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RESUMO - 10 LIÇÕES DE MAQUIAVEL - RESUMO VI LIÇÃO.

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Maquiavel nasceu em 03 de maio de 1469, no seio de uma família bem posta socialmente, com muitas posses em Val Di Pesa. O pai de Maquiavel, Bernardo di Nicolo Maquiavelli, pertencia a um ramo menos apolento do clã. De fato, Bernardo, apesar de sua origem aristocrática, só conseguiu manter a sua família devido ao trabalho como advogado, além, é claro, de rígida parcimônia. Já à mãe, Bartolommea di Stefano Nelli, foram atribuídos talentos poéticos, cogitando-se que dela nosso autor teria herdado o pendor para essa arte que lhe inflamara a vida. Maquiavel é um "filho da sua época", que é o testemunho típico da Renascença. Renascença foi um movimento, umas revivificarão das capacidades de homem, um novo despertar da consciência de si próprio e do universo - um movimento que se alastrou pela Europa Ocidental e que, pode-se dizer, durou mais de dois séculos. [...]. Como outros movimentos, teve precursores, mas diferentemente dos outros, não foi delimitado por nenhum objetivo particular e a onda fertilizante que varreu a Itália, a Alemanha, a França, a Inglaterra e, em grau muito menor, a Espanha, deixando atrás de si um mundo novo, parece-se mais com um fenômeno da natureza do que com uma corrente da história, mais uma atmosfera envolvendo os homens do que um ramo definido à sua frente. Iniciando-se na Itália, especialmente em Florença, e espraiando-se pelo ocidente europeu, os novos ares eram percebidos de forma consciente pelas pessoas cultas que viam o seu mundo recriar a grandeza literária, filosófica e artística da Antiguidade Clássica. Em pleno desenvolvimento do processo, no ano de 1550, o pintor italiano Vasari publica uma obra de extrema importância, As vidas dos artistas, na qual compara as glórias do período clássico às realizações do passado recente na Itália, bem como de sua época, cunhando um termo para a fase que havia apartado dois grandes momentos de exaltação do espírito humano (Antiguidade e Renascimento): Idade Média. 
	É nesse mundo em rápida transformação que devemos situar Maquiavel, um mundo redivivo, entre séculos XIV e XVI, sucesso da letargia medieval e assentado em bases humanistas e antropocêntricas.
	Nicolau iniciou seus estudos, em 6 de maio de 1476, aos 7 anos sob magistério de Matteo, com quem, a fim de familiarizar-se com os primeiros elementos da língua latina, passou a ler Donatello. No ano posterior, estudou com outro professor de gramática, Battista de Poppi, na Igreja de São Benito e, aos 11anos, sob a batuta de Paolo da Ronconciglione, já disserta em latim. Malgrado as dificuldades, obteve uma boa educação, sendo, além do latim, versado em retórica. Seu poeta preferido era Virgílio, travando contato também com os historiadores do período clássico, Tucídides, Tácito e o já citado Tito Lívio. Entre os modernos dedicava-se à leitura de Dante, Petrarca e Boccaccio. 
	O ano de nascimento de nosso autor marca também a chegada ao poder, em Florença, de Lourenço, O Magnífico, que conseguiria, após a conspiração dos Pazzi, em 1478, edificar, por meio de sua habilidade diplomática, uma paz provisória, que não sobreviveria à sua morte, em 1492. 	Dia 28 de maio de 1498, nosso pensador é indicado como secretário da Segunda Chancelaria pelo Conselho dos Oitenta, sendo sua nomeação ratificada em 19 de junho pelo Conselho Maior. Até hoje permanece um ministérios a causa que teria levado o Conselho dos Oitenta e o Conselho Maior a elevarem um jovem, que não era doutor em leis, nem tabelião, nem havia se destacado por méritos literários especiais, ao posto de segundo chanceler da República. Sabe-se que, em fevereiro daquele ano, ele havia entrado em concurso e sido escrutinado para um cargo de pequena importância na Chancelaria, porém, com a morte de Savonarola e a ruína de seus seguidores, entre os quais estariam seus concorrentes mais fortes, o caminho ficara livre. Conjectura-se que Marcello Adriani que, com a mudança do governo, passara a ocupar o cargo de primeiro chanceler, teria contribuído para a escolha de Maquiavel, pois segundo Ridolfi, Adriani teria sido mestre do florentino, não sendo despropositada a versão de que Nicolau teria frequentado suas aulas na Universidade de Florença (Studio di Firenze). 
Cumpre-nos, aqui, trazer à baila o tema, sempre tão discutido, da metodologia utilizada por Maquiavel em sua obra. De início, faz-se senhor salientar que o nosso secretário - longe de construir um sistema filosófico bem ordenado - é um autor intuitivo, cujas ideias refletem sua experiência durante os quatorzes anos em que foi chefe da Segunda Chancelaria, além de terem por lastro intelectual a contínua leitura dos historiadores greco-romanos. Não é um filósofo, como corriqueiramente se pensa, mas um pensador que, aferrado ao mundo prático, funda os alicerces de uma nova ciência política. Maquiavel, portanto, é um observador frio da vida política italiana, para ele decadente, e um cultor das ações dos líderes da Antiguidade, especificamente dos romanos, sempre tão virtuosos e cujos exemplos deveriam servir de guia para os príncipes italianos. 
O secretário florentino, assim, parte da experiência dos acontecimentos que o cercam. Suas análises são da mesma forma que as ponderações de Galileu, empíricas por excelência. Alçando-se sobre uma filosofia medieval marcadamente dedutiva, nosso autor, como um verdadeiro cientista, chega às suas conclusões induzindo, a partir de uma política real, os modelos de comportamento adequados ao trato correto dos negócios governamentais. Sobre esse tema, Bertrand Russell chegou a dizer: A Renascença, embora não haja produzido nenhum filósofo teórico importante, produziu um homem de suprema eminência na filosofia política, Maquiavel. É costume sentir-se a gente chocada por ele, e não há dúvida de que, às vezes, ele é realmente chocante. Mas muitos outros homens também o seriam, se fossem igualmente livres de hipocrisia. Sua filosofia política é científica e empírica, baseada em sua própria experiência dos assuntos, preocupadas em declarar os meios de se chegar a determinados fins, sem se preocupar de saber se tais meios são considerados bons ou maus. E em outro lugar, Russell, ainda com mais ênfase, preleciona: "Para sermos justos com Maquiavel, é preciso declarar que ele não defende a vilania como princípio. O seu campo de investigação está além do bem e do mal, assim, como as pesquisas de um físico nuclear". É de fato como acentua James Burnham, o método da ciência adaptado à política.
Sexta Lição, A Autonomia da Política - Deve ter em conta o caráter e os interesses daqueles que se aproximam do poder. Geralmente, são pessoas que se aproximam para obter fatores e privilégios, com juras de fidelidade: são lobos vestidos de cordeiros que buscam o poder para colocá-lo a serviço de seus interesses. Quem se torna comandante pelo povo deve manter o povo como seu amigo, respeitando sempre o interesse da maioria.
Na sexta lição, BARROS observa a polis sendo investigada em toda a tradição ocidental, por vários filósofos sob uma perspectiva idealista do dever ser político, onde as normas baseadas em princípios morais existiam para criar uma sociedade justa. Platão é citado como exemplo dessa postura normativa, com sua idealização do Estado perfeito, visível em sua obra: A República. 
Na Idade Média, tem-se o cristianismo dando uma nova roupagem a essa sociedade ideal. Onde a ética da Igreja – com estrutura de uma ordem universal, harmônica e pacífica – é associada à prática política. Com isso, era considerado como bom monarca quem conduzia o governo com justiça e magnanimidade nos atos, deixando a preocupação com os interesses diretos do Estado em segundo plano.
Maquiavel distancia-se desse normativo ético e propõe a análise do fenômeno do poder a partir da política concreta ou pura, utilizando os fatos políticos de forma empírica e objetiva, estudando a política como o estudo das lutas pelo poder, distanciando-se da idealização de governos justos. Com isso, Maquiavel conferiu ao universo político uma autonomia,sujeita a sua própria lógica e leis. O que leva o governante a ser guiado pelo império da necessidade política, visando sempre ao resultado de suas ações e não por qualquer normatividade ética, jurídica ou religiosa superior. Porque, entender os mecanismos particulares da política, torna-se mais importante para o governante que ser portador de conduta moral impecável. Para fundamentar esse pensamento, Barros cita e grifa uma das colocações de Maquiavel no capitulo VXII em sua obra mais famosa: O príncipe. Onde logo os deveres de um príncipe é cuidar para que jamais lhe escape da boca qualquer coisa que não contenha as qualidades necessárias. Deve parecer, para os que o virem e ouvirem, todo piedade, todo fé, todo integridade, todo humanidade e todo religião. Não há nada mais necessário do que parecer ter essa última qualidade. Os homens, em geral, julgam as coisas mais pelos olhos do que com as mãos, porque todos podem ver, mas poucos podem sentir. Todos vê em aquilo que pareces, mas poucos sentem o que és; e estes poucos não ousam opor-se “a opinião da maioria”, que tem, para defendê-la, a majestade do Estado. Como não há tribunal onde reclamar das ações de todos os homens, e principalmente dos príncipes, o que conta por fim são os resultados. Cuide, pois o príncipe de vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo está sempre voltado para as aparências e para o resultado das coisas, e não há no mundo senão o vulgo; a minoria não tem vez quando a maioria tem onde se apoiar. (BARROS, 2013, p.61).
Então, a política assume uma dinâmica própria, sujeita a uma ética utilitária, onde os meios justificam os fins e o governante deve se preocupar com as aparências para satisfazer o homem comum, que tem a visão voltada para o fim almejado e representa a maioria que o governo precisa para se manter no poder.
O julgamento de uma ação política utiliza o critério do alcance do resultado almejado, diferente da ação moral, que visa o cumprimento do dever moralista, independente do resultado da ação. Mas, vale ressaltar que essa colocação do autor não deve levar a análise do poder político como imoral ou amoral, mas a ideia da existência de uma moral especifica para esse poder, que não se subjuga pela ética cristã e somente atende aos fins que visa atingir.
 	Têm-se então, dois caminhos: “O do bem, que opta por uma existência tranquila e distante da vida pública; e o da manutenção do poder, em que o agente, muitas vezes, tem que sufocar suas convicções morais a fim de assegurar a estabilidade política e a integridade do Estado”. (BARROS, 2013, p.63).
Entende-se como essência do pensamento de Maquiavel a importância de identificar que a área política é regida por leis próprias e que o papel do governante é assegurar o bem do povo, mesmo que para tal ele vá de encontro a suas convicções morais. Onde, uma ação governamental, então, é moral ou imoral dependendo de até que ponto redunda em benefício para o povo, à parte quaisquer ilicitudes cometidas nesse percurso.
Existem algumas opiniões que dizem que Maquiavel ataca a moral cristã colocando os interesses do Estado acima de seus anseios individuais, adotando assim uma moral pagã, a da Antiguidade Clássica. Contudo, “o que sobressai é que ao homem público não é permitido decidir antecipadamente o que é bom ou mau, justo ou injusto, pois tal avaliação deve ser sempre feita a posteriori, levando em conta o objetivo a ser alcançado.” (BARROS, 2013, p.64). 
 	Observam-se em todas as suas obras, que, Maquiavel evidencia a distância que separa a política da moral e colocava sempre como tema central a discussão sobre a Razão de Estado, que segundo Sérgio Pistone: “[...] a segurança do Estado é uma exigência de tal importância que os governantes, para garantir, são obrigados a violar normas jurídicas, morais, políticas e econômicas que consideram imperativas, quando essa necessidade não corre perigo. Por outras palavras, a razão de Estado é a exigência de segurança do Estado, que impõe aos governantes determinados modos de atuar”. 
Constata-se assim, que a politica constitui-se “como o lugar em que o interesse coletivo encarnado na noção de pátria, deve ser alcançado”. (BARROS, 2013, p.65). E que a salvação da pátria para Maquiavel, não pode se privar de nenhum tipo de atitude: “E tal coisa é digna de nota e observância por qualquer cidadão a quem cumpra aconselhar sua pátria: porque, quando se delibera sobre a salvação da pátria, não se deve fazer consideração alguma sobre o que é justo ou injusto piedoso ou cruel, louvável ou ignominioso; ao contrário, desprezando-se qualquer outra consideração, deve ser adotar plenamente à medida que lhe salve a vida e mantenha a liberdade”. (MAQUIAVEL, apud BARROS, 2013, p. 65).
BARROS, Vinícius Soares de Campos. Sexta Lição: Autonomia da política. In: 10 lições sobre Maquiavel. 5. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

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