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CENTRO DE TECNOLOGIA DE CARNES Curso de Especialização AULA PRÁTICA BOVINOS E SUÍNOS BOVINOS AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL. ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS E. Tadeu F. Silveira Márcia M. H. Haguiwara Campinas-SP 23 a 24 de outubro de 2012 2 AULA PRÁTICA DE BOVINOS INTRODUÇÃO A avaliação final dos animais produtores de carne merece destaque no cenário nacional e internacional, pois, contribui para o melhoramento da produção animal, aproveitamento dos produtos e subprodutos bem como no aperfeiçoamento da comercialização dentro da cadeia produtiva de carnes. OBJETIVO A presente aula prática tem como principal escopo, incentivar o participante a familiarizar-se com os métodos utilizados para avaliação da composição corporal, composição de carcaça e de estimulação elétrica em carcaças bovinas. Essa aula objetiva ainda, mostrar sistemas de tipificação eletrônica para carcaças suínas e cortes comerciais de carcaça suína e bovina. Para a execução dessa aula prática, dois grupos serão formados e as tarefas distribuídas conforme programa anexo. 3 MATERIAL E MÉTODOS ANIMAIS. Serão abatidos duas novilhas cruza de Nelore com Blonel, com peso entre 15 arrobas. Serão avaliados três meias carcaças suínas para para demonstração de tipificação eletrônica, medidas de carcaça e cortes. AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL A avaliação da composição corporal envolve a obtenção de um valor confiável para o peso corporal do animal vivo, em relação ao qual serão calculadas as proporções de cada componente corpóreo. A descrição que se segue é obedecida à ordem seqüencial da coleta de dados que acompanha as operações de abate de bovino. No final é sugerida uma forma de apresentação dos resultados. IDENTIFICAÇÃO E TRANSPORTE Ao adquirir os animais por meio de amostragem em conformidade com o delineamento experimental, deve-se dar preferência ao rebanho que possua escrita zootécnica, animais controlados por tatuagem, que possua o mês e ano de nascimento para auxiliar na interpretação dos resultados obtidos na avaliação final. Efetua-se uma pesagem na fazenda, antes do transporte, tendo-se o cuidado de anotar a distância entre a fazenda e o abatedouro e o tempo de viagem, e uma outra pesagem após o transporte. Dados a serem coletados: Peso vivo na fazenda (Pvf). A pesagem individual deverá ser efetuada em balança aferida, pouco antes do embarque, tendo cada animal permanecido em jejum desde o final da tarde do dia anterior, para serem embarcados pela manhã. Peso vivo no abatedouro (Pva). Obtido no local do abate imediatamente após o desembarque, antes mesmo que os animais tenham acesso à água. 4 Perda de peso no transporte (Ppt). Diferença entre os pesos vivos na fazenda e no abatedouro. Peso de abate (Pa). O animal deve permanecer em repouso, jejum e dieta hídrica por pelo menos 12h nos currais do estabelecimento de abate antes de ser abatido. Esse tempo pode ser reduzido se a duração da viagem não tiver sido superior a 2h e os animais forem procedentes de fazendas próximas. Porém, o repouso não pode ser inferior a 6h. Normalmente os animais são desembarcados até o final da tarde procede-se à pesagem e o abate no início da manhã do dia seguinte. O descanso em dieta hídrica tende a uniformizar o conteúdo gastrintestinal, podendo, portanto, dispensar o jejum na fazenda. Assim, quando a distância entra a fazenda e o abatedouro permitir o embarque pela manhã e o abate na manhã seguinte, o jejum terá sido de 24 horas com dieta hídrica, e o peso de abate será de alta confiabilidade. Peso vazio (Pv). É a diferença entre o peso de abate e o peso do conteúdo gastrintestinal. Esse dado permitirá computar o rendimento de carcaça com maior precisão, eliminando-se os erros devidos às variações da matéria vegetal que preenche os compartimentos gástricos e o intestinos. SACRIFICIO O sacrifício do animal divide-se em duas etapas: a) atordoamento ou insensibilização - considerado a primeira operação do abate e consiste em colocar o animal em um estado de inconsciência, que perdure até o final da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível e b) sangria - realizada pela abertura sagital da barbela através da linha alba e secção da aorta anterior e veia cava anterior, no início das artérias carótidas e final das veias jugulares. Deve-se cuidar para que a faca não avance muito em direção ao peito, porque o sangue poderá entrar na cavidade torácica e aderir à pleura parietal e às extremidades das costelas. É conveniente a utilização de duas facas de sangria: uma para a incisão da 5 barbela e outra para o corte dos vasos. As facas devem ser mergulhadas na caixa de esterilização após a sangria de cada animal, tendo em vista que microrganismos da faca já foram encontrados nos músculos e medula óssea. Peso do sangue. A sangria dever ser feita em canaleta própria, durante 5 minutos, podendo ser utilizado um recipiente de aço inoxidável ou saco plástico para a coleta e pesagem de sangue. Esse dado é coletado para alguma finalidade específica ou simplesmente por se tratar de um dos componentes corpóreos. ESFOLA O processo é iniciado com a desarticulação das patas dianteiras, abertura total da barbela e corte dos chifres. A seguir são desarticuladas as patas traseiras e faz-se o descolamento do couro do coxão e da virilha de ambos os lados, faz-se a divulsão da ampola retal, a liberação da bexiga e a oclusão dos esfíncters com amarilho e remoção da cauda. Na seqüência são executados a abertura do couro na região abdominal, no peito e nos membros anteriores, e o deslocamento final do couro da cabeça. Finalmente, procede-se à remoção total do couro, com a faca curva comum ou de ar comprimido, ou por meio de equipamentos apropriados a essa finalidade, recolhendo-o em caixa plástica, antes que ele entre em contato com o piso molhado do abatedouro. Procede-se então à coleta dos dados referentes ao: Peso das patas. Reunindo-se as traseiras e dianteiras, antes da remoção dos estojos córneos conhecidos por unhas. Peso do couro. Obtido imediatamente após a sua remoção, sem descarne e sem recortes. Deve incluir as orelhas, as partes referentes à cabeça, à cauda com vassoura e aquelas que revestem as patas. Peso dos chifres. O peso bruto dos chifres poderá ser desdobrado nos pesos dos estojos córneos e sabugos. Em seguida é feito o descolamento e amarrio do esôfago e a desarticulação da cabeça entre os côndilos occipitais e a primeira vértebra cervical ou atlas, sendo ambos numerados para fins de inspeção 6 e coleta de dados. Peso da cabeça. A cabeça deve ser lavada com água a 40°C para remover os coágulos de sangue. Como já foram removidos os chifres e o couro, a pesagem da cabeça não os inclui, porém, inclui a língua, sua sustentação muscular e óssea e a garganta. Não deve incluir parte da traquéia e tampouco do esôfago. EVISCERAÇÃO Para dar início à evisceração, serram-se no plano sagital mediano o esterno e o sacro. Faz-se então a divulsão da ampola retal, a liberação da bexiga e a oclusão dos esfíncters com amarrilho. Procede-se então à retirada das vísceras abdominais e torácicas. O conjunto formado pelos estômagos, intestinos, bexiga, baço, pâncreas, deverá ser removido de uma só vez, permanecendo apenas o fígado, os rins, as adrenais e a gordura perirrenal e pélvica na cavidade abdominal. A seguir são removidas as vísceras torácicasjuntamente com o pilar do diafragma e glândulas adrenais e fígado e depois as gorduras pélvicas, perirrenal e inguinal, após terem sido abertas às cápsulas renais e removidos os rins, seccionando-se os ureteres e vasos na altura dos bacinetes. Procede-se então a retirada do diafragma e da sangria e realiza-se a coleta dos seguintes dados: Peso do fígado. Sem a vesícula biliar, que poderá ser pesada cheia e vazia. Peso do coração. Após a abertura do saco pericárdico e seccionamento da artéria aorta e das veias cava e pulmonares. Peso dos pulmões. Após a remoção do pilar do diafragma que se situa entre os dois pulmões, no espaço mediastínico, e dos demais tecidos aderentes. Inclui a traquéia sem a glote (pesada anteriormente com a cabeça). Peso do pilar do diafragma. Removido do espaço mediastínico. Ao final da coleta de dados poderá ser incluído no total de carne industrial. Peso do omento. O omento é retirado momentos antes da retirada das 7 vísceras abdominais ou pouco depois. Peso dos estômagos e intestinos cheios (Peicheios). Para facilitar a pesagem é conveniente efetuar a separação após a oclusão dos intestinos com amarrilho, na altura do piloro, e fazê-la em duas vezes. Esse dado é importante para obtenção do peso do conteúdo gastrintestinal. Peso dos estômagos e intestinos (Pei). Tendo em conta que a gordura mesentérica só será separada durante o preparo da tripa, ela será incluída na pesagem, podendo-se fazer posteriormente o desdobramento desse peso, da mesma forma como se fará com o desdobramento dos estômagos em rúmen,retículo, omaso e abomaso. Peso do baço. O baço removido juntamente com as vísceras abdominais, deverá ser pesado logo após sua separação da superfície do rume no qual é aderente. Peso do conteúdo gatrintestinal (Pcgi). Esse dado é muito importante para o cálculo do peso vazio. É obtido por diferença de peso entre os pesos dos estômagos e intestinos cheios e vazios. Assim: Pcgi = Pei cheios - Pei. Peso do aparelho reprodutor. Está na dependência da condição sexual do animal. Têm-se, para o macho inteiro: testículos, próstata, vesícula seminal e pênis. Para a novilha ou vaca: ovários, trompas, útero, vagina e vulva. Para fêmeas prenhas, basta pesar o útero com seu conteúdo. PREPARO DA CARCAÇA O preparo da carcaça é baseado na definição adotada pela Inspeção Federal e aceita pelos diversos setores da indústria da carne. A carcaça bovina comercial, por definição, compreende o corpo, abatido e eviscerado, do qual foram removidas as seguintes partes: Membros torácicos - abaixo da articulação do carpo ou joelho zootécnico; Membros pélvicos - abaixo da articulação do tarso ou curvilhão; 8 Pele (couro) - completamente removida; Cabeça - separada na articulação atlanto - occipital; Cauda (rabo) - separada na primeira ou na segunda articulação intercoccígea; Gordura perirrenal e pélvica (sebo do rim) e inguinal (capadura), e glândula mamária nas fêmeas; Rins Diafragma - cortado rente ao gradil torácico; Sangria - parte dos músculos do pescoço feridos durante a sangria e a divisão sagital mediana do pescoço. A remoção das patas, do couro e da cabeça já foi descrita. Na seqüência, fazem-se a remoção da cauda, antes da divisão da carcaça em duas metades, a retirada da gordura inguinal, perirrenal e pélvica, após terem sido abertas as cápsulas renais e removidos os rins, seccionando-se os ureteres e vasos na altura dos bacinetes. Procede-se então à retirada do diafragma e da sangria. Efetua-se então a coleta dos dados relativos ao preparo da carcaça, tomando-se os seguintes pesos: Peso da cauda (rabo). Esse dado é coletado apenas por se tratar de um componente corpóreo bem individualizado em termos de valor comercial. Peso dos rins. Ambos os rins sem a cápsula protetora. Peso da gordura pélvica e perirrenal. Muitas são as fontes de variação dessa gordura em termos quantitativos. Peso da gordura inguinal. Conhecida como capadura, corresponde no animal vivo à região póstero-ventral do abdômen e das virilhas, que dá aos compradores de gado uma indicação do grau de acabamento do animal. Nas fêmeas inclui a glândula mamária. Peso do diafragma. Corresponde à porção lateral dos músculos da respiração que nos açougues é conhecido como “fraldinha” e no Frigorífico é apenas carne industrial. Deve ser pesado após a remoção do 9 tecido conjuntivo fibroso que o envolve. Peso da carne de sangria. Do ponto de vista dos abatedouros é enquadrada como carne industrial. Peso da carcaça quente (PQ). Pesagem das duas meias carcaças antes da lavagem final (à temperatura de 40°C e pressão de 3 libras/pol2 Rendimento da carcaça quente (RCQ). É a relação entre o peso da carcaça quente e o peso de abate, expressa em porcentagem. ). SUGESTÃO PARA APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Como sugestão os dados da avaliação corporal podem ser apresentados nos Quadros enumerados de 1 a 7: 10 Quadro 1. Peso vivo e perdas de peso. Animal 1 Animal 1 kg % kg % Peso vivo na fazenda Peso vivo no abatedouro Perda de peso no transporte Peso de abate Perda de peso no abatedouro Conteúdo gastrintestinal* Peso vazio * porcentagem em relação ao peso de abate Quadro 2. Composição corporal. Animal 1 Animal 2 kg % kg 1 % 1 Peso da carcaça quente Sangue Vesícula biliar Medula Patas Couro Chifres Cabeça Rabo Vísceras brancas Órgãos Carne industrial 2 Gordura industrial Resíduos Quebra 1 porcentagem em relação ao peso vazio. 2 não inclui a carne da cabeça. Quadro 3. Aproveitamento da cabeça. Animal 1 Animal 2 kg % Kg 1 % 1 Ossos do crânio Ossos da mandíbula Carne da cabeça Cérebro Língua Resíduos p/graxaria Quebra 1 porcentagem em relação ao peso da cabeça. 2 porcentagem em relação ao peso vazio. 11 Quadro 4. Vísceras brancas. Animal 1 Animal 2 kg % kg 1 % Kg 1 % 1 Rúmen e retículo Omaso Abomaso Intestinos Bexiga vazia Mucosa do esôfago 1 porcentagem em relação ao peso total das vísceras brancas. Quadro 5. Órgãos. Animal 1 Animal 2 Kg % kg 1 % kg 1 % 1 Fígado Coração Pulmões Rins Baço Aparelho reprodutor 1 porcentagem em relação ao peso total dos órgãos e glândulas. Quadro 6. Gordura industrial. Animal 1 Animal 2 Kg % kg 1 % kg 1 % 1 Perirrenal Pélvica Inguinal Epíplon Mesentérica 1 porcentagem em relação ao peso total da gordura industrial. Quadro 7. Carne industrial. Animal 1 Animal 2 kg % kg 1 % kg 1 % 1 Carne da cabeça Carne da língua Carne do esôfago Carne da bexiga Carne do diafragma Pilar do diafragma Carne da sangria Total 1 porcentagem em relação ao peso total da carne industrial. 2 porcentagem em relação ao peso vazio.
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