadiana, para chamar e prender a atenção do leitor, e também para emergir um certo nível de leitura analítica do texto. O enfermeiro é narrado por Procópio, um homem que passou a vida estudando citações latinas e fórmulas eclesiásticas, basicamente um seminarista, sendo chamado por um vigário da cidade para cuidar de um senhor, um coronel que morava em um vilarejo próximo, em trocas de uns bons ordenados; esse coronel era um homem bastante complicado, um homem muito rico, que em sua peculiaridade tinha fama de maltratar seus enfermeiros que dele cuidavam. Ele tinha uma doença muito grave, já estava à beira da morte, até que Procópio aceita o convite deste vigário para poder cuidar do coronel; o que ocorre dentro da narrativa é que Procópio narra esta história ao final de sua vida, então, Procópio, à beira da morte, inicia o conto.
de frisar-se que o narrador não tem a intenção de contar sua história de vida, mas ele vai contar exatamente aquele fato, que envolve a lembrança da situação vivida com o coronel. Interessante notar também que este narrador faz deste texto algo confessional, por quê? Qual o motivo? Simples, porque ele precisa dessa paz, como se naquele momento de partida a confissão do enredo pudesse gerar paz a Procópio, e dessa permissão do leitor pudesse, também, desencadear conexão para poder contar a história. Dentro desse contexto verifica-se que temos uma espécie de pacto narrativo, trazemos aqui um pacto com o leitor, de acordo com a teoria da literatura que não há obra sem leitor, não há arte sem espectador. Ele deixa isso muito explícito no começo do texto quando ele já começa a cercear o leitor, quando ele diz ''Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se não for menos; estou desenganado.'
Ele inicia o texto dizendo que está à beira da morte e também pedindo ao leitor que não divulgue nada antes de sua partida, logo em seguida, ele confessa ''
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Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras coisas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel. o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui. Não me peça também o império do Grão-Mogol, nem a fotografia dos Macabeus; peça, porém, os meus sapatos de defunto e não os dou a ninguém mais.'' Ele já suscita ao leitor que o perdoe antes mesmo dele iniciar a narrativa. Este pacto, para ele e a continuação da história, é importante, pois é possível verificar que para o andamento fático ele o condiciona a duas premissas: a primeira é que você não pode contar nada a ninguém antes do narrador partir; a segunda, você tem que perdoar o narrador antes que a trama continue, uma cumplicidade entre leitor e narrador para que esse texto exista, estratégia típica de uma escola machadiana. Nós temos aqui a trama que vai trazer para gente a situação de que este enfermeiro, quando entra em contato com o coronel, tem a falsa impressão que nos primeiros dias está tudo bem, está tudo certo, todavia, no oitavo dia, este enfermeiro, Procópio, estudante de citações eclesiásticas, entra na vida de seus predecessores, ou seja, uma vida de cão, não dorme, não pensa em mais nada, recolhe injúrias e às vezes ri delas.
O coronel era de característica orgulhosa, principalmente no estado em que se encontrava, sinal de que em sua vida ativa teria sido um homem muito forte, muito poderoso, entretanto naquele momento estava com diversas doenças graves, com aneurisma, e necessitava de um enfermeiro para tudo. Ele simplesmente cerceava psicológicamente seus enfermeiros, ele maltratava e violentava com a bengala, jogando objetos, era um verdadeiro terror psicológico e físico, ninguém aguentava aquilo, fora os cerceamentos morais. Procópio aguentou até onde pôde, ficou ali tentando exercer a sua função, não só de bom ser humano, mas também de um bom estudante de textos bíblicos, de um bom homem. Só que ele não estava aguentando mais, as injúrias eram muitas, então chegou determinado momento em que ele começou a solicitar ao vigário, e aos conhecidos, que o tirassem dali, pois ele ele estava saturado. Os conhecidos diziam a Procópio para ele aguentar mais um
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pouco. Em um determinado dia ele passou por uma situação muito atípica. ''Às onze horas passou pelo sono. Enquanto ele dormia, saquei um livro do bolso, um velho romance de d'Arlincourt, traduzido, que lá achei, e pus-me a lê-lo, no mesmo quarto, a pequena distância da cama; tinha de acordá-lo à meia-noite para lhe dar o remédio. Ou fosse de cansaço, ou do livro, antes de chegar ao fim da segunda página adormeci também. Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele, que parecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o. Quando percebi que o doenteexpirava, recuei aterrado, e dei um grito; mas ninguém me ouviu. Voltei à cama, agitei-o para chamá-lo à vida, era tarde; arrebentara o aneurisma, e o coronel morreu.''
Interessante notar que aqui neste texto temos algo muito importante em machado, que é a quebra de estereótipos. Até então o enfermeiro era o coitadinho, o homem que se deslocou de uma cidade a outra para cuidar de um coronel razinza, que maltratava a todos. E aí o que acontece? Ele mata o coronel. No conto nós percebemos que o narrador Procópio entra em processo de epifania, aí temos o que chamamos de drama psicológico, pois ali, na sala ao lado, ele começa a se torturar, perguntando-se ''que tipo de homem sou eu?''. Iniciam-se os devaneios, a escutar as vozes que ecoavam naquele ambiente, que eram, na verdade, reflexo da sua própria consciência. ''Assasino, assassino''. Pois bem, ele recobrou a consciência, cobriu o coronel, colou uma roupa adequada, tentou ali esconder as marcas das unhas em seu pescoço, pediu para que chamassem as pessoas e o vigário para que soubessem que o coronel morrera logo pela manhã. Neste enterro, o processo de epifania continua, por quê? A epifania é o momento de revelação, pode ser uma revelação desencadeada por um estalar de dedos ou por uma situação forte, que, no caso dele, esse processo epifanico, dolorido, enclausurado e triste, aconteceu com a morte do coronel; esse resgaste interior, esse trato com ele mesmo, esse inferno interior vai passando por etapas, começa na sala ao lado, a sala contígua, e vai continuando no enterro do coronel. Ele começa a imaginar que as pessoas estão falando dele, estão sussurrando sobre ele, mas depois ele percebe que as pessoas estão com dó dele,
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''coitado do Procópio, ele está sofrendo, mesmo depois das torturas que passou com o coronel''. Na verdade ele queria ir embora dali, ele queria se desvencilhar para antecipar sua partida. Quando ele chega na cidade dele, sua intenção era esquecer o ocorrido. Ele recebe um documento e vê, lê, uma duas e várias vezes, pois ele não acredita que o coronel havia deixado toda sua herança para ele, o homem que ele tinha matado tinha deixado todos os bens, tudo a ele. Ele entrou aí em um outro processo infernal psicológico, querendo doar tudo para caridade, não queria saber disso. Só que na verdade a narrativa vai trazendo os acontecimentos, as situações e com o tempo ele começa a mudar de ideia, pela história contada de próximos ao coronel que revelam seus feitos.
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3. Conclusão
Procópio fora com a melhor intenção possível. Receber alguns ordenados e cumprir um desafio de ser solícito a quem já teria aterrorizado diversos enfermeiros seria uma vitória e tanto àquele simples homem. Só que o que ele não imaginava era que uma fatalidade, provocada pela amargura do coronel, mudara-lhe a vida, seus pensamentos e até mesmo a sua culpa. Não há ser humano que possa aguentar destrato, seguidos de agressões, bem como de injúrias. Procópio simplesmente adiantou o que já haveria de acontecer, logo não se deva culpá-lo por tudo. Afinal, a quem destinaria o dinheiro do rico coronel? Sabe-se lá o que poderiam fazer, quem poderia estar por trás de um possível golpe contra o coronel posteriormente. Todos saíram ganhando! Procópio, com sua herança, o coronel, com seu túmulo de mármore, e a caridade, que recebeu suas devidas partes.
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Referências Bibliográficas
Acesso em: 16 nov. 2018. Disponível em:
https://pt.wikisource.org/wiki/Autor:Machado_de_Assis
Acesso em: 16 nov. 2018. Disponível em:
http://www.cdcc.sc.usp.br/cav/hbr12.htm
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