Buscar

TCC JAILMA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 102 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UniSALESIANO 
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium 
Curso de Psicologia 
 
 
 
 
Fernanda Silva Sant’ana 
Letícia Cavina Bispo 
 
 
 
 
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA DESIGUALDADE 
ENTRE GÊNEROS E SUAS INFLUÊNCIAS 
FAMILIARES: Um estudo da percepção de pais e 
mães acerca da educação dos filhos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS – SP 
2017
 
FERNANDA SILVA SANT’ANA 
LETÍCIA CAVINA BISPO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA DESIGUALDADE ENTRE GÊNEROS E SUAS 
INFLUÊNCIAS FAMILIARES: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PAIS E 
MÃES ACERCA DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Banca Examinadora do 
Centro Universitário Católico Salesiano 
Auxilium, curso de Psicologia sob a 
orientação da Profª Ma. Liara Rodrigues 
de Oliveira e orientação técnica da Profª 
Ma. Jovira Maria Sarraceni. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LINS – SP 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sant’ana, Fernanda Silva; Bispo, Letícia Cavina 
A Construção social da desigualdade entre gêneros: um estudo 
da percepção de pais e mães acerca da educação dos filhos / 
Fernanda Silva Sant’ana; Letícia Cavina Bispo – – Lins, 2017. 
81p. il. 31cm. 
 
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico 
Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em 
Psicologia, 2017. 
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Liara Rodrigues de Oliveira 
 
1. Gênero. 2. Sexualidade. 3. Infância. 4. Sócio-Histórica. 5. 
Esteriótipos sexuais. I Título. 
CDU 159.9 
 
S223c 
 
FERNANDA SILVA SANT’ANA 
LETÍCIA CAVINA BISPO 
 
A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA DESIGUALDADE ENTRE GÊNEROS E SUAS 
INFLUÊNCIAS FAMILIARES: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PAIS E 
MÃES ACERCA DA EDUCAÇÃO DOS FILHOS 
 
 
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium 
para obtenção do título de Bacharel em Psicologia. 
 
 
Aprovada em: ____/____/____ 
 
 
Banca Examinadora: 
 
Profª Orientadora: Liara Rodrigues de Oliveira 
Titulação: Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade 
Católica de SP, PUC-SP 
Assinatura: ____________________________ 
 
2º Prof.(a) ______________________________________________________ 
Titulação: ______________________________________________________ 
_______________________________________________________________ 
Assinatura: ____________________________
 
 
2º Prof.(a) ______________________________________________________ 
Titulação: ______________________________________________________ 
_______________________________________________________________ 
Assinatura: ____________________________ 
 
 
 Dedico a todas as mulheres e meninas, que lutam para conquistar seu 
lugar de direito nessa sociedade que ainda se encontra tão condicionada à 
naturalização da desigualdade e da violência, a todas que sofrem ou já 
sofreram por serem mulheres. 
A todos os homens e meninos, que também sofrem as consequências 
da imposição da cultura machista, a todos que lutam e caminham na 
contramão da violência, desconstruindo a desigualdade. 
Fernanda Silva Sant’ana 
 
 
 
 
Dedico a todos os professores do curso, à nossa orientadora Liara e a 
todos os participantes desta pesquisa que de alguma forma foram tocados a 
refletir sobre este tema de essencial importância para a nossa sociedade. 
Letícia Cavina Bispo 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus, por me conceder a oportunidade de estar na 
Psicologia, de entrar em contato com essa temática e por propiciar o 
conhecimento e pesquisa pelo qual pude não só me identificar, mas também 
vivenciar a temática desse projeto. 
Aos meus pais, João e Sueli que sempre me apoiaram, incentivaram e 
investiram para que eu estudasse e construísse não só minha profissão, mas 
também minha vida, me dando todo o alicerce moral e ético necessário para 
que eu chegasse até aqui. 
À Letícia, minha companheira de estudos e amiga de todas as horas, 
obrigada pela compreensão, pelo encorajamento e por dividir comigo essa 
realização. 
À nossa querida orientadora Liara, que nos aceitou, nos acolheu, e nos 
incentivou a dar continuidade a nossa proposta de pesquisa nos dando todo o 
suporte, sem o qual este trabalho não seria concretizado. 
Ao meu querido amigo Nathã, que além de me apoiar e incentivar em 
todas as situações de minha vida, me auxiliou também no processo de 
construção deste trabalho. 
 A todos os professores do curso, que estiveram presentes e atuantes 
em minha formação, propiciando o conhecimento da Psicologia integral e 
cientifica, nos orientando e conduzindo da melhor forma. 
Ao professor Maurício (in memoriam) em especial, que nos transmitiu 
seu amor à Psicologia e mais do que isso nos deu a oportunidade de vivenciá-
la em sua integralidade, reconhecendo todos os seres humanos e trabalhando 
para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, através da nossa 
profissão, presente em todo lugar e atendendo a todos. Sem essa influência e 
direcionamento, não teríamos essa consciência e nem esse trabalho realizado. 
Minha eterna gratidão! 
Fernanda Silva Sant’ana 
 
Agradeço primeiramente a Deus, aos meus pais Sergio e Renata e à 
minha irmã Laylla que me deram a oportunidade de concluir este curso e foram 
a minha fortaleza em todos os momentos, deixando-me sempre abastecida de 
muito amor. Sem estas bases eu jamais chegaria até aqui. 
Um agradecimento especial ao meu namorado Phelipe, que sempre 
quando solicitado colaborava para a construção deste trabalho, compreendeu 
de maneira muito paciente as minhas ausências, os meus estresses 
momentâneos, passando longas madrugadas em minha companhia me dando 
total apoio e me auxiliando na construção desta pesquisa. 
À minha grande amiga Fernanda, parceira de faculdade e de TCC, 
obrigada por me deixar fazer parte de sua vida e poder compartilhar a 
concretização deste trabalho. Não conseguiria explicar nestas linhas a 
importância de nossa amizade e companheirismo nestes anos e em muitos que 
certamente virão. 
À todos os professores que foram peças chaves para o meu crescimento 
profissional e também pessoal. 
 À minha orientadora Liara um obrigado mais do que especial por ter nos 
amparado e acolhido quando fomos afetadas pela triste notícia do falecimento 
de nosso ilustre professor Mauricio. 
Muito obrigada a este grande mestre Mauricio (in memoriam) que me 
mostrou a sua paixão pela psicologia e a cada aula eu me apaixonava ainda 
mais por este curso. Com ele compreendi a importância de conhecer e tocar de 
maneira sutil aquilo que o ser humano tem de mais importante: seus 
sentimentos e subjetividade. Sou eternamente grata a todos vocês! 
Letícia Cavina Bispo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Tanto homens quanto mulheres devem se 
sentir livres para serem sensíveis. Tanto 
homens quanto mulheres devem se sentir livres 
para serem fortes. É hora de entendermos 
gênero como um espectro, ao invés de dois 
conjuntos de ideais opostos.” 
Emma Watson 
Embaixadora da Boa Vontade da ONU 
Mulheres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa tem como objetivo a compreensão sobre o que os 
pais e mães consideram importante em relação à questão de gênero na criação 
e educação de seus filhos e como estes influenciam no desenvolvimento, 
considerando que a definição de gênero depende de um conjunto de fatores 
como, os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, essa constituição ocorre 
por meio do contato com a sociedade e cultura que determina assim os papeis 
sexuais. Realizou-se a pesquisa quantitativa-descritiva com 15 mães e 15 pais 
com idades entre 25 e 55 anos de idade. Para a coleta de dados foi utilizado 
um questionário com 25 questões sendo 12 fechadas e 13 abertas, onde as 
respostas foram categorizadas e analisadas a partir da Psicologia Sócio-
Histórica, que nos permitiu olhar as relaçõessociais entre homens e mulheres 
a partir do contexto histórico e social no qual somos inseridos e compreender 
os sentidos e significados empregados nas palavras utilizadas pelos 
participantes da pesquisa. Através dos discursos obtidos nas entrevistas foi 
possível identificar a transmissão de crenças que refletem a desigualdade entre 
os sexos e corroboram para a limitação da menina quanto a atividades ligadas 
à força, coragem, lógica e o menino quanto à sua sensibilidade, expressão de 
emoções e potencialidades que sejam referentes à cuidados tanto à nível 
familiar, como pessoal e profissional. 
 
Palavras-chave: Gênero. Sexualidade. Infância. Sócio-Histórica. Estereótipos 
sexuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The current research aims at understanding what parents consider 
important in relation to the issue of gender in the creation and education of their 
children and how they influence development, considering that the definition of 
gender depends on a set of factors such as, the biological, psychological and 
social aspects, this constitution occurs through the contact with the society and 
culture that determines the sexual roles. The study quantitative-descriptive was 
carried out with 15 mothers and 15 fathers between 25 and 55 years old. For 
the data, a questionnaire was used with 25 questions, 12 of which were closed 
and 13 were open, which the answers were categorized and analyzed from 
Socio-Historical Psychology, which allowed us to look at the social relations 
between men and women from the historical context and social in which we are 
inserted and to understand the meanings and meanings used in the words used 
by the participants of the research. Through the speeches obtained in the 
interviews, it was possible to identify the transmission of beliefs that reflect the 
inequality between the sexes and corroborate the limitation of the girl (females) 
in relation to activities related to strength, courage, logic and the boy your 
sensitivity,expression of emotions and potentialities that are referring to care 
about family, personal and professional. 
 
Keywords: Gender. Sexuality. Infancy. Socio-Historica. Sexual stereotypes.
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1: Demonstrativo dos participantes de pesquisa identificados pela 
sigla Q – Questionário, respectivo parentesco com a criança e/ou 
adolescente e idades, sexo do filho(s) e idade(s) ........................ 44 
Quadro 2: Agrupamento das respostas do que os participantes de pesquisa 
consideram ser importante para a educação de seus filhos ........ 53 
Quadro 3: Categorias das respostas sobre se os participantes de pesquisa 
enxergam diferença entre filhos homens e mulheres .................. 55 
Quadro 4: Características atribuídas pelos participantes de pesquisa sobre o 
que consideram como próprias de ser homem ............................ 57 
Quadro 5: Características atribuídas pelos participantes de pesquisa sobre o 
que consideram como próprias de ser mulher ............................. 60 
Quadro 6: Categorias das respostas sobre o que os participantes de pesquisa 
consideram como vantagens de ser homem ............................... 62 
Quadro 7: Categorias das respostas sobre o que os participantes de pesquisa 
consideram como vantagens de ser mulher ................................ 65 
Quadro 8: Categorias das respostas sobre o que os participantes de pesquisa 
consideram como desvantagens de ser homem .......................... 66 
Quadro 9: Categorias das respostas sobre o que os participantes de pesquisa 
consideram como desvantagens de ser mulher ........................... 68 
Quadro 10: Agrupamentos dos motivos pelos quais os participantes de 
pesquisa consideram que existem facilidades para criar 
meninos/meninas ......................................................................... 70 
Quadro 11: Agrupamentos dos motivos pelos quais os participantes de 
pesquisa consideram que existem dificuldades para criar 
meninos/meninas ......................................................................... 73 
Quadro 12: Agrupamentos dos motivos pelos quais os participantes de 
pesquisa que consideram que existe diferença entre brinquedos 
para meninas e para menino ........................................................ 74 
Quadro 13: Categoria das respostas dos participantes de pesquisa referente 
aos brinquedos e brincadeiras vivenciados por seus filhos ......... 76 
Quadro 14: Agrupamentos dos motivos pelos quais os participantes de 
pesquisa consideram a existência ou não de diferença nas 
 
obrigações entre as tarefas e deveres entre um menino e uma 
menina .......................................................................................... 78 
Quadro 15: Categorização de exemplos de profissões que os participantes de 
pesquisa consideram ser mais apropriadas para homens e as mais 
apropriadas para mulheres .......................................................... 81 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Demonstrativo de participantes da pesquisa por parentesco, idade 
e estado civil ................................................................................. 49 
Tabela 2: Demonstrativo por quantidade, idade e sexo dos filhos (as) dos 
participantes da pesquisa ............................................................... 49 
Tabela 3: Demonstrativo de ocupação e estudo por participante da pesquisa
 ....................................................................................................... 49 
Tabela 4: Demonstrativo relativo à ocupação/trabalho dos participantes da 
pesquisa ......................................................................................... 50 
Tabela 5: Demonstrativo relativo ao estudo dos participantes da pesquisa .. 50 
Tabela 6: Demonstrativo referente a moradia dos filhos ................................ 50 
Tabela 7: Demonstrativo relativo a quais pessoas passam mais tempo com 
os filhos (as) dos participantes da pesquisa .................................. 51 
Tabela 8: Demonstrativo relativo a quais pessoas o participante da pesquisa 
considera ser o(s) responsável pela educação de seus filhos(as) . 51 
Tabela 9: Demonstrativo referente à existência de facilidades para se educar 
uma criança/adolescente em relação ao gênero (feminino-
masculino) ...................................................................................... 51 
Tabela 10: Demonstrativo referente à existência de dificuldades para se 
educar uma criança/adolescente em relação ao gênero (feminino-
masculino) ...................................................................................... 52 
Tabela 11: Demonstrativo acerca da(s) influência(s) na educação de 
crianças/adolescentes .................................................................... 52 
Tabela 12: Demonstrativo sobre a crença de diferenças entre brinquedos para 
os gêneros femininos e masculinos ............................................... 52 
 
Tabela 13: Demonstrativo referente aos brinquedos e brincadeiras vivenciados 
pelos filhos dos participantes da pesquisa ..................................... 53 
Tabela 14: Demonstrativo sobre a crença de diferenças entre as tarefas e 
deveres de uma criança/adolescente de acordo com seu gênero . 53 
Tabela 15: Demonstrativo referente à opinião dos participantes da pesquisa 
sobre a existência de profissões mais apropriadas de acordo com o 
gênero (feminino-masculino) .......................................................... 53 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ART: Artigo 
FEM: Feminino 
IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 
MASC: Masculino 
Nº: Número 
ONU: Organização das Nações Unidas 
OXFAM: Oxford Commitee for Famine Relief – Comitê de Oxford de Combate à 
fome 
PEA: População economicamente ativa 
Q: Questionário 
TCLE: Termo de consentimento livree esclarecido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15 
 
CAPÍTULO I – GÊNERO E SEUS DESDOBRAMENTOS: DEFINIÇÃO E 
DIFERENCIAÇÃO ........................................................................................... 18 
1 CONCEITUAÇÃO DE GÊNERO .................................................................. 18 
1.1 Diferenciação de identidade de gênero e identidade sexual ..................... 20 
1.2 Interface com a psicologia ......................................................................... 23 
 
CAPÍTULO II – PEDAGOGIAS DE GÊNERO E SUA INTERFACE 
PSICOLOGICA ............................................................................................... 26 
1 SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL ............. 26 
1.1 O enquadre do corpo ................................................................................ 29 
 
CAPÍTULO III – IMPACTO SOCIAIS DA CONSTRUÇÃO DA 
DESIGUALDADE DE GÊNERO ..................................................................... 35 
1 DADOS ESTATÍSTICOS ............................................................................. 35 
1.1 Políticas públicas ....................................................................................... 38 
1.1.1 Projeto de lei de licença para mulheres no período menstrual .............. 38 
1.1.2 ONU Mulheres ........................................................................................ 39 
1.1.3 Eles por Elas – “He for She” ................................................................... 40 
1.1.4 Lei Maria da Penha ................................................................................ 41 
 
CAPÍTULO IV – METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA 43 
1 METODOLOGIA .......................................................................................... 43 
1.1 Psicologia sócio-histórica .......................................................................... 45 
1.2 Procedimento de análise de dados ........................................................... 46 
1.3 Adaptação, desenvolvimento e aplicação do instrumento de pesquisa .... 48 
1.4 Análise de dados ....................................................................................... 48 
 
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................... 83 
CONCLUSÃO ................................................................................................. 85 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 87 
APÊNDICES.................................................................................................... 91 
ANEXOS ......................................................................................................... 98
 
15 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho teve como objetivo pesquisar e analisar os sentidos 
presentes na concepção de mães e pais acerca da educação de seus filhos, no 
que concerne aos valores incorporados nessa educação. As pesquisadoras, 
partindo do pressuposto de que a criação mediatizada no contexto familiar 
pode ser o maior condutor de valores sociais e culturais, que por sua vez pode 
vir a fomentar e reproduzir determinadas concepções estigmatizantes acerca 
da questão de gênero preocuparam-se em investigar e analisar quais valores 
estão presentes na concepção de pais e mães no tocante a educação de seus 
filhos, de modo a constatar a presença ou não de tais conteúdos que 
cristalizam e intensificam desigualdades existentes na dicotomia homem-
mulher na sociedade. 
 Os papéis sociais assumidos pelo homem e pela mulher – consolidados 
histórica e culturalmente, são transmitidos ao longo das gerações e reforçados 
muitas vezes de forma acrítica e a-histórica, desconsiderando as novas 
configurações sociais e familiares, bem como os novos papéis assumidos pelo 
homem e pela mulher. A psicologia voltada a compreensão dos fenômenos 
psíquicos, sociais, afetivos e comportamentais deve se movimentar na mesma 
proporção em que essas transformações ocorrem. Por isso, a inquietação das 
pesquisadoras, no sentido de propor a compreensão e revisão de tais 
conceitos presentes no contexto de socialização primária, tão responsável pela 
formação do indivíduo, tal como preconiza Vigotsky (2000) ao se referir ao 
desenvolvimento infantil e a aquisição da cultura e a aprendizagem. Entende 
que o ser humano necessita de condições adequadas para que possa se 
desenvolver em sua integralidade, ou seja, o meio em que está inserido irá 
influenciar seu aprendizado e desenvolvimento integral. 
 Entende-se aqui como corrobora Louro (1997) a questão de gênero 
como uma construção social, cultural, psíquica e biológica pelo qual todo 
indivíduo está submetido. Desde a fase intrauterina é gerado as expectativas 
em relação ao sexo do bebê e com isso a idealização dos estereótipos 
femininos e masculinos (WHITAKER, 1988). 
 Todas essas ideias serão continuadamente transmitidas durante toda a 
vida do indivíduo, inicialmente com a socialização primária que se dá com os 
 
16 
pais – família, secundariamente na escola, e ademais pela mídia e tantos 
outros meios aos quais se é inserido e consequentemente influenciado. 
Atualmente, as desigualdades presentes na sociedade colocam a mulher 
em posição inferior à do homem, levando em conta que segundo os dados da 
Oxfam Oxford Committee for Famine Relief (Comitê de Oxford de Combate à 
Fome), mulheres ganham 40% a menos que os homens, o Brasil é o 7º país do 
mundo com maiores taxas de feminicídio, as mulheres preenchem um pouco 
mais que 10% dos assentos no Congresso Nacional, 10% das prefeituras e 
constituem 12% dos conselhos municipais. 
A partir dos dados do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 
as mulheres a partir dos 16 anos de idade gastam em média 25 horas 
semanais dedicadas aos serviços domésticos enquanto os homens com a 
mesma faixa etária gastam 10 horas, o que acarreta em sobrecarga no trabalho 
(fora do lar) e falta de tempo para cuidados íntimos, emocionais e lazer. 
 A pesquisa foi organizada em 4 capítulos. Sendo o primeiro dedicado a 
apresentação da conceituação da questão de gênero, identidade sexual e seus 
desdobramentos, como a diferenciação do homem e da mulher nos aspectos 
orgânicos, sociais e culturais, e por fim, às implicações da psicologia acerca da 
sexualidade. Adiante, o capítulo 2 apresenta a concepção vygotskyana acerca 
do desenvolvimento infantil atrelado ao contexto de socialização primária 
somado a sua relação com a cultura. O capítulo seguinte versa sobre os 
impactos sociais e desdobramentos políticos no que tange a desigualdade de 
gênero e suas consequências. Por fim, o capítulo 4 apresenta a descrição 
metodológica da pesquisa, seu delineamento e desenvolvimento, precedido da 
apresentação dos resultados obtidos, sua análise, proposta de intervenção e 
conclusão. 
 O método utilizado foi o qualitativo, com a investigação por meio de 
questionário semiestruturado, aplicado junto a quinze pais e quinze mães, com 
idades entre 25 e 55 anos. O questionário continha 25 questões, sendo 12 
fechadas e 13 abertas, permitindo caracterizar os respondentes, bem como 
acessar os sentidos presentes em suas respostas, analisando-as a luz da 
psicologia sócio-histórica. 
 Assim, a pesquisa foi planejada tendo como referência teórica a 
abordagem sócio-histórica da psicologia, que apresenta a concepção de 
 
17 
sentidos e significados que auxiliam a compreensão dos discursos dos 
indivíduos entrevistados, considerando o processo de constituição da dimensão 
subjetiva da realidade, empregando assim o sentido como descreve Vigotsky 
(2000) “uma formação dinâmica, fluída, complexa, que tem várias zonas de 
estabilidade.” (p.165). E o significado da palavra, que só se configuracomo um 
fenômeno de pensamento quando este se vincula à palavra e assim 
substancializa-a. (VYGOTSKY, 2000). 
 Por meio da coleta de dados com o questionário de entrevista 
semiestruturado (APÊNDICE A), foi possível constatar que os pais e as mães 
transmitem aos filhos valores que refletem nas crianças e/ou adolescentes a 
disparidade entre os gêneros. 
 A proposta de intervenção, portanto, reside na necessidade de 
promoção de diálogos acerca das discrepâncias encontradas e condicionadas 
para os sexos (feminino-masculino), como isso determina as desigualdades no 
tocante ao gênero e uma revisão de como está sendo articulado a educação 
das crianças e jovens, no tocante as especificidades de cada gênero. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
CAPÍTULO I 
 
GÊNERO E SEUS DESDOBRAMENTOS: DEFINIÇÃO E DIFERENCIAÇÃO 
 
 
1 CONCEITUAÇÃO DE GÊNERO 
 
Os estudos acerca das representações de gênero vêm se modificando 
ao longo da história, o conceito de sexismo e estereótipos sexuais reconhecem 
o homem como forte e racional, enquanto as mulheres são vistas como 
incapazes intelectualmente e pré-racional. Sendo anteriormente esta 
caracterização de gênero uma condição vinculada apenas ao sexo biológico 
(NUNES; SILVA, 2000). 
 
Entendemos aqui como identidade de gênero aquele conjunto 
de significações causais explicativas sobre o Ser-Homem 
(masculino) e o Ser-Mulher (feminino). O gênero seria a 
primeira classificação simbólica, portanto, a primeira 
representação significativa, entre as identidades do homem e 
da mulher. As primeiras identidades de gênero encontram-se 
nas narrações míticas, cosmogônicas e cosmológicas, 
representando a suposta origem do homem e da mulher a partir 
de discursos narrativos carregados de determinismos de poder 
e simbologias de diferenciação (NUNES; SILVA; 2000, p.69). 
 
O conceito de gênero está vinculado à história do movimento feminista 
contemporâneo, diversas ações isoladas ou coletivas contra a discriminação e 
aviltação das mulheres foram vistas em alguns momentos históricos, contudo 
quando se fala sobre o cenário do feminismo como movimento social 
organizado, remete-se ao Ocidente, século XIX (LOURO, 1997). 
Para Foucault (1986), desde muito tempo tenta-se limitar a mulher em 
sua sexualidade, considerando-as frágeis e geradoras de doenças, movimento 
que desencadeou no século XVIII a patologização da mulher. 
A mulher desde o início de seu ciclo menstrual (processo biológico 
natural) tem seu corpo patologizado, ou seja, considerado um corpo doente. As 
transformações pelas quais o corpo feminino passa (menstruação, gestação e 
menopausa) não são compreendidas em sua veracidade e sim como 
processos doentios, que necessitam de medicalização (WHITAKER,1988) 
 
19 
Ora, os movimentos feministas aceitaram o desafio. Somos 
sexo por natureza? Muito bem, sejamos sexo mas em sua 
singularidade e especificidade irredutíveis. Tiremos disto as 
consequências e reinventemos nosso próprio tipo de 
existência, política, econômica, cultural... (FOUCAULT, 1986, 
p.234). 
 
O maior movimento contra a opressão da mulher denominou-se 
sufragismo, onde as mesmas não possuíam direitos de voto. Esta 
manifestação chegou em vários outros países ocidentais, e ficou conhecida 
como a primeira onda do feminismo. Tendo como objetivo imediato a inserção 
das mulheres na política, maior oportunidade de estudo e acesso a outras 
profissões. Inicia-se ao final da década de 1960 a chamada segunda onda 
(LOURO, 1997). 
 
Será no desdobramento da assim denominada “segunda onda” 
– aquela que se inicia no final da década de 1960 – que o 
feminismo, além das preocupações sociais e políticas, irá se 
voltar para as construções propriamente teóricas. No âmbito do 
debate que a partir de então se trava, entre estudiosos e 
militantes de um lado, e seus críticos ou suas críticas, de outro, 
será engendrado e problematizado o conceito de gênero 
(LOURO, 1997, p.15). 
 
O ano de 1968 foi um marco da rebeldia e oposição, onde vários grupos 
que eram vistos como a minoria oprimida passou a demonstrar suas 
indagações no que envolvia tais arranjos sociais e políticos, a distinção, 
segregação. É, portanto, diante deste cenário social e político que tais grupos 
antes rejeitados passaram a participar de marchas e protestos públicos 
(LOURO, 1997). 
 
Tornar visível aquela que fora ocultada foi o grande objetivo 
das estudiosas feministas desses primeiros tempos. A 
segregação social e política a que as mulheres foram 
historicamente conduzidas tivera como consequência a sua 
ampla invisibilidade como sujeito – inclusive como sujeito da 
Ciência (LOURO, 1997, p.17). 
 
Com as contribuições das teorias do feminismo se faz relevante 
compreender que as distinções biológicas não justificam a desigualdade social, 
e sim a forma como as características são evidenciadas e enaltecidas em 
 
20 
determinadas culturas, desta forma, constituindo o que é compreendido como 
feminino ou masculino. Este discurso será arquitetado em torno de uma nova 
fala, onde gênero terá uma conceituação fundamental e trará mudanças 
(LOURO, 1997). 
A mudança é vista na ampliação do contexto da caracterização dos 
gêneros, onde ser homem e ser mulher ultrapassa os limites biológicos e 
passam a ser vistos e estudados a partir da visão integral do ser humano, 
levando em conta o contexto cultural e social pelo qual o individuo está 
inserido. Destarte, as variações de gênero estão ligadas à como o individuo se 
sente, seja no masculino ou no feminino, independentemente do seu sexo 
biológico e de seu genótipo, refere-se a uma vivência psíquica (SERRANO, 
2008). 
Louro (1997) retrata sobre a construção do ser homem e do ser mulher 
em: 
 
Homens e mulheres certamente não são construídos apenas 
através de mecanismos de repressão ou censura, eles e elas 
se fazem, também, através de praticas e relações que instituem 
gestos, modos de ser e de estar no mundo, formas de falar e 
de agir, condutas e posturas apropriadas (e, usualmente, 
diversas). Os gêneros se produzem, portanto, nas e pelas 
relações de poder (p.41). 
 
Ou seja, entende-se que a definição de masculino e feminino se dá não 
somente pelo seu sexo biológico, mas também de acordo com o contexto 
cultural e social que irá influenciar as formas de comportamento referentes a 
cada gênero. 
 
1.1 Diferenciação de identidade de gênero e identidade sexual 
 
O ser humano, visto como ser complexo e integral engloba em si uma 
série de características, marcas e determinações, que podem ser de origem 
biológica, social, cultural ou histórica. 
Dessa forma, compreender a conceituação de sexo se torna substancial 
para adentrar as questões pertinentes sobre identidade de gênero e sexual. 
 
21 
O sexo pode ser entendido como a marca biológica do ser humano, a 
caracterização genital e natural, aquilo que diferencia anatomicamente os 
corpos femininos e masculinos (WEEKS, 2007). 
A sexualidade é um conceito definido através da construção cultural de 
uma significação pessoal e social de traço genital, que todos nós temos 
naturalmente, característica inerente ao ser humano. Podendo ser definida 
como uma questão pessoal, social e política, construída ao longo de toda vida, 
de muitas maneiras (LOURO, 2007). 
 
Podemos entender que a sexualidade envolve rituais, 
linguagens, fantasias, representações, símbolos, convenções 
... Processos profundamente culturais e plurais. Nessa 
perspectiva, nada há de exclusivamente “natural” nesse 
terreno, a começar pela própria concepção do corpo, ou 
mesmo de natureza (LOURO, 2007, p.11). 
 
Para Costa (2008) a sexualidade humana é tida como a mais complexa 
dentre todos os animais, facultando que se caracterizem 11 maneiras de 
manifestação e não somente duas. São elas: mulheres heterossexuais; 
homens heterossexuais; homens homossexuais; mulheres lésbicas;mulheres 
bissexuais; homens bissexuais; homens travestis; mulheres travestis; 
transexuais masculinos; transexuais femininos; intersexo. 
A sexualidade não se define apenas por características biológicas, mas 
resulta também de aspectos psicológicos e interações com o contexto familiar e 
social. 
O cérebro é o principal órgão do Sistema Nervoso Central, no qual está 
localizado as áreas relacionadas com as atuações psicológicas e sociais do ser 
humano. No decorrer da gestação liberam-se hormônios que enviarão ao 
cérebro uma conformação masculina ou feminina, destarte todos estes 
hormônios juntamente com os valores do meio onde o indivíduo será educado, 
irá delinear até os dois anos e meio, a identidade de gênero (COSTA, 2008). 
Todavia, os aspectos psicológicos concernem-se à identidade sexual: a 
identidade de gênero (masculina ou feminina) e a orientação sexual (hétero, 
homo ou bissexual), sendo a identidade de gênero, sensação de ser homem ou 
mulher, relacionando-se com a bagagem biológica e a inserção do sujeito em 
determinada sociedade. Ao nascer apenas se considera a genitália externa, 
 
22 
sendo neste momento, irrelevantes os demais aspectos biológicos, este 
nascituro obterá uma certidão que será “definitiva”, desta maneira o menino 
será tratado como tal por familiares e conhecidos, os mesmos irão moldá-lo de 
acordo com os códigos sociais de comportamento de gênero masculino, enfim 
o indivíduo “aprenderá” como deve ser o comportamento social de um menino 
(COSTA, 2008). 
Nesse raciocínio, pensemos na influência que os processos culturais 
podem e acarretam nesse desenvolvimento e construção do que é natural e do 
que não é, e produzimos e transformamos o nosso meio, logo fazemos 
histórico. E então os corpos adquirem sentido social e a demarcação no gênero 
– feminino ou masculino – vai ser realizada (LOURO, 2007). 
Para Foucault (1988), a sexualidade é um dispositivo histórico, ou seja, é 
uma invenção social construída a partir de múltiplos discursos sobre o sexo, 
esses discursos regulam, normatizam, instauram saberes e produzem 
verdades. 
A definição das identidades sociais, seja relativa ao gênero, à 
sexualidade, à raça ou nacionalidade são constituídas a partir do contexto 
cultural e histórico no qual o sujeito está inserido, e é nessa junção das 
variadas e distintas identidades e circunstâncias que o sujeito se reconhece e 
se define. 
Entretanto, esse processo de constituição da identidade social revela-se 
instável e complexo, haja vista, somos sujeito de múltiplas identidades que 
requerem em desacordo lealdades distintas e até mesmo contraditórias, ou 
num primeiro momento mostram-se atraentes e depois não mais, o que as 
torna descartáveis e passíveis à rejeição e abandono (LOURO, 2007). 
A identidade de gênero e a identidade sexual são consideradas as 
principais representações daquilo que o sujeito é. Sendo que é a partir destas 
que constantemente nos apresentamos e nos reafirmamos, estas parecem 
traduzir com mais segurança o ser humano. 
Em meio as tantas possibilidades e múltiplas formas de pertencimento 
social, o indivíduo busca a certeza daquilo que é e sente, porque lidar com o 
desconhecido, e com a incerteza gera a sensação de ameaça, de não ter uma 
identidade estável. A tentativa de determinar uma identidade é para sustentar a 
 
23 
ideia de continuidade e pertencimento, como se o que somos hoje é o que 
sempre fomos (LOURO, 2007). 
Weeks (2007) afirma que: 
 
Só podemos compreender as atitudes em relação ao corpo e à 
sexualidade em seu contexto histórico específico, explorando 
as condições historicamente variáveis que dão origem à 
importância atribuída à sexualidade num momento particular e 
apreendendo as várias relações de poder que modelam o que 
vem a ser visto como normal ou anormal, aceitável ou 
inaceitável (p.43). 
 
 Assim é possível compreender a manifestação dos comportamentos 
referentes a sexualidade como um processo de construção que são moldados 
e constituídos pelas relações de poder, pelas significações pessoais e culturais. 
 
1.2 Interface com a psicologia 
 
O estudo de gênero e diferenças sexuais existe há quase um século. A 
psicologia diferencial passou a não conceituar gênero como atributo inato do 
sujeito (NUEMBERG, 2005). 
 As características subjetivas legitimavam as diferenças entre masculino 
e feminino, onde ser e agir estavam vinculados ao sexo biológico. Com a 
chegada da segunda guerra mundial e a necessidade de inserção das 
mulheres no ambiente do trabalho houve um forte apelo para o confinamento 
das mulheres, onde o principal argumento era que as crianças necessitavam 
das mães em tempo integral para garantia de sua saúde mental (NUEMBERG, 
2005). 
 Todavia, ao longo do tempo surgiram algumas explicações e descrições 
para as diferenças sexuais e os papéis desempenhados por homens e 
mulheres. Mudanças radicais precisam de alterações extremas em diversas 
áreas, como a política e a psicologia. Pensar na transformação das percepções 
de papéis sexuais compreende conceitos, cultura, atitudes e expectativas. Faz-
se necessário uma nova teoria psicológica para descrever as várias 
possibilidades em ser homem e em ser mulher (BARROSO, 1975). 
 
24 
 Para Barroso (1975): “Além da elaboração da teoria de formação dos 
papéis sexuais, a psicologia tem uma tarefa muito importante: a descrição 
completa dos resultados destrutivos da desigualdade entre os sexos” (p.136). 
A hierarquização entre os sexos que perdurou durante muito tempo na 
literatura psicológica, encobriu as habilidades das mulheres em áreas muito 
reconhecidas pela sociedade atual. Estas não tiveram as mesmas condições 
para elaborar suas capacidades, afetando suas habilidades emocionais e 
causando desmotivação. Todos esses valores aqui destacados estão 
enraizados em nossa sociedade e talvez possam perdurar ainda por algum 
tempo, essas barreiras construídas pela falta de equidade entre os gêneros 
limitam o desenvolvimento de habilidades cognitivas, de tarefas e funções que 
são rotuladas masculinas, onde envolve o conceito de sexismo, no qual define 
diferenças pejorativas entre as identidades de gênero. Destarte criam-se 
estereótipos sexuais, molda-se homens fortes e objetivos e mulheres fracas e 
emotivas, esta falta de equidade poderá acarretar medo de sucesso e déficit 
intelectual, devido a sociedade construir e instituir as diferenças de gêneros, 
delimitando de maneira preconceituosa as habilidades cognitivas e 
distribuições de tarefas (BARROSO, 1975). 
É evidente a necessidade de construir uma ponte entre o feminino e 
masculino, haja vista os modelos repressores engendrados em nossa cultura e 
a falta de comunicação entre os gêneros. Por inúmeras vezes, mulheres e 
homens estão inseridos em um mesmo ambiente de trabalho, estando 
próximos fisicamente, destarte existe uma distância totalmente exacerbada 
quanto aos significados simbólicos das funções que realizam. Como no 
exemplo entre a aeromoça e o piloto de avião, ou esposas que passam a vida 
inteira administrando jantares e recepções de seus maridos empreendedores, 
até mesmo aquelas que são casadas com políticos e recebem o titulo sem 
algum significado profissional. Não há como negar que algumas questões 
sobre sexualidade vêm sendo discutidas com maior atenção, entretanto 
observa-se o quanto a repressão sexual está incutida em nosso país 
(WHITAKER,1988). 
 
Felizmente as coisas estão mudando. A sexualidade é hoje 
abertamente discutida. Mas não nos iludamos com o discurso 
 
25 
das vanguardas. O Brasil é um país imenso e cheio de 
subculturas diferenciadas. Eu diria que a repressão sexual 
continua a ser praticada contra meninas e adolescentes 
mulheres na maioria das famílias brasileiras. E não nos 
esqueçamos da repressão correspondente aos meninos, 
condenados à “impureza” pelos adultos apavorados com as 
possiblidades dohomossexualismo (WHITAKER, 1988, p.91). 
 
Contudo, faz-se necessário a inquietação e movimentação da Psicologia 
e áreas afins (Sociologia, Antropologia, Assistência Social, Medicina, dentre 
outras) para que a sociedade juntamente com as políticas públicas possam 
possibilitar uma discussão e mobilização acerca de questões referentes à 
desmistificação da construção da identidade de gênero e da sexualidade e 
quais as implicações provocadas por essas crenças enraizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
CAPÍTULO II 
 
PEDAGOGIAS DE GÊNERO E SUA INTERFACE PSICOLÓGICA 
 
 
1 SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
 Vygotsky (2000) defende a teoria Sócio interacionista, segundo a qual o 
desenvolvimento humano acontece por meio das relações de trocas, através 
de processos de interação e mediação. O autor enfatiza o processo histórico-
social e a função da linguagem. 
 
A concepção do significado das palavras como unidade 
simultânea do pensamento generalizante e do intercâmbio 
social é de um valor incalculável para o estudo do pensamento 
e da linguagem. Permite-nos uma verdadeira análise genético-
causal, um estudo sistemático das relações entre o 
desenvolvimento da capacidade intelectiva da criança e do seu 
desenvolvimento social (p.8). 
 
 O desenvolvimento psicológico é produzido a partir das interações, 
estímulos e aprendizados nos quais são proporcionados à criança, visto que, 
ela por si só não tem condições de se desenvolver e aprimorar seu aparato 
psíquico, dependendo assim do meio em que está inserida e das experiências 
que vivencia (VYGOTSKY, 2000). 
 A socialização é entendida como o processo pelo qual todos os seres 
humanos passam, onde neste ocorre a internalização de uma série de padrões, 
modelos, crenças, que nos moldam e nos constitui como integrantes de uma 
determinada cultura (WHITAKER, 1988). 
Bock et al. (1995) colabora para o pensamento acerca da socialização 
primária que se dá através da interação social. A criança quando nasce 
começa a pertencer a um mundo social dado, organizado, mas que não está 
acabado, onde a permanente construção deste ocorre através dos grupos 
sociais. 
 
A socialização é um processo de internalização (apropriação) 
do mundo social, com suas normas, valores, modos de 
 
27 
representar os objetos e situações que compõem a realidade 
objetiva (BOCK et al., 1995, p.208). 
 
O ser humano submetido a uma determinada classe social e cultural vai 
aprender e caracterizar o seu eu, sendo assim seu modo de agir, seu modo de 
falar e até mesmo de pensar. 
 
Aspecto importante a ser considerado é que a inserção de uma 
família em uma classe social de uma sociedade determinada 
faz com que o mundo e seus acontecimentos sejam “filtrados” 
para a criança (BOCK et al., 1995, p.209). 
 
 A socialização primária acontece dentro do grupo familiar, ou seu 
substituto como a creche, ou instituição de acolhimento. É a partir da família 
que as representações de mundo chegam até a criança com significação. A 
família é a instituição de alta significação e impacto sobre a criança e é ela que 
vai reproduzir as relações sociais mais amplas, os valores morais e éticos. 
Como no exemplo: 
 
Uma família que mora numa favela pode passar para o filho 
seus sentimentos e opiniões a respeito da discriminação social 
que vive, em função de sua condição de moradia, de pobreza. 
Isto será internalizado pela criança (BOCK et al., 1995, 
p.210, grifo nosso). 
 
Rappaport, Fiori, Davis (2007) nos traz sobre a Teoria da Aprendizagem 
Social, onde objetiva que as experiências vividas pelos próprios sujeitos e 
aquelas que o mesmo observou outro indivíduo viver definem comportamentos 
de tal elemento. Todavia, a maneira adotada para se comportar em um dado 
momento, é produto das expectativas assimiladas em contextos parecidos 
àquela com que o sujeito hoje se apresenta. Desta forma, para Rappaport, 
Fiori, Davis (2007 p.89) “o ambiente controla o indivíduo na mesma medida em 
que é controlado por este”. 
Destarte, é possível compreender a influência que a família detém sobre 
a criança que sucedendo a socialização primária, a secundária é marcada 
pelas relações externas, ou seja, com todos os grupos sociais pelos quais o 
indivíduo tem contato durante a vida, como na escola, grupos de amigos e mais 
tarde no grupo de trabalho e tantos outros grupos sociais sendo que o 
 
28 
processo de socialização e assim consequentemente de internalização é 
ininterrupto, sendo onde ocorre a formação da identidade do indivíduo. 
 
Os conteúdos desse processo vão-se diversificando, tornando-
se cada vez mais complexos; as exigências do grupo quanto 
ao desempenho de seus membros vão-se diferenciando, e o 
indivíduo vai adquirindo, cada vez mais, o poder de interferir no 
processo de construção de sua própria subjetividade e na 
construção do cenário social, contribuindo para a manutenção 
ou transformação (BOCK et al., 1995, p. 212). 
 
 Retomando ao início da vida, temos uma dinâmica envolvida na gravidez 
e nas expectativas depositadas nesse período e também em seu planejamento 
e idealização. É sabido que os sentimentos e emoções geradas pela mãe ainda 
na fase intrauterina influencia e altera o psiquismo do bebê (WHITAKER,1988) 
 Socialmente, de acordo com as diferenças de cada local e cultura são 
estabelecidos e assumidos preconceitos em torno dos gêneros e quanto ao 
valor dado a ser homem e à ser mulher. Visto que, em certas culturas há uma 
supervalorização do homem em detrimento do sexo feminino e 
consequentemente a idealização de se gerar um menino. 
 Belotti (1983), corrobora sobre as crenças populares envolvidas na 
descoberta do sexo de crianças que estão próximas ao nascimento, revela que 
as expectativas e idealizações envolvidas nas discrepâncias entre o que se 
espera que os gêneros sejam e produzam se inicia no período de gravidez. 
 Assim, tem-se o que Whitaker (1988) denominou como a “didática da 
gravidez”, que têm como referência três principais aspectos, são eles: 
 
- a maior valorização do bebê de sexo masculino, esperado 
com mais ansiedade e desejado mais ardentemente do que o 
bebê de sexo feminino; 
- a atribuição de maior vivacidade e vitalidade ao sexo 
masculino e de passividade ao sexo feminino, configurando 
os modelos a serem seguidos pela criança que vai nascer, 
cujos efeitos pedagógicos atuam muito eficientemente sobre as 
crianças à volta da gestante, as quais naturalmente participam 
desse jogo fascinante de expectativas; 
- a atribuição de características doentias ao feto do sexo 
feminino que deixaria a futura mãe “pesada ou redonda”, com 
pernas inchadas, prenunciando um parto difícil, o que anuncia 
a medicalização do corpo da mulher (1988, p.19-21 – grifo 
nosso). 
 
 
29 
 Com esses três aspectos pode-se entender sobre a complexidade pela 
qual está inserido o período de gestação, e que esse contexto de valorização 
de um gênero e depreciação de outro, fazem com que meninas tenham baixa 
autoestima, carência essa provocada e internalizada a partir fase intrauterina. 
Essa condição vai sendo reforçada e potencializada no meio familiar e logo no 
meio externo, de socialização da gestante, onde se é aprendido que ser mulher 
tem menor valor em comparação a ser homem (WHITAKER, 1988). 
 Com o passar dos anos e com o advento da modernização, os homens 
avançam para uma sociedade industrial, um paradoxo em que a didática da 
gravidez repercute de forma mascarada, ditando que é mais benéfico ter filho 
homem, porque mulheres tendem mais ao sofrimento, o que traz a reflexão: 
Homem não sofre? Ou o homem é ensinado através de vários fatores sociais e 
culturais que não pode demonstrar sofrimento, ou até mesmo chorar? 
(WHITAKER, 1988). 
 Mas quando se pensa sobre a concepção de meninas, estas também 
são desejadas, mas os fatores que justificam esse anseio são representados 
por meio do trabalho domésticoe/ou características subjetivas projetadas sobre 
como ser mulher. Dessa forma, ter uma filha é benéfico para auxiliar nos 
cuidados com a casa e com os irmãos homens, além de serem consideradas 
mais dóceis e carinhosas são encarregadas nos cuidados dos pais na velhice 
ou casos de invalidez, doença (WHITAKER, 1988). 
É na família que ocorre a primeira construção psíquica de como deve 
ser e agir uma mulher e de como deve ser e agir um homem. Como afirma 
Castañeda (2006): “O machismo é uma forma de relação que todos nós 
aprendemos desde a infância e que, por essa razão, se intromete como moeda 
corrente em todo intercâmbio pessoal” (p.19). 
 
1.1 O enquadre do corpo 
 
 A criança através da socialização vai incorporando a cultura do grupo 
no qual ela faz parte, considerando a subjetividade de cada ser humano, há 
situações ou comportamentos os quais não serão aceitos, onde será produzida 
uma resistência a imposições permanentes. Quando o indivíduo resiste à algo: 
“Daí que a socialização se transforma em educação” (WHITAKER, 1988, p.24). 
 
30 
 A palavra educação tem como definição, consultada através do 
Dicionário Aurélio (2011): “1. Ato de educar (- se), ou o resultado deste ato; 2. 
Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser 
humano: educação física; educação básica, educação religiosa; 3. Civilidade, 
cortesia, polidez” (FERREIRA, 2011, p. 345). 
 Vamos pensar na educação como um meio de socialização artificial, 
porém imprescindível levando em consideração a sociedade na qual 
vivenciamos, que exige métodos e formas especiais para reproduzi-la, dentre 
eles a escola. 
 Para compreender os mecanismos que influem e demarcam as 
desigualdades sociais entre os gêneros é necessário diferenciar as duas 
dimensões do processo educacional: a educação formal (produzida pela 
escola) e a educação considerada informal (desenvolvida através das relações 
sociais, principalmente por adultos que exerçam influência e meios de 
comunicação, em geral). 
 
No terreno nebuloso da educação informal estão escondidas as 
raízes de todos os problemas que massacram homens e 
mulheres, obstaculizando, principalmente para estas, a entrada 
no mundo das profissões e criando entraves até para viver 
naquele mundo onde supostamente deveriam estar bem, isto é, 
o mundo do lar e do casamento (WHITAKER, 1988, p.25). 
 
Para Whitaker (1988), é na família que são construídos os primeiros 
moldes, nos quais as crianças são induzidas e programadas a se encaixar para 
continuarem a reprodução dos hábitos e costumes familiares. Entretanto esses 
moldes podem ser repugnados, uns em maior grau de resistência outros em 
menor, seja para ambos os sexos. 
Desde muito pequenas, as crianças dividem-se até mesmo na atividade 
lúdica, meninas são dirigidas a brincar de bonecas e casinha, brincadeiras 
estas que descrevem o mundo doméstico. No que diz respeito aos meninos, 
estes são encorajados a chutar bola, subir em árvores, brincar com carrinhos e 
de lutar, influência que estimula as noções de espaço e direção, importantes 
para compreensão e desenvolvimento dos conceitos de matemática, geografia, 
física. 
 
31 
Aos meninos são dispensados qualquer atividade ou incentivo que dê 
margem à homossexualidade, dessa forma são podados à manifestação de 
sentimentos e de sua sensibilidade nata (WHITAKER,1988). 
As brincadeiras refletem as representações sociais investidas no lúdico, 
à mulher é reservada a tarefa de ser mãe, de cuidar do outro e ser dócil, já o 
homem é dispensado da tarefa de ser pai, estando sempre na condição da 
ação, o que as brincadeiras trazem como simbologia de ousadia, movimento, 
agressividade. 
O problema não está nas brincadeiras em si, mas na limitação a 
modelos e padrões de brincadeiras. É necessário que tanto as meninas quanto 
os meninos desenvolvam habilidades e raciocínios ainda na primeira infância, 
que vão colaborar para a execução de tarefas profissionais ou até mesmo para 
aprender na vida adulta à dirigir um carro ou motocicleta (WHITAKER, 1988). 
A infância é marcada por ser um período castrador, tanto para meninas 
quanto para os meninos. A família assume a função educacional de punir e 
domar as crianças, nesse contexto, há uma discrepância entre os gêneros, 
sendo que os modelos femininos impostos são sempre mais artificiais, 
requerendo submissão e repressão (WHITAKER, 1988). 
A escola se apropria da função de produzir gêneros, definindo e 
impondo como ser homem e como ser mulher, investindo no corpo e sobre o 
corpo. Dessa forma, o menino é estimulado a fazer esportes, a ser 
competitivo, ser “durão”, o que dificulta que eles expressem os seus 
sentimentos para amigos, as meninas em contraposição, precisam ser 
amáveis, dóceis, gentis, educadas. Nunes e Silva (2000) colaboram apoiados 
sob o preconceito de sexo, denominado como sexismo: 
 
Convencionou-se definir como sexismo o chamado preconceito 
de sexo, que consiste em identificar características que 
evoquem determinismos diferenciais e conceituações 
significativas pejorativas entre as identidades de gênero. 
Significaria reconhecer que o homem, grosso modo, tomado 
aqui como identidade de gênero, seria identificado e definido 
como essencialmente lógico, forte, objetivo, autônomo, voltado 
para atividades afirmativas, solidárias, conscientes, racionais e 
determinadas em oposição a uma concepção de feminilidade 
intuitiva, emocional, sensitiva, voluntarista e pré-racional (p.69). 
 
 
32 
Concomitantemente ao tentar definir e marcar as diferenças entre cada 
gênero, a escola também trabalha para adiar ao máximo o interesse das 
crianças e jovens em questões relativas à sexualidade. 
 
Um corpo disciplinado pela escola é treinado no silêncio e num 
determinado modelo de fala; concebe e usa o tempo e o 
espaço de uma forma particular. Mãos, olhos e ouvidos estão 
adestrados para tarefas intelectuais, mas possivelmente 
desatentos ou desajeitados para outras tantas (LOURO, 2007, 
p. 21 – 22). 
 
A escola é o primeiro ambiente social no qual a criança é inserida e nela 
existem grandes possibilidades do educador notar o início da sexualidade nos 
educandos. A principal vivência relatada por professores de escolas primárias é 
a prática da manipulação dos órgãos sexuais. Este ato proporciona 
descobertas e diferentes sensações, sendo essa busca causada por impulsos 
biológicos e psíquicos, sendo impróprio coibi-la como “masturbação”, onde por 
questões culturais há maior permissividade entre os meninos (NUNES; SILVA, 
2000). 
 
A manipulação obedece a impulsos biológicos e psíquicos que 
satisfazem às crianças e lhe proporcionam uma apropriação 
sensorial de seu corpo e suas potencialidades. Trata-se de 
uma prática que pode apresentar-se como circunstancial ou 
passageira como pode ainda estruturar-se de maneira mais 
observável entre os meninos, pelas características culturais e 
educacionais de maior permissividade e estimulação de 
expressão social da sexualidade masculina, contrapondo-se 
aos eficientes mecanismos de repressão das meninas. É mais 
difuso entre as meninas, que podem manifestar-se no toque 
genital ou no auxílio de objetos, brinquedos, posições que 
provoquem estímulos prazerosos. Aos quatro anos é mais 
frequente esta manipulação genital tornar-se social e impulsiva 
(NUNES; SILVA, 2000, p. 77 – 79). 
 
Foucault (1986), descreve sobre a “masturbação infantil” e sobre a 
inaceitação deste comportamento que mantém sob a criança um olhar de que 
elas são problemas em comum para os pais, educadores, instituições de 
ensino e de higiene pública. Assim, o sexo das crianças configurou-se em um 
instrumento de poder e vigia com objetivo de controle da sexualidade infantil. 
 
33 
O menino busca sua realização e afirmação através do adestramento do 
corpo, moldando-o para que consiga alcançar seus interesses e desejos e 
neles são admirados e exacerbados as qualidadesreferentes à esperteza, 
coragem, ousadia, sendo permissível estar desarrumado, despenteado ou sujo, 
contanto que exerça a “masculinidade” (LOURO, 2007; WHITAKER, 1988). 
No desenvolvimento da autonomia das meninas é imposto desde muito 
cedo que elas precisam aspirar a beleza. O conceito de beleza é marcado pela 
artificialidade, ligado à necessidade de estarem sempre limpas, depiladas, 
perfumadas, enfeitadas, maquiadas, de usar o salto alto. Não é pensado e 
muitas vezes ignorado as consequências desses modelos de feminilidade, 
tanto a nível psíquico como à possíveis danos físicos – corporais (WHITAKER, 
1988). 
Um fato importante para as meninas é a menarca, a primeira 
menstruação. Esse acontecimento é um marco de transitoriedade para as 
meninas que a partir desse momento passam a “ser moças”. Antes esse tema 
era apenas visto e tratado no sentido das mudanças que ocorrem com a 
menina, entretanto com o advento da medicalização da menstruação e com a 
imposição do uso de produtos de higiene especifico, essas questões perdem 
força e significado (LOURO, 2007). 
As queixas a respeito das cólicas, dores de cabeça e desconforto 
causados pelo período menstrual entram em confronto com a imagem da 
mulher idealizada pela mídia, onde são todas resistentes e imbatíveis. 
 
Nas escolas, essa era uma justificativa aceita para dispensa 
das aulas de educação física e muitas garotas faziam uso 
desse expediente todos os meses, pois, afinal, nesses dias 
estavam “doentes”. As professoras também tinham direito à 
falta mensal justificada, supostamente devido ao fato de que 
suas condições para dar aulas “naqueles dias” poderiam não 
ser adequadas (LOURO, p.25, 2007). 
 
Atualmente, no Brasil o deputado Carlos Bezerra criou um projeto de Lei 
6784/16 cuja proposta permite a mulher uma licença de três dias durante seu 
período menstrual, baseado em uma empresa britânica que adotou esse tipo 
de licença, a proposta conta com dados estatísticos, como que 65% das 
mulheres sofrem de dismenorreia, 70% tem queda da produtividade no trabalho 
 
34 
causado pelas dores de cabeça, inchaço nas pernas, enjoo, diarreia (NOBRE, 
2017). 
Amadurecidos, homens e mulheres são formados por comportamentos e 
atitudes advindos de uma série de identidades que foram construídas a partir 
de vivências, da cultura local, da família, do círculo de amizades, igreja, mídia e 
lei. 
 
Se as múltiplas instâncias sociais, entre elas a escola, 
exercitam uma pedagogia da sexualidade e do gênero e 
colocam em ação várias tecnologias de governo, esses 
processos prosseguem e se completam através de tecnologias 
de auto disciplinamento e autogoverno que os sujeitos exercem 
sobre si mesmos. Na constituição de mulheres e homens, 
ainda que nem sempre de forma evidente e consciente, há um 
investimento continuado e produtivo dos próprios sujeitos na 
determinação de suas formas de ser ou “jeitos de viver” sua 
sexualidade e seu gênero (LOURO, 2007, p. 25 – 26). 
 
A sociedade incorporada a todas essas mudanças, contradições e 
fragilidades opera em busca de ações que possam fixar nos sujeitos um gênero 
pré-definido, precisa-se ser homem ou ser mulher, de acordo com o sexo 
biológico e também a necessidade de enquadramento na “normalidade” da 
identidade sexual: modelo de identidade heterossexual. Os que não seguem e 
aceitam essas imposições estão prejudicando a ordem e ferindo os estigmas 
acordados entre a sociedade e instituições (LOURO, 1997). 
Em contrapartida, a escola tem a função de assegurar e estimular a 
sexualidade “normal” dos alunos, sem que isso estimule-os ao interesse em 
questões voltadas à sexualidade e sua prática. 
Ao atingir a idade de dois ou três anos e adentrar na Educação infantil a 
criança entra em relação direta com outros meninos e meninas, vendo a si e os 
outros, tendo a figura do professor (a) como instituição de poder. A carência de 
uma conversa natural sobre a sexualidade tanto dos pais quanto dos 
professores gera medos e ansiedades que podem comprometer o 
desenvolvimento de todo o processo psicossexual (NUNES; SILVA, 2000). 
 
 
 
 
 
 
35 
CAPÍTULO III 
 
IMPACTOS SOCIAIS DA CONSTRUÇÃO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO 
 
 
1 DADOS ESTATÍSTICOS 
 
Segundo os dados da Oxfam Brasil, 2017 - Oxford Committee 
for Famine Relief (Comitê de Oxford de Combate à Fome) sobre rendimentos 
salariais dos sexos masculinos e femininos, existem melhoras nos últimos 
anos. Desvencilhamo-nos de um cenário onde mulheres recebiam 40% do 
valor dos honorários dos homens para uma proporção de 62% em 20 anos, 
mormente devido ao crescente ingresso da mulher no mercado de trabalho. 
Hoje, ainda há uma implausível discrepância: o faturamento médio do homem 
brasileiro era de R$ 1.508,00 em 2015, enquanto o das mulheres era de R$ 
938,0063. Conservada a linha dos últimos 20 anos, a Oxfam Brasil calcula que 
mulheres terão nivelamento salarial apenas em 2047. 
Ponderando somente a renda do trabalho, mulheres são mais 
numerosas na faixa salarial de 0 a 1,5 salário mínimo, e ocupam um menor 
espaço em todas as faixas decorrentes. 65% das mulheres recebem até 1,5 
salário mínimo, em dissemelhança com 52% dos homens, e existe por volta de 
dois homens para cada mulher com renda superior a 10 salários mínimos. Por 
volta de 1991 e 2010, a parcela de mulheres que buscaram inclusão no 
mercado de trabalho alavancou de 35% para 53% (OXFAM, 2017). 
Esta parcela era de apenas 17% em 1960, apontando uma disposição 
histórica relativamente recente, e ainda inacabada. Os 47% de mulheres que 
não conseguem ingressar na População Economicamente Ativa (PEA) têm, em 
sua maior parte, um perfil singular: estão em idade de reprodução, possuem 
escolaridade média superior à dos homens inativos, têm filhos e são casadas. 
Isto tudo são características de uma sociedade patriarcal, que deixa com à 
mulher grande parte do trabalho de reprodução, ou seja, não remunerado. 
Todavia, este é um dos nossos maiores reveses para a atenuação drástica de 
falta de equidades de gênero no Brasil (OXFAM, 2017). 
 
36 
A Oxfam Brasil (2017) relata que mesmo a escolaridade média superior 
de mulheres sendo maior do que a dos homens – 8,4 anos de estudo e 8 
respectivamente – existe uma exacerbada diferença salarial tendo com base as 
mesmas faixas educacionais. 
Mulheres com o terceiro grau completo ganham, em média, R$ 1.338,00, 
ou seja, 66% do que ganham os homens com respectiva escolaridade (R$ 
2.023,00). Na faixa de graduação, mulheres recebem R$ 3.022,00 em média, 
apenas 63% do que recebem homens com a mesma condição educacional (R$ 
4.812,00). Médicas ganham, em média, 64% dos honorários de homens 
médicos, e mulheres economistas recebem 61% do que ganham, em média, os 
economistas homens. As formações de baixa remuneração com grande 
atuação feminina, como letras, mulheres ganham por volta de 80% do que 
ganham os homens (OXFAM, 2017). 
Considerando que um terço das famílias brasileiras é governada por 
mulheres, e metade delas é monoparental, as mulheres dedicam mais do que o 
dobro de seu dia para as atividades de casa do que os homens. A taxa de 
feminicídio dobrou entre 1980 e 2011, e uma mulher é executada a cada duas 
horas, tendo como assassinos homens com os quais possuem relações 
íntimas. 
O Brasil é o sétimo país do mundo com maiores taxas de feminicídio. 
Em 2012, o número de estupros foi superior a 50.000. O Brasil ocupa o 121º 
lugar no ranking de participação das mulheres na política, ou seja as mulheres 
preenchem um pouco mais de 10% dos assentos no Congresso Nacional. As 
mulheres também desempenham apenas 10% das prefeituras e constituem 
12% dos conselhos municipais, mesmo com o cumprimento da lei de cotas 
(30%) conquistado pela primeira vez nas eleições municipais de 2012. Desta 
forma, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa 
das Nações Unidas o Brasil ocupa a 85ª posição em desenvolvimentohumano 
e desigualdade de gênero. 
Segundo o relatório A distância que nos une: um retrato das 
desigualdades brasileiras - Oxfam Brasil, mulheres e negros são maiores 
utilizadores do sistema público de saúde. As admissões de mulheres a 
hospitais, postos de saúde e vacinação, entre outros serviços públicos, estão 
por volta de 60% a mais que os de homens (OXFAM, 2017). 
 
37 
Outra diferença exacerbada entre os gêneros se dá nas questões dos 
afazeres domésticos. De acordo com o artigo intitulado “Retrato das 
Desigualdades de Gênero e Raça” realizado pelo Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada (IPEA): 
 
Em 2009, 69,4% da população com mais de 10 anos e 70,8% 
da população com mais de 16 anos cuidavam dos afazeres 
domésticos. Praticamente não há diferença entre as 
populações branca e negra, mas ela é bastante significativa em 
relação aos sexos: 49,1% dos homens com mais de 10 anos 
declararam cuidar destes afazeres, em face de 88,2% das 
mulheres, resultado bastante semelhante ao da população com 
mais de 16 anos (IPEA, 2011, p.36–37). 
 
Desde os 5 anos de idade as meninas são induzidas a realizarem 
tarefas domésticas, enquanto meninos não são estimuladas para estas 
atividades. Esta diferença perdura durante a vida adulta, onde a média de 
horas dedicadas aos serviços do lar por mulheres acima de 16 anos é de 25 
horas semanais e por homens com a mesma faixa etária é de 10 horas. Todas 
essas horas dedicadas aos serviços domésticos, causarão impactos em 
relação as horas trabalho, acarretando sobrecarga de trabalho para as 
mulheres, haja vista que muitas delas cuidam do lar e trabalham fora (IPEA, 
2011). 
A violência está presente em nossa sociedade, sendo ela física, verbal, 
sensação de medo ou insegurança de estar em determinados lugares, tentativa 
de roubo e furto. Nota-se que os gêneros sofrem violências de maneiras 
diferentes. 
 
Em relação às ocorrências de roubo e furto, de modo geral, os 
homens enfrentam, proporcionalmente, mais este tipo de 
situação. Cerca de 4% deles foram vítimas de roubo e 4,5% de 
furto, no período de um ano, ao qual a pesquisa se referiu. 
Para as mulheres, estes valores são um pouco menores, 
alcançado 3,2% e 3,5% respectivamente. Estes dados 
confirmam a ideia de que a população masculina vivencia um 
tipo de violência praticado no espaço público, enquanto as 
mulheres, conforme se verá a seguir, enfrentam, com mais 
intensidade, a violência no espaço doméstico (IPEA, 2011, 
p.39). 
 
38 
Vale notar que a existência de sensação de insegurança do sexo feminino 
dentro de seus próprios lares, onde as vítimas são agredidas pelos seus 
cônjuges, ex-cônjuges ou outros parentes. De acordo com IPEA: 
 
Entre os homens, 46,4% dos autores eram pessoas 
desconhecidas, mas somente 2% eram cônjuges ou ex-
cônjuges, e 5,7% eram parentes. Para 26% das mulheres, a 
violência era perpetrada por seus próprios companheiros ou ex-
companheiros, e para 11,3%, por algum parente. Ainda que em 
uma proporção alta (29%), a agressão física de mulheres por 
desconhecidos era menos significativa que a de homens (p.39, 
2011). 
 
É perceptível o quanto as agressões variam de acordo com o gênero, ou 
seja, a mulher é a principal vítima de violência doméstica. 
 
1.1 Políticas públicas 
 
1.1.1 Projeto de lei de licença para mulheres no período menstrual 
 
O projeto de lei do Deputado Senhor Carlos Bezerra (2016), surgiu a 
partir de uma matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, onde relatava o 
caso de uma britânica ter conseguido afastamento remunerado no período 
menstrual, em uma pequena empresa residida em Britol (Reino Unido). Este 
afastamento nomeia-se como licença-menstrual, dando direito a funcionária 
que sofre neste período a trabalhar em casa, a ter maior flexibilidade de 
horários e compensar estas horas se necessário. 
Esta licença existe há décadas nos países Asiáticos, como China e 
Japão sendo cientificamente defendidas pelos médicos, tendo como 
justificativa as inúmeras alterações causadas no corpo feminino devido a 
menstruação. 
O Deputado Sr. Carlos Bezerra, apoia: 
 
Entendemos, portanto, que a norma proposta beneficiará as 
mulheres trabalhadoras, que padecem por ter que trabalhar 
com todos os incômodos causados pela menstruação, mas 
também trará vantagens para as empresas, que disporão da 
força de trabalho feminina sempre no melhor nível de 
produtividade (Projeto de lei 6784/16, 2016). 
 
 
 
39 
 De acordo com a lei de 2016, esta licença trará benefícios à empregada 
e ao empregador pelo fato da mulher ter maior disposição fora do período 
menstrual. 
 PROJETO DE LEI 6784/16 DE 2016 (Do Sr. Carlos Bezerra) 
 Acrescenta-se ao artigo à Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada 
pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para dispor sobre o 
afastamento do trabalho durante o período menstrual da empregada 
(PROJETO DE LEI, 2016). 
O Congresso Nacional decreta: Art. 1º A Consolidação das Leis do 
Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a 
vigorar acrescida do seguinte artigo: 
“Art. 373-B. A empregada poderá se afastar do trabalho por até 3 (três) 
dias ao mês, durante o período menstrual, podendo ser exigida a compensação 
das horas não trabalhadas.” 
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 Há mulheres que entram em estado de grande sofrimento devido ao seu 
período menstrual, gerando uma dificuldade da mesma em exercer dadas 
funções, com esta lei a mulher sente-se amparada dentro do mercado de 
trabalho, contudo sem prejudicar sua função, aja vista que esta poderá 
compensar os 3 dias de afastamento (PROJETO DE LEI, 2016). 
 
1.1.2 ONU Mulheres 
 
A ONU Mulheres foi criada em 2010, com objetivo de fortalecer e ampliar 
os esforços mundiais voltados à defesa dos direitos humanos das mulheres. Os 
principais eixos de atuação são: liderança e participação política das mulheres; 
empoderamento econômico; fim da violência contra mulheres e meninas; paz e 
segurança e emergências humanitárias; governança e planejamento; normas 
globais e regionais (ONU, 2017). 
As sedes da ONU Mulheres estão centradas em: Nova Iorque, Estados 
Unidos e possui escritórios regionais em países da África, Américas, Ásia e 
Europa. Nas Américas e Caribe, o escritório regional está situado no Panamá. 
No Brasil, o escritório atua em Brasília. 
 
40 
No momento atual, a ONU Mulheres está trabalhando pela iniciativa “Por 
um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, 
direcionado para os líderes mundiais, governos, empresas, universidades, 
sociedade civil e mídia, para acelerar a concretização de ações que favoreçam 
os direitos das meninas e mulheres. 
 
1.1.3 Eles por Elas – “He for She” 
 
Eles por Elas – He for She é um movimento de solidariedade da ONU 
Mulheres criado com o intuito de alcançar a igualdade de gênero e o 
empoderamento das Mulheres, um esforço a nível global para criar condições 
para que homens e meninos estejam juntos com as mulheres e meninas 
trabalhando na extinção das barreiras sociais e culturais impostas que 
impedem as mulheres de alcançar o seu potencial máximo e causam à elas 
violências físicas, psicológicas e emocionais. 
O movimento entende que para a promoção da igualdade entre os 
gêneros é necessário a inclusão dos homens e meninos, como agentes 
transformadores, que irão juntamente com as mulheres descontruir a ideia de 
submissão e inferioridade feminina. 
O Eles por Elas (He for She) tem como objetivo: 
 
Engajar homens e meninos para novas relações de gênero 
sem atitudes e comportamentos machistas. Para a ONU 
Mulheres, a voz dos homens é poderosa para difundir para o 
mundo inteiro que a igualdade para todas as mulheres e 
meninas é uma causa de toda a humanidade (ONU 
MULHERES, 2014). 
 
O Eles por Elas pretende ampliar a reflexão e o diálogo acerca dos 
direitos das mulheres eassim agilizar os avanços para atingir a equidade de 
gênero, que só será alcançada por meio de uma reformulação sobre essas 
questões, fazendo que esta deixe de ser apenas um problema das mulheres 
para se tornar uma questão que exige a participação e atenção de homens e 
mulheres, o que beneficiará toda a sociedade nos âmbitos social, político e 
econômico. 
 
41 
O movimento é organizado através das diretrizes seguintes: Atenção: 
educação, sensibilização e conscientização; Argumentação: impacto através de 
políticas e planejamento; Ação: captação de recursos e outras ações. 
 
1.1.4 Lei Maria da Penha 
 
“É mulher de malandro.” 
“Por que você provocou ele?” 
“É a primeira vez que ele te agrediu?” 
“Por que não denunciou antes?” 
“Está com ele porque quer!” 
 
 A violência doméstica e familiar contra o sexo feminino infelizmente se 
faz presente no Brasil e no restante do mundo, ocasionando crimes hediondos. 
Apesar disto, muitas vezes estas agressões não são vistas como alarmantes, 
haja vista que a violência doméstica está engendrada em nossa sociedade 
machista sendo estas em muitos casos vistas como culpa da mulher. 
 Estes abusos tornam-se de fato um problema social, de acordo com o 
Dossiê Violência doméstica e familiar realizado pela Agência Patrícia Galvão 
(2015): 
 
É comum os homens serem valorizados pela força e 
agressividade, por exemplo, e muitos maridos, namorados, 
pais, irmãos, chefes e outros homens acham que têm o direito 
de impor suas opiniões e vontades às mulheres e, se 
contrariados, recorrem à agressão verbal e física. 
Com base em construções culturais desse tipo, que vigoram há 
séculos, muitos ainda acham que os homens são ‘naturalmente 
superiores’ às mulheres, ou que eles podem mandar na vida e 
nos desejos delas, e que a única maneira de resolver um 
conflito é apelar para a violência. 
 
 A Lei Maria da Penha foi criada no ano de 2016 e aprovada pelo então 
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a intenção de coibir as violências 
familiares e domésticas contra a mulher. 
Categorizou-se como agressões: violência física, psicológica, sexual, 
patrimonial e moral, foram formuladas medidas de prevenção, realizadas 
campanhas e palestras educacionais com o intuito de mostrar a sociedade o 
valor da mulher. 
 
42 
Caso houver denúncia, fica garantida a proteção à vítima, onde será 
decretada a importância de sua integridade física e mental. Ao confirmar a 
queixa, a mulher deverá ser protegida pela polícia, sendo encaminhada ao 
hospital, disponibiliza-se transporte a vítima e seus dependentes. A mesma é 
encaminhada ao tratamento multidisciplinar, onde ela e seus dependentes 
terão atendimento de psicólogos e do juizado. 
De acordo com a lei Nº11.340, de 7 de agosto de 2006: 
 
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, 
orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e 
religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e 
facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física 
e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social 
(BRASIL, 2006). 
 
43 
CAPÍTULO IV 
 
METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE PESQUISA 
 
 
1 METODOLOGIA 
 
O projeto foi submetido na Plataforma Brasil atendendo a resolução 466 
do Ministério da saúde e aprovado pelo comitê de Ética e Pesquisa do Centro 
Universitário Católico Salesiano Auxilium – Parecer nº 2.358.232 - data da 
relatoria: 30 de outubro de 2017 (ANEXO A). Todos os participantes tiveram 
ciência da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (ANEXO B) de forma voluntária. 
O tipo de pesquisa utilizado no estudo foi a Pesquisa de Campo que 
segundo Fonseca: “Caracteriza as investigações em que para além da 
pesquisa bibliográfica e/ou documental, se coletam dados juntos com pessoas, 
utilizando diversos tipos de pesquisa (2002, p.32). 
A pesquisa de campo quantitativo-descritiva, subdividida em estudos de 
avaliação de programa, que se utiliza de um questionário como coleta de 
dados, que de acordo com Marconi e Lakatos (2003): 
 
Consistem nos estudos quantitativo-descritivos que dizem 
respeito à procura dos efeitos e resultados de todo um 
programa ou método especifico de atividades de serviços ou 
auxílio, que podem dizer respeito à grande variedade de 
objetivos, relativos à educação, saúde e outros. As hipóteses 
podem ou não estar explicitamente declaradas e com 
frequência derivam dos objetivos do programa ou método que 
está sendo avaliado e não da teoria. Empregam larga gama de 
procedimentos que podem aproximar-se do projeto 
experimental (p.187). 
 
 
Para a coleta de dados utilizou-se uma entrevista semiestruturada 
(APÊNDICE A), na qual há uma combinação de perguntas fechadas e abertas 
em que o entrevistado pode falar sobre o tema proposto sem respostas e 
exigências pré-estabelecidas (MINAYO, 2000). 
Esse questionário é composto por 12 questões fechadas e 13 questões 
abertas que procurou produzir e levantar informações sobre: identidade e 
 
44 
formação de gênero; postura dos pais em relação à sexualidade e estereótipos 
de gênero. 
Os participantes da entrevista foram 15 pais entre 29 a 51 anos de idade 
e 15 mães entre 25 a 55 anos de idade de crianças e adolescentes que 
possuem entre 0 a 18 anos de idade da região de Lins/SP. 
 
Quadro 1: Demonstrativo dos participantes de pesquisa identificados pela sigla 
Q – Questionário, respectivo parentesco com a criança e/ou adolescente e 
idades, sexo do filho(s) e idade(s) 
(continua) 
Participantes Parentesco Idade Filhos 
Sexo Idade 
Q1 Mãe 30 anos Fem 3 anos;3 anos 
Q2 Mãe 41 anos Masc; Fem 8 anos; 20 anos 
Q3 Mãe 46 anos Fem;Masc 13 anos;28 anos 
Q4 Mãe 42 anos Fem; Masc; Fem; Masc 
12 anos;6 anos;20 
anos;22 anos 
Q5 Mãe 25 anos Fem 7 anos 
Q6 Mãe 31 anos Masc 4 meses 
Q7 Mãe 31 anos Fem 12 anos 
Q8 Mãe 30 anos Fem 2 anos 
Q9 Mãe 25 anos Fem 2 anos 
Q10 Mãe 45 anos Fem 4 anos 
Q11 Mãe 55 anos Masc; Masc 18 anos; 30 anos 
Q12 Mãe 46 anos Fem; Masc; Masc 
10 anos; 14 anos; 25 
anos; 
Q13 Mãe 28 anos Masc 7 meses 
Q14 Mãe 30 anos Masc; Masc; Masc 2 anos;4 anos;21 anos 
Q15 Mãe 27 anos Masc; Fem 3 anos;4 anos 
Q16 Pai 45 anos Masc 11 anos 
Q17 Pai 46 anos Fem; Fem 7 anos;10 anos 
Q18 Pai 48 anos Masc; Fem 3 anos;15 anos 
Q19 Pai 33 anos Fem 2 anos 
Q20 Pai 43 anos Fem 4 anos 
Q21 Pai 33 anos Fem 1 anos 
Q22 Pai 38 anos Masc; Masc 10 anos;14 anos 
 
45 
(conclusão) 
Participantes Parentesco Idade Filhos 
Sexo Idade 
Q23 Pai 51 anos Fem; Fem 9 anos;15 anos 
Q24 Pai 36 anos Fem 2 anos 
Q25 Pai 34 anos Fem; Masc 1 ano;9 anos 
Q26 Pai 40 anos Masc; Fem 11 anos;12 anos 
Q27 Pai 29 anos Masc 4 anos 
Q28 Pai 34 anos Masc 7 anos 
Q29 Pai 33 anos Fem 2 anos 
Q30 Pai 32 anos Fem 3 anos 
Fonte: elaborado pelas autoras, 2017. 
 
A aplicação da entrevista semiestruturada, deu-se em locais de 
circulação pública, com grande concentração de pessoas, já que o intuito da 
pesquisa é justamente acessar a compreensão do senso comum acerca da 
temática em questão. 
 As pesquisadoras a partir do parecer favorável pelo Comitê de Ética 
demarcaram as datas e os locais os quais as entrevistas foram aplicadas, 
foram tomados todos os cuidados necessários para a preservação da 
identidade dos participantes. Todos os participantes foram esclarecidos acerca 
do público-alvo da pesquisa, os objetivos, a atividade a ser realizada, duração, 
ausência de ônus para a participação, possibilidade de desistência em 
qualquer momento e a garantia do sigilo das informações fornecidas, em caso 
de divulgação científica dos dados analisados, através da Carta de informação 
ao participante de pesquisa (APÊNDICE B). Depois de todas as dúvidas 
esclarecidas, os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido – TCLE, autorizando a própria participação. 
 
1.1 Psicologia

Continue navegando