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INTRODUÇÃO DA DEFESA ilustríssimas senhoras e ilustríssimos senhores Ministros deste exímia corte. hoje venho a presença de vossas excelências ser humildemente ferramenta a serviço da justiça. Pois como nossa magna carta descreve em seu Art.133 o Advogado é indispensável a administração da justiça. E com muito orgulho venho a presença deste egrégio tribunal representar estes senhores hoje não mais réus, mas sim vítimas do despotismo estatal e da manipulação da opinião pública, põe hoje sobre as costas do aqui acusados embora de fato vítimas o peso de sua incapacidade de salva-los em tempo hábil para que sacrifícios não fossem precisos serem feitos. O Sr. Roger Whetmore minha caríssimas senhoras e caríssimos senhores aqui presentes não foi assasinado. Ele foi sacrificado. Quem muito embora possa não parecer distinto possui profunda diferença entre o significado de um para outro. o sacrifício meus caros consiste na “renúncia voluntária ou privação voluntária por razões religiosas, morais ou práticas” Enquanto o homicídio ou assassinato consiste na “ação ou efeito de assassinar; ação de assassinar (matar) uma outra pessoa; assassínio. Muito embora este sacrifício tenha sido a vida do Sr. Roger Whetmore, o próprio foi responsável de cogitar tal hipótese. E se não fosse por infortúnio do destino ser ele o escolhido para o sacrifício, estaria hoje aqui perante vossa excelências sentado no banco dos réus acusado também injustamente por um crime que não teria cometido. Peço as senhoras e senhores encarecidamente, que hoje sejamos não frios leitores de lei. Nós não somos nós máquinas e sim seres humanos, e como seres humanos operadores do direito somos hermeneutas por excelência . E por tanto peço que por vossa parte seja feita a melhor exegese do nosso ordenamento jurídico, mas que pela capacidade não só de ser intelectivo mas também empáticos. Senhora e senhores perante vossas excelências não se encontram monstros. Se encontram seres humanos, tais como todos os demais aqui presentes. Dotados de inteligência e de emoções. Também afirmo que não estamos diante de assassinos mas sim diante de sobreviventes de uma catástrofe, vitimas do infortúnio de chegarem a beira da morte e serem postos a situações extremas para conseguirem estar hoje perante vossas excelências vivos. Seres humanos que puseram a encargo da sorte e do azar as suas vidas para definir quem seria o objeto do sacrifício que tão somente visava garantir a vida dos demais. Querem condenar estes homens por que A letra de nossa lei penal em seu Art.121 diz que “Matar alguém” significa absolutamente que esses senhores são assassinos vis e cruéis. Mas de maneira estranha são juridicamente cegos quando essa mesma lei penal diz em seu Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade (…) o Art. 24 completo dizendo que “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. ilustres Senhoras e Senhores. Não se deixem enganar pela poeira que a acusação tenta lançar sobre vossos olhos. Sobre as mascaras de monstros que sao postas sobre os rostos destes senhores hoje injustamente no banco dos réus. Se há hoje aqui uma luta do bem contra o mal, estes senhores de maneira absoluta não representam o mal. Hoje aqui não é uma batalha da sociedade contra os exploradores de caverna. hoje ocorre neste tribunal a batalha da Justiça x Injustiça. E condenar estes homens a pena capital hoje é sem sombra de dúvidas a vitória da Injustiça sobre as Justiça. É afirmar que o sacrifício do Sr. Roger Whetmore por seus companheiros não significou nada. É dizer o sacrifícios das 10 vidas do grupo de salvamento não teve qualquer significado. Sem estes sacrifícios hoje estes 4 homens atormentados pelo inferno pelo qual passaram, nem estariam aqui . Além do. Sr. Roger Whetmore o sacrifício dessas 10 vidas que ao preço do próprio sangue abriram mão de suas próprias vidas para que estes homens pudessem voltar para suas casas e suas famílias. No entanto hoje estamos aqui discutindo se estes homens terão a sua vida ceifada. não pela adversidade do destino. Mas pelo autoritarismo e por um possível mal uso do Jus Puniendi. O estado tem o dever de punir culpados, mas o que hoje vemos aqui no banco dos réus senhoras e senhores não são criminosos frios e sanguinários. Mas sim vítimas de um desastre, que só estão diante de vós graças ao sacrifício de 11 seres humanos. No momento em que estes homens pediram a manifestação do estado por seus representantes que ou concordassem com a execução da única opção que dispunham ou que propusessem outra solução se omitiram. Agora que se encontram salvos graças a ao sacrifício do Sr. Roger Whetmore desejam sacrifica-los em prol de vossa omissão e incompetência? Por isso excelências se até a lei reconhece que o sacrifício possui um significado distinto do assassinato, tal conduta não constitui fato típico e passível de punição, mas sim atípico e alem das fronteiras da jurisdição. Pelas razoes até aqui expostas, venho humildemente postular a vossas excelências o respeito a ordem jurídica, ao sacrifício das vidas que tornaram possível que estes homens aqui presentes renascessem e acima de tudo em nome da justiça.
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