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AMOR ROMÂNTICO E RELAÇÕES AFETIVAS

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1 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
AMOR ROMÂNTICO E RELAÇÕES AFETIVAS: REPERCUSSÕES NOS 
PAPÉIS DE GÊNERO 
 
Flávio Lúcio Almeida Lima
1
 
Elís Amanda Atanázio Silva
2
 
Ana Alayde Werba Saldanha Pichelli
3 
 
Resumo: Os ideais do amor romântico do século XVIII influenciaram mudanças nos papéis sociais 
de gênero. Assim, faz-se necessário investigar como as crenças românticas influenciam as 
subjetividades e afetam as dinâmicas amorosas da atualidade. Este estudo objetivou identificar as 
crenças românticas de adultos jovens em relacionamento estável. Método: Tratou-se de um estudo 
transversal e descritivo. Participaram do estudo 400 adultos jovens, de ambos os sexos, com faixa 
etária de 20 a 29 anos, heterossexuais e em relacionamento estável. Foram utilizados os 
instrumentos: 1) Escala de Crenças Românticas; 2) Questionário sócio-demográfico com 
informações acerca do relacionamento afetivo. Os dados foram analisados por estatísticas 
descritivas e bivariadas. Resultados: Os participantes em geral possuem crenças românticas 
moderadas (M=6,2; DP=1,39). Entretanto, foi observado diferença estatisticamente significativa 
(t=2,683; p=0,01) entre os sexos, com média de 6,4 (DP=1,34) para o feminino e 6,04 (DP=1,42) 
para o masculino. Conclusão: As mulheres se mostraram mais possuidoras de crenças românticas. 
Esta diferença de gênero torna-se relevante, visto que pode indicar comportamento feminino de 
vulnerabilidade na vida sexual, frente às dinâmicas amorosas vivenciadas. 
Palavras-chave: Gênero; Amor romântico; Relacionamento afetivo. 
Introdução 
Para se entender as dinâmicas relacionais amorosas na contemporaneidade, torna-se 
necessário investigar como se configurou o momento histórico atual e por quais mudanças ele tem 
passado, bem como de que forma as velhas concepções se relacionam com as novas, produzindo 
subjetividades. Assim, é notável que as relações sociais entre homens e mulheres vivenciadas e 
construídas ao longo do tempo possuem um potencial instaurador no presente quadro da realidade 
relacional afetivo-conjugal (GIDDENS, 1993; COSTA, 1998; SILVA; 2002; BORGES, 2004). 
A partir de meados do século XVIII, especificamente na Idade Moderna (1453-1789), foi 
possível assistir a avanços significativos nas ideias do amor designado romântico, os quais 
começaram a ganhar relevância, colaborando para transformações seculares que afetaram a vida 
social como um todo. Apesar da sexualidade ainda encontrar resistências ao seu desvelamento em 
razão do lugar privilegiado que detinha na essência dos valores íntimos da pessoa moderna, a 
formação dos laços matrimoniais para a maior parte da sociedade estava cada mais estabilizando-se, 
 
1
 Doutorando em Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa - PB 
2
 Doutoranda em Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa - PB 
3
 Professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa - PB 
 
2 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
e baseava-se em outras considerações, além dos julgamentos do valor econômico. Neste período, a 
imagem da dama, da senhora, passou a substituir o lugar de Deus como objeto do desejo. Essa 
“mundanização do amor”, como nomeia Costa (1998), e a revalorização da figura da mulher, foram 
responsáveis por um enorme enriquecimento do vocabulário sentimental afetivo. Segundo Badinter 
(1985), no século XVIII, a felicidade não é mais somente uma questão individual, mas é a dois que 
se espera realizá-la, enquanto se aguarda a possibilidade de vivê-la com a coletividade. 
Tendo em vista a difusão das ideias do amor poético, sonhador e romantizado que 
caracterizaram a ordem social da época, o amor convencionalmente conhecido por “amor 
romântico” se firmou enquanto norma de conduta emocional e social proporcionando mudanças 
importantes que repercutiram no comportamento social das pessoas frente às suas relações, 
principalmente as relações afetivo-conjugais (GIDDENS, 1993; COSTA, 1998; SPRECHER E 
METTS, 1999; JABLONSKI, 2003; BARBOSA, 2008). No quadro de mudanças concernentes ao 
amor romântico observou-se então uma maior evidência e sentido à relação amorosa diádica, o que, 
por sua vez, proporcionou ao vínculo conjugal um significado diferenciado, onde os cônjuges 
valorizavam o sentimento de pertencimento, renúncia e a confiança completa e incondicional no 
outro-parceiro. Além disso, eram vistos cada vez mais como colaboradores em um empenho 
emocional mútuo e conjunto, ambos sintonizando suas demandas recíprocas na satisfação terna e 
nos anseios de felicidade conjugal, que eram claramente enriquecedores. (GIDDENS, 1993; 
COSTA, 1998; SPRECHER & METTS, 1999; FIGUEIREDO, 2005). 
Além disso, o lar passou a ser visto e vivenciado de forma distinta do trabalho, isto é, os 
domínios de atuação foram divididos em dois, o público e o privado, e nessa divisão a mulher era a 
responsável pelo privado, o protegido, logo, o lar; de forma contrária, ao homem era cabível, o 
público, o notório e manifesto. Dessa forma, a vida de homens e mulheres foi reorganizada, e as 
crenças, condutas e papéis assumidos por cada um na sociedade moderna foram restabelecidos e 
ressignificados, sobretudo os papéis de gênero. (GIDDENS, 1993; SALDANHA, 2003; GIFFIN, 
2005). 
As mulheres se constituíram como protagonistas dos ideais desse amor romântico, que foi 
caracterizado enquanto norma de conduta emocional, situado por um compromisso cultural de se 
amparar na repressão da sexualidade feminina, sucumbindo o seu poder e seus prazeres aparentes. 
(FOUCAULT, 1997). A auto-identidade feminina era condicionada a simbiose afetiva, 
contribuindo para esta assimetria valorativa entre os gêneros a favor do masculino. (HEILBORN, 
1999). Neste sentido, Giddens (1993) sinaliza que o casamento se tornou o objetivo primário destas 
 
3 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
mulheres, satisfazendo e respondendo aos anseios de felicidade vinculados à época, muito embora a 
sexualidade fosse bastante reprimida e autocontrolada, não apenas reduzida ao casamento, mas 
ordenada de modo singular e específico. 
Tais transformações frente aos ideais românticos corroboraram, deste modo, na 
desigualdade emocional e social entre os gêneros, que trouxe consigo algumas causas diretas e 
imediatas, como a emergência de outros eixos interpretativos para a constituição da família, para a 
sexualidade e para os próprios arranjos e relações de gênero da época. As principais mudanças 
foram no sistema capitalista, na redução do tamanho das famílias, bem como nas novas 
configurações da identidade, que assumia inteiramente o conflito entre a tendência à díade afetiva 
ou a busca da preservação da identidade individual no casal igualitário, contribuindo para o 
contraste e radicalização nessas relações. (HEILBORN, 1999; GIDDENS, 1993; COSTA, 1998; 
MATOS, 2000; SALDANHA, 2003; MOURA, 2011). 
A partir destes pressupostos, pactua-se que os ideais do amor romântico ocasionaram 
determinantes de subordinação objetivas e subjetivas, que exerceram segundo alguns teóricos 
(HEILBORN, 1999; COSTA, 1998; GIDDENS, 1993; SALDANHA, 2003; ZORDAN, 2005), 
influências significativas e imediatas nas crenças sobre as interações matrimoniais e sociais. Tais 
crenças foram legitimadas como um orientador da dependência e subjetividade feminina, arraigadas 
no ser do outro em detrimento do ser de si, percebido como um marco fundamental de fragilização e 
de naturalização dos entendimentos,crenças, discursos e práticas referentes às atribuições de gênero 
vivenciadas na sexualidade da época. 
No que diz respeito à naturalização, esta implicou, consequentemente, na fragilização das 
ações de prevenção e da promoção da saúde, pois, a partir do momento em que a confiança no 
parceiro estabeleceu-se integralmente, situada nas crenças de convicção ao pertencimento exclusivo 
ao marido, as mulheres abriram mão da prática sexual com proteção. Tal fato resultou, portanto, em 
situação de vulnerabilidade à doenças infecto-contagiosas em proeminência na época, merecendo 
destaque o HIV/AIDS que teve seu advento na década de 80. (SALDANHA, 2003). Neste sentido, 
percebe-se o quanto o ideário do amor romântico, responsável por transformações históricas nos 
papéis sociais de gênero, encontra-se na base do comportamento humano frente às relações afetivo-
conjugais. Assim, faz-se necessário investigar como as crenças românticas influenciam as 
subjetividades e afetam as dinâmicas amorosas da atualidade. Ante tal contexto, o presente estudo 
objetivou identificar as crenças românticas de adultos jovens em relacionamento estável. 
 
4 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
Método 
Delineamento e Participantes: 
Tratou-se de um estudo transversal e descritivo. Participaram do estudo 400 adultos jovens, 
residentes na cidade de João Pessoa - Paraíba, de ambos os sexos, sendo 200 de cada sexo, com 
faixa etária de 20 a 29 anos, heterossexuais e em relacionamento estável com no mínimo 1(um) ano 
de relação. Foram adotados os seguintes critérios de exclusão: recusa a participar do estudo; 
ausência de informações importantes; questionários devolvidos com muitas questões em branco ou 
contendo respostas inválidas; não se encontrar em relacionamento estável, ou se encontrar, porém, 
em um tempo inferior a 1(um) ano, e ter abaixo de 20 anos ou acima de 29. 
 
Instrumentos 
1) Escala de Crenças Românticas: 
Elaborada pelos americanos Hazan e Shaver (1987) e validada para o Brasil por Barbosa 
(2008), busca avaliar a presença e o grau de crenças românticas e apresenta sete afirmativas que 
avaliam modelos mentais operantes sobre crenças relacionadas ao amor romântico. Logo, avaliam 
como um indivíduo concebe seu relacionamento em relação à singularidade (escores menores) e a 
idealização (escores maiores). De acordo com cada afirmativa, existe uma reposta que é esperada, 
sob a hipótese de que o indivíduo apresenta ou não, determinada crença. Espera-se, que sob essa 
hipótese, a pessoa concorde com a primeira, a terceira, a quarta e a sétima (1, 3, 4 e 7) afirmativa e 
discorde das demais: segunda, quinta e sexta (2, 5 e 6). Para fins de análise e comparação, foi 
utilizada a somatória total dos pontos de cada sujeito em relação às afirmativas. 
 
2) Questionário sócio-demográfico e informações complementares acerca do relacionamento 
afetivo 
Constituiu-se em questões elaboradas com base nos objetivos da pesquisa e com a finalidade 
de complementar e enriquecer a análise dos dados da escala anterior, melhor caracterizando os 
participantes através de informações como: sexo, idade, grau de escolaridade, renda familiar, 
religião, nível de religiosidade, tipo de relacionamento afetivo (namoro/casamento), tempo de 
relacionamento e convivência, dentre outros. 
 
Procedimento 
 
5 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
Os participantes foram informados previamente a respeito dos objetivos e procedimentos da 
pesquisa. O contato com os participantes foi feito de maneira individual. Cada participante foi 
informado quanto ao propósito do estudo, questionou-se o tipo e tempo de relacionamento 
(esclarecendo o tempo mínimo), bem como se o participante encontrava-se na faixa-etária de 20 a 
29 anos e em caso de resposta afirmativa, procedeu-se à aplicação do instrumento. Foi solicitado a 
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como rege a Resolução n 
196/96 sobre Pesquisa envolvendo Seres Humanos. Neste momento também foi assegurado aos 
participantes à confiabilidade dos dados, o anonimato e a possibilidade de desistência durante a 
aplicação. 
 
Análise dos dados 
O banco de dados foi construído a partir da digitação dos questionários com prévia 
codificação das respostas, utilizando o Software SPSS for Windows - versão18. Inicialmente, foram 
realizados procedimentos para análise exploratória dos dados visando identificar eventuais omissões 
de respostas. Os dados sócio-demográficos foram analisados através de estatística descritiva, com a 
utilização de medidas de posição (Média, Mediana) e de variabilidade (Desvio Padrão). Em 
seguida, para a escala de crenças românticas, se procederam as análises estatísticas com a realização 
de testes bivariados (Teste t de Student, Qui-quadrado e Correlação) para verificação de associações 
entre as variáveis do estudo. 
Resultados e Discussões 
1- Aspectos Sócio-Demográficos e Características dos relacionamentos afetivos 
1.1 - Perfil sócio-demográfico 
Do total de 400 adultos jovens, sendo 200 do sexo feminino, com as idades variando de 20 a 
29 anos (M=24; Me=24; DP=2,9), observou-se quanto à escolaridade, que 13% estavam cursando 
e/ou concluíram o nível de ensino médio, a maioria (55%) têm superior incompleto, o que é 
justificado pela coleta de dados ter sido realizada em sua maior parte em instituições de ensino 
superior públicas e privadas. Para formação superior completa, 17% afirmaram, e 14% 
identificaram-se como pós-graduados, sendo 11% (n=44) do sexo feminino, conforme a tabela 1 
ilustra. 
 
6 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
Já com relação à escolaridade do parceiro, os que possuem ensino fundamental completo 
foram representados por 5% e com o nível médio incompleto e/ou concluído estavam 15%. 
Enquanto 41% tinha superior incompleto, 20% apresentaram-se com o nível superior concluído e os 
que possuíam pós-graduação somavam os 10%, como se observa na tabela 1. O estudo de Barbosa 
(2008) com 117 casais heterossexuais brasileiros, em relacionamento estável, na condição de 
casados, demonstrou que 59% se casaram com parceiros portadores de escolaridade equivalente à 
sua. 
No tocante à renda dos respondentes, 5% declararam não possuir renda, a metade da 
amostra (50%) afirmaram ter até 2 salários mínimos, o que também é justificado pela maior parte da 
amostra ter sido constituída de estudantes universitários, o que remete ao entendimento da maioria 
trabalhar ainda como estagiários, ou ainda tenha a dependência financeira dos pais. Os que 
afirmaram ter de 2 a 6 salários mínimos foram representados por 35% da amostra, e 10% alegaram 
receber acima de 6 salários mínimos, como visto na tabela 1, a seguir. 
 
 Tabela 1 – Perfil sócio-demográfico dos participantes por sexo 
 
 
VARIÁVEL 
Sexo TOTAL 
Feminino Masculino 
N % N % N % 
Escolaridade 
Fundamental 
Médio incompleto 
Médio completo 
Superior incompleto 
Superior completo 
Pós Graduação 79 20,0 58 14,7 137 
 
02 
09 
23 
83 
39 
44 
 
1 
2 
6 
21 
9 
11 
 
01 
04 
16 
136 
29 
13 
 
- 
1 
4 
34 
8 
3 
 
03 
13 
39 
219 
68 
57 
 
1 
3 
10 
55 
17 
14 
Escolaridade do parceiro(a) 
Nenhuma 
Fundamental 
Médio incompleto 
Médio completo 
Superior incompleto 
Superior completo 
Pós Graduação 
 
01 
16 
06 
43 
68 
44 
22 
 
- 
4 
1 
7 
17 
11 
6 
 
-04 
10 
33 
93 
36 
19 
 
- 
1 
3 
5 
24 
9 
4 
 
01 
20 
16 
76 
161 
80 
41 
 
- 
5 
4 
12 
41 
20 
10 
Renda 
Não tem renda 60 15,2 93 23,5 153 38,7 0,004 
Até 2 salários 
2 a 6 salários 
6 a 10 salários 
Mais de 10 salários 
 
10 
98 
65 
07 
03 
 
3 
26 
18 
2 
1 
 
09 
87 
63 
18 
09 
 
 2 
24 
17 
5 
2 
 
19 
185 
128 
25 
12 
 
5 
50 
35 
7 
3 
 
7 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
 
Ainda de acordo com a tabela 1, observa-se que na variável religiosidade, o item que se 
mostrou mais frequente foi o “nem muito, nem pouco religioso”, com 50% dos participantes, 
consistindo 27% do sexo feminino. Os demais participantes do estudo se identificaram como pouco 
religiosos (32%) e como muito religiosos (18%). 
Quanto à religião, a maioria dos adultos jovens se revelaram católicos (63%), seguidos de 
20% que se declararam evangélicos, em seguida os espíritas com 5%; e ainda 12% (N= 48) que 
afirmaram possuir outra religião. No entanto, quando foi questionado no instrumento que outra 
religião seguiam, alguns disseram serem agnósticos e a maioria declarou não possuir nenhuma 
religião específica, mas acreditavam em Deus. 
1.2 - Características dos Relacionamentos Afetivos 
A variável tipo de relacionamento apresentou 64% (N=255) dos participantes na condição 
de namoro e 35% como casados, sendo 22% femininos. Na condição de relacionamento aberto, um 
total de quatro participantes (1%) se declararam, sendo três do sexo masculino. 
Com relação à variável Tempo de relacionamento, 43% dos participantes têm de 01 a 03 
anos de relacionamento, sendo 27% masculinos. No período de 03 anos e 1 mês a 06 anos de 
relacionamento encontram-se 31% dos participantes. De 6 anos e 1 mês a 09 anos de 
relacionamento, encontram-se 16%. Por fim, acima de 09 anos se revelaram 10% da amostra, 
conforme se observa na tabela 2. 
No que se refere à moradia conjunta ou separada, 61% dos participantes declararam morar 
separados, enquanto que os 39% demais alegaram moradia conjunta. Quanto ao tempo de moradia 
conjunta, 19% assinalaram menos de 1 ano, de 1 ano e 1 mês a 3 anos e de 3 anos e 1 mês a 6 anos, 
32% e 31% dos participantes se identificaram, respectivamente. No tempo de 6 anos e 1 mês a 9 
anos, estão 10% dos participantes, e, por fim, acima de 9 anos, 8% se revelaram. Tais referenciais 
são descritos na tabela 2. 
 
Religiosidade 
Pouco religioso 
Nem muito, nem pouco 
Muito religioso 
 
50 
106 
41 
 
13 
27 
10 
 
76 
87 
29 
 
19 
23 
8 
 
126 
193 
70 
 
32 
50 
18 
Religião 
Católica 
Evangélica 
Espírita 
Outra 
 
131 
41 
11 
16 
 
33 
10 
3 
4 
 
114 
39 
08 
32 
 
30 
10 
2 
8 
 
245 
80 
19 
48 
 
63 
20 
5 
12 
 
8 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
Tabela 2 – Padrões de relacionamentos afetivos dos participantes por sexo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2- Crenças Românticas 
A presença de crenças românticas foi avaliada a partir da análise dos escores das sete 
afirmativas concernentes, variando de 0 a 10, bem como do escore médio total, obtido a partir da 
média de todos os itens, onde quanto maior o escore médio, maior a idealização romântica. O 
escore médio para esta amostra foi de 6,2 (DP=1,39 - variando de 2 a 9), podendo-se inferir que os 
participantes em geral possuem crenças românticas moderadas. Foi observado diferença 
estatisticamente significativa (t=2,683; p=0,01) entre os sexos, observando-se média de 6,4 
(DP=1,34) para o feminino e 6,04 (DP=1,42) para o masculino. Não foi encontrada diferença 
significativa entre os tipos de relacionamentos. Nota-se que as mulheres apesar de se mostrarem 
mais conscientes quanto a sua auto-percepção de vulnerabilidade (t=2,463; p=0,02), apresentaram-
se com uma média maior, quanto a presença de crenças românticas do que os homens. 
Analisando por itens, observa-se que obtiveram maior média àqueles que afirmam a 
manutenção do sentimento, independente do tempo de relacionamento (itens 3 e 4). Em 
 
 
VARIÁVEL 
Sexo TOTAL 
Feminino Masculino 
N % N % N % 
Tipo de relacionamento 
Namoro 
Casamento 
Relacionamento Aberto 79 20,0 58 14,7 137 
 
111 
88 
01 
 
28 
22 
- 
 
144 
53 
03 
 
36 
13 
1 
 
255 
141 
04 
 
64 
35 
1 
Tempo de relacionamento 
01 ano a 03 anos 
3 anos e 1 mês a 06 anos 
6 anos e 1 mês a 09 anos 
Acima de 09 anos 
 
65 
69 
34 
31 
 
16 
17 
8 
8 
 
106 
54 
32 
08 
 
27 
14 
7 
2 
 
171 
123 
66 
39 
 
43 
31 
16 
10 
Moradia 
Conjunta 
Separada 
 
94 
105 
 
24 
26 
 
63 
137 
 
15 
35 
 
157 
243 
 
39 
61 
Tempo de moradia 
conjunta 
Menos de 1 ano 
1 ano e 1 mês a 03 anos 
3 anos e 1 mês a 06 anos 
6 anos e 1 mês a 09 anos 
Acima de 9 anos 
 
16 
26 
26 
11 
09 
 
11 
18 
18 
7 
7 
 
11 
21 
19 
04 
02 
 
8 
14 
13 
3 
1 
 
27 
47 
45 
15 
11 
 
19 
32 
31 
10 
8 
 
9 
Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN 2179-510X 
concordância, o item que menos pontuou foi o que afirma o caráter efêmero do amor (item 2). 
Através da utilização do Test t, não foi observado diferença estatisticamente significativa entre o 
tipo de relacionamento e as crenças românticas. No entanto, quando comparados em relação ao 
sexo, nos itens 1 e 3 foram observados diferenças significativas (p=,01 e p=,03, respectivamente) 
com maiores médias para o feminino, podendo-se afirmar que as mulheres acreditam mais no amor 
arrebatador e delirante apresentado nos romances midiáticos, assim como também acreditam mais 
que o sentimento amoroso, apesar de oscilar, pode permanecer intenso (Tabela 7). 
 
Tabela 7 - Crenças românticas 
*Itens recodificados. 
A partir desses resultados, conclui-se que a amostra feminina apresentou-se mais romântica 
quando comparada ao masculino, o que corrobora com a pesquisa de Barbosa (2008) com 281 
casais em relacionamento estável e noivos, sendo 117 do Brasil e 164 da Itália. Foi constatado que 
as mulheres brasileiras e italianas apresentam médias de crenças românticas maiores do que os 
homens, admitindo uma diferença (p=,000) em ambos os países. 
Esta diferença de gênero se torna um dado relevante, visto que a presença de crenças 
românticas pode levar essas mulheres a uma maior exposição à vulnerabilidade ao HIV, já que, 
 
Itens 
 Sexo Tipo Relacionamento 
Geral Fe Ma p Namoro Casam p 
1. O tipo de amor que nos deixa de “pernas para 
o ar”, representado nos filmes e nos romances, 
existe na vida real. 
6,0 
DP 
2,7 
6,4 
DP 2,4 
5,7 
DP 2,9 
0,01 
 
5,9 
DP 2,7 
6,4 
DP 2,5 
 
0,07 
2. O amor romântico intenso é comum no inicio 
de relacionamento, mas raramente dura para 
sempre.* 
3,7 
DP 
2,7 
3,7 
DP 2,7 
3,6 
DP=2,
5 
0,69 3,8 
DP 2,7 
3,5 
DP 2,7 
0,32 
3. Os sentimentos românticos aumentam e 
diminuem ao longo de um relacionamento, mas 
às vezes eles podem ser tão intensoscomo no 
início. 
8,1 
DP 
2,1 
8,3 
DP 1,8 
7,9 
DP 2,2 
0,03 8,1 
DP 2,0 
8,1 
DP 1,9 
0,94 
4. Em alguns relacionamentos, o amor 
romântico realmente dura; ele não se extingue 
com o passar do tempo. 
7,1 
DP 
2,6 
7,2 
DP 2,4 
6,9 
DP 2,8 
0,27 7,0 
DP 2,5 
7,2 
DP 2,7 
0,37 
 
5. A maioria de nós pode se apaixonar por 
várias pessoas; não existe “um amor 
verdadeiro” que tenha um significado único.* 
5,9 
DP 
3,5 
6,1 
DP 3,4 
5,6 
DP 3,5 
0,12 5,8 
DP 3,5 
5,9 
DP 3,4 
0,84 
6. É fácil apaixonar-se. Frequentemente eu me 
sinto começando a amar alguém.* 
7,0 
DP 
3,1 
7,23 
DP 3,1 
6,8 
DP 3,3 
0,23 6,8 
DP 3,1 
7,3 
DP 3,0 
0,15 
7. É raro encontrar alguém por quem você 
possa realmente se apaixonar. 
5,8 
DP 
3,4 
5,9 
DP 3,3 
5,7 
DP 3,5 
0,62 6,0 
DP 3,3 
5,6 
DP 3,5 
0,16 
 
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enquanto acreditam no amor poético e fascinante representado nos filmes, por exemplo, incumbem-
se na entrega plena ao outro e na crença de exclusividade no relacionamento, baseada na norma 
social da fidelidade ininterrupta. Essas decorrências reportam ao estudo de Saldanha (2003), onde 
participaram 10 mulheres casadas e soropositivas ao HIV, com média de idade de 26 anos. Todas 
foram contaminadas sexualmente por seus maridos. As conclusões do estudo indicaram que essas 
mulheres tinham suas crenças concentradas na existência do amor, respeito e confiança entre o 
casal, portanto não se percebiam vulneráveis e não usavam o preservativo nas relações; como 
consequência negativa, foram vítimas da infecção do HIV pelo parceiro. 
As diferenças de gênero relacionadas às crenças amorosas são enfatizadas por Adelman e 
Silvestrin (2002) como um choque de subjetividades que se expressam em expectativas e 
disposições distintas, e na exploração do repertório emocional das mulheres, ligado à auto-
identidade e aos seus juízos valorativos, que se mantém numa situação de vulnerabilidade ao HIV, 
na medida em que se entregam à tarefa de satisfazer integralmente às necessidades afetivas e 
sexuais do parceiro, num contexto de falta de sinceridade, de negociação e de reciprocidade. 
Apesar dessas evidências, Sprecher e Metts (1999) afirmam que a presença de crenças 
românticas na relação amorosa é importante para manter a longevidade do relacionamento, tendo 
em vista que o crédulo romântico se prende aos sentimentos de amor eterno, único e na confiança 
inabalável, o que dá garantia de menor fragilidade para consumações no relacionamento. 
Considerações finais 
Observou-se que muitas das recentes motivações, crenças assumidas e práticas exercidas 
pelos adultos jovens em relacionamento estável são ressignificadas subjetivamente por eles 
mesmos, a partir de organizadores de sentido que reportam aos mitos tradicionais do amor 
romântico, em que as demandas são situadas na confiança na fidelidade do parceiro(a) contestando 
o seu direito à eternidade, mesmo diante das possibilidades de liberdade no mundo contemporâneo. 
Apreende-se, nesse sentido, que os jovens aqui estudados foram caracterizados, em geral, 
como possuidores de crenças românticas moderadas, com as mulheres apresentando índices médios 
de crenças românticas majoritários aos homens. Embora as crenças românticas não estejam 
diretamente correlacionadas com a auto-percepção de vulnerabilidade, sua presença como medida 
indireta ver mostrar sua relevância. Crentes no amor romantizado, caracterizado na entrega plena e 
exclusiva ao parceiro, com certezas de recíprocas e satisfações mútuas, acabam, pois, reforçando 
comportamentos de vulnerabilidade. Todos esses componentes aqui argumentados apontam para 
 
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imprecisões e fragilidades nas iniciativas de promoção da saúde e de prevenção às DST/AIDS, por 
exemplo, no campo das dinâmicas relacionais afetivas, o que resulta em equívocos nas práticas 
preventivas e em situação de vulnerabilidade. 
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Romantic love and emotional relationships: impact on gender roles 
Abstract: The ideal of romantic love of the 18th century influenced changes in social roles. So, it is 
necessary to investigate how the romantic beliefs influence the subjectivities and affect the 
dynamics of love. This study aimed to identifythe romantic beliefs of young adults in a stable 
relationship. Methods: this was a cross-sectional and descriptive study. Participated in this study 
400 young adults of both sexes, with the age group 20 to 29 years, heterosexual and stable 
relationship. The instruments were used: 1) Romantic beliefs scale; 2) socio-demographic 
questionnaire with information about affective relationship. The data were analyzed by descriptive 
statistics and bivariate statistical analyses. Results: participants in general have moderate (M6 .2 
romantic beliefs; DP1 .39). However, there was no statistically significant difference (t2 .683; p0 
.01) between the sexes, with an average of 6.4 (DP1 .34) to the female and 6.04 (DP1 .42) for 
masculine. Conclusion: women were more having romantic beliefs. This gender difference becomes 
relevant, since it may indicate behavior vulnerability in women's sex life, before the loving 
dynamics experienced. 
Keywords: Gender; Romantic love; Affective relationship.

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