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31/07/2011 1 EXAME FÍSICO Profa Enfa. Ana Paula Portela® EXAME FÍSICO • É um método clínico de enfermagem, também denominado de Técnicas Propedêuticas, constituído pelos seguintes procedimentos: - Anamnese (entrevista); - Inspeção (ectoscopia); - Palpação (tato e pressão); - Percussão (vibrações); - Ausculta (ruídos). ANAMNESE • É uma entrevista realizada ao seu paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. • Busca relembrar todos os fatos que se relacionam a doença com o doente. Fatores que influenciam na anamnese: • Idade • O momento ideal • Gênero • Cultura • Crença religiosa • Credibilidade • Estado emocional • Atitude Fatores que interferem na anamnese: • Insegurança • Discriminação • Mudança de assunto • Negação • Perguntas conducentes • Discurso unilateral • Superioridade • Desatenção • Estereotipagem Atitudes que favorecem a anamnese: • Interesse • Aceitação • Objetividade • Segurança • Comprometimento • Atenção - “escuta ativa” • Perguntas abertas • Esclarecimento • Silêncio • Respostas à comunicação imprópria 31/07/2011 2 Elementos básicos da anamnese de enfermagem: • Identificação - É o início do relacionamento com o paciente. - Nome, leito, registro, idade, estado civil, naturalidade, profissão, etc. • Queixa principal - Em poucas palavras, o profissional deverá registrar a queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda • História da doença atual - Deverá ser registrado tudo que se relacione à doença atual. - Característica específica da queixa, início, evolução, duração, localização dos sintomas, situações que aliviam e que exacerbam os sintomas, etc. - Em caso de dor, deve-se caracterizá-la por completo. • História médica pregressa - Informações sobre toda a história médica do paciente, mesmo das condições que não estejam relacionadas com a doença atual. - Doenças prévias, cirurgias e internações prévias, imunizações, alergias, transfusões de sangue, etc. • Histórico familiar - É questionado ao paciente sobre sua família e suas condições de trabalho e vida. - Procura-se alguma relação de hereditariedade das doenças. - Deve-se perguntar no mínimo sobre DM, HAS, CA, BK, cardiopatia, asma, morte súbita. • História pessoal e social - Informações sobre a ocupação do paciente, tais como: onde trabalha, onde reside, se é tabagista, alcoolista ou faz uso de outras drogas. - Informações sobre viagens recentes, se possui animais de estimação (para se determinar a exposição a agentes patogênicos ambientais). - Informações sobre suas atividades recreativas, se faz uso de algum tipo de medicamentos (inclusive os da medicina alternativa). • Revisão de sistemas - Consiste do relato da análise física completa sobre os sintomas agrupados em sistemas. 31/07/2011 3 Caracterização da dor • Onde dói? (o paciente deverá mostrar o local) • Quando começou? • Como começou? (súbito ou progressivo) • Como evoluiu? (como estava antes e como está agora) • Qual o tipo da dor? (queimação, pontada, pulsátil, cólica, constritiva, contínua, cíclica, profunda, superficial) • Qual a duração da crise? (se a dor for cíclica) • É uma dor que se espalha ou não? • Qual a intensidade da dor? (forte, fraca ou usar escala de 1 a 10). • A dor impede a realização de alguma tarefa? • Em que hora do dia ela é mais forte? • Existe alguma coisa que faça a dor melhorar? • E o que piora? • A dor é acompanhada de mais algum sintoma? Tipos de questionamento • Perguntas Abertas - Devem ser feitas de tal maneira que o paciente se sinta livre para expressar-se, sem que haja nem um tipo de restrição. Ex: "O que o Sr. está sentindo?“ • Perguntas Focadas - São perguntas abertas, porém sobre um assunto específico (um determinado tema ou sintoma apenas). Ex: "Qual parte dói mais? " • Perguntas Fechadas - Servem para que o entrevistador complemente o que o paciente ainda não falou, com questões diretas de interesse específico. Ex: "A perna dói quando o Sr. anda ou quando o Sr. está parado?". ECTOSCOPIA/INSPEÇÃO GERAL • É a análise superficial (externa) de um paciente. • É o estudo do indivíduo como um todo • Deverá ser relatado o estado geral de saúde do indivíduo e as características físicas mais evidentes. Fases da Ectoscopia 1. Aparência física 2. Estrutura corporal 3. Mobilidade 4. Comportamento 5. Medidas antropométricas 31/07/2011 4 1. Aparência física - Idade (a pessoa aparenta ter a idade declarada?) - Sexo (o desenvolvimento sexual é apropriado para o gênero e idade?) - Nível de consciência (a pessoa está alerta e orientada, apresenta respostas coerentes e apropriadas?) - Inspeção geral OBSERVAÇÃO Nível de consciência • Alerta - Acordado ou facilmente estimulável - Orientado ou desorientado auto e alopsiquicamente • Letárgico ou sonolento - Não encontra-se totalmente alerta, apresenta pensamento lento, desatento - Confusão mental ou parcialmente orientado. • Obnubilado - Dorme a maior parte do tempo, acorda com dificuldade, age como se estivesse confuso ao ser acordado. Atenção: Pacientes em narcose anestésica podem ser confundidos com pacientes obnubilados. • Estado Confusional - Diminuição da cognição, redução da vigilância, desatenção, discurso incoerente, dificuldades na memória recente, frequentemente agitado e com alucinações visuais; desorientado. • Estupor ou semi-coma - Inconsciente, responde somente com chamados persistentes e vigorosos, ou ao estímulo álgico, preservando a resposta motora. • Coma - Completamente inconsciente, sem resposta ao estímulo álgico ao a qualquer estímulo externo. Escala Neurológica de Glasgow Interpretação da Escala de Glasgow • Pontuação total: de 3 a 15 3 =Coma profundo; (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo) 4 = Coma profundo; 7-5 = Coma intermediário; 11-8 = Coma superficial; 15-12 = Normalidade. 31/07/2011 5 Inspeção geral • A inspeção deverá ser panorâmica e localizada, investigando-se as partes mais acessíveis em contato com o exterior. • A iluminação deverá ser adequada e deve- se utilizar lanterna para as pequenas cavidades. • Deve-se preservar a privacidade do paciente. • Deve-se dar atenção a área de maior queixa. • Sempre no sentido céfalo-caudal. Tópicos para observação • Cabeça - Inspeção do crânio: integridade, higiene (seborréia, pediculose). • Face - Coloração: Palidez – redução hematócrito, da perfusão ou por vasoconstricção (choque). Cianose – aumento da Hb não oxigenada, podendo ser CENTRAL (cardiopatia, pulmonar crônica) ou PERIFÉRICA (exposição ao frio, ansiedade) Eritema – aumento do fluxo de sangue ocasionando coloração avermelhada da pele. Icterícia – aumento da bilirrubina sérica, que ultrapassa 2 a 3mg por 100 ml ocasionando amarelamento da pele. Também pode ocorrer por carotenemia (aumento do caroteno) ou uremia (na IR ocorre retenção de urocromo no sangue) - Simetria • Olhos - Pupilas (fotoreagentes,midriáticas) Midríase ( o o ) Miose ( . . ) Isocóricas ( o o ; . . ) Anisocóricas (o . ; . o) - Mucosa ocular Normocrômica, hipocômica ou hipercrômicas - Escleróticas Anictérica, ictérica, hiperemiada • Ouvidos - Sujidade (presença de cerume em excesso) - Integridade • Boca - Halitose (mau hálito): Hálito cetônico - cetose diabética; é comparado ao odor de frutas e maçã; hálito adocicado. Hálito urêmico - comparado ao odor da própria urina; aponta uremia grave. Hálito fecalóide - comparado ao odor de fezes; pode indicar fístula ou perfuração intestinal. - Arcada dentária: completa, edentulo (parcial ou total), uso de prótese. - Integridade da mucosa • Nariz - Higiene, integridade, presença de muco, desvio de sépto • Pescoço - Mobilidade, presença de gânglios cervicais (gânglios linfáticos ou linfonodos). • Tórax - Simetria, expansividade; - Padrão respiratório Eupnéia (respiração normal) Taquipnéia (aumento do número de incursões respiratórias) Bradipnéia (ritmo respiratório lento) Apnéia (ausência de respiração) Hiperpnéia (respiração rápida e profunda) Dispnéia (dificuldade de respirar) 31/07/2011 6 Respiração paradoxal (perda do movimento sincronizado de expansão toraco-abdominal na inspiração) Respiração de Kussmaul (padrão respiratório profundo e trabalhoso) Respiração de Cheyne-Stokes (modificação na profundidade, frequência e regularidade do padrão respiratório; dispnéia cíclica com três fases: aceleração do ritmo respiratório, seguindo-se o seu abrandamento e uma pausa) • Abdome - Flacidez - Rigidez - Plano, escavado ou globoso (às custas de tecido adiposo, útero gravídico) - Presença de ostomias - Presença de drenos • Hipocôndrio Direito - Fígado, Vesícula Biliar • Epigástrio - Estômago • Hipocôndrio Esquerdo - Baço • Flanco Direito - Rim direito • Mesogástrio - Intestino delgado • Flanco Esquerdo - Rim esquerdo • Fossa Ilíaca Direita - Ceco e cólon (apêndice vermiforme) • Hipogástrio - Bexiga, Útero e ovário • Fossa Ilíaca Esquerda - Cólon sigmóide • Genitália - Integridade - Presença de secreções anormais - Edema • Membros - Motricidade - Sensibilidade - Integridade - Edema - Alterações vasculares (MMSS, MMII, MSD, MSE, MID, MIE) Alterações: • Hemiparesia: perda da força de um dos lados • Hemiplegia: perda do movimento e da sensibilidade de um dos lados • Tetraplegia: perda dos movimentos e da sensibilidade dos quatro membros • Paraplegia: perda dos movimentos e sensibilidade dos membros inferiores 31/07/2011 7 2. Estrutura Corporal • Estatura (se a altura situa-se na faixa normal para a idade) • Estado nutricional IMC = PESO EM KG (ALTURA EM M)2 • Simetria (igualdade entre os lados, proporcionais) • Postura (o paciente se mantém de pé?) • Posição (o paciente apresenta postura viciosa?) • Silhueta (deformidades físicas existentes) 3. Mobilidade • Marcha (posicionamento dos pés, andar firme, seguro) • Amplitude do movimento (mobilidade completa, coordenação, ausência de movimentos involuntários, articulação) 4. Comportamento • Expressão facial (faces de dor, contato visual) • Humor e afeto (cooperação com o examinador, age de forma agradável) • Fala - Dislalia: má pronuncia das palavras. - Disfonia: dificuldade ou desconforto ao falar, com tonalidade e volume anormais. - Disartria: (má coordenação dos músculos da fala, com incapacidade de articular palavras corretamente. 5. Medidas Antropométricas • Peso - Usa-se uma balança padrão; - Realiza a pesagem sempre no mesmo horário; - Avalia perdas e ganhos. • Altura - Usa-se a escala de altura da balança; - Oriente o cliente a retirar os sapatos e ficar de costas para a balança, olhando para a frente. PALPAÇÃO • É uma técnica que permite a obtenção de dados através do tato e da pressão. • Consiste em tocar a região ou parte do corpo que acaba de ser observada, anotando as informações táteis obtidas. • Permite a identificação da textura, espessura, consistência, sensibilidade, volume, dureza, elasticidade, edema. PERCUSSÃO • Baseia-se nas vibrações originadas através de pequenos golpes realizados em determinadas superfícies do corpo. • As vibrações obtidas têm características próprias quanto a intensidade, tonalidade e timbre, de acordo com a estrutura anatômica percutida. • Ajuda a determinar a presença de ar, de fluido ou se a estrutura é sólida. 31/07/2011 8 AUSCULTA • É realizada através do estetoscópio, onde se obtém ruídos considerados normais ou ruídos patológicos. • Nos pulmões: murmúrios vesiculares (MV) ou ruídos adventícios (roncos, sibilos, creptos). • No coração: bulhas normais ou anormais (sopros) • No abdome: sons do intestino, que são denominados ruídos hidroaéreos (RHA) POSIÇÕES PARA EXAMES • SENTADA - Cabeça e pescoço, região dorsal, tórax e pulmões, mamas, axilas, coração, sinais vitais e extremidades. • SUPINA - Cabeça, pescoço, tórax, pulmões anteriores, mamas, axilas, coração, abdome, extremidades, pulso. - Esta é a posição relaxada mais normal. - Proporciona fácil acesso aos sítios de pulsação. • DECÚBITO DORSAL - Cabeça, pescoço, tórax, pulmões anteriores, mamas, axilas, coração abdome. - Posição para avaliação abdominal porque promove relaxamento dos músculos abdominais. • LITOTÔMICA OU GINECOLÓGICA - Genital feminino - Proporciona a exposição máxima da genitália feminina. - Facilita introdução do especulo vaginal. • DE SIMS - Reto. - Decúbito frontal com flexão do joelho e do quadril. - Melhora a exposição a área retal. 31/07/2011 9 • DECÚBITO VENTRAL - Sistema musculoesquelético e região dorsal. - Avaliação da extensão da articulação do quadril, pele e nádegas. - Pacientes com dificuldades respiratórias não toleram bem essa posição. • DECÚBITO LATERAL - DLD e DLE - Auxilia na detecção dos murmúrios cardíacos. - Permite visualização da região dorsal. • GENITO-PEITORAL OU JOELHO NO PEITO - Reto - Proporciona a exposição máxima da área retal.
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