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AMOR E VIOLÊNCIA NA INTIMIDADE

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496
dias, a. R. C. & Machado, C. “amor e violência na intimidade: da essência à construção social”
496
AMOR E VIOLÊNCIA NA INTIMIDADE: 
DA ESSÊNCIA À CONSTRUÇÃO SOCIAL*
To loVe VIoleNTlY: fRoM eSSeNTIalIST 
aPPRoaCHeS To loVe aS a PeRfoRMaNCe
Ana Rita Conde Dias e Carla Machado
Universidade do Minho, Braga, Portugal
RESUMO
No presente artigo procede-se à descrição e análise das abordagens teóricas sobre o amor nas Ciências Sociais, 
principalmente na Psicologia. O objetivo é proporcionar uma compreensão geral acerca de como o fenómeno tem 
sido conceptualizado e analisar como o amor e a violência têm sido articulados. assinalando os principais con-
tributos e limitações de cada abordagem, defende-se que o amor é um fenómeno sócio culturalmente construído 
e sugere-se a necessidade de adotar uma perspetiva construcionista para compreender como a violência e o amor 
se relacionam, no sentido de desconstruir discursos que possam contribuir para práticas relacionais violentas. 
Palavras-chave: amor; violência; construcionismo social; cultura. 
 
ABSTRACT 
In this article we intend to describe and analyze theoretical approaches on love formulated by Social Sciences, 
namely Psychology. Our goal is to present a general understanding about how the phenomenon has been con-
ceptualized and analyzing how love and violence have been articulated. Considering the main contributions and 
limitations of each theory, we sustain that love is a culturally constructed phenomenon and that the adoption of a 
constructionist approach is needed to understand how violence and love are related and to deconstruct discourses 
that may contribute to violent behaviors. 
Keywords: love; violence; social constructionism; culture.
Introdução
Os estudos sobre o amor no campo da Psicologia 
começaram a emergir apenas na década de 70 tendo 
este tema sido, até então, delegado a outras áreas 
(artes, filosofia) por se considerar que não poderia ser 
objeto de análise científica (cf. Weis, 2006). No entan-
to, sobretudo nas últimas duas décadas, começaram a 
desenvolver-se instrumentos para avaliar o fenómeno 
amoroso e, à medida que o tema foi tendo maior acei-
tação pela comunidade científica, a investigação e as 
teorias proliferaram. ainda assim, o amor e a violência 
na intimidade têm sido maioritariamente analisados pela 
investigação como objetos de estudo separados. No en-
tanto, o desenvolvimento recente dos estudos culturais 
e feministas (Hatfield & Rapson, 2005), inspirados pelo 
construcionismo social, conduziu ao reconhecimento 
da sua interligação. 
Do fatalismo inato à formatação social do 
amor: teorias biológicas/evolucionistas e 
desenvolvimentais vs. teorias estruturalistas
Na conceptualização teórica do amor há uma ques-
tão alvo de controvérsia - o que é que neste fenómeno 
é biológico e universal e o que é que nele é socialmente 
construído? Esta questão reflete os diferentes paradig-
mas científicos: por um lado os paradigmas positivista 
e pós-positivista (que continua a assumir uma realidade 
externa e objetiva mas assume que esta apenas pode ser 
apreendida de forma imperfeita e probabilística), que 
postulam a existência de uma realidade independente 
do sujeito, regulada por leis naturais que podem ser 
descobertas pela ciência através do experimentalismo 
(Burr, 1995; Gergen, 1999); por outro, as teorias críticas 
e o construcionismo social, que questionam a noção de 
“realidade”, postulando que esta não existe independen-
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Psicologia & Sociedade; 23 (3): 496-505, 2011
496
temente das práticas mediante as quais a objetivamos, 
privilegiando uma metodologia de investigação herme-
nêutica e dialética (Burr, 1995; Gergen, 1999). 
O positivismo assume em termos ontológicos uma 
realidade externa e objetiva (realismo ingénuo) e em 
termos epistemológicos parte do pressuposto objetivista 
e dualista de que é possível determinar como as coisas 
realmente são ou funcionam, usando a metodologia 
experimental para verificar hipóteses previamente for-
muladas. O pós-positivismo, em termos ontológicos, 
continua a assumir uma realidade objetiva, mas postula 
que esta apenas pode ser apreendida de forma probabi-
lística e imperfeita (realismo crítico) e, em termos epis-
temológicos, defende que é possível uma aproximação 
à realidade, embora não seja possível o conhecimento 
completo. Privilegia a metodologia experimental mo-
dificada, almejando produzir conhecimento através da 
falsificação das hipóteses. Desta forma, no positivismo 
e pós-positivismo, a investigação procura a explicação 
dos fenómenos, de forma a permitir a sua previsão 
e o controlo, tomando a validade interna, a validade 
externa (generalização), a fiabilidade (estabilidade) e 
a objetividade (observador distante e neutro) (Guba & 
lincon,1989) como critérios de relevância dos estudos.
Partindo destes pressupostos ontológicos e epis-
temológicos, as teorias sobre o amor que se inscrevem 
nos paradigmas positivistas e pós-positivistas são 
abordagens de carácter essencialista, na medida em que 
postulam a existência de um conjunto de traços, pulsões 
ou mecanismos (de natureza física e/ou psicológica) 
(Raskin & Neimeyer, 2007) que determinam e regulam 
a experiência do amor e as relações de intimidade. Neste 
contexto incluímos as teorias estritamente biológicas/
evolucionistas (Weis, 2006), as desenvolvimentais, 
como as teorias do apego (allison, Bartholomew, May-
seless, & dutton, 2008), e as perspetivas estruturalistas/
funcionalistas, que analisam o amor como produto das 
estruturas sociais (torres, 2001). 
Teorias biológicas/evolucionistas e 
desenvolvimentais
as teorias biológicas e evolucionistas conside-
ram que a intimidade, a atração interpessoal e o amor 
são fenómenos naturais, instintivos e biologicamente 
motivados, sustentados por mecanismos hormonais, 
neuronais e fisiológicos (Weis, 2006). Defendem que o 
amor resulta de um conjunto complexo de adaptações 
(cognitivas, comportamentais e emocionais) chamadas 
a resolver problemas específicos relacionados com a 
sobrevivência, reprodução (Buss, 2006) e interesses 
genéticos da espécie (Kenrick, 2006). 
assim, Kenrick (2006) defende que o amor resulta 
de um conjunto de enviesamentos cognitivos que orien-
tam a atenção, memória e tomada de decisão, atuando 
no sentido de adotar comportamentos que facilitem a 
reprodução e sirvam os interesses genéticos. a questão 
da violência não é diretamente abordada mas, no contex-
to desta teoria, poderíamos avançar a possibilidade de 
entender a violência como um comportamento “adapta-
tivo” levado ao extremo, resultante de um conjunto de 
enviesamentos cognitivos para conseguir e/ou manter 
a relação.
Uma outra abordagem que enfatiza a funcionalida-
de, neste caso reprodutiva, do amor é a de Buss (2006), 
que defende que o amor é um mecanismo adaptativo 
para conseguir compromisso. Neste contexto, postula 
o ciúme como estratégia evolutiva para salvaguardar a 
relação de “intrusos”, já que tanto os homens como as 
mulheres interpretam tipicamente o ciúme como prova 
de amor e a sua ausência como a falta dele. assim, o 
ciúme e a ameaça de rutura dos vínculos afetivos podem 
levar a comportamentos de assédio e controlo ou até ao 
homicídio, principalmente no caso dos homens, cujo 
design psicológico possui, segundo este autor, caracte-
rísticas que os motivam mais para manter a mulher que 
amam, levando-os a adotar comportamentos extremos. 
Buss (2006) conceptualiza a violência amorosa como 
um mecanismo com origens “adaptativas”, ao mesmo 
tempo que naturaliza as diferenças de género que sus-
tentam a violência e a assimetria nas relações: nomea-
damente, a maior propensão do homem para fazer uso 
da agressão quando é rejeitado ou não correspondido 
e a restrição da sexualidade feminina a uma relação de 
amor e de longo prazo.
Maiscomplexa e aberta a contributos de outros 
saberes é a abordagem da teoria do apego, que enfatiza 
a dimensão desenvolvimental do fenómeno (Bookwala, 
2002). desenvolvida por Bowlby (1973), esta teoria 
postula que o comportamento de apego da criança é 
regulado por um sistema motivacional inato com a fi-
nalidade evolutiva de promover a sobrevivência através 
da manutenção da proximidade entre a criança e a figura 
de apego, particularmente em situações de ameaça ou 
perigo. as expectativas que se desenvolvem na infância 
acerca da segurança, transmitidas pelas figuras de apego 
primárias, são internalizadas como modelos de funcio-
namento que motivam o desenvolvimento de relações 
de proximidade e guiam as interações subsequentes com 
os outros, de uma forma particularmente evidente nas 
relações românticas adultas (e.g., Allison et al., 2008; 
Bookwala, 2002). 
Esta teoria e os modelos que nela assentam postu-
lam a associação entre os estilos de apego e as dinâmicas 
relacionais entre os parceiros, conceptualizando a vio-
lência como uma forma disfuncional do comportamento 
de protesto (principalmente nos estilos de apego com 
elevados níveis de ansiedade), com o objetivo de manter 
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dias, a. R. C. & Machado, C. “amor e violência na intimidade: da essência à construção social”
a proximidade com a figura de apego (Allison et al., 
2008). No contexto das relações adultas de intimidade, 
a violência seria um meio através do qual os indivíduos 
tentam coagir o parceiro menos disponível a ficar mais 
próximo e acessível (Bookwala, 2002). 
Partindo desta base teórica, allison e colaborado-
res (2008), num estudo desenvolvido com casais com 
história de violência, indicam que esta pode ser utilizada 
quer para aumentar quer para diminuir a proximidade 
física e emocional, numa tentativa de alcançar/regular 
um nível ótimo de proximidade. Os autores associam a 
violência aos estilos de apego mais ansiosos e concluem 
ainda que as combinações dos perfis de apego dos 
parceiros podem levar a incompatibilidades, podendo 
a violência ocorrer quando comportamentos de apego 
funcionais (mas que não combinam entre si ou vão 
em sentidos opostos) falham em conseguir alcançar os 
níveis de proximidade desejados.
Numa análise crítica das teorias biológicas/evo-
lucionistas e desenvolvimentais, verificamos que estas 
equacionam o amor e a violência de forma essencial-
mente intraindividual, considerando que a violência 
tem como função a prossecução dos objetivos a que 
as necessidades biológicas ou psicológicas impelem, 
sendo uma estratégia “extrema”, produto da maior 
ativação ou pré-disposição do agressor para “amar” 
mais intensamente. 
Estas teorias naturalizam as diferenças no modo 
como homens e mulheres vivenciam o amor, recorrendo a 
estas diferenças para afirmar que existe uma programação 
biológica da mulher para procurar relações a longo prazo 
e recusar sexo casual, uma maior afetividade da mulher 
e maior atividade do homem, e uma maior predisposição 
do homem para adotar comportamentos abusivos quando 
sente a relação ameaçada (e.g., Buss, 2006). 
Por outro lado, estas abordagens defendem o 
carácter universal e inato do amor, considerando que 
este resulta de uma evolução adaptativa para resolver 
os problemas da reprodução. Este argumento apre-
senta algumas limitações, ignorando as variações na 
experiência do amor, como sejam as relações amorosas 
homossexuais, aquelas em que existe uma diferença 
“reprodutiva” entre os parceiros (diferentes idades, 
diferentes capacidades “reprodutivas”) e a própria expe-
riência do amor quando os “mecanismos biológicos” já 
cumpriram, ultrapassaram o timming ou simplesmente 
não vão ao encontro da sua função (por exemplo, o 
amor na terceira idade, o recurso a métodos contrace-
tivos). Estas abordagens assumem sempre que o amor 
tem por objetivo estabelecer relações duradoiras, com 
compromisso e exclusividade, não nos permitindo, 
assim, explicar fenómenos como sejam a poliamoria. 
Por outro lado, ao enfatizarem a consistência entre 
os vários tipos de relações (e.g., desde a estabelecida 
com as figuras de apego até, posteriormente, às várias 
relações de amor que os indivíduos podem estabelecer 
na idade adulta), estes modelos – ainda que desenvol-
vimentais e abertos à noção de mudança - falham em 
compreender o papel único, significados subjetivos e 
dinâmicas relacionais específicas a cada experiência 
amorosa. Embora estes modelos sustentem a variabili-
dade do fenómeno nas várias relações que um indivíduo 
possa estabelecer, esta variabilidade é usualmente expli-
cada apenas pela combinação ou interação dos estilos de 
apego dos parceiros, negligenciando-se a possibilidade 
de mudança individual.
Finalmente, apesar da multiplicidade de estudos 
desenvolvidos sob estas perspetivas, os resultados não 
têm sido consistentes, havendo diferenças culturais e 
individuais nos resultados obtidos. Face a esta incon-
sistência, estas teorias reconhecem a existência de dife-
renças culturais na vivência do amor e conceptualizam-
-nas como adaptações a variações ecológicas físicas 
e/ou sociais. Neste contexto, acabam por reconhecer 
a “complexidade” do fenómeno e a dificuldade em 
identificar as características mais determinantes para 
compreender o como e o porquê de tais diferenças (e.g. 
Kenrick, 2006).
Perspetivas estruturalistas
as abordagens estruturalistas analisam o amor 
como sendo um componente da ação social, devendo 
ser entendido no âmbito das estruturas e sistemas 
sociais que organizam a sociedade e os indivíduos 
(Goode, 1959, citado por torres, 2001). Estas aborda-
gens predominam principalmente no campo da socio-
logia, afirmando que a afetividade constitui uma das 
dimensões das relações sociais e que o amor pode ser 
analisado como expressão destas (torres, 2001). assim, 
os trabalhos sociológicos sobre o amor, as emoções e 
a sua relação com o género, o casamento e condições 
socioeconómicas e históricas (Munk, 2004; Torres, 
2001) começaram a proliferar em finais da década de 80 
(Jackson, 1993), enfatizando-se o papel dos processos e 
estruturas sociais na formação e expressão das emoções 
e do amor (Jackson, 1993; Torres, 2001). 
Goode (1959, citado por torres, 2001), um dos 
primeiros sociólogos que se debruçou sobre o tema, 
considera que a experiência e a intensidade do amor 
se relacionam com a estrutura social, sendo constran-
gidas pela posição em que cada sociedade se situa no 
continuum entre os dois polos: amor como disruptivo 
(trágico e/ou ridículo) vs. amor como ideal (base para 
o casamento). assim, o autor considera que o amor é 
regulado por padrões socio-estruturais (desde os ca-
samentos arranjados pelos pais até ao controlo social 
indireto na sociedade ocidental atual) que visam manter 
os sistemas e estruturas sociais vigentes. 
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Psicologia & Sociedade; 23 (3): 496-505, 2011
Num plano mais individual, torres (2001) fala 
da articulação entre a escolha livre do parceiro (em 
que os sentimentos e a atração são fatores decisivos) 
e a escolha do “socialmente próximo”, procurando-se 
compatibilizar os sentimentos com as expectativas 
sociais (dos pares, familiares ou outros significativos). 
desta forma, procura-se integrar as escolhas amorosas 
individuais na estrutura social alargada, regulando-se 
os aspetos potencialmente perturbadores do amor de 
forma a respeitar a ordem social. Os trabalhos que se 
inscrevem nesta perspetiva relacionam a posição que 
os indivíduos ocupam no campo social com as suas 
escolhas, sentimentos e desejos amorosos (Munk, 
2004), defendendo que as mudanças e transformações 
estruturais no campo amoroso dependem de mudanças 
nas relações de poder entre os diferentes grupos sociais 
(e.g., género, classe social, estatuto).
Estas abordagens enfatizam principalmente os 
aspetos associados aogénero, conceptualizado como 
um sistema de estratificação que coloca a mulher e o 
homem em posições, papéis e categorias diferentes, o 
que acarreta a sua diferenciação na forma como perce-
bem e experienciam o amor. a forma como o amor e a 
violência são equacionados nestas abordagens centra-
-se quase exclusivamente na análise das diferenças 
de posicionamento dos indivíduos dentro da estrutura 
social, nomeadamente ao nível das diferenças de género 
e relações de poder (e.g. anderson, 2005). Por exemplo, 
Chung (2005) refere que o amor romântico é uma ins-
tituição heterossexual, que reforça e mantém o sistema 
social patriarcal, permitindo que as mulheres não inter-
pretem o comportamento violento dos parceiros como 
expressão de poder e controlo, mas como sinónimo de 
amor e intimidade. 
Em síntese, ao conceptualizar o amor como uma 
forma de proceder à estruturação social, a perspetiva 
estruturalista pode ser útil para entender a forma como 
os sujeitos de diferentes categorias sociais (e.g., género, 
classe social, etnia) se deparam com diferentes padrões 
normativos e constrangimentos à vivência do amor e, 
consequentemente, face à violência nessas relações. No 
entanto, no nosso entender, esta perspetiva reduz o amor 
e a violência às condições socio-estruturais existentes e, 
embora procurem explorar alguns dos significados cul-
turais associados a estes temas (como o compromisso, 
a pertença, os ciúmes ou a fidelidade), reduzem a sua 
análise à estrutura social patriarcal, negligenciando a 
forma como o próprio sujeito se posiciona e constrói 
sentido para estas vivências. Por outro lado, estas abor-
dagens supõem, implicitamente, uma conceção român-
tica, heterossexual e conjugal do amor, obscurecendo 
experiências amorosas alternativas que não reproduzem, 
necessariamente, esta ordem social dominante. 
Da reificação à construção cultural: 
abordagens taxonómicas vs. perspetivas 
críticas e construcionistas culturais
Neste tópico apresentamos as abordagens que 
introduzem uma conceptualização mais cultural do 
amor mas que diferem claramente na forma como a 
equacionam. Incluímos neste ponto as teorias taxonó-
micas – que procuram identificar tipologias de amor 
universais, considerando a influência da cultura na 
forma de expressão de cada tipo amoroso – e as perspe-
tivas críticas e construcionistas - que analisam o amor 
como intimamente dependente das práticas e discursos 
socioculturais, equacionando a dimensão cultural, não 
como mera influência, mas como constitutiva e indis-
sociável do fenómeno. 
abordagens taxonómicas
as abordagens taxonómicas tentam categorizar 
as várias vivências, sentimentos e manifestações com-
portamentais associadas ao amor em diferentes estilos/
tipos amorosos (Weis, 2006). Os estudos no âmbito 
destas teorias recorrem a metodologias quantitativas, 
utilizando questionários ou escalas, para quantificar o 
fenómeno em termos de atitudes, crenças, cognições, 
comportamentos (c.f. Hendrick & Hendrick, 2006; Ster-
nberg, 2006), partindo da assunção de que os diferentes 
estilos de amor se situam no espaço cognitivo do sujeito. 
Por exemplo, Hendrick e Hendrick (2006) 
seguem a tipologia de lee (1973) - eros ou amor 
apaixonado, ludus ou jogo/amor descomprometido, 
storge ou amor amizade, pragma ou amor calculado, 
ágape ou amor altruísta e mania ou amor obsessivo 
– e referem que cada estilo resulta da combinação de 
atitudes e crenças, sendo possível estabelecer o estilo 
característico de cada pessoa. Relacionam ainda os 
estilos com alguns traços de personalidade, bem como 
com diferenças de género (e.g. a maior tendência 
dos homens para se envolverem no jogo e no amor 
descomprometido; e a preferência das mulheres pelo 
amor amizade ou amor calculado), referindo que os 
estilos modelam a experiência de amar. 
Por seu turno, Berscheid (2006) chama a aten-
ção para os múltiplos significados que o amor pode 
assumir, referindo que é o contexto no qual a palavra 
amor é usada que estabelece o seu significado. Face 
à variabilidade contextual, a autora propõe que se 
estabeleçam tipologias tendo em conta a sua diferen-
ciação comportamental (cada tipo estará associado a 
comportamentos diferentes) e causal (cada tipo tem 
diferentes causas), postulando quatro tipos de amor: 
amor apego, amor compaixão, amor companheiro/
gostar e amor romântico. Refere que estes partilham 
500
dias, a. R. C. & Machado, C. “amor e violência na intimidade: da essência à construção social”
uma causa histórica ancestral - a biologia e o processo 
evolutivo – e que todo o ser humano possui capacidade 
inata de os experienciar. 
Outros autores (e.g. Fehr, 2006) têm-se debruçado 
sobre as conceções que os sujeitos possuem acerca do 
amor. Nesta linha de investigação, Fehr (2006) postula 
o conceito de “amor protótipo” (referindo-se à forma 
como as pessoas pensam tipicamente sobre o amor), 
indicando que este pode diferir consoante o contexto 
cultural. assim, chama a atenção para a necessidade 
de fazer análises interculturais e identificar aspetos 
que possam ser universais, bem como especificidades 
culturais nas conceções de amor. dos seus estudos 
conclui que o amor companheiro e o amor apaixonado 
são os mais referenciados, mas que as características 
associadas ao amor companheiro são consideradas 
mais prototípicas do amor, em detrimento das que cor-
respondem ao amor apaixonado, vistas como menos 
prototípicas. Mais uma vez, os estudos neste âmbito 
identificam diferenças de género, indicando que as mu-
lheres apresentam uma conceção do amor mais próxima 
do amor companheiro, enquanto os homens sustentam 
um conceito mais passional (Fehr, 2006). 
Por seu turno, Sternberg (2006) introduziu novos 
elementos na conceptualização do amor, reconhecen-
do a sua dimensão de construção e desenvolvimento. 
Começou por propor uma teoria triangular, na qual 
sugere que o amor inclui três componentes (intimidade, 
compromisso e paixão) que dão lugar, em função da 
sua existência numa relação específica, a oito tipos de 
amor diferentes (cf. Sternberg, 2006). Sternberg (1998) 
reconheceu, por outro lado, o papel das narrativas 
culturais a que os sujeitos estão expostos, defendendo 
que, como resultado da exposição a várias histórias que 
veiculam múltiplas conceções de amor, os indivíduos 
vão formando ao longo do tempo as suas próprias his-
tórias acerca do que é ou como deve ser o amor. O autor 
salienta ainda a especificidade e os “constrangimentos” 
culturais veiculados através dessas histórias, afirmando 
que “as histórias que contamos são protótipos únicos – 
adequadas a um determinado tempo e local. as histórias 
enquadram-se numa matriz cultural. a cultura aprova 
certas histórias e desaprova outras” (Sternberg, 1998, 
p. 42). assim, o autor propõe aquilo que designa como 
“a dupla teoria do amor” (the duplex theory of love), 
que engloba as duas componentes: a estrutura (subteoria 
triangular) e o desenvolvimento (subteoria do amor 
como história), afirmando que a estrutura/tipo que o 
amor assume num dado momento deriva de histórias 
culturalmente construídas e diferentemente assimiladas 
ao longo da vida do sujeito (Sternberg, 2006). Essas his-
tórias traduzem-se nas práticas relacionais, na medida 
em que os sujeitos procuram corroborar as histórias em 
que acreditam.
Nas abordagens taxionómicas que até aqui des-
crevemos, a violência e o amor não são equacionados 
diretamente. trata-se de modelos centrados na con-
ceptualização e categorização do fenómeno, apenas 
referindo globalmente as implicações que alguns tipos 
de amor (Hendrick & Hendrick, 2006) ou de protótipos 
(Fehr, 2006) poderão ter nas relações, nomeadamente 
ao nível da sua rutura/manutenção e satisfação. 
Pela descrição dos vários tipos de amor, podemos 
ainda deduzir que alguns tipos de amor podem conduzir 
a vivênciasrelacionais menos funcionais. tal é o caso 
do amor maníaco, descrito como “sintomático” pela 
sua intensidade e labilidade emocional (entre o êxtase 
e o desespero) (Hendrick & Hendrick, 2006). também 
Sternberg (1998, 2006) refere que a combinação dos tri-
ângulos de ambos os parceiros e que a compatibilidade 
das suas histórias determinam em parte o sucesso das 
relações, abordando, ainda que não de forma central, a 
questão da violência. de entre o conjunto de histórias 
que identificou, o autor descreve algumas que podem 
remeter para esta questão, tais como: a história “hor-
ror”, na qual a relação se torna mais aliciante quando se 
aterroriza ou se é aterrorizado pelo parceiro; a “adição”, 
caracterizada por um estilo de apego inseguro/ansioso, 
comportamentos de súplica e medo de perder o outro; e 
a “guerra”, em que o amor é percebido como envolven-
do uma série de batalhas, sendo uma luta devastadora 
e contínua. 
Este conjunto de teorias introduz uma abordagem 
mais dinâmica e interativa, ao reconhecer que a forma 
como o amor é compreendido e vivido é produto si-
multâneo das experiências dos indivíduos e da matriz 
sociocultural onde se inserem. Outro contributo impor-
tante provém do facto de não limitar o fenómeno a inte-
resses biológicos nem reduzir a sua análise à estrutura 
social, chamando a atenção para a variedade de formas, 
comportamentos, conceções e significados que pode 
assumir. Este conjunto de teorias revela, pois, a natureza 
multifacetada e complexa do amor, transmitindo uma 
perspetiva policromática do fenómeno. 
Sternberg é um dos autores que mais se destaca 
neste sentido, ao integrar na sua teoria triangular as 
componentes motivacional (paixão), emocional (inti-
midade) e cognitiva (compromisso), postulando que a 
sua combinação possibilita o estabelecimento de vários 
tipos de amor. Mesmo dentro de cada tipologia, não 
considera a existência de perfis estanques, referindo 
que não há casos puros, havendo diferenças em termos 
de “quantidade” em cada uma das componentes (Ster-
nberg, 2006). ainda assim, consideramos que o seu 
maior contributo provém da subteoria “o amor como 
história” (Sternberg, 1998), onde procede a uma leitura 
mais narrativa e cultural do fenómeno. Consideramos 
que esta teoria, ainda que neste artigo tivéssemos optado 
501
Psicologia & Sociedade; 23 (3): 496-505, 2011
por a enquadrar dentro das abordagens taxonómicas, 
se encontra numa posição de transição: partilha alguns 
pressupostos do paradigma pós-positivista (recurso a 
questionários com escalas tipo likert para aceder às 
histórias, procura de validação quantitativa) mas tem 
subjacente uma leitura construcionista social do amor, 
já que não o concebe como um produto, mas antes 
como uma construção contínua, em que as concepções 
dos indivíduos sobre o amor se vão transformando em 
função das experiências pessoais, sociais, culturais e 
históricas. 
Neste sentido, a proposta de Sternberg permite 
ultrapassar algumas das limitações que, a nosso ver, as 
teorias taxonómicas encerram, nomeadamente a visão 
ainda essencialista do amor contida na maioria destas 
propostas. Globalmente consideradas, ainda que postu-
lem que o amor é produto da interação contínua entre o 
indivíduo, as suas experiências e a matriz sociocultural, 
estas teorias situam os tipos de amor na esfera interna 
do sujeito (representações cognitivas, atitudes, crenças), 
concebendo estes tipos como dimensões estruturais que 
balizam as experiências de amor. Em síntese, embora 
abram caminho para o reconhecimento da variabili-
dade das conceções e vivências do amor – produto 
do indivíduo, experiência e contexto sociocultural – o 
seu processo construtivo não é analisado. além disto, 
a preocupação em encontrar alguma coerência e es-
trutura ao nível do espaço interno do sujeito, através 
da identificação de tipos, minimiza a possibilidade de 
coexistência e/ou alternância entre várias construções 
antagónicas ou divergentes do amor.
abordagens críticas e construcionistas sociais
as conceções essencialistas do amor que temos 
estado a rever refletem a adesão das ciências sociais aos 
paradigmas positivista e pós-positivista, procurando 
descobrir os mecanismos ou padrões de funcionamento 
do amor, medi-lo e chegar a um conhecimento o mais 
verdadeiro e generalizável possível. Por contraponto, 
o pensamento pós-moderno é desconstrutivo face à 
crença na verdade, objetividade e imparcialidade do 
conhecimento científico. Rejeita o conceito de desco-
berta ou desocultação da verdade através da investiga-
ção, assim como a noção de que os fenómenos sociais 
podem ser compreendidos e explicados em termos de 
grandes teorias ou meta-narrativas (lyotard, 1989), 
antes defendido que todo o conhecimento é construído, 
portanto parcial, imperfeito e mutável. Partindo destas 
premissas, surgem perspetivas alternativas às conce-
ções essencialistas do amor, designadamente através 
das propostas construcionistas sociais (Burr, 1995) e 
oriundas da teoria crítica (Foucault, 1980, citado por 
Towns & Adams, 2000; Jackson, 1993). 
Sob a influência de algumas correntes de pen-
samento marcantes, nomeadamente o interacionismo 
simbólico - que defende que a construção da identidade 
e dos fenómenos resulta do encontro dos indivíduos 
em interação social -, as abordagens construcionistas 
procuram entender os processos pelas quais os sujeitos 
construem a vida social e fazem sentido dela (logo, 
constroem o amor e fazem sentido dele) (Gergen, 1999). 
Procedendo a uma leitura do amor sob esta perspetiva, 
este passa a ser conceptualizado como uma construção 
social (Towns & Adams, 2000; Wood, 2001), um siste-
ma de significados que se constrói e organiza continu-
amente através das interações e que tem repercussões 
nas práticas sociais (logo, nas relações de intimidade) 
(Wood, 2001).
Por exemplo, vários estudos revelam a existência 
de diferentes discursos sobre o amor que influenciam 
a forma como as relações de intimidade são experien-
ciadas (Borochowitz, 2008; Borochowitz & Eisikovits, 
2002; Wood, 2001). Especificamente, vários autores 
salientam a forma como os significados associados ao 
ciúme, à fidelidade (Vandello & Cohen, 2003), à femi-
nilidade e à masculinidade (e.g. Perilla, 1999) susten-
tam relações abusivas, influenciando o modo como os 
sujeitos percepcionam a violência e legitimando a sua 
associação ao amor (Borochowitz, 2008; Perilla, 1999; 
towns & adams, 2000).
assim, na leitura construcionista social, o amor 
é conceptualizado como sendo socialmente constru-
ído através das práticas e discursos dos sujeitos em 
interação (towns & adams, 2000), logo, diferindo em 
função do contexto social, cultural e histórico. Vários 
estudos comparativos entre diferentes culturas têm 
corroborado esta premissa (Hatfield & Rapson, 2005) 
e indicam que o amor difere culturalmente na forma e 
intensidade com que é experienciado (Schmitt, 2006). 
A cultura influencia por quem, quando e como nos 
apaixonamos (Hatfield & Rapson, 2005), não só pelos 
constrangimentos que as regras e expectativas a este 
nível impõem, mas também, acrescentamos nós, pelo 
seu efeito paradoxal - o desejo da quebra da norma, da 
transgressão.
Lieberman e Hatfield (2006), por exemplo, referem 
que o amor apaixonado parece ser culturalmente univer-
sal mas que os valores culturais influenciam o significado 
exato que é atribuído ao termo amor. O conceito de amor 
romântico, por exemplo, adequa-se à cultura individua-
lista americana, mas menos à cultura coletivista chinesa, 
onde é esperado que as pessoas considerem não apenas 
os seus próprios sentimentos mas também as suas obri-
gações para com os outros. Numa análise da investigação 
intercultural desenvolvida sobre o fenómeno do amor e 
do “apaixonar-se”, Hatfield e Rapson (2005) concluíram 
502
dias, a. R. C.& Machado, C. “amor e violência na intimidade: da essência à construção social”
que, embora existam características comuns a diferentes 
culturas no que diz respeito à forma como perspetivam 
o amor romântico e o amor apaixonado (o que, no nosso 
entender, pode resultar – entre outras explicações - da 
globalização e trocas interculturais), a cultura regula a 
forma como os sujeitos se conhecem, por quem e como 
se apaixonam, a intensidade emocional com que expe-
rienciam o amor, a forma como conceptualizam o amor, 
bem como os comportamentos e práticas relacionais 
através dos quais expressam o amor.
assim, os estudos e análises culturais vêm susten-
tar a leitura construcionista do amor, evidenciando que 
esta experiência corresponde a uma narrativa descrita 
e vivida de uma forma que é constrangida (potenciada 
e ao mesmo tempo limitada) pelos padrões culturais 
vigentes num dado tempo/espaço (towns & adams, 
2002). Cabe agora discutir a forma como, a partir desta 
abordagem, tem sido conceptualizada a relação entre 
amor e violência.
Amor e violência na leitura construcionista 
social: os estudos culturais e narrativos
Como referimos no início deste texto, o amor e 
a violência na intimidade têm sido maioritariamente 
abordados - à exceção dos trabalhos desenvolvidos no 
âmbito da teoria do apego (e.g., allison et al., 2008) - 
como fenómenos distintos ou reduzidos a uma mera 
associação contingente. Usualmente a violência surge 
como contingência/consequência associada a determi-
nadas características, processos ou dinâmicas subja-
centes ao fenómeno do amor (e.g., Riggs & O’leary, 
1989) ou, quando muito, o amor surge como mais uma 
variável que pode ter influência na violência (e.g., 
Black, tolaman, Callahan, Saunders, & Weisz, 2008). 
Por exemplo, o amor tem sido referido como um fator 
de risco para o stalking (Spitzberg & Cupach, 2007) 
e para a violência no namoro, embora com resultados 
empíricos inconsistentes no que se refere a este último 
domínio (Riggs & O’leary, 1989). Por outro lado, o 
amor tem também sido analisado como fator explicativo 
das reações das vítimas após a ocorrência de violência, 
nomeadamente a sua manutenção na relação ou não 
denúncia do problema (Black et al., 2008). 
Numa leitura construcionista, são os estudos 
culturais – que analisam os discursos e práticas sobre 
o amor em contextos culturais/étnicos específicos - e as 
abordagens narrativas – sobretudo estudos qualitativos 
com vítimas ou agressores, centrados nas suas vivên-
cias e no significado que lhes atribuem - que mais têm 
procurado analisar a relação específica entre a violência 
e a forma como cada sociedade nos diz o que “é” ou 
“deve ser” o amor. 
No âmbito dos estudos culturais, destacamos 
Hatfiel e Rapson (2005) que procederam a uma revisão 
dos estudos que analisam o amor e as suas expressões 
mais intensas e/ou violentas (ciúme, rejeição, amor não 
correspondido) em várias culturas, concluindo que é a 
cultura - e não os genes - que determina o que é ou não 
perturbador numa relação e o que desencadeia reações 
negativas mais intensas, veiculando e modelando a 
adoção de práticas relacionais abusivas ou violentas. 
Por outro lado, apesar dos contributos dos estudos 
culturais, são sobretudo as abordagens narrativas (nesta 
área, maioritariamente de enfoque feminista) que têm 
explorado a dimensão construída e cultural da articu-
lação do amor e da violência, através de um conjunto 
de estudos que sugerem que as representações acerca 
do amor e das relações amorosas podem influenciar 
a perpetração da violência e constituir um factor que 
mantém as vítimas nas relações abusivas (towns & 
adams, 2000). 
Wood (2001), num estudo com mulheres vítimas, 
identifica duas narrativas românticas: (i) o conto de fa-
das em que o príncipe encantado corteja a princesa e faz 
dela o centro do seu mundo; esta narrativa pode susten-
tar crenças que legitimam a violência, tais como a ideia 
de que o bom supera o mau na relação, que as mulheres 
podem controlar ou parar a violência se mudarem o seu 
comportamento de forma a aproximarem-se do estereó-
tipo da mulher ideal, e ainda que os seus parceiros não 
são realmente eles próprios quando são violentos; e (ii) o 
romance negro, que retrata o homem como naturalmente 
controlador e por vezes violento e descreve as relações 
como tipicamente ou necessariamente dolorosas para a 
mulher, naturalizando o seu sofrimento. Estas histórias 
prototípicas prescrevem scripts genderizados que sus-
tentam a violência do homem e a tolerância/passividade 
da mulher, contribuindo para que as mulheres achem 
as relações violentas como toleráveis ou preferíveis a 
não ter qualquer relação. Num estudo análogo, towns e 
Adams (2000) identificaram construções culturalmente 
enraizadas do “amor perfeito” (por exemplo, o amor 
como forma de alcançar a felicidade, o poder do amor da 
mulher transformar o marido violento) que contribuem 
significativamente para manter e silenciar as mulheres 
em situações abusivas. 
Analisando especificamente os pares amorosos, 
Borochowitz e Eisikovits (2002) concluem que existe 
frequentemente uma narrativa marital conjunta, que per-
mite ao casal dar um enquadramento emocional positivo 
à violência: (i) a violência é vista como uma expressão 
de amor, inadequada mas sem intenção negativa, e que 
tenderá a desaparecer com a maturação do parceiro e 
sua compreensão dos danos causados ou (ii) o casal 
procede a uma completa separação entre o seu amor e 
violência ocorrida, preservando uma narrativa marital 
503
Psicologia & Sociedade; 23 (3): 496-505, 2011
de tonalidade positiva, e menosprezando e minimizando 
os episódios violentos.
Por seu turno, Borochowitz (2008) procurou 
analisar os discursos dos agressores, identificando duas 
estratégias narrativas utilizadas por estes: (i) a constru-
ção da “narrativa do casal”, que descreve uma relação 
marital idealizada e de fusão, sem “espaço” para a histó-
ria da mulher e (ii) a construção da história em torno do 
tema “ela não é a mesma mulher com quem casei”, que 
a retrata como “rebelde/indomável”, sendo a violência 
uma tentativa de a disciplinar. assim, conclui que lado 
a lado com a idealização, admiração, dependência e 
amor pela mulher, surgem também emoções negativas 
intensas, como a raiva e sentimentos de traição, que 
desencadeiam tentativas de anular a individualidade 
daquela e de a forçar a regressar aos moldes prescritos.
Contributos, limitações e desafios às 
abordagens construcionistas sociais
da análise dos vários estudos, consideramos que 
a relação entre o amor e a violência na intimidade não 
pode ser equacionada sem ter em conta o seu enquadra-
mento sociocultural. a violência persiste e é reforçada 
quando é legitimada por discursos socioculturais que 
dão forma aos comportamentos individuais e modelam 
as interpretações que os indivíduos fazem do seu pró-
prio comportamento e do dos outros (towns & adams, 
2000; Wood, 2001). Nesta lógica, os estudos culturais 
e narrativos vêm mostrar como os discursos sobre o 
amor que estão disponíveis num dado momento e num 
determinado contexto cultural constrangem as opções 
a que os indivíduos têm acesso para fazer sentido da 
violência e das relações. a cultura fornece repertórios 
de compreensão, motivos e significados sobre o amor, 
aos quais os indivíduos recorrem para atribuir sentido 
à sua experiência “pessoal” do amor e da violência. 
as abordagens narrativas de pendor feminista 
destacam-se nesta análise, explorando as funções e 
implicações que a adoção de determinadas construções 
do amor tem nas práticas relacionais e examinando 
criticamente as expectativas, crenças ou conceções 
do amor que podem sustentar e legitimar relações de 
intimidade violentas (e.g., Borochowitz & Eisikovits, 
2002; Towns & Adams, 2000; Wood, 2001). 
apesardestes méritos, é nosso entendimento 
que estas abordagens apresentam algum reducionismo 
analítico, ao utilizarem o feminismo como grelha de 
leitura teórica quase exclusiva. Na verdade, embora 
identifiquem múltiplas e contraditórias formas de 
construção do amor, acabam por enfatizar sempre os 
efeitos perversos do discurso genderizado tradicional 
(na maioria dos casos sem descreverem o que é afinal 
este discurso e as suas possíveis variações), lendo as 
relações unicamente sob a perspetiva da mulher (que 
é – de uma forma teoricamente bastante inconsistente 
– tida como representando “a verdade” sobre a relação) 
e posicionando a mulher como vítima, quer do seu 
parceiro, quer da sociedade em geral (esquecendo a sua 
capacidade de agência, resiliência e autossuperação). 
Embora esta descrição represente, certamente, 
uma das faces do problema, o desafio é, a nosso ver, 
reconhecer a variabilidade do fenómeno da violência 
(e.g., violência mútua, agressão feminina, vitimação 
masculina) e perceber a sua relação com a multiplici-
dade também existente de discursos sobre o amor, fre-
quentemente ambíguos e coexistentes dentro do mesmo 
contexto sociocultural e histórico. Para tal, há que aten-
der à existência de identidades divergentes – identidades 
estas socioculturalmente construídas, que constrangem 
os atores/co-construtores sociais (incluindo vítimas e 
agressores) - sem impor leituras apriorísticas. Os media 
(apesar da sua ênfase na convencionalidade) são um 
bom exemplo da diversidade emergente de modelos 
relacionais alternativos, nos quais as construções de 
género se modificam e oferecem novas possibilidades 
identitárias e relacionais (Wang & Ho, 2007). apenas 
através da atenção a esta multiplicidade de construções 
sobre o amor e as relações podemos alcançar o objetivo 
último da investigação, numa perspetiva construcio-
nista social: “consciencializar” a sociedade em geral 
do seu papel na sustentação e legitimação de relações 
abusivas, chamando a atenção para a necessidade de 
analisar criticamente os discursos de amor e violência 
que veicula, proporcionando construções desafiantes 
e alternativas às de “amar violentamente”. tal não 
significa, contudo, aceitar que os sujeitos são recetores 
passivos das mensagens socioculturais; numa perspe-
tiva construcionista, estes socialmente construídos mas 
também construtores ativos das práticas e discursos 
sociais (são simultaneamente produto e produtores). 
assim, a mudança e transformação social/relacional da 
intimidade são da responsabilidade de todos.
Considerações finais
a conceção do amor no âmbito do construcio-
nismo social difere drasticamente da que é alimentada 
pelas perspetivas tradicionais. a nosso ver, esta leitura 
diferencia-se das anteriores por três razões essenciais: 
(i) a perspetiva antiessencialista do amor, (ii) o foco 
nas interações e práticas sociais para a compreensão do 
fenómeno e, logo, a consciência da sua especificidade 
histórica e cultural, (iii) a capacidade crítica e o poder 
de transformação. 
(i) Perspetiva antiessencialista - ao postular que 
o mundo e o ser humano são produtos de processos 
504
dias, a. R. C. & Machado, C. “amor e violência na intimidade: da essência à construção social”
sociais, o construcionismo social não aceita a exis-
tência de uma natureza determinada do mundo, dos 
fenómenos e do ser humano, assumindo uma visão 
antiessencialista. assim, entende-se que a experiência 
do amor resulta dos processos sociais, não existindo 
de forma pré-determinada nos indivíduos nem como 
essência em si mesma. 
(ii) Foco nas interações e nas práticas sociais/
especificidade histórica e cultural - Neste referencial, as 
conceções acerca do amor são construídas em interação, 
resultando de algo partilhado numa interação dialética. 
assim, o amor não existe dentro ou fora dos sujeitos, 
antes sendo construído “entre” as pessoas. Os próprios 
sujeitos são socialmente construídos, são produto de 
discursos históricos e culturalmente construídos, não 
podendo ser compreendidos sem considerar o sistema 
social, histórico, cultural e político onde se inserem. a 
experiência humana do amor e das relações está, assim, 
social, cultural, histórica e politicamente comprometida. 
desta forma, numa perspetiva construcionista social, o 
foco desloca-se da dualidade individual vs. social para a 
interação e práticas sociais – ao considerar não somente 
o indivíduo que reconstrói em si, e para si próprio, o 
amor e a intimidade mas também, e principalmente, ao 
considerar a análise crítica de um conjunto de discursos 
e categorizações sociais que constrangem e dão forma 
à experiência do amor e das relações de intimidade.
(iii) Capacidade crítica e possibilidade de trans-
formação – ao postular a linguagem como pré-condição 
para o pensamento e como uma forma de ação social, 
o construcionismo social potencia a capacidade crítica 
dos sujeitos e a possibilidade de transformação dos 
discursos socioculturais que condicionam o amor. 
Nesta abordagem, as formas e os termos pelos quais 
as pessoas compreendem o amor e se entendem a si 
próprios são artefactos sociais, produto de inter-relações 
entre as pessoas, dotadas de especificidade histórica e 
cultural. Os indivíduos surgem num mundo onde já 
existem categorias e mapas conceptuais (conceções 
sobre o amor, repertórios sobre amor) que são usados 
pelas pessoas de uma dada cultura (Burr, 1995). Os 
conceitos sobre o amor, a forma como é classificado 
ou categorizado são adquiridos pelos indivíduos à 
medida que desenvolvem o uso da linguagem, sendo 
assim reproduzidos (e modificados) todos os dias por 
todos os sujeitos que partilham de uma mesma cultura e 
linguagem. assim, quando as pessoas falam umas com 
as outras sobre as suas relações e o amor, tais relações 
e o amor estão, nesse próprio ato, a ser construídas, já 
que a linguagem não é um veículo passivo de emoções 
ou pensamentos anteriores a si mesma, antes fornece 
um conjunto de significados partilhados que são vei-
culados, construídos e reconstruídos permanentemente 
no decurso das interações. desta forma, a linguagem 
é ação e performance; falar do amor é “fazer” o amor, 
dar-lhe significado e sentido.
Em suma, são os discursos e práticas sociais que 
permitem que o amor “exista” da forma como “exis-
te”, que seja sentido da forma como é sentido, que se 
expresse, violentamente ou não. Nesta lógica, o amor é 
construído e reconstruído continuamente nas interações, 
assumindo formas social, cultural e historicamente 
baseadas. assumir tal construção social do amor e das 
relações torna possível a sua reconstrução – os sujeitos 
podem analisar criticamente as categorias e prescrições 
socioculturais associadas às construções do amor mais 
opressoras e assimétricas, reconstruindo o amor, a si 
próprios e às suas relações de formas mais libertadoras 
e equitativas.
Esta leitura construcionista social acarreta uma 
maior responsabilidade social: o amor e as práticas 
relacionais que lhe estão associadas não podem con-
tinuar a ser percecionadas como fora da alçada social 
e remetidas para a esfera meramente individual. ao 
assumirmos a construção do amor através dos discursos 
e práticas socioculturais (das quais os sujeitos surgem 
como co-construtores ativos), o contexto social e cultu-
ral confronta-se com a responsabilidade de proporcionar 
significados sobre o amor que facilitem a co-construção 
de discursos e práticas relacionais mais igualitárias, 
abertas, livres e não violentas. 
Nota
* Trabalho financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecno-
logia (FCt), Portugal, 2006: Bolsa SFRH/Bd/28753/2006 
e Projeto “Violência nas Relações Juvenis de Intimidade” 
(PtdC/PSI/65852/2006). 
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Recebido em: 10/05/2010
Revisão em: 08/ 07/2010
aceite em: 29/07/2010
ana Rita Conde Dias é Mestre em Psicologia, doutoranda 
na Universidade do Minho em Psicologia da Justiça. 
Investigadora na área da violência familiar e da violência 
nas relações de intimidade. Endereço: Escola de Psicologia, 
Universidade do Minho, Campus de Gualtar, 4710. Braga, 
Portugal. Email: ritacondedias@gmail.com 
Carla Machado é doutorada em Psicologia pela 
Universidade do Minho, na especialidade de Psicologia 
da Justiça. É Professora auxiliar nesta Universidade e 
coordenadora do Mestrado Integrado em Psicologia da 
Justiça. Email: cmachado@psi.uminho.pt
Como citar:
dias, a. R. C. & Machado, C. (2011). amor e violência 
na intimidade: da essência à construção social. Psicologia 
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