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Agricultura Internacional e o Meio Ambiente - Livro-Texto - Unidade II

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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Unidade II
3 INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE POLÍTICA AMBIENTAL
3.1 Padrões de emissão e certificados negociáveis
Segundo o MMA (BRASIL, [s.d.]m),
A atividade econômica usualmente produz efeitos indiretos (externalidades 
negativas) que provocam perdas de bem‑estar para os indivíduos afetados. 
Uma das formas de corrigir esses efeitos adversos é a utilização de 
Instrumentos Econômicos (IEs), cuja função principal é internalizar custos 
externos nas estruturas de produção e consumo da economia. Os IEs 
representam uma das estratégias de intervenção pública, complementar 
aos tradicionais mecanismos de comando e controle, que busca aperfeiçoar 
o desempenho da gestão e sustentabilidade ambiental, influenciando o 
comportamento dos agentes econômicos e corrigindo as falhas de mercado.
São Instrumentos Econômicos atualmente sendo trabalhados pelo Ministério:
• Compensação Ambiental:
 As políticas de Compensação Ambiental estão fundamentadas no 
princípio do poluidor‑pagador, o qual estabelece que os custos e 
as responsabilidades resultantes da exploração ambiental dentro do 
processo produtivo deverão ser arcados pelo agente causador do 
dano. A Compensação Ambiental é um mecanismo financeiro que 
busca orientar, via preços, os agentes econômicos a valorizarem os 
bens e serviços ambientais de acordo com sua real escassez e seu 
custo de oportunidade social.
• Fomento:
 É uma atividade institucional que se propõe a promover incentivos 
econômicos objetivando o desenvolvimento sustentável. Utiliza 
instrumentos fiscais, tributários e creditícios diversos por meio dos 
quais os agentes econômicos se dispõem, em contextos específicos, 
a desenvolver atividades produtivas de bens e serviços, inclusive de 
geração de conhecimentos e tecnologias para a sustentabilidade.
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 São modalidades o fomento:
— à produção sustentável;
— à produção de conhecimentos;
— ao desenvolvimento sustentável;
— incentivos fiscais, tributários e creditícios.
 Observação
Externalidade: uma empresa pode gerar fatores que prejudicam 
empresas e as pessoas ao seu redor que não estão diretamente relacionados 
com os bens que produz, mas sim com suas consequências.
3.2 Política ambiental no Brasil e no mundo, ontem e hoje
Entende‑se por política ambiental as normas, leis e ações públicas visando à preservação do meio 
ambiente em um território. No Brasil, essa prática só foi adotada a partir da década de 1930. Nessa 
época, não se falava em desenvolvimento sustentável, porém já havia uma vertente de política ambiental 
orientada apenas para preservação. O primeiro Código Florestal Brasileiro foi instituído pelo Decreto 
nº 23.793/1934, no qual eram definidas bases para proteção dos ecossistemas florestais e para regulação 
da exploração dos recursos madeireiros.
 Saiba mais
Você pode conhecer toda a legislação do Código Florestal Brasileiro por 
meio do site:
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Brasília, 2012c. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011‑2014/2012/lei/l126 
51.htm>. Acesso em: 10 jul. 2015.
A política ambiental preservacionista da década de 1930 foi colocada em segundo plano nas décadas 
de 1940 e 1950, quando foram concentrados esforços na industrialização do país.
O processo de expansão industrial se intensificou no Brasil a partir da década de 1950, quando, 
em seu segundo mandato presidencial, Getúlio Vargas tomou importantes iniciativas nas áreas 
sociais e econômicas.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Nesse período, foram fundados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, hoje com 
a denominação de Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 1952, e a 
Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras), em 1953. Após ser muito pressionado, Getúlio Vargas não suportou e 
supostamente se suicidou com um tiro no peito em 24 de agosto de 1954.
Após a morte de Vargas, João Fernandes Campos Café Filho – vice de Vargas – assumiu o poder. 
Nas eleições de 1956, o candidato Juscelino Kubitschek de Oliveira venceu, tendo João Belchior 
Marques Goulart (Jango) como vice‑presidente. Ele ficou no poder do dia 31 de janeiro de 1956 até 
31 de janeiro de 1961, quando passou o cargo para Jânio da Silva Quadros. Seu grande objetivo era 
atrair indústrias estrangeiras.
O governo de Juscelino foi marcado pelas políticas cambial e de comércio exterior, bem como 
pela política industrial, delineada pelo Plano de Metas e apoiada num complexo sistema cambial 
e numa nova tarifa alfandegária. Essas políticas provocaram grandes mudanças na sociedade e na 
economia brasileira.
No começo de seu governo, Juscelino Kubitschek apresentou ao povo brasileiro o seu Plano de 
Metas, cujo lema era “cinquenta anos em cinco”, com a pretensão de desenvolver o país cinquenta 
anos em apenas cinco anos de governo. O plano previa investimentos em áreas necessárias para o 
desenvolvimento econômico, principalmente infraestrutura (rodovias, hidrelétricas, aeroportos) e 
indústria, como as Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (Usiminas).
Foi na área do desenvolvimento industrial que ele teve maior êxito, com a abertura da 
economia para o capital internacional, atraindo o investimento de grandes empresas, como as 
montadoras de automóveis.
Para impulsionar o desenvolvimento econômico‑financeiro do país, as políticas ambientais foram 
deixadas de lado e, consequentemente, seus avanços estagnaram.
Apenas nos primeiros anos da década de 1960, algumas ações foram realizadas, como a 
aprovação da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituía o novo Código Florestal 
Brasileiro, estabelecendo novos parâmetros, como a criação das Áreas de Proteção Permanente 
(APPs), que permaneceriam intocáveis para garantir a integridade dos serviços ambientais, e da 
Reserva Legal, que transferia compulsoriamente para os proprietários rurais a responsabilidade e o 
ônus da proteção e a responsabilização dos produtores rurais sobre a criação de reservas florestais 
em suas áreas, demonstrando preocupação com a conservação do meio ambiente e visando, 
sobretudo, à conservação dos recursos florestais.
Quase dois anos após a origem do novo Código Florestal brasileiro, foi criado o Instituto Brasileiro de 
Desenvolvimento Florestal (IBDF), que tinha a missão de formular a política florestal no país e adotar as 
medidas necessárias à utilização racional, à proteção e à conservação dos recursos naturais renováveis.
Além da realização da Conferência de Estocolmo de 1972, na qual o Brasil defendia a ideia de que 
o melhor instrumento para combater a poluição era o desenvolvimento econômico e social, nos anos 
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seguintes, graças às pressões realizadas pelos movimentos ambientalistas, o Brasil retomou o emprego 
de ações destinadas a ampliar a política ambiental no país. A primeira atitude foi a criação, no ano de 
1973, da Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema), vinculada ao Ministério do Interior e orientada 
para a preservação do meio ambiente e a manutenção dos recursos naturais no país para conservação 
do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais, passando a dividir funções com o Instituto 
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).
Na década de 1980, abriu‑se espaço para novos órgãos, como o Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(Sisnama), o Conselho Nacionalde Meio Ambiente (Conama) e um órgão voltado para a fiscalização, o 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Nessa década, ganhava força a visão de ecodesenvolvimento, que começava a ser internalizada na 
política ambiental brasileira com a promulgação da Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional de 
Meio Ambiente, quando se passa a utilizar como meio de planejar o desenvolvimento dos territórios o 
Zoneamento Econômico Ecológico e como um dos instrumentos de política ambiental a avaliação de 
impactos ambientais. Logo, as atividades causadoras de degradação ambiental passaram a depender 
do prévio licenciamento do órgão estadual competente integrante do Sisnama e do Ibama.
A Lei cria a obrigação do licenciamento, e a Resolução nº 1/1986 do Conama cita as atividades que 
precisam elaborar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima).
Quando a Comissão Brundtland, criada pela Organização das Nações Unidas em 1983, divulgou o 
conceito de desenvolvimento sustentável, a emergência de um novo padrão a seguir fez essa expressão 
passar a ser utilizada por representantes do Estado, da sociedade civil e dos empresários.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a política ambiental no Brasil teve seus maiores 
avanços quando foi elaborada aquela que é considerada uma das leis ambientais mais avançadas em 
todo o mundo.
Com a Constituição de 1988, as políticas ambientais evoluíram, e os estados e municípios passaram a 
ter competência para formularem suas próprias políticas, ao mesmo tempo que se determinou ser direito 
de todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado e dever do poder público e da coletividade 
defendê‑lo e preservá‑lo.
Tal referência deve‑se, principalmente, ao fato de a legislação envolver tanto os cidadãos em seus 
deveres quanto as empresas, as instituições e o próprio governo. Mas, a partir daí, a crítica deixou de ser 
direcionada à legislação que a Constituição Federal implementou e passou a questionar a sua aplicação, 
uma vez que vários crimes ambientais – sobretudo aqueles cometidos por grandes empresas – acabam 
sem punição.
Influenciada pela Constituição de 1988, houve a criação do Ibama, em 1989, que passou a ter a 
missão de formular, coordenar e executar a Política Nacional de Meio Ambiente. Logo após, em 1992, foi 
criado o MMA, órgão cuja missão seria formular a Política de Meio Ambiente no Brasil, e o Ibama passou 
a ter uma atuação mais voltada para fiscalização.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTE
Em 2010, começa‑se a elaborar o novo Código Florestal Brasileiro, atualmente regulado pela Lei 
nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que estabelece limites de uso da propriedade e o dever de respeitar 
a vegetação existente na terra, considerada bem de interesse comum a todos os habitantes do Brasil. 
No entanto, houve uma nova polêmica envolvendo a política ambiental, com a elaboração de um Novo 
Código Florestal, um retrocesso na legislação brasileira em relação ao meio ambiente. Entre os pontos 
polêmicos, está a redução das APPs.
Segundo o artigo 4º da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012:
Art. 4º. Considera‑se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou 
urbanas, para os efeitos desta Lei:
I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura 
mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros 
de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) 
a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) 
a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura 
superior a 600 (seiscentos) metros;
II – as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura 
mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com 
até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 
(cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas (BRASIL, 2012c).
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Unidade II
Leia o texto a seguir:
A política ambiental do Brasil ontem e hoje
A década de 90 se inicia com avanço na estrutura dos órgãos ambientais de Estado 
e também nas discussões sobre a necessidade de implementação de um modelo de 
desenvolvimento ambiental e socialmente sustentável em escala planetária.
Essas discussões culminaram com a realização da II Conferência das Nações Unidas 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO’92), repercutindo profundamente na política 
ambiental brasileira. A Conferência reuniu 179 Chefes de Estado e de Governo, empresários 
e contou com uma inédita participação da sociedade civil por meio do Fórum das ONGs. 
Diversos documentos foram assinados como a Convenção‑Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudanças do Clima, a Convenção da Diversidade Biológica, a Carta da Terra, o Protocolo 
de Florestas, a Agenda 21 Global, entre outros. A RIO’92 foi um divisor de águas na política 
ambiental, pois além de contribuir para maior participação das ONGs, trouxe também o 
universo empresarial para as questões ambientais, e os investimentos das empresas em 
meio ambiente passaram a ser crescentes nos anos subsequentes. Além disso, a Conferência 
lançou novas políticas fomentadas por doações de cooperação internacional como o 
Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil ‑ PPG7.
A RIO’92, de uma forma geral, não produziu mecanismos efetivos de alcance global 
para assegurar a aplicação de suas resoluções – a responsabilidade pelo cumprimento das 
decisões foi transferida aos Estados, que priorizam seus interesses nacionais. Após a RIO’92, 
a política ambiental no Brasil dá um salto qualitativo com a aprovação da Lei de Crimes 
Ambientais ou Lei da Natureza, nº 9.605/98. A sociedade brasileira, os órgãos ambientais e 
o Ministério Público passaram a contar com um instrumento que lhes garante agilidade e 
eficácia na punição aos infratores do meio ambiente. Com o surgimento da Lei, as pessoas 
jurídicas passaram a ser responsabilizadas criminalmente, permitindo a responsabilização 
da pessoa física autora ou coautora da infração.
O ano de 2000 se inicia com a aprovação da Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema 
Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (Snuc), dividindo as unidades de 
conservação em Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O Snuc 
reflete um avanço na política ambiental brasileira considerando que veio fortalecer a 
perspectiva de uso sustentável dos recursos naturais, das medidas compensatórias e de 
uma descentralização mais controlada da política ambiental no Brasil.
Dois anos após a criação do Snuc, foi lançada a Agenda 21 Brasileira em 2002, com vasta 
consulta à população brasileira, universidades, organizações não governamentais, órgãos 
públicos dos diversos entes federativos. A criação da Agenda 21 Brasileira foi um avanço na 
medida em que sensibiliza os governos locais e estaduais a encararem suas responsabilidades 
para um desenvolvimento sustentável, e a tomarem iniciativas para elaboração de suas 
Agendas 21 locais, por meio de planejamento estratégico e participativo.
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AGRICULTURA INTERNACIONAL E O MEIO AMBIENTEO Século 21 se inicia assim com a política ambiental mais participativa tendo 
em vista o crescente aumento dos conselhos deliberativos e consultivos. Em agosto 
de 2001 foi criado o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), que hoje 
possibilita a participação dos povos indígenas, das comunidades locais, das empresas e 
de organizações ambientalistas como convidados permanentes com direito a voz. Em 
2003, foram estabelecidas a Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) e a Comissão 
Nacional de Florestas (Conaflor), com representantes do governo e da sociedade civil. 
Além disso, houve o aumento de representatividade do Conselho Nacional de Recursos 
Hídricos (CNRH) de 29 para 57 membros. Os anos seguintes contaram com o aumento 
da Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 (CPDS) de 10 
para 34 membros e com a ampliação do conselho do Fundo Nacional do Meio Ambiente 
(FNMA) – esses são indicadores que refletem a maior participação da sociedade na 
Política Ambiental.
Com a mudança de gestão no Ministério do Meio Ambiente, surgem novas diretrizes 
para a política ambiental no Brasil, dentre as quais se destacam o fortalecimento do Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) com objetivo de promover a gestão ambiental 
compartilhada entre os governos federal, estadual e municipal; a efetivação do chamado 
princípio da transversalidade, no qual a política ambiental deixa de ser setorial para entrar 
na agenda dos diversos ministérios e órgãos públicos, e o maior controle e participação 
social nas políticas ambientais.
A participação social passa a ser ampliada com a realização da Conferência Nacional 
do Meio Ambiente, uma iniciativa que conta com a crescente participação de milhares de 
pessoas a cada evento, representantes dos mais diversos segmentos do governo e sociedade, 
onde grandes propostas foram transformadas em ações, tais como o Plano de Ação para 
a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia, o Plano BR‑163 Sustentável, as 
operações de combate à corrupção do Ibama e órgãos estaduais e a sanção da Lei de Gestão 
de Florestas Públicas.
A política florestal passa a ser reorientada com a criação do Serviço Florestal Brasileiro 
e a Comissão de Gestão de Florestas Públicas (CGFLOP), com representantes de diversas 
áreas do poder público, de empresários, de trabalhadores, da comunidade científica, dos 
movimentos sociais e das ONGs, procurando atender às reivindicações da sociedade 
referentes ao assessoramento, à avaliação e à proposição de diretrizes para a gestão 
sustentável das florestas públicas da União.
A política ambiental brasileira hoje deve ser pautada como prioridade na agenda 
internacional uma vez que os maiores problemas globais, como o das mudanças climáticas, 
têm forte relação de dependência com a política ambiental brasileira. O Brasil é um dos 
maiores emissores de Gás de Efeito Estufa do mundo e a maior parte dessas emissões é 
proveniente do desmatamento da Amazônia, o que reflete a importância da política florestal 
brasileira. O meio ambiente precisa, assim, ser prioridade na agenda do Governo.
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No plano institucional, a área ambiental do Governo Federal sofreu uma grande 
transformação com a aprovação da Medida Provisória que dispõe sobre a criação do 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, fruto do desmembramento 
do Ibama, que passa a ser responsável apenas pelo licenciamento ambiental, o controle da 
qualidade ambiental, a autorização do uso dos recursos naturais e a fiscalização.
Já o Instituto Chico Mendes fica responsável pela gestão e proteção de Unidades de 
Conservação, orientando‑se para políticas de uso sustentável. Essa divisão gerou resistência 
por parte dos servidores e alguns representantes da área ambiental – criou‑se, assim, a visão 
equivocada de que essa mudança está prejudicando a política ambiental do País.
Na verdade, o maior problema da política ambiental hoje é a dificuldade em promover 
a transversalidade, considerando os múltiplos interesses que permeiam os diversos 
setores do Governo, sejam eles econômicos, políticos, sociais. Os interesses econômicos 
em geral consideram o ambiental um entrave ao desenvolvimento de suas atividades e 
ao crescimento do Brasil. Tais interesses pressionaram fortemente o Governo em diversos 
casos, como os transgênicos, a usina nuclear de Angra 3, as hidroelétricas do Rio Madeira e 
a transposição do Rio São Francisco. A política ambiental hoje no Brasil traz muitos avanços 
no que diz respeito à participação dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, 
e da sociedade civil organizada. Essa dinâmica contribui para a melhoria da qualidade da 
governança ambiental, porém não garante que na definição das políticas sejam priorizados 
os interesses socioambientais. A perspectiva do desenvolvimento sustentável enfrenta 
oposição em diversos segmentos do mercado e até mesmo em certos setores do Governo, 
ao enxergarem equivocadamente o meio ambiente como um entrave ao desenvolvimento, 
quando, na verdade, é um elemento propulsor do desenvolvimento. No caso do Brasil, a 
biodiversidade é responsável por aproximadamente 50% do PIB.
Assim, é fundamental que empresas, sociedade e Governo estejam em sintonia, visando 
conciliar também os interesses sociais e ambientais. Os interesses econômicos que procuram 
inviabilizar a transversalidade constituem o grande obstáculo para a promoção de uma 
política ambiental integrada para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: Vieira e Cader ([s.d.]).
3.2.1 Breve história da educação ambiental global
Veja a seguir um trecho da publicação do Ministério da Educação denominada Educação Ambiental: 
Aprendizes de Sustentabilidade (BRASIL, 2007a):
Educação ambiental: aprendizes de sustentabilidade
Embora os primeiros registros da utilização do termo “Educação Ambiental” datem de 
1948, num encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) em 
Paris, os rumos da Educação Ambiental começam a ser realmente definidos a partir da 
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Conferência de Estocolmo, em 1972, onde se atribui a inserção da temática da Educação 
Ambiental na agenda internacional. Em 1975, lança‑se em Belgrado (na então Iugoslávia) 
o Programa Internacional de Educação Ambiental, no qual são definidos os princípios e 
orientações para o futuro.
Cinco anos após Estocolmo, em 1977, acontece em Tbilisi, na Geórgia (ex‑União 
Soviética), a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, cuja organização 
ocorreu a partir de uma parceria entre a Unesco e o então recente Programa de Meio 
Ambiente da ONU (Pnuma). Foi deste encontro – firmado pelo Brasil – que saíram as 
definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental que até 
hoje são adotados em todo o mundo.
Outro documento internacional de extrema importância é o Tratado de Educação 
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (Anexo) elaborado pela 
sociedade civil planetária em 1992 no Fórum Global, durante a Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Esse documento estabelece 
princípios fundamentais da educação para sociedades sustentáveis, destacando a necessidade 
de formação de um pensamento crítico, coletivo e solidário, de interdisciplinaridade, de 
multiplicidade e diversidade. Estabelece ainda uma relação entre as políticas públicas de EA 
e a sustentabilidade, apontando princípios e um plano de ação para educadores ambientais. 
Enfatiza os processos participativos voltados para a recuperação, conservação e melhoria 
do meio ambientee da qualidade de vida. O Tratado tem bastante relevância por ter sido 
elaborado no âmbito da sociedade civil e por reconhecer a Educação Ambiental como um 
processo político dinâmico, em permanente construção, orientado por valores baseados na 
transformação social.
A Agenda 21, documento também concebido e aprovado pelos governos durante a Rio 
92, é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organizações do 
sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação 
humana impacta o meio ambiente. Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo 
de planejamento participativo que resulta na análise da situação atual de um país, estado, 
município, região, setor e planeja o futuro de forma socioambientalmente sustentável.
Em Tessaloniki, no ano de 1997, durante a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente 
e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, os temas colocados 
na Rio 92 são reforçados. Chama‑se a atenção para a necessidade de se articularem ações 
de EA baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, 
mobilização e participação, além de práticas interdisciplinares.
Foi reconhecido que, passados cinco anos da Rio 92, o desenvolvimento da EA foi 
insuficiente. Como consequência, configura‑se a necessidade de uma mudança de currículo, 
de forma a contemplar as premissas básicas que norteiam uma educação “em prol da 
sustentabilidade”, motivação ética, ênfase em ações cooperativas e novas concepções de 
enfoques diversificados.
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Ainda no âmbito internacional, a iniciativa das Nações Unidas de implementar a Década 
da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005‑2014), cuja instituição representa 
uma conquista para a Educação Ambiental, ganha sinais de reconhecimento de seu papel no 
enfrentamento da problemática socioambiental, na medida em que reforça mundialmente 
a sustentabilidade a partir da Educação. A Década da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável potencializa as políticas, os programas e as ações educacionais já existentes, 
além de multiplicar as oportunidades inovadoras.
Institucionalização da Educação Ambiental no Brasil
A Educação Ambiental surge no Brasil muito antes da sua institucionalização no 
governo federal. Temos a existência de um persistente movimento conservacionista até 
o início dos anos 70, quando ocorre a emergência de um ambientalismo que se une às 
lutas pelas liberdades democráticas, manifestada através da ação isolada de professores, 
estudantes e escolas, por meio de pequenas ações de organizações da sociedade civil, de 
prefeituras municipais e governos estaduais, com atividades educacionais voltadas a ações 
para recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente. Neste período também surgem 
os primeiros cursos de especialização em Educação Ambiental.
O processo de institucionalização da Educação Ambiental no governo federal brasileiro 
teve início em 1973 com a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), vinculada 
à Presidência da República. Outro passo na institucionalização da Educação Ambiental foi 
dado em 1981, com a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) que estabeleceu, no 
âmbito legislativo, a necessidade de inclusão da Educação.
Ambiental em todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade, 
objetivando capacitá‑la para a participação ativa na defesa do meio ambiente. Reforçando 
essa tendência, a Constituição Federal, em 1988, estabeleceu, no inciso VI do artigo 225, 
a necessidade de “promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”.
Em 1991, a Comissão Interministerial para a preparação da Rio 92 considerou a Educação 
Ambiental como um dos instrumentos da política ambiental brasileira. Foram, então, criadas 
duas instâncias no Poder Executivo, destinadas a lidar exclusivamente com esse aspecto: 
o Grupo de Trabalho de Educação Ambiental do MEC, que em 1993 se transformou na 
Coordenação‑Geral de Educação Ambiental (Coea/MEC), e a Divisão de Educação Ambiental 
do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), cujas 
competências institucionais foram definidas no sentido de representar um marco para a 
institucionalização da política de Educação Ambiental no âmbito do Sistema Nacional de 
Meio Ambiente (Sisnama).
No ano seguinte, foi criado o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Além disso, o Ibama 
instituiu os Núcleos de Educação Ambiental em todas as suas superintendências estaduais, 
visando operacionalizar as ações educativas no processo de gestão ambiental na esfera estadual.
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Durante a Rio 92, com a participação do MEC, também foi produzida a Carta Brasileira 
para Educação Ambiental, que, entre outras coisas, reconheceu ser a Educação Ambiental 
um dos instrumentos mais importantes para viabilizar a sustentabilidade como estratégia 
de sobrevivência do planeta e, consequentemente, de melhoria da qualidade de vida 
humana. A Carta admitia ainda que a lentidão da produção de conhecimentos, a falta de 
comprometimento real do Poder Público no cumprimento e complementação da legislação 
em relação às políticas específicas de Educação Ambiental, em todos os níveis de ensino, 
consolidavam um modelo educacional que não respondia às reais necessidades do país.
Com o intuito de criar instâncias de referência para a construção dos programas estaduais 
de Educação Ambiental, a extinta Sema e, posteriormente, o Ibama e o MMA fomentaram 
a formação das Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental. O auxílio à 
elaboração dos programas dos estados foi, mais tarde, prestado pelo MMA.
Em dezembro de 1994, em função da Constituição Federal de 1988 e dos compromissos 
internacionais assumidos durante a Rio 92, foi criado, pela Presidência da República, o 
Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea), compartilhado pelo então Ministério 
do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e pelo Ministério da 
Educação e do Desporto, com as parcerias do Ministério da Cultura e do Ministério 
da Ciência e Tecnologia. O Pronea foi executado pela Coordenação de Educação Ambiental 
do MEC e pelos setores correspondentes do MMA/Ibama, responsáveis pelas ações voltadas 
respectivamente ao sistema de ensino e à gestão ambiental, embora também tenha 
envolvido em sua execução outras entidades públicas e privadas do país.
Em 1995, foi criada a Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental no Conselho 
Nacional de Meio Ambiente (Conama). Os princípios orientadores para o trabalho dessa 
Câmara eram a participação, a descentralização, o reconhecimento da pluralidade e 
diversidade cultural e a interdisciplinaridade. Em 1996, foi criado, no âmbito do MMA, o 
Grupo de Trabalho de Educação Ambiental, sendo firmado um protocolo de intenções com 
o MEC, visando à cooperação técnica e institucional em Educação Ambiental, configurando‑se 
num canal formal para o desenvolvimento de ações conjuntas.
Após dois anos de debates, em 1997 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram 
aprovados pelo Conselho Nacional de Educação. Os PCN se constituem em um subsídio 
para apoiar a escola na elaboração do seu projeto educativo, inserindo procedimentos, 
atitudes e valores no convívio escolar, bem como a necessidade de tratar de alguns 
temas sociais urgentes, de abrangência nacional, denominados como temas transversais: 
meio ambiente, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, com 
possibilidade de asescolas e/ou comunidades elegerem outros de importância relevante 
para sua realidade.
Em 1999, foi aprovada a Lei n° 9.795, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação 
Ambiental (PNEA, anexo), com a criação da Coordenação‑Geral de Educação Ambiental 
(CGEA) no MEC e da Diretoria de Educação Ambiental (DEA) no MMA.
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Em 2000, a Educação Ambiental integra, pela segunda vez, o Plano Plurianual 
(2000‑2003), agora na dimensão de um Programa, identificado como 0052 – Educação 
Ambiental, e institucionalmente vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
Em 2002, a Lei n° 9.795/99 foi regulamentada pelo Decreto n° 4.281, que define, entre 
outras coisas, a composição e as competências do Órgão Gestor da PNEA lançando, assim, 
as bases para a sua execução. Este foi um passo decisivo para a realização das ações em 
Educação Ambiental no governo federal, tendo como primeira tarefa a assinatura de um 
Termo de Cooperação Técnica para a realização conjunta da Conferência Infanto‑Juvenil 
pelo Meio Ambiente.
Merece destaque o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) que, em 2004, 
teve a sua terceira versão submetida a um processo de Consulta Pública, realizada em 
parceria com as Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental (CIEAs) e 
as Redes de Educação Ambiental, envolvendo cerca de 800 educadores ambientais de 22 
unidades federativas do país. Em 2004, a mudança ministerial, a consequente criação da 
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) e a transferência 
da CGEA para esta secretaria, permitiu um maior enraizamento da EA no MEC e junto 
às redes estaduais e municipais de ensino, passando a atuar de forma integrada a áreas 
de Diversidade, Educação Escolar Indígena e Educação no Campo, conferindo assim maior 
visibilidade à Educação Ambiental e destacando sua vocação de transversalidade.
A Educação Ambiental no MEC atua em todos os níveis de ensino formal, mantendo 
ações de formação continuada por meio do programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, 
como parte de uma visão sistêmica de Educação Ambiental. A Educação Ambiental passa 
a fazer parte das Orientações Curriculares do Ensino Médio e dos módulos de Educação a 
Distância na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Em 2004, tem início um novo Plano Plurianual, o PPA 2004‑2007. Em função das 
novas diretrizes e sintonizado com o ProNEA, o Programa 0052 é reformulado e passa a ser 
intitulado Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.
O Brasil, juntamente com outros países da América Latina e do Caribe, assumiu 
compromissos internacionais com a implementação do Programa Latino‑Americano e 
Caribenho de Educação Ambiental (Placea10) e do Plano Andino‑Amazônico de Comunicação 
e Educação Ambiental (Panacea), que incluem os Ministérios do Meio Ambiente e da 
Educação dos países.
Fonte: Brasil (2007a).
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3.3 Padrões de emissão
O aumento do uso de carros no mundo asiático fez essa região do planeta se transformar no epicentro 
da poluição global, alçando o problema ao status de causa de morte que mais cresce no mundo, ao lado 
da obesidade. Em 2000, 800 mil pessoas morreram afetadas pela poluição do ar em todo o mundo. Já 
em 2010, atingiu‑se um novo recorde: 3,2 milhões de pessoas faleceram devido aos poluentes, uma das 
dez causas que mais matam no mundo.
Apesar dos avanços de tecnologia em carros e combustíveis, o grande aumento no uso de carros 
anulou qualquer efetividade. Apenas como exemplo, na Índia, a concentração de partículas danosas está 
bem acima do limite de 100 microgramas por metro cúbico, deixando não apenas as agências climáticas 
preocupadas, mas também a comunidade científica. É inegável a urgência em se pensar sobre medidas 
que realmente reduzam a poluição.
3.3.1 O licenciamento ambiental
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento 
ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.
Segundo o Ibama,
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de 
qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou 
degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas 
características a participação social na tomada de decisão, por meio da 
realização de Audiências Públicas como parte do processo.
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e 
pelo Ibama, como partes integrantes do Sisnama (Sistema Nacional de Meio 
Ambiente). O Ibama atua, principalmente, no licenciamento de grandes 
projetos de infraestrutura que envolvam impactos em mais de um estado e 
nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental.
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental 
estão expressas na Lei nº 6.938/81 e nas Resoluções Conama 
nº 001/86 e nº 237/97. Além dessas, recentemente foi publicada a Lei 
Complementar nº 140/2011, que discorre sobre a competência estadual e federal 
para o licenciamento, tendo como fundamento a localização do empreendimento.
A Diretoria de Licenciamento Ambiental é o órgão do Ibama responsável 
pela execução do licenciamento em nível federal. A Diretoria vem realizando 
esforços na qualificação, organização e automação dos procedimentos de 
licenciamento ambiental, e para tanto, disponibiliza aos empreendedores 
módulos eletrônicos de trabalho, e ao público em geral, inúmeras 
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informações sobre as características dos empreendimentos, bem como a 
situação do andamento do processo.
[...] De acordo com o artigo 23, incisos VI e VII, da Constituição Federal, 
é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios proteger o meio ambiente, combater a poluição em qualquer de 
suas formas e preservar as florestas, a fauna e a flora.
Com base no federalismo cooperativo, a Lei nº 7.804, de 18 de julho de 1989, 
alterou a Lei nº 6.938, de 1981, e estabeleceu a competência comum das três 
esferas de governo para o licenciamento ambiental. Essa competência comum 
encontra‑se regulamentada pela Resolução Conama nº 237, de 1997.
Na forma do artigo 4º da Resolução Conama nº 237, de 1997, compete ao 
Ibama o licenciamento de empreendimentos ou atividades enquadrados nos 
seguintes casos de significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou 
regional (artigo 4º da mesma Resolução):
• localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país 
limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona 
econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de 
conservação do domínio da União;
• localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados;
• cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais 
do País ou de um ou mais Estados;
• destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar ou 
armazenar material radioativo ou dele dispor, em qualquer estágio, ou 
que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, 
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);
• bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a 
legislação específica; 
• Compete aos órgãos estaduais e do Distrito Federal, licenciar as 
atividades e empreendimentos (artigo 5º da Resolução Conama nº 
237, de 1997):
• localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em 
unidades de conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
• localizados ou desenvolvidos nas florestas e demaisformas de 
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no 
artigo 2º da Lei nº 4.771, de 1965, e em todas as que assim forem 
consideradas por normas federais, estaduais ou municipais;
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• cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais 
de um ou mais Municípios;
• delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por 
instrumento legal ou convênio.
Compete aos órgãos ambientais municipais, o licenciamento ambiental 
de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e 
daqueles sobre os quais houve delegação pelo Estado, por instrumento 
legal ou convênio (artigo 6º da Resolução Conama nº 237, de 1997) 
(BRASIL, [s.d.]n).
Por meio desse procedimento administrativo, o órgão ambiental competente analisa a localização, 
instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais. 
A Lei nº 6.938/81 determina a necessidade de licenciamento para as atividades utilizadoras de recursos 
ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer 
forma, de causar degradação ambiental.
São atividades que dependem de licenciamento ambiental na agropecuária:
• Atividades agropecuárias:
— projeto agrícola;
— criação de animais;
— projetos de assentamentos e de colonização.
• Uso de recursos naturais:
— silvicultura: exploração econômica da madeira ou lenha e subprodutos florestais;
— atividade de manejo de fauna exótica e criadouro de fauna silvestre;
— utilização do patrimônio genético natural;
— manejo de recursos aquáticos vivos;
— introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente modificadas;
— uso da diversidade biológica pela biotecnologia.
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 Saiba mais
Você pode obter a Cartilha de Licenciamento Ambiental, emitida pelo 
Tribunal de Contas da União, por meio do site:
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Cartilha de licenciamento 
ambiental. 2. ed. Brasília, 2007b.
3.3.2 Fontes de poluição atmosférica
A atmosfera terrrestre, com cerca de 480 quilômetros de espessura, é formada por uma camada de 
gases, sendo 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio, produzido e mantido por processos biológicos, cerca 
de 0,9% de argônio, 0,03% de dióxido de carbono, e água.
A atmosfera isola a terra de temperaturas extremas e dos raios ultravioleta do Sol e mantém o 
calor dentro do planeta. O dióxido de carbono que existe permanentemente na atmosfera da terra é 
importante para a manutenção da temperatura na superfície do nosso planeta, mas, em excesso, esse 
gás pode trazer diversos problemas para o meio ambiente. A atmosfera absorve uma variedade de 
sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes naturais e industriais, que podem se dispersar e reagir 
entre si ou com outras substâncias já presentes na atmosfera.
As fontes de emissão de poluentes podem ser as mais variadas possíveis. Podem‑se considerar dois 
tipos básicos de fontes poluição: específicas e múltiplas.
As fontes específicas são fixas em determinado território, ocupam na comunidade uma área relativamente 
limitada e permitem uma avaliação individual. As indústrias são exemplos de fontes específicas de poluição.
As fontes múltiplas podem ser fixas ou móveis; geralmente se dispersam pela comunidade, oferecendo 
grande dificuldade de serem avaliadas uma a uma. A poluição do ar causada por fontes móveis atingiu seu 
ápice na época atual em decorrência da grande expansão experimentada pela indústria automobilística, 
constituindo‑se em razão de preocupação constante pelos setores de meio ambiente e saúde.
3.3.3 Fontes agrossilvopastoris
Outra importante fonte de poluição atmosférica são as atividades agrossilvopastoris, que lançam para 
a atmosfera diversos tipos de poluentes associados a queimadas e incêndios florestais, à movimentação 
do solo e à pulverização de fertilizantes e agrotóxicos. Dentre essas fontes, as queimadas destacam‑se 
como uma prática a ser prevenida e controlada, dada a sua recorrência e ampla utilização no manejo e 
na limpeza do solo nas propriedades agrícolas.
O uso do fogo está fortemente presente na lógica cultural e econômica dos agricultores e fazendeiros 
de algumas regiões do País. A queimada é utilizada como método mais barato para a conversão da floresta 
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em áreas agrícolas, bem como para manutenção do pasto e limpeza das propriedades. No entanto, seu 
uso acarreta emissões de poluentes atmosféricos, com prejuízos para a saúde das populações expostas, 
e causa o empobrecimento dos ecossistemas e uma baixa produtividade ao longo do tempo.
Figura 28 – Queimadas: prejuízos para a saúde e os ecossistemas
Mais recentemente, vem se somar a essas preocupações o fato de as queimadas também serem 
uma importante fonte de emissão de gases de efeito estufa. O Primeiro Inventário Brasileiro de Gases 
de Efeito Estufa, submetido pelo Brasil em 2004, mostra que, em 1994, 55% das emissões de CO2eq 
estavam associadas à mudança do uso da terra e florestas. Estimativas para o ano de 2005 revelavam 
que esse valor continua elevado, em torno de 50% das emissões de CO2eq.
Entre as regiões do país afetadas pela poluição atmosférica de origem agrossilvopastoril, podemos 
destacar a região amazônica, onde as queimadas estão associadas ao desmatamento e avanço da 
fronteira agrícola, e as regiões de agricultura intensiva, em especial de cana‑de‑açúcar, onde ocorre a 
queima da palha entre as épocas de plantio.
Diante desse cenário, o governo conta com alguns programas e ações para monitorar, prevenir e 
controlar as queimadas e os incêndios florestais, bem como seus efeitos sobre a qualidade do ar nas 
regiões afetadas.
Para a agricultura, a Conama publicou a Resolução nº 425, de 25 de maio de 2010, que dispõe 
sobre critérios para a caracterização de atividades e empreendimentos agropecuários sustentáveis do 
agricultor familiar, do empreendedor rural familiar e dos povos e comunidades tradicionais como de 
interesse social para fins de produção, intervenção e recuperação de áreas de preservação permanente 
e outras de uso limitado.
A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que a população tem o direito de viver em um 
ambiente ecologicamente seguro e caracteriza como crime toda ação que lese o meio ambiente, 
determinando a exigência de que todas as indústrias potencialmente poluidoras apresentem estudos 
sobre os danos que podem causar ao meio ambiente. Ainda se faz necessário elaborar leis que 
regulamentem os dispositivos constitucionais.
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Em geral, a contaminação proveniente de fenômenos naturais é assimilada pela natureza, a qual 
possui mecanismos físicos e químicos suficientes para degradar os contaminantes emitidos.
O padrão de qualidade do ar é definido legalmente como as concentrações máximas de um 
componente gasoso na atmosfera de modo que garanta a proteção da saúde das pessoas. Os padrões de 
qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e 
são estabelecidos em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada.
Por meio da Portaria Normativa nº 348, de 14 de março de 1990, e da Resolução Conama nº 3, de 
28 de junho de 1990, o Ibama estabelece os padrões nacionais de qualidade do ar. Segundo o artigo 
1º da resolução,
São padrões de qualidadedo ar as concentrações de poluentes atmosféricos 
que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde, a segurança e o bem‑estar da 
população, bem como ocasionar danos à flora e à fauna, aos materiais e ao 
meio ambiente em geral.
Parágrafo único. Entende‑se como poluente atmosférico qualquer forma de 
matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo 
ou características em desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem 
ou possam tornar o ar:
I – impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde;
II – inconveniente ao bem‑estar público;
III – danoso aos materiais, à fauna e flora.
IV – prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades 
normais da comunidade (BRASIL, 1990).
No Brasil, são estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. 
Veja o que afirma o artigo 2º da mesma resolução do Conama:
Art. 2º Para os efeitos desta Resolução ficam estabelecidos os 
seguintes conceitos:
I – Padrões Primários de Qualidade do Ar são as concentrações de poluentes 
que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população.
II – Padrões Secundários de Qualidade do Ar são as concentrações de 
poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o 
bem‑estar da população, assim como o mínimo dano à fauna, à flora, aos 
materiais e ao meio ambiente em geral.
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Parágrafo único. Os padrões de qualidade do ar serão o objetivo a ser 
atingido mediante a estratégia de controle fixada pelos padrões de emissão 
e deverão orientar a elaboração de Planos Regionais de Controle de Poluição 
do Ar (BRASIL, 1990).
Assim, os padrões primários de qualidade do ar podem ser entendidos como níveis máximos 
toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo‑se em meta de curto e médio prazo, 
enquanto os padrões secundários de qualidade do ar podem ser entendidos como níveis desejados de 
concentração de poluentes, constituindo‑se em meta de longo prazo.
Quanto às fontes industriais de poluição atmosférica, a quantidade e a qualidade dos poluentes 
emitidos dependem de fatores relacionados à fabricação do produto, como as matérias‑primas e os 
combustíveis envolvidos no processo, da eficácia e da eficiência do processo, do produto final fabricado 
e do grau de medidas de controle de emissões, que influem diretamente no tipo e na concentração do 
poluente expelido.
Figura 29 – Chaminés: fontes industriais de poluição atmosférica
São poluentes padronizados no Brasil: partículas totais em suspensão, fumaça, dióxido de enxofre, 
partículas inaláveis, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio.
Quanto aos métodos de controle da poluição do ar, temos as medidas indiretas e as diretas.
As medidas indiretas são utilizadas para impedir a geração do poluente, por exemplo, substituição 
de matérias‑primas ou mudança de processos de fabricação ou operação. Para a diminuição da 
quantidade de poluentes gerados, citamos algumas recomendações, como boa operação e manutenção 
de equipamentos produtivos, adequado armazenamento de materiais e mudança de processos, 
equipamentos e operações.
Já as medidas diretas se referem a agir nos poluentes na fonte, antes do lançamento na 
atmosfera, ou ainda à retenção do poluente após a geração, por meio de equipamentos de controle 
de poluição do ar (ECP).
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Podemos citar ainda outras Resoluções Conama, como a nº 5/89, que institui o Programa Nacional 
de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), a nº 18/86, que estabelece o Programa de Controle do Ar por 
Veículos Automotores (Proconve), e a nº 8/90, que estabelece o limite máximo de emissão de poluentes 
do ar (padrões de emissão) em fontes fixas de poluição.
3.4 Meio ambiente e desenvolvimento
Modificada pela industrialização, a Terra vem sofrendo com grandes transformações ambientais 
há algum tempo. A chamada Revolução Verde, junto com a Revolução Industrial, são as principais 
responsáveis por tantos impactos causados na natureza.
O desmatamento, o aumento das emissões de gases‑estufa e a contaminação das águas e do solo 
são problemas que impactam a população nos dias de hoje, mas a origem se dá há algumas décadas, por 
ocasião da intensificação do processo de industrialização e da utilização irracional dos recursos naturais 
orientada para atividades agrícolas.
Com isso, surgiu uma tendência mundial a adotar medidas de investimento na busca de fontes 
renováveis de energia. No caso dos biocombustíveis, esse fato ocasiona ainda maior expansão das 
atividades produtivas na agricultura.
A ampliação das culturas da cana‑de‑açúcar e do milho, para a produção de álcool, e da mamona, do 
girassol, da soja e do amendoim, para a produção de óleos vegetais, associada à substituição da floresta 
por áreas de pastagem de gado, tem provocado diversos impactos na biodiversidade, com práticas 
devastadoras que levam ao desgaste do solo. No caso da cana‑de‑açúcar, por exemplo, o uso da vinhaça, 
um subproduto do refino do álcool, como fertilizante pode ser desastroso.
A vinhaça é rica em nitrogênio, elemento químico cujo efeito utilizado na forma de fertilizantes 
pode ser grave para o equilíbrio da água de rios e lagos, podendo favorecer o crescimento de algas e 
o consequente processo, conhecido como eutrofização, que provoca diminuição do oxigênio na água, 
diminuindo a qualidade desta e alterando substancialmente o ecossistema.
Já a fuligem produzida pela queima da cana‑de‑açúcar, com os objetivos de promover a limpeza 
parcial do canavial e facilitar a operação de colheita da cana, tanto manual como mecânica, contém 
um tipo de carbono diferente, que pode ser assimilado em maior ou menor escala por organismos 
presentes em um rio. Após a queima do material, a fuligem se deposita no solo ou em um ecossistema 
aquático e acidifica o solo e a água, e isso também acarreta graves consequências para os ecossistemas, 
assim como a acidificação dos oceanos provocada pelas emissões deliberadas de CO2 na atmosfera 
do planeta.
Como consequência da acidificação, os produtos alimentícios estão sofrendo com produtividade. 
Assim, ocorre uma alta de preços. A suspensão de novos investimentos em biocombustíveis já foi 
recomendada pela ONU, pois além dos fatores até aqui comentados, sua produção requer grandes 
quantidades de água, recurso cada vez mais escasso em razão da crescente perda de elementos 
fundamentais dos lençóis freáticos, via consumo ou contaminação, de difícil reconstituição. 
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Para produzir 1 litro de combustível feito da cana‑de‑açúcar, por exemplo, são necessários 1.400 
mil litros de água.
Muito se fala sobre as áreas desmatadas pela agricultura, mas a maioria das florestas derrubadas, 
sobretudo o sul da Amazônia, inicia‑se no território do Mato Grosso, não tendo na agricultura o único 
algoz, mas também na pecuária, que transforma milhares de quilômetros de mata em pastos. Como o 
custo de manutenção do pasto é dispendioso, o local é deixado de lado e se transforma em área degradada.
Isso mostra que a pecuária, mesmo nos tempos atuais, ainda é extensiva e merece mais atenção. 
A utilização de criação em confinamento, embora custosa, pode ser uma solução para evitarmos a 
degradação das matas e do meio ambiente.
O mundo inteiro entraria em colapso sem a existência de solos férteis, água de boa qualidade e ar 
limpo. O valor dos serviços prestados pela natureza pode parecer infinito, mas como não há justificativapara os abusos do meio ambiente, muitos países estão tomando medidas de controle para minimizar o 
desequilíbrio do efeito estufa, com investimentos na agroenergia.
Porém, embora a grande preocupação com a expansão dos cultivos de soja, de cana‑de‑açúcar e de 
milho para produzir biocombustíveis seja saber se as áreas de produção de alimentos serão substituídas 
por áreas para produção de energia, pouco se tem olhado para a questão da água. A maior parte das 
áreas de produção de agroenergia não possui água suficiente para manter as culturas com elevada 
produtividade, sendo necessário irrigá‑las. Isso representa outro sério problema que deverá alterar, 
drasticamente, o ciclo da água.
Em outras palavras, o que pareciam soluções, como o investimento em biocombustíveis e a expansão 
das áreas de produção de alimentos, pode significar grande prejuízo ambiental. É necessário debater se 
os biocombustíveis podem ser uma alternativa viável, além de se promover a discussão sobre a expansão 
agrícola, cujos danos ao meio ambiente devem estar sob o necessário controle.
4 CERTIFICADOS NEGOCIÁVEIS
Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados cuja emissão é feita 
para uma pessoa ou empresa que reduziu a emissão de gases do efeito estufa.
Por convenção, a redução de 1.000 kg na emissão de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um 
crédito de carbono. O crédito pode ser negociado no mercado internacional, por meio de Bolsas de Valores. 
A redução da emissão de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, pode ser convertida em 
créditos de carbono, utilizando‑se o conceito de carbono equivalente (equivalência em dióxido de carbono).
Comprar créditos de carbono no mercado corresponde a comprar uma permissão para emitir gás de 
efeito estufa. Essa permissão, negociada no mercado internacional, deve ser necessariamente inferior ao 
da multa que o emissor deveria pagar ao poder público, por emitir gás de efeito estufa. Para o emissor, 
portanto, comprar créditos de carbono no mercado significa, na prática, obter um desconto sobre a 
multa devida.
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Redução Certificada de Emissões é um mercado gerado pelas transações 
de compra e venda de certificados, que pode ser adquirida por empresas, 
para abater suas metas de redução de emissões.
Acordos internacionais, como o Protocolo de Quioto, determinam uma cota máxima de gás de efeito 
estufa que os países desenvolvidos podem emitir. Os países, por sua vez, criam leis que restringem as 
emissões de gases de efeito estufa. Assim, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir 
as metas de redução de emissões tornam‑se compradores de créditos de carbono ou arcam com as 
multas que os governos possam impor.
O artigo 12 do Decreto nº 5.445, de 12 de maio de 2005, institui o Mecanismo de Desenvolvimento 
Limpo. O parágrafo 5º define que
As reduções de emissões resultantes de cada atividade de projeto devem ser 
certificadas por entidades operacionais a serem designadas pela Conferência 
das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo, com base em:
• participação voluntária aprovada por cada Parte envolvida;
• benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo relacionados com a 
mitigação da mudança do clima, e
• reduções de emissões que sejam adicionais às que ocorreriam na 
ausência da atividade certificada de projeto (BRASIL, 2005a).
Segundo o Portal Brasil,
A meta de diminuir a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera 
deu origem à criação do Protocolo de Quioto. Assinado em 1997, o acordo 
internacional determinou a redução da emissão de gases, estipulando uma 
redução média de 5,2% entre 2008 até 2012, com base na emissão do ano de 
1990. Um novo texto prevê cortes de pelo menos 25% a 40% nas emissões 
em 2020, sobre os níveis de 1990, para os países desenvolvidos.
[...] Longe de atingir as metas propostas, foi definido para os países com 
esse perfil a possibilidade de adquirir créditos de outros países que tivessem 
projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
[...] o MDL possibilita que países em desenvolvimento se beneficiem das 
atividades de redução de emissões de gases do efeito estufa, incluindo 
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a posterior venda das Reduções Certificadas de Emissões (RCEs). O 
mecanismo deve implicar em reduções de emissões adicionais àquelas 
que ocorreriam na ausência do projeto, garantindo benefícios reais, 
mensuráveis e de longo prazo para a mitigação da mudança do clima 
(BRASIL, 2014b).
O direito de propriedade consiste em uma licença por meio da qual os agentes econômicos, no 
desenvolvimento de suas atividades produtivas, têm a permissão de poluir e/ou degradar o meio 
ambiente, em estrita consonância com o que está especificado em cada licença.
Dimensões da sustentabilidade:
• Sustentabilidade social: distribuição de renda e riqueza de forma equitativa. Aumento dos 
direitos das grandes massas populacionais.
• Sustentabilidade econômica: alocação e gerenciamento mais eficiente dos recursos naturais.
• Sustentabilidade ecológica: uso dos recursos naturais com o mínimo de danos ao sistema; 
limitação do consumo de combustíveis fósseis, substituindo por recursos renováveis ou produtos 
inofensivos; redução do volume de lixo/poluição por meio da reciclagem e conservação de 
recursos e energia; intensificação da pesquisa de tecnologias eficientes no uso dos RN.
• Sustentabilidade espacial: configuração urbano‑rural mais equilibrada e distribuição territorial 
dos assentamentos humanos.
• Sustentabilidade cultural: projetos de mudança em uma continuidade cultural.
A Lei nº 6.938/81, de 31 de agosto de 1981, em seu artigo 9º, estabelece os seguintes instrumentos 
da Política Nacional do Meio Ambiente:
Art 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental; (Regulamento)
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
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VI – a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção 
ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público 
Federal, Estadual e Municipal;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, 
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela 
Lei nº 7.804, de 1989)
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis – Ibama; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando‑se o Poder Público a produzi‑las, quando inexistentes; (Incluído 
pela Lei nº 7.804, de 1989)
 XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras 
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluídopela Lei nº 7.804, de 1989)
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão 
ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) 
(BRASIL, 1981).
Tipos de certificados negociáveis:
• Bolhas ou bubble: quando duas fontes estacionárias de poluição se ajustam, compensando o 
aumento de poluir de uma fonte pela diminuição da poluição da outra.
• Compensação ou offset: permite que novas fontes de emissão sejam instaladas, desde que se 
obtenha uma redução das emissões das fontes já existentes a uma quantidade igual à que seria 
emitida pela indústria nova.
• Redes ou netting: no caso de expansão da instalação, a empresa será liberada, desde que se 
prove que possa atingir os mesmos níveis de emissão.
• Bancos ou banking: fontes poluidoras guardam seus créditos para usos futuros.
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As dimensões da sustentabilidade são: social, econômica, ecológica, 
espacial e cultural.
4.1 Mercado de crédito de carbono
Leia o texto a seguir, de Meneguin (2012):
Brasil, economia e governo: o que é o mercado de carbono e como ele opera no Brasil
O crédito de carbono é um certificado eletrônico que é emitido quando há diminuição 
de emissão de gases que provocam o efeito estufa, gerador de aquecimento global. Um 
crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser 
emitido para a atmosfera. Aos outros gases reduzidos são emitidos créditos, utilizando‑se 
uma tabela de equivalência entre cada um dos gases e o CO2.
Empresas que conseguem diminuir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) obtêm esses 
créditos, podendo vendê‑los nos mercados financeiros. Os créditos de carbono são considerados 
commodities (mercadorias negociadas com preços estabelecidos pelo mercado internacional).
Estes créditos geralmente são comprados por empresas no exterior que, em função 
do Protocolo de Quioto, têm metas obrigatórias de redução de emissões de gases de 
efeito estufa, mas não conseguem atingir o patamar determinado. A compra dos créditos 
permite‑lhes manter ou aumentar suas emissões.
Ou seja, empresas que poluem acima do limite permitido pelo Protocolo de Quioto 
pagam pela poluição adicional que geram, remunerando as atividades que reduzem as 
emissões de gases.
Pelo Protocolo de Quioto, os países industrializados deverão reduzir suas emissões de 
GEE em relação às emissões de 1990. O Protocolo estabeleceu três mecanismos inovadores, 
conhecidos como Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e o Mecanismo de 
Desenvolvimento Limpo (MDL). Os dois primeiros são exclusivos dos países que possuem 
metas obrigatórias, o que não é o caso do Brasil.
Somente no caso do MDL é que existe a finalidade de contribuir para o desenvolvimento 
sustentável dos países em desenvolvimento.
O comércio de emissões é um sistema global de compra e venda de emissões de carbono, 
baseado no esquema de mercado cap and trade. A expressão cap and trade, que na tradução 
livre seria algo como “limite e negociação”, é usada para denominar um mecanismo de 
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mercado que cria limites para as emissões de gases de um determinado setor ou grupo. Com 
base nos limites estabelecidos, são lançadas permissões de emissão e cada participante do 
esquema determina como cumprirá estes limites.
As cotas (ou permissões) de emissão podem ser comercializadas, ou seja, aqueles países (ou firmas) 
que conseguem emitir menos do que foi estabelecido a eles podem vender o excedente àqueles que 
não conseguiram (ou não quiseram) limitar suas emissões ao número de cotas que tinham.
Nesse ponto é que surge o interesse nos projetos de MDL realizados nos países em 
desenvolvimento (que não possuem metas obrigatórias), pois esses projetos dão direito aos 
seus idealizadores de receberem créditos de carbono para comercializar.
Há uma série de critérios para reconhecimento desses projetos, como estarem 
alinhados às premissas de desenvolvimento sustentável do país hospedeiro, definidos 
por uma Autoridade Nacional Designada. No caso do Brasil, tal autoridade é a Comissão 
Interministerial de Mudança do Clima. Somente após a aprovação pela Comissão é que o 
projeto pode ser submetido à ONU para avaliação e registro.
De acordo com o estabelecido pelas regras do MDL, todo projeto deve ter um proponente, 
que será o responsável por ele perante as instâncias do Conselho Executivo do MDL.
O proponente deve ser uma pessoa jurídica – o que significa que projetos de MDL 
podem ser propostos por governos, ONGs, cooperativas, associações e empresas ou outras 
instituições formais, mas não por indivíduos ou entidades informais.
Os requisitos gerais que devem ser atendidos por um projeto de MDL, segundo o 
Conselho Executivo, são:
• ter a participação voluntária dos atores envolvidos;
• contar com a aprovação do país onde será implantado;
• apoiar os objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pelo país onde será implantado;
• reduzir as emissões de GEE em relação ao que ocorrerá se ele não for implementado 
– princípio da adicionalidade;
• contabilizar o aumento de emissões de GEE que ocorra fora dos limites das suas 
atividades (chamadas “fugas”) e que seja atribuível a essas atividades;
• trazer uma estimativa dos impactos de suas atividades – as partes envolvidas e/ou 
afetadas por esses impactos deverão ter sido comprovadamente consultadas;
• gerar benefícios climáticos – mensuráveis, reais e de longo prazo.
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Depois que um projeto de MDL entra em vigor, o Conselho Executivo do MDL emite, de 
tempos em tempos, a Redução Certificada de Emissões (RCE), documento eletrônico que 
especifica os créditos de carbono alcançados por esse projeto.
Em termos mundiais, o valor total do mercado de carbono cresceu 11% em 2011, 
alcançando a cifra de US$ 176 bilhões (o que corresponde à transação de 10,3 bilhões de 
toneladas de dióxido de carbono equivalente), conforme o relatório “State and Trends of the 
Carbon Market”, publicado pelo Banco Mundial neste ano.
Relativamente aos números do mecanismo de desenvolvimento limpo, até julho de 
2012, foram aprovados e registrados na ONU 4.329 projetos de MDL oriundos de todo o 
mundo. Desses, 49% ocorreram na China.
O Brasil conta com apenas 5% do total. Muitos advogam que essa pequena participação 
no País é fruto da falta de regulamentação do mercado de carbono no Brasil.
Há que se comentar que é natural que a China tenha muito mais projetos de MDL que o 
Brasil, pois, primeiramente, a economia chinesa é mais de três vezes maior que a brasileira. 
Além disso, a economia da China possui uma matriz energética baseada em combustíveis 
fósseis, diferente do Brasil, cuja matriz energética é muito limpa, predominando as 
hidrelétricas. Isso cria muito mais oportunidades para a China pensar em projetos de MDL.
Quanto à regulamentação do mercado de carbono no Brasil, esta cabe à Comissão Interministerial 
na condição de Autoridade Nacional Designada do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Algumas resoluções foram emitidas pela Comissão, sendo que se destaca a Resolução n° 
1, de 11 de setembro de 2003, da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, 
que estabelece os documentos que devem ser enviados pelos proponentes com vistas a 
obter a aprovação de projetos de MDL. Há também, no site da Comissão, um manual para 
facilitar a elaboração das propostas.
No âmbito do Poder Legislativo, a proposição quetalvez mais debate tenha gerado sobre 
a regulamentação dos créditos de carbono foi o PLS nº 33, de 2008, fruto dos trabalhos da 
Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas, que funcionou no Congresso Nacional 
entre fevereiro de 2007 e junho de 2008.
O objetivo da proposição é definir a natureza jurídica da Redução Certificada de 
Emissão. As RCE são títulos virtuais – negociáveis no mercado financeiro internacional – 
correspondentes a reduções efetivas de emissões de gases de efeito estufa derivadas da 
implementação de projetos baseados no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Além de todo o procedimento estabelecido no âmbito do Protocolo de Quioto 
(certificação, validação e verificação nos âmbitos doméstico e internacional), a proposição 
determina que as RCE deveriam ser registradas junto à CVM.
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Esse projeto não prosperou e o principal argumento é que a caracterização como valor 
mobiliário submeteria as RCE a rígidos critérios da CVM, que se somariam a outros requisitos 
estipulados pelos órgãos técnicos responsáveis pela análise dos projetos de MDL. Esse 
duplo controle introduziria dificuldades substantivas no comércio dos créditos de carbono, 
inclusive com o aumento dos custos das reduções de emissões promovidas no Brasil, com 
prejuízo para a competitividade das RCE brasileiras no mercado internacional.
Por fim, relativamente ao arcabouço jurídico no Brasil sobre o tema, há que se comentar 
acerca da Lei nº 12.187, de 2009, que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima – 
PNMC. O art. 9º dessa norma estabelece que: “O Mercado Brasileiro de Redução de Emissões 
– MBRE será operacionalizado em bolsas de mercadorias e futuros, bolsas de valores e 
entidades de balcão organizado, autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, 
onde se dará a negociação de títulos mobiliários representativos de emissões de gases de 
efeito estufa evitadas certificadas”.
Esse mercado não foi implementado no Brasil e os motivos não são a falta de 
regulamentação. O principal motivo para que o mercado não funcione é simplesmente o fato 
de que não existe uma demanda para créditos de carbono no País (até existe oferta, mas não 
demanda). As empresas brasileiras demandariam créditos de carbono se elas possuíssem metas 
obrigatórias de redução de emissões (como no mecanismo cap and trade). Pode‑se pensar 
então que a solução para começar a funcionar o mercado brasileiro de redução de emissões 
seja estabelecer metas obrigatórias internas. Mas isso geraria mais problemas para a economia 
brasileira, pois ter que se ajustar a uma meta gera custos e isso diminuiria a competitividade 
brasileira perante os outros países em desenvolvimento, que também não possuem metas.
Isso não significa que a venda de RCE não aconteça no Brasil. A BM&FBOVESPA possui 
um ambiente eletrônico de negociação desenvolvido para viabilizar o fechamento de 
negócios com créditos gerados por projetos de MDL. As operações são realizadas por meio 
de leilões eletrônicos, via web, e agendados pela BM&FBOVESPA a pedido de entidades – 
públicas ou privadas – que desejem ofertar seus créditos de carbono no mercado.
Algumas iniciativas sustentáveis desenvolvidas no Brasil, considerando o atual marco 
regulatório, já souberam aproveitar bem as oportunidades, beneficiando‑se de créditos de 
carbono que foram vendidos para outros países.
Para exemplificar, podemos citar um dos casos mais conhecidos de projetos de MDL 
desenvolvidos no Brasil. Trata‑se do Aterro Sanitário Bandeirantes, localizado em Perus, 
na região metropolitana de São Paulo. Com uma área total de 1.400.000 m², o Aterro 
Bandeirantes está desativado desde março de 2007 tendo operado durante 28 anos e 
recebido, até 2006, cerca de 36 milhões de toneladas de resíduos.
A captação do biogás gerado no aterro foi iniciada em 2004 após uma série de estudos 
preliminares sobre a viabilidade do projeto e a instalação de uma usina termelétrica a 
biogás em 2003, onde o gás captado no aterro é tratado (retirada a umidade e feita uma 
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pré‑filtragem) e depois transformado em energia. O Aterro Bandeirantes possui capacidade 
para gerar aproximadamente 170 mil MWh de energia elétrica por ano e possibilitou, até 
então, a comercialização, pela prefeitura de São Paulo, de 1.262.793 RCEs.
Os recursos arrecadados não são desprezíveis. Basta saber que, em setembro de 2007, 
o banco holandês Fortis Bank NV/SA desembolsou R$ 34 milhões pelo lote de 808.450 
créditos de carbono colocados em negociação pela Prefeitura de São Paulo na Bolsa de 
Mercadorias e Futuros.
Concluindo, ao estudar a matéria, o que se percebe é que para o desenvolvimento de 
projetos de MDL no Brasil, não é necessária mais regulamentação. Muito pelo contrário, 
talvez outras normas sobre o assunto dificultem ainda mais iniciativas do Brasil na área. O 
que foi estabelecido pelo Protocolo de Quioto já cuida do necessário para que haja o devido 
controle sobre os projetos.
Fonte: Meneguin (2012).
 Observação
A grafia correta da cidade onde foi assinado o protocolo é Kyoto, mas 
também encontramos as grafias Kioto e a aportuguesada Quioto.
Agora, observe o que é exposto pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam):
O que é e como funciona o mercado de carbono?
O Mercado de Carbono surgiu a partir da criação da Convenção‑Quadro das Nações 
Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, em inglês), durante a ECO‑92, no Rio de 
Janeiro. Em 1997, durante uma de suas mais importantes reuniões em Quioto, Japão, 
foi decidido que os países signatários deveriam assumir compromissos mais rígidos para 
a redução das emissões de gases que agravam o efeito estufa, ficando conhecido como 
Protocolo de Quioto.
Este Protocolo, para entrar em vigor, deveria reunir 55% dos países, que representassem 
55% das emissões globais de gases de efeito estufa, o que só aconteceu depois que a Rússia 
o ratificou em novembro de 2004.
Assim, o objetivo central do Protocolo de Quioto passa a ser que os países limitem ou 
reduzam suas emissões de gases de efeito estufa. Por isso, a redução das emissões passa a 
ter valor econômico.
Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de 
carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão 
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de outros gases, igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em 
créditos de carbono, utilizando‑se o conceito de Carbono Equivalente.
Para ajudar os países a alcançar suas metas de emissões e para encorajar o setor privado 
e os países em desenvolvimento a contribuir nos esforços de redução das emissões, os 
negociadores do Protocolo incluíram três mecanismos de mercado, além das ações de 
caráter nacional ou esforços de redução individuais:
a) Comércio de emissões:
Países do Anexo I que tiverem limites de emissões sobrando (emissões permitidas, mas 
não usadas), podem vender esse excesso para outras nações do Anexo I que estão emitindo 
acima dos limites.
Uma das principais corretoras para o comércio de emissões é a European Climate Exchange.
b) Implementação Conjunta:
Mecanismo onde os países do Anexo I podem agir em conjunto para atingir suas metas. 
Assim, se um país não vai conseguir reduzir suficientemente suas emissões, mas o outro vai, 
eles podem firmar um acordo para se ajudar.
O mecanismo de Implementação Conjunta permite de maneira flexível e com eficiência 
em custo que um país possa atingir