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Unidade I ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Prof. Luís Gustavo Ética Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. I. Valores históricos e culturais; II. Códigos de ética temporais (devem ser atualizados); III. O antiético. Em um mundo cada vez mais globalizado e com migrações acentuadas de pessoas, a “Ética” ganha um destaque relevante na sociedade atual e no campo empresarial/profissional. Ética e moral Para Aristóteles (384 A.C. - 322 A.C.), um dos maiores pensadores e filósofos da Antiguidade (Grécia), a “Ética” é a observação do mundo, o questionamento e a aceitação das condutas humanas e das organizações sociais, atingindo, no mundo moderno, também as empresas e demais corporações empresariais. “Ética” vem do grego “Ethos” que significa modo de ser. Por sua vez, “Moral” vem do latim “Mores” que significa costumes de um povo ou de uma sociedade. Ética e moral Como vimos, a Moral e a Ética, dentro dos conceitos filosóficos, possuem diferentes significados. Assim, a moral está associada aos costumes, regras, convenções estabelecidas pela sociedade e tabus. Já a ética está associada aos valores morais que dão orientação ao comportamento humano na sociedade Princípios e normas éticas Regras, leis, códigos. Ditados (de geração em geração) que estabelecem normas ou regras. Lei elementar e fundamental que serve de base para uma ordem de conhecimentos. Atitude lógica fundamental sobre a qual se apoia o raciocínio. Princípios clássicos da ética social Dignidade humana, que independe de posses, dos cargos e dos títulos. Direito de possuir algo: direito das pessoas de possuírem bens visando ao atendimento de suas necessidades. Acesso ao emprego/trabalho: atividade para sua subsistência e seu crescimento como pessoa. Princípios clássicos da ética social Bem comum: conjunto de condições sociais que permite e favorece o desenvolvimento pessoal e integral dos membros da sociedade. Solidariedade: desenvolve a inclusão social. Subsidiariedade: o subsídio corresponde ao auxílio dado, que estimula a participação ativa de todas as pessoas e de todos os grupos sociais nas esferas superiores, econômicas, políticas e sociais de cada país. Princípios clássicos da ética social As normas escritas, como os códigos de ética, são de grande importância, notadamente no aspecto educativo, porém, não devem ser substituídas pelas normas naturais, estabelecidas pelas famílias para a formação das pessoas. Por exemplo, houve o “Código de Hamurabi” na Antiguidade, um conjunto de leis escritas, composto por cerca de 280 artigos. Essas normas jurídicas tiveram grande importância na organização do Estado Babilônico. Para formular esta lei, Hamurabi se baseou no princípio de uma lei mais antiga, conhecida como “Lei Talião”. Ética social, família, empresa, nação e globalização Órgãos do sistema das Nações Unidas voltados para os temas da ética: Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Comissão de Direitos Humanos. Comissão de Desenvolvimento Sustentável. Comissão para o Desenvolvimento Social. Códigos de ética profissional e empresarial Códigos de ética: definidos por meio de padrões ou códigos de conduta estabelecidos, formal ou informalmente, por grupos sociais, profissionais ou organizacionais; definem o que é permitido, aceito e válido em ocasiões distintas. São conhecidos como códigos de regulação ou regimentos. Atualmente, muitas empresas em todo o mundo adotam Códigos de Ética e de Conduta para orientar e disciplinar a atuação e a conduta de seus funcionários. Códigos de ética profissional e empresarial Segundo o IBC (Instituto Brasileiro de Coaching), a ética na empresa é composta por: Tanto os padrões éticos da sociedade quanto as normas e regimentos internos das organizações. A ética no emprego colabora com o funcionário no exercício diário e prazeroso da honestidade, do comprometimento, da confiabilidade, entre tantos outros, que conduzem o seu comportamento e tomada de decisões em suas atividades. Por fim, a recompensa é ser reconhecido, não só pelas suas tarefas no dia a dia, mas também por sua conduta exemplar. Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) A Moral sofre a influência dos fatores culturais, tais como: costumes, hábitos alimentares, religião, entre outros. b) Moral refere-se às normas de comportamentos universais. c) O conceito de moral equivale ao conceito de ética. d) Moral é um conjunto de normas individuais. e) Moral é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com vistas à felicidade. O código de ética empresarial Os Códigos de Ética empresarial, além de formalizar compromissos, também são instrumentos de comunicação de valores e práticas para todos aqueles que, direta ou indiretamente, relacionam-se com a empresa. É importante ressaltar que toda empresa tem o dever ético de cumprir a lei e os costumes. Exemplos de posturas éticas para todos os ambientes de trabalho Educação e respeito. Cooperação e atitudes. Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades realizadas na empresa. Hierarquia dentro da empresa. Desenvolvimento do empregado sem prejudicar outros colegas de trabalho. Clima agradável e positivo. Realização de tarefas relacionadas ao dia a dia na empresa. Respeito às regras e às normas da empresa. Exemplos de posturas éticas para todos os ambientes de trabalho Educação e respeito I. Falar e agir com colega da mesma forma como gostaria que fosse com você mesmo. II. Extensão do lar. Cooperação e atitudes I. União para o desenvolvimento conjunto. II. Buscar a ascensão na empresa sem prejudicar outros colegas na empresa/trabalho. III. Desenvolver-se “sem derrubar o colega”. Exemplos de posturas éticas para todos os ambientes de trabalho Ações e comportamentos que visam a desenvolver um clima agradável e positivo dentro da empresa. Realização, no ambiente da empresa, apenas de tarefas relacionadas ao dia a dia (do trabalho): Redes sociais (evitar); Seguir o Código de Ética da empresa. Respeito às regras e às normas da empresa: Falar abertamente com o seu líder/chefe em caso de dúvidas; Buscar (sempre) informações. A pessoa ética e o profissional ético Há inúmeras vantagens em uma empresa ser ética, entre elas: ter responsabilidade econômica e financeira com os fornecedores e clientes; cumprir normas éticas nas negociações comerciais; exigir que todos os colaboradores (funcionários, prestadores de serviços e acionistas) da empresa sigam o Código de Ética adotado; desenvolver ações de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. A pessoa ética e o profissional ético Assim, pode-se dizer que adotar a ética dentro de uma empresa é gerir o alinhamento do comportamento dos seus colaboradores com um conjunto de normas que consideramos indispensáveis e que formam a base da cultura desejada para a corporação. O que se procura com essa “Era Ética”, assim denominada por vários autores, é estabelecer de forma constante que todos os negócios e atitudes comerciais devem ser honestos, o que será ostentado por empresários, acionistas, executivos, empregados, parceiros e agentes das organizações empresariais. A responsabilidade social Podemos conceituar a responsabilidade social como um processo constante e evolutivo, envolvendo ações de cidadãos comuns, empresas governamentais e não governamentais pelos direitosfundamentais para a vida, as relações sociais e o equilíbrio ambiental. Essas manifestações, além de regras de ordem moral, estão disciplinadas em códigos e leis, como o Código de Defesa do consumidor, O Estatuto da Criança e do Adolescentes, A Lei Maria da Penha e o Estatuo do Idoso; no âmbito internacional, temos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração Universal dos Direitos da Criança e outros similares. Princípio da responsabilidade social O princípio da responsabilidade social está apoiado na concepção de que as empresas, criadas por membros da sociedade, utilizam os recursos dessa mesma sociedade, afetando, positiva ou negativamente, a qualidade de vida das demais pessoas. Dificuldades que podem surgir: a poluição ambiental; o uso exagerado de recursos não renováveis (água, por exemplo). Princípio da responsabilidade social No ano de 1998, o Conselho Empresarial Mundial, em convenção na Holanda, institui as bases para o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (empresarial), estabelecendo o comprometimento permanente dos empresários com comportamentos eticamente orientados e com o desenvolvimento econômico no intuito de melhorar a qualidade de vida dos empregados e de suas famílias, bem como da comunidade local e da sociedade como um todo. O Instituto Ethos e o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) defendem e divulgam estes mesmos princípios em toda a sociedade brasileira. Princípio da responsabilidade social As consequências geradas para as empresas que adotam entre as suas metas a responsabilidade social podem ser resumidas da seguinte forma: colaboração decisiva para a perenidade das empresas, uma vez que diminui sua vulnerabilidade ao reduzir desvios de conduta, ações/processos judiciais e possíveis retaliações por parte dos consumidores e fornecedores; aumento da reputação das empresas, sobretudo junto aos clientes e às comunidades locais em que suas sedes estão implantadas; conciliação da eficácia econômica com responsabilidades e necessidades sociais. Princípio da responsabilidade social Fortalecimento interno da empresa, conquistando e retendo talentos, além de cultivar um relacionamento duradouro com clientes e fornecedores. Faz com que os projetos sociais sejam agregados como valor aos bens e/ou serviços ofertados pelas empresas. Operar como fator inovador para alcançar o sucesso empresarial. Interatividade O que significa ser profissional para a dinâmica de trabalho de nosso tempo? a) Conquistar os melhores resultados para a empresa, independentemente dos modelos éticos e morais empregados. b) Estar sempre ligado às novas tendências e tecnologias. c) Dominar as técnicas necessárias para colaborar, desenvolver determinado serviço e agir eticamente. d) Agir com educação e respeito por seus pares, sem pensar nos resultados. e) Ser educado e leal à empresa. O que é Direito Quando o homem decidiu viver em sociedade, foi necessária a elaboração de regras de conduta e de convivência. A partir desse marco, surge a figura do Direito. O Direito é um fenômeno da rotina diária que encontramos a todo o momento e em toda parte. Desde o momento em que acordamos até o momento em que dormimos estamos assegurados e disciplinados pelas regras de direito; ele resguarda, defende, ampara, protege e serve o indivíduo em todos os momentos. O que é Direito Consequentemente, por querer e viver em sociedade, a ação de um ser humano interfere na vida de outros, provocando a reação dos seus semelhantes, ou seja, uma conduta interfere direta ou indiretamente na outra. Para que essa interferência de condutas tivesse um sentido construtivo, como apontado, foi necessária a criação de regras capazes de preservar a paz no convívio social. O que é Direito Dessa forma, nasceu o Direito, ou seja, a necessidade de se estabelecer um conjunto de regras com certa ordem, no sentido de organizar a vida em sociedade. A humanidade sempre procurou se organizar em leis e códigos: Lei de Talião; Leis romanas; Código de Hamurabi; Código Civil Napoleônico. Distinção entre Moral e Direito Durante o processo de formação e crescimento do homem são agregados vários ensinamentos que formam o caráter e a sua moral. Essas experiências irão ditar sua consciência e, muitas vezes, determinar seu futuro profissional e social. O processo de formação da “moral” dita diretamente ao sujeito uma escolha entre as ações que pode praticar, mas diz respeito apenas ao sujeito, levando em consideração seus aprendizados culturais e familiares. Enfim, em regra, somos todos frutos do meio. Distinção entre Moral e Direito A moral indica um dever/poder, mas não impõe regras, não há imperatividade de uma ordem superior, que lhe impõe repressão. A sanção pelo descumprimento da regra moral é apenas de consciência. Alguns comportamentos podem ser somente legais (baseados em lei), mas não éticos; outros podem ser éticos, mas não possuírem o respaldo legal (comerciante trocar um produto fora do prazo de garantia legal). Distinção entre Moral e Direito No entanto, o Direito leva a confronto os vários atos diversos de vários sujeitos que agem de acordo com o que acham correto dentro de sua formação. A moral é unilateral porque emana do próprio sujeito. Direito é bilateral porque assiste a um ou mais indivíduos. Principais Fontes de Direito – Lei Lei – É a norma escrita ou não, vigente em um país, elaborada pelo Poder Legislativo; podemos definir a lei como uma norma aprovada pelo povo de um país por meio de seus representantes. Em outras palavras, lei é a regra escrita, feita pelo legislador com a finalidade de tornar expresso o comportamento considerado desejável ou indesejável (âmbito penal) para a coletividade. Quando a Lei entra em vigor? Principais Fontes de Direito – Costume Costume – é o conjunto de normas de comportamento que a sociedade pratica ao longo dos tempos e obedece de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade, mas que não estão escritas em códigos ou qualquer legislação. É criado espontaneamente pela sociedade, sendo produzido por uma prática geral, constante e reiterada. Exemplo: a caderneta de anotações utilizadas por alguns comerciantes na venda de produtos a prazo (fiado) ou a fila; não há uma lei determinando a obediência à fila em locais de atendimento, mas as pessoas, por costume, a respeitam por ordem de chegada. Principais Fontes de Direito – Princípios Gerais Princípios Gerais de Direito – é o que inspira e dá alicerce ao sistema jurídico na elaboração das leis ou na decisão que deverá ser tomada em um conflito de interesses. Exemplo: Princípio da Boa-Fé, que deve estar presente em todas as relações de negócios Exemplo: ele significa que a honestidade e a lisura devem fazer parte de todo o relacionamento entre os indivíduos, principalmente nas relações contratuais. A partir desses princípios, os legisladores criam e aprovam as leis que irão reger toda a sociedade. Principais Fontes de Direito Jurisprudência – é o conjunto de decisões judiciais (sentenças, acórdãos – decisão de tribunais etc.) reiteradas (repetidas) sobre determinadas questões idênticas. A jurisprudência vai se formando a partir das soluções adotadas pelos órgãos judiciais ao julgar casos jurídicos. Textos/Doutrina Jurídica – o parecer sobre determinados assuntos, que pode ser manifestado através de livros, artigos, notas, entre outras manifestações escritasde diversos especialistas de notório saber jurídico; constitui verdadeiras normas que orientam legisladores, juízes e advogados. Ramos do Direito O direito, primeiramente, pode ser dividido em dois ramos ou duas classes fundamentais: Direito Público e Direito Privado. Direito Público: regula as relações em que rezam os interesses gerais da sociedade. Direito Privado: regula as relações em que rezam os interesses dos particulares. Interatividade Assinale a alternativa errada. a) A lei é elaborada pelos representantes do povo. b) A lei é elaborada pelos juízes. c) Os costumes fazem parte das fontes do Direito. d) Os princípios gerais do Direito fazem parte das fontes do Direito. e) O Direito Penal faz parte do ramo do Direito Público. Divisão do Direito Como já visto anteriormente, o direito é dividido em: Direito Público e Direito Privado. Direito Público: regula as relações em que aparecem os interesses gerais da sociedade. Direito Privado: regula as relações em que aparecem os interesses dos particulares. O Direito Público é dividido em Direito Constitucional: regulamenta a lei suprema da Nação. Direito Administrativo: regulamenta a organização e o funcionamento dos Órgãos Públicos que executam serviços públicos. O Direito Público é dividido em Direito Penal: regulamenta os ilícitos penais (crimes) e as contravenções, determinando as penas e medidas de segurança. Direito Processual: regulamenta as atividades do Poder Judiciário e das partes em conflito dentro de um processo judicial. O Direito Público é dividido em Direito Civil: regulamenta a vida civil do indivíduo, com exercício de direitos e obrigações, ou seja, nascimento, aquisição de capacidade, casamento, morte, bens etc. Direito Internacional Público: regulamenta as relações entre Estados, por meio de normas aceitas como obrigatórias pela comunidade internacional. O Direito Privado é dividido em Direito Empresarial: regula as práticas de atos mercantis pelo empresário e pelas sociedades empresariais. Direito do Trabalho: regula as relações de emprego entre empregado e empregador, bem como as condições em que o mesmo é exercido. O Direito Privado é dividido em Direito do Consumidor: regula as relações de consumo de bens ou serviços entre fornecedor e consumidor. Direito Internacional Privado: regula os problemas particulares ocasionados pelo conflito de leis de diferentes países. Direito Constitucional e a Constituição Direito Constitucional é o ramo do Direito Público composto por regras ligadas à forma do Estado, forma de Governo, modo de aquisição e exercício do poder, estabelecimento dos órgãos do poder e aos direitos e garantias fundamentais. A última e atual Constituição promulgada (divulgada, publicada, proclamada) no ano de 1988 vem sofrendo diversas alterações conferidas por Emendas Constitucionais ao longo dos anos. Mas como nasceu a Constituição? Foi em 1215, na Inglaterra, com o Rei “João Sem Terra”. Havia muitas guerras e o Rei aumentava os impostos sobre toda a população, principalmente os barões. Assim foi assinada a Magna Carta e surge a figura do parlamento inglês (ou poder legislativo). A Magna Carta ou Constituição teve por finalidade principal limitar os poderes do Rei e garantir a sua “não interferência” nos diversos feudos que compunham a Inglaterra. Direito Constitucional e a Constituição A Constituição é a lei máxima do país e nenhum ordenamento pode ser superior a ela: não pode existir nenhuma lei ou ordem que passe por cima das regras constitucionais. A Constituição é conhecida por diversos sinônimos, sempre realçando o caráter de superioridade das normas constitucionais em relação às demais normas jurídicas. Destacamos os mais frequentes, como Carta Magna, Lei Fundamental, Código Supremo, Lei Máxima, Lei Maior e Carta Política. Direito Constitucional e a Constituição Pode-se concluir que a Constituição da República Federativa do Brasil é a lei fundamental de organização do Estado ao estruturar e delimitar os seus poderes políticos. No topo da pirâmide estão as normas constitucionais, logo, todas as demais normas do ordenamento jurídico devem buscar seu fundamento de validade no texto constitucional, sob pena de inconstitucionalidade, ou seja, a regra ou lei que for contrária ao que está escrito na Constituição não é válida. Interatividade Assinale a alternativa correta sobre a Constituição. a) Faz parte do Direito Constitucional e é um ramo do Direito Privado. b) Faz parte do Direito Constitucional e é um ramo do Direito Público. c) A Constituição nasceu nos EUA. d) A Constituição não é a Lei Maior de um país. e) No Brasil, a atual constituição é de 1990. ATÉ PRÓXIMA Unidade II ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Prof. Luís Gustavo Direito Empresarial Direito Empresarial é o ramo do direito privado que disciplina a atividade econômica organizada para a elaboração ou a circulação de bens ou de serviços, para suprir e atender o mercado consumidor e as relações bilaterais entre empresas (fornecedores de matérias-primas por exemplo). Antigamente, esse ramo era conhecido como Direito Comercial, mas essa denominação foi modificada, pois ele não cuida apenas das relações de comércio, abrangendo todas as atividades de uma empresa. Teoria da Empresa Antigamente, havia a divisão entre atos mercantis e civis. Com o novo Código Civil de 2002, as práticas dos comerciantes e dos consumidores (e disciplinadas no antigo Código Comercial de 1850) foram revogadas. Surge a “Teoria da Empresa”, para a qual o que realmente importa é a forma ou o modo pelos quais a atividade econômica da empresa é exercida. Empresa e empresário Qual o conceito de empresa? É toda a atividade econômica organizada para a elaboração, a confecção ou a circulação de bens (produtos) ou de serviços. A empresa é o resultado da atividade do empresário. Sendo assim, é sinônimo de atividade empresarial. Contudo, a organização da atividade empresarial é feita pelo empresário. empresa = atividade empresarial Elementos que compõem o conceito de empresa Atividade empresarial – o empresário exerce uma atividade que é a própria empresa. Como dito no slide anterior, empresa e atividade empresarial são sinônimos. Atividade econômica – porque está voltada à obtenção de lucro, no sentido de que busca gerar lucro para quem a explora. Atividade organizada – no sentido de que nela se encontram articulados os fatores de produção, que no sistema capitalista são quatro: Elementos que compõem o conceito de empresa capital – montante dos recursos financeiros (dinheiro) necessários ao desenvolvimento da atividade; mão de obra – envolve o auxílio de funcionários/prepostos do empresário para a consecução de sua atividade; insumos – correspondem aos bens articulados pela empresa; tecnologia – não quer dizer, necessariamente, tecnologia de ponta ou aplicação de altos investimentos em pesquisas de novas fontes e formas de produção, mas sim que o empresário detém as informações necessárias ao desenvolvimento da atividade a que se propôs explorar. Empresário individual Representado por uma pessoa natural, por meio de seu nome civil, completo ou abreviado, que explora profissionalmente uma atividade empresarial. Em empresas individuais, a responsabilidade por obrigações contraídas recai sobre os patrimônios individuais dos respectivos titulares, não sendo possível dissociar sua firma de sua pessoa civil, consequentemente,há um só patrimônio. Os bens/patrimônio do empresário estão associados a todas as obrigações assumidas, pouco importando se a dívida é civil ou comercial, não há distinção entre a firma individual e a pessoa física do empresário. Sociedade empresária Pessoa jurídica, composta pela sociedade de pessoas naturais e/ou jurídicas. Os sócios da sociedade empresária são classificados de acordo com a colaboração dada à sociedade: sócios empreendedores – os empreendedores, além do capital, costumam devotar também tempo/trabalho à pessoa jurídica, trabalham na empresa na condição de seus administradores; sócios investidores – os investidores se limitam a participar apenas com o capital social. Empresário individual com responsabilidade limitada (art. 980 – A, do CC/2002) Pessoa natural que explora atividade empresarial. Porém, ao contrário do empresário individual, tem personalidade jurídica, conforme artigo 44, VI, do CC/2002, e limitações de responsabilidade, sempre atreladas ao valor do capital social, que não poderá ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo no País. Condições para ser empresário individual ou administrador de sociedade empresária A lei brasileira define quem pode ser empresário individual ou gerente/administrador de sociedade empresária. Basicamente poderão exercer essas atividades aqueles que: 1. Capacidade civil para o exercício da profissão: Capacidade plena (absolutamente capazes) tem os maiores de 18 anos; e os emancipados (maiores de 16 anos e menores de 18 anos, desde que emancipados por outorga dos pais, casamento, nomeação para emprego público efetivo, estabelecimento por economia própria, obtenção de grau em curso superior). Condições para ser empresário individual ou administrador de sociedade empresária 2. Não estar legalmente impedido de exercer sua atividade empresarial: São aqueles que, muito embora sejam capazes nos termos já descritos, encontram vedação total ou parcial em lei, para o desenvolvimento da atividade empresarial. Por exemplo: deputados e senadores, militares da ativa das Forças Armadas e da Polícia Militar, funcionários públicos civis, magistrados – juízes e membros do Ministério Público, médicos, para o exercício simultâneo da medicina e farmácia, entre outros. Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) O conceito de empresa é toda a atividade econômica organizada para a elaboração, a confecção ou a circulação de bens (produtos) ou de serviços. b) O Código Comercial de 1850 ainda está em vigor. c) Os elementos que compõem o conceito de empresa são: atividade marítima e aeronáutica. d) O empresário individual pode ter vários sócios. e) Os emancipados (maiores de 16 anos e menores de 18 anos) não podem ser empresários individuais. Passos iniciais para abrir uma empresa Definir o tipo de empresa: Empresário (individual) Empresário é a pessoa que trabalha no comércio ou com serviços não intelectuais, ou seja, que não dependam de graduação superior para seu desempenho. É a antiga Firma Individual e o seu registro é realizado na Junta Comercial. Sociedade empresária limitada Sociedade empresária Ltda. é a sociedade que possui dois ou mais sócios e que trabalha no comércio ou com serviços não intelectuais. Passos iniciais para abrir uma empresa Definir o tipo de empresa: Sociedade simples limitada Sociedade simples Ltda. é a sociedade que possui dois ou mais sócios e que exerce/trabalha com atividades intelectuais, ou seja, de natureza científica, literária ou artística. Exemplos: advogados, contadores, médicos, artistas etc. Tipos de participação Sócio-administrador: O sócio-administrador é aquele que exerce a função de gerência na empresa. Recebe por isso, assina e responde legalmente pela pessoa jurídica (empresa). No caso de nenhum dos sócios desempenhar essa função, um terceiro deverá ser nomeado como gerente/administrador, sendo que o contrato social deverá prever essa situação. Tipos de participação Sócio-quotista: Esse tipo de sócio não trabalha na empresa, não retira “pró-labore”; mas participa de lucros e prejuízos do negócio e responde pelos atos da pessoa jurídica, em solidariedade com os outros sócios. Situação do titular ou do(s) sócio(s) Funcionário público Na maioria dos casos, o funcionário público está impedido pelo seu Estatuto de Servidor de ser sócio-gerente (administrador) ou titular de firma do tipo empresário. Geralmente, ele poderá ser somente sócio-quotista. Aposentado por invalidez O aposentado por invalidez não pode ser sócio-gerente (administrador) de uma empresa ou titular de empresa individual (empresário), apenas sócio-quotista. Situação do titular ou do(s) sócio(s) Participação em outra empresa Não é vedada a participação de uma pessoa em mais de uma empresa, mas existem implicações para fins fiscais/tributários (Simples Nacional). O que é vedado é uma pessoa ter duas empresas do tipo empresário em seu nome. Nomes que podemos usar na empresa Nome fantasia Esse nome é o nome inventado pela empresa e é por ele que a empresa será conhecida no mercado. O nome fantasia serve também para identificar e distinguir seus bens/produtos e serviços de outros já existentes no mercado. Pode ser também uma marca devidamente registrada e protegida no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para verificar se o nome que você quer utilizar não está sendo utilizado por outra empresa, pesquise a base de marcas no site do INPI: <www.inpi.gov.br>. Nomes que podemos usar na empresa Nome empresarial No caso de empresário individual, será adotado o nome civil do titular. Esse nome pode ser por extenso ou abreviado, não podendo abreviar o último sobrenome, nem excluir qualquer dos componentes do nome. Não constituem sobrenome: Filho, Júnior, Neto, Sobrinho etc. Caso o empresário possua um nome bastante comum, poderá utilizar uma partícula que o diferencie, como um apelido ou a definição da atividade. Ex.: José Carlos do Nascimento; J. C. do Nascimento; José Carlos do Nascimento – Bar. Variações nos nomes das empresas No caso de uma sociedade empresária Ltda.: O nome empresarial é constituído por uma razão social ou por uma denominação social. A razão social é o nome civil completo ou abreviado de um dos sócios, acrescido de “& companhia”, ou “& CIA”, para indicar a existência de outros sócios, além da palavra “limitada”, por extenso ou abreviada. Pode também ser composta pelo sobrenome de mais de um dos sócios. Ex.: Antonio Ribas de Oliveira & Cia. Ltda.; Oliveira & Cia. Ltda.; Oliveira & Irmãos Ltda.; Oliveira, Murici & Santos Ltda. Variações nos nomes das empresas Denominação social é composta por uma expressão de fantasia ou termo criado pelos sócios, pelo objetivo social da empresa (atividade) acrescido ao final a palavra “limitada”, abreviada ou por extenso. Ex.: Beta Mercearia Ltda.; Lanchonete Alfa Ltda.; Antonio Oliveira Padaria Ltda. O nome da empresa não pode incluir ou reproduzir sigla ou denominação de órgão público da administração direta, federal, estadual ou municipal, bem como de organismos internacionais. O que é capital social? O capital social é a primeira fonte de recursos da empresa em moeda corrente. É o valor que a empresa utilizou para iniciar suas atividades e enfrentar suas primeiras despesas, como compra de equipamentos, matéria-prima, instalações, divulgação etc. O valor é aportado ou colocado na empresa pelos sócios ou investidores. Tipos de responsabilidade dos sócios Ilimitada: todos os sócios respondem ilimitadamente, mas de forma subsidiária, pelas obrigações sociais com o seu patrimônio. O direito contempla um só tipo societário dessa categoria: Sociedade em Nome Coletivo (N/C). Limitada: os sócios respondem com o seu patrimônio pessoal de forma subsidiária e limitada pelas obrigações sociais. O limite será o capital subscrito e não integralizado e o montante da limitação e da responsabilidade dependerá do tipo societário. São sociedades cujos sócios respondem limitadamente às Sociedades Limitadas (Ltda.) e às Sociedades Anônimas (S/A). Subscrição de capital Quando ingressa em uma sociedade, o sócio subscreve uma parcela do capital social (que está dividido em cotas ou ações), comprometendo-se a contribuir como valor do capital subscrito, ou seja, ele assume o compromisso de pagar o valor correspondente ao número de ações ou cotas que subscreveu (integralizar). O ingresso de um sócio em uma sociedade empresária está condicionado à subscrição do capital. Integralizar o capital Integralização do capital: ao ingressar em uma sociedade, o sócio subscreve determinado número de cotas ou ações, comprometendo-se a integralizá-las, ou seja, a pagar o seu valor total. A partir do momento em que integraliza (paga/quita) todo o valor de suas cotas ou ações, cumpre sua obrigação social, contribuindo para o capital da sociedade, estando quite com ela. A integralização pode ser feita de uma só vez (à vista) ou em parcelas (a prazo). E se houver fraude? A partir do momento em que a pessoa jurídica se utiliza de métodos ilícitos para desvios de recursos (fraude) ou “falência forçada” com desvio de finalidade e confusão patrimonial, será aplicada a Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica. O patrimônio pessoal dos sócios será, sim, atingido ilimitadamente (artigo 50, do Código Civil), independentemente do tipo societário escolhido. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) Sócio-quotista é aquele que gerencia a empresa. b) Sócio-quotista participa dos lucros e dos prejuízos da empresa. c) Funcionário público nunca está impedido de participar de empresas ou sociedades empresariais. d) Funcionário público pode ter empresa e vender para o governo. e) Sociedades Ltda. são iguais a sociedades anônimas. Direito Industrial Direito Industrial é a divisão do Direito Comercial que defende/protege os interesses de inventores, designers e empresários em relação às invenções, ao modelo de utilidade, ao desenho industrial e às marcas. Qualquer tipo de inovação, desde que a legislação defina como algo que possa ser patenteado, deve ter seu autor e sua respectiva invenção defendida da pirataria ou de cópias ilegais. Marcas e patentes Por meio de leis, as marcas e as patentes asseguram os interesses de inventores, designers e empresários em relação às invenções, ao modelo de utilidade, ao desenho industrial e às marcas. No Brasil, o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, que é uma autarquia federal, é o órgão competente para emitir a concessão da patente ou do registro competente. Mas quais são as diferenças entre as invenções, o modelo de utilidade, o desenho industrial e as marcas? Invenção A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica. É algo novo, decorrente do intelecto humano, passível de aplicação industrial, no entanto sem definição na lei. Dos bens considerados industriais, a invenção é a única ainda não definida pela lei. Essa ausência de definição é proposital, não só no âmbito nacional, mas principalmente internacional e é justificável pela extrema dificuldade de se conceituar o que é a invenção. Não são invenções As descobertas e as teorias científicas (Ex.: Teoria da Relatividade, de Einstein); Métodos matemáticos (Ex.: cálculo infinitesimal, de Isaac Newton); Esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização (“A Pedagogia do Oprimido”, de Paulo Freire, é exemplo de método educativo); Não são invenções Obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética e programas de computador (tutelados pelo direito autoral); Apresentação de informações, regras de jogos, técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, terapêuticos ou de diagnóstico, e os seres vivos naturais. Modelo de utilidade Sempre que for inventado um aperfeiçoamento de algo já existente (pequena invenção), ele será denominado modelo de utilidade. A lei define modelo de utilidade como objeto de uso prático, ou parte dele, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhora funcional no seu uso ou em sua fabricação. Modelo de utilidade Os recursos agregados às invenções, para, de um modo não evidente a um técnico no assunto, ampliar as possibilidades de sua utilização, são modelos de utilidade. As manifestações intelectuais excluídas do conceito de invenção também não se compreendem no de modelo de utilidade. Para ser caracterizado como modelo de utilidade, o aperfeiçoamento deve revelar a atividade do seu criador. Deve representar um avanço tecnológico que técnicos da área reputem engenhoso. Se o aperfeiçoamento é destituído dessa característica, sua natureza jurídica é a mera “adição de invenção”. Desenho industrial O desenho industrial − design − “é a alteração da forma dos objetos”. A característica fundamental entre o desenho industrial e os bens industriais patenteáveis é a futilidade, ou seja, a alteração que o desenho gera nos objetos e que não amplia a sua utilidade, apenas lhe dá um aspecto diferente. Exemplos: utensílios domésticos, vestimentas, máquinas, ambientes, serviços, marcas e também imagens, como em peças gráficas, famílias de letras (tipografia), livros e interfaces digitais de softwares ou de páginas da internet, entre outros. Marca A marca é definida como o sinal distintivo, suscetível de percepção visual, que identifica, direta ou indiretamente, bens/produtos ou serviços. A identificação da marca é realizada por meio da visualização do sinal no produto ou no resultado do serviço, nos eletrodomésticos, nas embalagens, nos anúncios, nos uniformes dos empregados, nos veículos e nos rótulos dos produtos em geral. Os juristas costumam classificar as marcas em nominativas, figurativas ou mistas. Marca Nominativas − se enquadram as marcas compostas exclusivamente por palavras, que não apresentam uma particular forma de letras. Exemplo: Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios. Figurativas − as marcas consistentes de desenhos ou logotipos. Exemplo: os símbolos das montadoras de veículos. Mistas – seriam palavras escritas com letras revestidas de uma particular forma ou inseridas em logotipos. Exemplos: Coca-Cola, NET etc. Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) No Brasil, não existem leis que defendem as patentes e as marcas. b) São consideradas invenções as descobertas e as teorias científicas (Ex.: Teoria da Relatividade, de Einstein). c) Por meio de leis, as marcas e as patentes asseguram os interesses de inventores, designers e empresários em relação às invenções, ao modelo de utilidade, ao desenho industrial e às marcas. d) Métodos matemáticos (Ex.: cálculo infinitesimal, de Isaac Newton) são considerados invenções. e) Obrasliterárias, arquitetônicas, artísticas e científicas são consideradas invenções. Das invenções e dos modelos de utilidade não patenteáveis O que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas. Substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico. Segredo de empresa Apesar da frágil legislação e proteção sobre o tema, o segredo da empresa não está totalmente desamparado no Direito brasileiro. Pelo contrário, a lei define como crime de concorrência desleal a exploração, sem autorização de “conhecimentos”, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços; excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, se o acesso ao segredo foi fraudulento ou derivou de relação contratual ou empregatícia. Segredo de empresa A usurpação de segredo de empresa gera responsabilidade tanto na área penal como na civil. Sendo certo que apenas não haverá lesão a direito de um empresário se o outro que explora economicamente o mesmo conhecimento secreto também o obteve graças às próprias pesquisas. Segredo de empresa Nesse exemplo, se nenhum dos dois registrar a patente, não haverá concorrência desleal. Por outro lado, quando dois ou mais empresários exploram o mesmo conhecimento secreto, o primeiro deles que deposite o pedido de patente poderá impedir que os demais continuem a explorá-lo. Desconsideração da personalidade jurídica A distinção entre pessoa jurídica e pessoa natural foi criada para proteger bens pessoais de empresários e sócios em caso da falência da empresa. Isso permitiu mais segurança em investimentos de grande monta e é essencial para a atividade econômica. Contudo, em muitos casos, os empresários abusam dessa proteção para lesar seus credores. A resposta da Justiça a esse fato é a desconsideração da personalidade jurídica, que permite não mais separar os bens da empresa e dos seus sócios para efeito de determinar obrigações e responsabilidades de quem age de má-fé. Desconsideração da personalidade jurídica Essa técnica jurídica surgiu na Inglaterra e chegou ao Brasil no final dos anos 1960, especialmente com as pesquisas do jurista e professor Rubens Requião. Segundo a Ministra Nancy Andrighi (STJ), “hoje, ela é incorporada ao nosso ordenamento jurídico, inicialmente pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e no novo Código Civil (CC), e também nas Leis de Infrações à Ordem Econômica (8.884/94) e do Meio Ambiente (9.605/98)”. Desconsideração inversa da personalidade jurídica É fato que pessoas naturais também tentam usar pessoas jurídicas para escapar de suas obrigações e responsabilidades. Temos como exemplo um julgamento em que um devedor se valeu de empresa de sua propriedade para evitar execução (STJ, 2011). O STJ já entendeu que, sendo evidente a confusão patrimonial, é aplicável a “desconsideração inversa”. Desconsideração da personalidade jurídica Também são suscetíveis de aplicação da desconsideração da personalidade jurídica da empresa controladora para poder penhorar bens de forma a quitar débitos da sua controlada. Se o credor não conseguir encontrar bens penhoráveis da devedora (a empresa controlada), a empresa controladora, tendo bens para quitar o débito, poderá ser responsabilizada. Desconsideração da personalidade jurídica Para a Justiça (STJ, 2011), o fato de os bens da empresa executada terem sido postos em nome de outra, por si só, indicaria malícia ou desvio de finalidade, pois estariam sendo desenvolvidas atividades de monta por intermédio de uma empresa com parco patrimônio. Exemplo: empresa “A”, que está sofrendo uma penhora de bens, passa suas máquinas para a empresa “B”, sendo que a empresa “A” detém 60% das ações ou quotas da empresa “B”. Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) A usurpação de segredo de empresa gera responsabilidade tanto na área penal como na civil. b) São consideradas invenções as descobertas e as teorias científicas (Ex.: Teoria da Relatividade, de Einstein). c) A desconsideração da personalidade jurídica iniciou-se nos EUA. d) No Brasil, ainda não temos o instituto jurídico da desconsideração da personalidade jurídica. e) A Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica somente se aplica às empresas familiares. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade III ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Prof. Me. Luís Gustavo Direito do Trabalho Para o autor e jurista Amauri Mascaro Nascimento (2009), “Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade”. Sempre houve divergências entre “empregadores (capital) x empregados (trabalho)”. A CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, da década de 1940, procurou reunir e normatizar as relações trabalhistas em todo o Brasil. Direito do Trabalho Sendo uma legislação muito antiga e com o surgimento das novas tecnologias e a consequente criação de novos empregos surgem também as lides judiciais (conflitos trabalhistas). Nesse sentido, o Direito do Trabalho está sempre em constantes mutações. Assim, em 2017, houve uma importante Reforma da CLT (Reforma Trabalhista) que não alterou “direitos” já conquistados, mas “flexibilizou” alguns direitos (Lei 13.467 de 2017). Direito do Trabalho Portanto, não serão possíveis negociar, alterar ou flexibilizar: direitos decorrentes do pagamento de FGTS, o recebimento do salário-mínimo e 13o salário, seguro-desemprego, repouso semanal remunerado e as normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstos em lei ou em normas regulamentadoras. Também as regras sobre a aposentadoria, salário-família, licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias e licença-paternidade. Relação entre o Direito do Trabalho e outros ramos do Direito Há vários exemplos bons para o empregado de “flexibilização” de direitos na jornada de trabalho. Com a nova reforma da CLT, o funcionário poderá “negociar/flexibilizar” o intervalo para descanso (por exemplo, o horário de almoço), “negociando” que almoçará em 30 minutos e os outros 30 minutos (ao todo 1 hora de almoço) serão compensados no início ou no término do expediente do dia, ou seja, ele poderá entrar 30 minutos mais tarde ou sair 30 minutos mais cedo. Relação entre o Direito do Trabalho e outros ramos do Direito O Direito do Trabalho, embora ramo jurídico especializado, mantém relações permanentes com outros campos do Direito, com destaque para o Direito Constitucional. Importante destacar também a relação do Direito do Trabalho com os Princípios Gerais de Direito e de outros ramos jurídicos. Os Princípios Gerais de Direito são valores (standards) que se irradiam por todos os segmentos da ordem jurídica, cumprindo o relevante papel de assegurar organicidade e coerência integradas à totalidade do universo normativo de uma sociedade política. Direito Coletivo do Trabalho O Direito Coletivo do Trabalho é o segmento do Direito do Trabalho encarregado de tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da representaçãodos empregados e da greve. O Direito Coletivo do Trabalho nasceu com o reconhecimento do direito de associação dos empregados, ocorrido após a Revolução Industrial. Assim como o berço da Revolução Industrial foi a Inglaterra, ali também tiveram início os sindicatos, que consistiam na reunião de trabalhadores na luta por melhores salários, jornada de trabalho reduzida e melhores condições de trabalho. Direito Coletivo do Trabalho Como sabemos, o berço da Revolução Industrial foi a Inglaterra. E com as condições desumanas que existiam nas fábricas inglesas, também tiveram início os sindicatos, que consistiam na reunião de empregados na luta por melhores salários, jornadas de trabalho reduzidas e melhores condições de trabalho. Sindicalização Na Inglaterra, a legalização da criação dos sindicatos deu-se somente em 1875. Na França, apenas em 1884, com a Lei Waldeck-Rousseau. Na Alemanha, ainda mais tarde, em 1919, com a implementação da Constituição de Weimar. Assim, podemos concluir que a legalização das associações de trabalhadores foi um processo que durou, pelo menos, dois séculos. Sindicalização Com o passar dos anos, os sindicatos foram espalhando-se pelos demais países e, aos poucos, os ordenamentos jurídicos foram reconhecendo sua legitimidade – o que, no começo, não era uma realidade. Temos, atualmente, dois importantes documentos internacionais que regulamentam tal assunto: a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que determina que todo homem tem direito a ingressar em um sindicato; bem como a Convenção no 87, da OIT, que passou a descrever o direito de livre sindicalização. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) A CLT foi redigida logo após a Constituição de 1988. b) Os sindicatos surgiram nos EUA. c) Em 2017, houve uma importante reforma da CLT que não alterou “direitos”, mas flexibilizou direitos já conquistados. d) Os sindicatos não são reconhecidos pela Declaração Universal dos Direitos dos Homens. e) Os sindicatos sofrem certa ingerência do Estado brasileiro. Relações coletivas de trabalho São o fruto da necessidade dos empregados de defenderem, em conjunto, suas reivindicações perante o poder econômico (proveniente, em regra, dos empregadores). Denomina-se liberdade sindical o direito dos empregados e dos empregadores de se organizarem e constituírem livremente seus sindicatos, sem qualquer interferência do Estado. Unicidade sindical x liberdade sindical. Liberdade e organização sindical no mundo A liberdade sindical é o direito que o empregado, ou o empregador, tem de se organizar e constituir livremente as agremiações que desejarem, no número por eles idealizado, visando à promoção de seus interesses ou dos grupos que irão representar, sem que sofram qualquer interferência do Estado. A liberdade sindical também compreende o direito de ingresso e de retirada do sindicato respectivo. Liberdade e organização sindical, previstas no artigo 8o, da Constituição Federal de 1988 O inciso II, do artigo 8o, da Constituição Federal de 1988, determina que: “[...] fica vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa da categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município.” Pelo inciso citado, podemos dizer que não há liberdade total para se criar sindicatos. Sindicatos e a organização sindical Os sindicatos têm autonomia no sentido de terem liberdade de organização interna, redigindo seus próprios estatutos e podendo eleger livremente seus representantes, que devem regular apenas temas ligados aos interesses profissionais ou econômicos da categoria, não devendo defender/regular assuntos políticos. Já a organização sindical se refere ao fato de os sindicatos serem entidades privadas, formadas por pessoas físicas (empregados) ou pessoas jurídicas (empresas) que têm atividades profissionais ou econômicas, visando à defesa dos interesses coletivos ou individuais de seus membros ou da categoria. Sindicatos e a organização sindical Os sindicatos têm funções de representação, negociação, arrecadação, assistência e postulação judicial no que se refere aos interesses gerais da categoria ou aos interesses individuais dos associados, relativas à atividade ou profissão exercida. Apenas cabem aos interessados a criação e a organização dos sindicatos, com o compromisso de respeitar as bases territoriais e o registro em órgão competente. A Convenção no 87 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) Determina que os sindicatos podem ser constituídos independentemente de autorização do Poder Público. Tal determinação tem por objetivo garantir a autonomia dos sindicatos. Com base na convenção descrita, temos o artigo 8o, inciso I, da Constituição Federal, reconhecendo que “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação do sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical”. Entidades sindicais de grau superior Federações: de acordo com o artigo 534, da CLT, são entidades sindicais de grau superior organizadas nos estados-membros da União. As federações têm âmbito estadual e, para serem formadas, necessitam congregar, no mínimo, cinco sindicatos de categorias idênticas. Confederações: de acordo com o artigo 535, da CLT, são organizações sindicais de âmbito nacional que, para serem formadas, necessitam congregar, pelo menos, mais de 2 federações. Exemplos de entidades sindicais de grau superior CUT – Central Única dos Trabalhadores. CGT – Comando Geral dos Trabalhadores. Força sindical. Todas essas são entidades sem previsão legal. Podem atuar na sociedade, mas sem poder de representação judicial. Imposto sindical/contribuição sindical O imposto sindical, com a nova Reforma da CLT, passou a ser facultativo e o funcionário somente pagará se quiser, mediante autorização. Se for pago, será devido a favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão. É descontado dos empregados uma vez por ano, no mês de março e equivale a 1 dia de salário. Lembrando que, com a Reforma da CLT, passou a ser facultativo. Negociação coletiva A negociação coletiva é um procedimento que visa a superar as divergências entre as partes. O resultado desse procedimento é o “acordo” ou a “convenção” coletiva. Caso a negociação não seja concluída, não haverá a elaboração da norma coletiva. Não havendo o “acordo” ou a “convenção” coletiva, é facultado às partes ajuizar o “dissídio coletivo” que dar-se-á no âmbito da Justiça do Trabalho. Cabe aos sindicatos realizar a negociação coletiva. Negociação coletiva Entretanto, antes da Reforma da CLT, todos os trabalhadores eram obrigatoriamente assistidos pelo respectivo sindicato nas negociações. Com a Reforma da CLT (Lei 13.467/2017), funcionários que possuem o nível superior e recebem valor acima do dobro do teto dos benefícios do INSS (Regime Geral da Previdência Social), isto é, R$ 11.062,62 (em dezembro 2017), podem negociar individualmente suas relações contratuais, sem a necessidade de interveniência do sindicato da categoria. Representação dos trabalhadores nas empresas A representação dos empregados é um conjunto de meios destinados a promover os interesses dos empregados com os empregadores sobre as condições de trabalho. A Reforma da CLT especifica que haveráa eleição de uma comissão de representantes dos empregados nas empresas que possuem mais de 200 empregados, com o objetivo de resolver e solucionar conflitos, ter uma boa relação entre empregador e empregado e fiscalizar as normas que afetem os empregados (por exemplo, segurança, condições insalubres, medicina do trabalho etc.). Representação dos trabalhadores nas empresas Conforme o artigo 510-D, § 3o, da Reforma da CLT (Lei 13.467/2017), o representante tem direito à estabilidade no emprego: “Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.” Distinção entre o representante dos trabalhadores e o representante sindical O representante sindical é a pessoa escolhida mediante eleição no âmbito do sindicato para representar a categoria e ser seu dirigente. Também possui estabilidade no emprego. O representante dos empregados é eleito no âmbito de sua empresa e irá defender os interesses apenas de seus colegas de trabalho, diferentemente do dirigente sindical, que representa toda categoria. Além disso, o representante dos empregados não precisa ser sindicalizado. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) Denomina-se liberdade sindical o direito dos empregados e dos empregadores de se organizarem e constituírem livremente seus sindicatos, com a interferência do Estado. b) A liberdade sindical impede o direito de ingresso e de retirada do sindicato respectivo. c) Federações e Confederações de Sindicatos são a mesma coisa. d) O imposto sindical é um pagamento facultativo depois da “Reforma da CLT”. e) O valor do imposto sindical corresponde a 1% do valor do salário do funcionário. Direito Individual do Trabalho Relação de trabalho É um gênero que engloba todas as relações em que se tem prestação de serviço por pessoa física para outro tomador. Exemplos: trabalho voluntário, autônomo, eventual, doméstico, rural, avulso e empregado. Relação de emprego É uma das espécies da relação de trabalho e forma-se sempre que o trabalho for prestado por um empregado para um empregador. Elementos caracterizadores da relação de emprego e de empregado Os elementos constam no artigo 3o, da CLT: “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário” (Princípio da Primazia da Realidade). a) Subordinação hierárquica (dependência dele); b) Dependência econômica (mediante salário). Elementos caracterizadores da relação de emprego e de empregado pessoa física (pessoa natural): o trabalho deve ser prestado sempre por uma pessoa física; continuidade: o empregado presta serviços com regularidade, constantemente, de forma não eventual. Há uma relação sucessiva entre as partes, que perdura no tempo; Elementos caracterizadores da relação de emprego e de empregado pessoalidade: o contrato de trabalho é celebrado intuitu personae, nos casos em que o serviço seja executado sempre por uma mesma pessoa; onerosidade: o empregado recebe salário por seu labor (trabalho) prestado ao empregador. O empregado tem o dever de prestar serviços e o empregador, por sua vez, deve pagar salários ao serviço realizado; Elementos caracterizadores da relação de emprego e de empregado subordinação: é uma situação em que se encontra o trabalhador decorrente da limitação da autonomia de sua vontade. Assim, o empregado exerce sua atividade com dependência ao empregador, sendo dirigido por ele; alteridade: significa que o empregado presta serviços por conta alheia. É requisito do contrato do trabalho o empregado prestar serviços por conta alheia e não por sua conta. Alterações no contrato de trabalho Contratos são ajustes de vontades e podem ser alterados, conforme o artigo 468, da CLT: “[...] nos contratos individuais só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos aos empregados, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.” São requisitos de validade para alteração contratual: o consentimento do empregado; a garantia de que não resultará em prejuízo ao empregado. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho Suspensão: é o fenômeno passageiro pelo qual o contrato de trabalho e seus principais efeitos ficam totalmente paralisados. Durante a suspensão do contrato, o empregado não presta serviços, o empregador não está obrigado a pagar os salários e não se conta o tempo de afastamento como tempo de serviço. Há a cessação passageira e total dos efeitos do contrato. Exemplos: aborto criminoso, auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, empregado eleito para cargo de diretor etc. Suspensão e interrupção do contrato de trabalho Interrupção: haverá interrupção quando o empregado, embora não preste serviço, for remunerado normalmente, contando-se também tempo de serviço. Essa é, portanto, uma cessação passageira e parcial dos efeitos do contrato. Exemplos: afastamento do funcionário por motivo de doença durante os 15 primeiros dias (auxílio-doença), licença à gestante, aborto não criminoso, falecimento em família, casamento, doação de sangue etc. Intervalo/descanso O artigo 71, da CLT, determina que o trabalho cuja jornada exceda 6 horas diárias deverá ter um intervalo para alimentação de, no mínimo, 1 hora, salvo acordo ou convenção coletiva, não podendo exceder a 2 horas. O parágrafo 1o desse artigo regula que, nos casos em que a jornada não exceder 6 horas diárias, o intervalo obrigatório será de 15 minutos para jornada não inferior a 4 horas diárias. Intervalo/descanso Com a nova “Reforma da CLT”, o funcionário poderá “negociar/flexibilizar” o intervalo para descanso (por exemplo, o horário de almoço), “negociando” que almoçará em 30 minutos e, os outros 30 minutos (ao todo 1 hora de almoço), serão compensados no início ou no término do expediente do dia, ou seja, ele poderá entrar 30 minutos mais tarde ou sair 30 minutos mais cedo. Por outro lado, com essa reforma, o tempo dispendido pelo funcionário no caminho para se chegar ao local do serviço (ou no retorno para casa) não é considerado como parte da jornada de trabalho, independentemente do meio de locomoção usado, mesmo o local de trabalho sendo de difícil acesso. Férias A Inglaterra foi a primeira a promulgar uma lei concedendo férias aos empregados industriais. O segundo país foi o Brasil, em que esse direito foi primeiramente concedido somente a algumas profissões e, em 1925, estendido a todas as categorias. Com a “Reforma da CLT”, que entrou em vigor em 11/11/2017, as férias foram “flexibilizadas”, mas o direito a elas não foi alterado porque as férias continuam sendo de 30 dias anuais, com a possibilidade de um acordo entre empregados e empregadores para que sejam divididas em até três vezes, desde que um dos períodos seja de 14 dias corridos e, os demais, cinco dias corridos. Aquisição do direito de férias Período aquisitivo, que vai do início do contrato de trabalho até que esse complete 12 meses de vigência. Após cada período de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: 30 dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 vezes; 24 dias, quando houver tido entre 6 e 14 faltas; 18 dias, quandohouver tido entre 15 e 23 faltas; 12 dias, quando houver tido entre 24 e 32 faltas. Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) A “pessoalidade” não é um dos elementos caracterizadores da relação de emprego e de empregado. b) A “dependência econômica” e a “subordinação hierárquica” não os 2 elementos do Princípio da Primazia da Realidade. c) É possível “flexibilizar” intervalo obrigatório para descanso, almoçando em ½ hora e saindo também ½ mais cedo. d) Podemos dizer que as férias não se constituem no repouso anual remunerado. e) O empregado terá direito às férias a cada 18 meses. Remuneração de férias O empregado, conforme visto no artigo 142, da CLT, receberá no período de férias a remuneração que lhe for devida na data da concessão e acrescida de 1/3 constitucional, segundo o artigo 7o, XVII, da Constituição Federal. A CLT determina que sempre que as férias forem concedidas após o prazo concessivo, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração. Note que somente a remuneração será paga em dobro. Férias coletivas Abono de férias Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de uma empresa ou de determinado setor da empresa, permitindo o fracionamento em até dois períodos no ano, desde que nenhum seja inferior a 10 dias. É a faculdade que o empregado tem de converter 1/3 do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. Férias coletivas Abono de férias Assim, aquele empregado que tem direito ao gozo de 30 dias de férias poderá vender 10 desses dias para o empregador. A Reforma da CLT (Lei 13.467/2017), também conhecida como a Lei da Reforma Trabalhista, não alterou os dispositivos que dispõem sobre as férias coletivas (artigos 139 a 141, da CLT). Conceitos de salário e de remuneração Salário é a contraprestação devida ao empregado, pela oferta/prestação de seus serviços ao empregador, em decorrência do contrato de trabalho existente entre as partes. O autor e jurista Nascimento (2007) conceitua salário como o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só como contraprestação do trabalho, mas também pelos períodos em que estiver à disposição daquele aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei. 13o salário O décimo terceiro salário, também chamado de gratificação natalina, é uma gratificação compulsória por força de lei, com natureza salarial. Previsto na Lei 4.090 de 1962, consiste em uma gratificação natalina e é devido a todos os empregados, devendo ser pago até o dia 20 de dezembro. A lei obriga que a primeira metade deve ser paga entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano (costuma-se pagar 50% em novembro), e a segunda metade até o dia 20 de dezembro. FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço Criado por lei em 1966, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é formado por depósitos mensais, feitos pelos empregadores em nome de seus empregados. Todo empregador é obrigado a efetuar mensalmente um depósito: para menor aprendiz é de 2% sobre a remuneração e para os demais empregados 8% sobre a remuneração. Esses depósitos são feitos na Caixa Econômica Federal e integram um fundo unificado de reservas, com contas individualizadas em nome dos trabalhadores. Situações que permitem levantar o FGTS demissão sem justa causa, incluindo a rescisão indireta e casos de culpa recíproca e força maior; demissão em comum acordo (nesse caso, o funcionário pode retirar 80% do FGTS) – Reforma da CLT de 2017; extinção (fechamento) da empresa; aquisição de casa própria; falecimento do trabalhador (nesse caso, os dependentes poderão levantar o fundo); tratamento de doenças como câncer ou Aids; aposentadoria concedida pela Previdência Social; empregado com mais de 70 anos. Rescisão por demissão – pedido de demissão Trata-se de ato unilateral, pelo qual o empregado comunica ao empregador que resolveu extinguir a relação de emprego, não podendo o empregador indeferir ou rejeitar o pedido. A praxe é que o pedido de demissão seja feito por escrito. Verbas rescisórias que se têm direito a receber: saldo salarial (é número de dias trabalhados no mês de demissão); 13o salário proporcional; férias vencidas (se houver) e 1/3 constitucional; férias proporcionais: aspecto já consolidado pela jurisprudência no caso do trabalhador ter menos de 12 meses no emprego. Rescisão por despedida sem justa causa É o término da relação de trabalho, por iniciativa do empregador, sem que tenha sido cometida falta grave pelo empregado. Verbas rescisórias: saldo salarial; férias vencidas e proporcionais; 1/3 constitucional de férias; 13o salário proporcional; levantar os depósitos do FGTS e receber a indenização compensatória de 40% sobre o valor depositado; aviso prévio indenizado. Demissão em comum acordo A “Reforma da CLT” (Lei 13.467) legalizou uma importante inovação que já era praticada no mercado entre empregador e empregado. Quando o funcionário queria se desligar da empresa por qualquer motivo (novo emprego, dedicar-se apenas aos estudos, cuidar de algum parente doente), ele não queria perder alguns “direitos” por pedir demissão. Em alguns casos, a empresa dispensava o empregado como se fosse uma demissão simples de iniciativa da empresa. Demissão em comum acordo Agora, com a Reforma da CLT, há uma nova figura: a “demissão em comum acordo”. Assim, empresas e funcionários poderão optar por essa nova modalidade de demissão, em que a multa (da empresa) de 40% do FGTS será reduzida para 20% e o aviso prévio ficará restrito a 15 dias. Além disso, o trabalhador poderá sacar somente 80% do Fundo de Garantia, mas perderá o direito de receber o seguro-desemprego porque ele também tinha vontade de se desligar da empresa. Demissão por justa causa Ocorre quando o empregador promove a rescisão do contrato de trabalho diante de uma falta grave. Presente a justa causa, o trabalhador deixará de receber a parcela proporcional dos direitos ainda não adquiridos e de levantar os depósitos realizados pelo empregador em sua conta vinculada do FGTS. Quais são os motivos para justa causa? Motivos da dispensa por justa causa ato de improbidade (ex.: desonestidade ou lesão ao patrimônio da empresa); incontinência de conduta (ex.: práticas de caráter sexual, ato obsceno, pornografia virtual etc.); negociação habitual por conta própria ou alheia, sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; condenação criminal do empregado, transitado em julgado, caso não tenha havido suspensão da pena; desídia no desempenho das respectivas funções (ex.: dormir no serviço, “corpo mole” para forçar demissão); Motivos da dispensa por justa causa embriaguez habitual ou em serviço (ex.: beber, chegar alcoolizado ou ficar alcoolizado no horário em que está à disposição da empresa); violação de segredo da empresa; ato de indisciplina ou de insubordinação (ex.: não respeitar ordens legais de superior hierárquico); abandono de emprego (ex.: superior a 30 dias ou não comparecer depois de notificado dentro do prazo fixado); ato lesivo da honra ou boa fama, ou ofensas físicas praticados em serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; prática constante de jogos de azar. CIPA – Comissão Interna de Prevenção deAcidentes A CIPA é obrigatória em todas as empresas que possuam mais de 20 empregados. Será composta por representantes dos empregados e do empregador. Conforme a CLT, o objetivo é tomar todas as precauções para evitar acidentes de trabalho. Estabilidade dos membros da CIPA: o item 5.8, da NR-05, dispõe que: “É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato”. Interatividade Assinale a alternativa correta: a) As férias do empregado são concedidas com um valor adicional chamado de 1/3 constitucional. b) O empregado não pode converter 1/3 do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário. c) O 13o salário é pago em parcela única no mês de dezembro. d) O valor do FGTS depositado pelo empregador na conta do empregado mantida na CEF é de 9%. e) A CIPA é obrigatória em todas as empresas que possuam mais de 5 empregados. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade IV ÉTICA E LEGISLAÇÃO: TRABALHISTA E EMPRESARIAL Prof. Me. Luís Gustavo Código de Defesa do Consumidor (CDC) – Lei 8.078/1990 O Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei 8.078/90, estabelece bases para defender a parte mais frágil nas relações de consumo, ou seja, o consumidor. Mesmo assim, no dia a dia surgem situações não previstas em lei e cabe aos órgãos de defesa (proteção) ao consumidor (cidadão) e, principalmente, à justiça, a interpretação do que a lei descreve. Código de Defesa do Consumidor (CDC) – Lei 8.078/1990 O consumidor no Brasil, cada vez mais atento aos seus direitos, deve sempre recorrer ao judiciário para defesa (proteção) de seus interesses. Mas é sempre recomendável que, em primeiro lugar, procure o serviço de atendimento ao consumidor e tente fazer uma composição antes de ingressar com uma ação na justiça. Quando existe o fato indiscutível da lesão, o consumidor tem o direito de ser ressarcido. No caso de existir eventual negativa do fornecedor ou do fabricante em compensar aquele dano verificado pelo consumidor, este deve procurar um advogado e fazer valer seus direitos. Relação de consumo Será considerada relação de consumo, para os efeitos da lei, quando ao lado dos interesses figurarem um consumidor e um fornecedor/vendedor. Essa relação jurídica de consumo envolve duas partes bem definidas: de um lado, o adquirente de um bem (produto) ou serviço, chamado de consumidor, enquanto, de outro lado, há o fornecedor ou vendedor de um bem (produto) ou serviço. Relação de consumo A relação de consumo destina-se à satisfação de uma necessidade do consumidor, interesse particular que, não dispondo de influência (gerenciamento) na elaboração de bens ou de serviços que lhe são destinados, submete-se ao poder e condições dos fabricantes e fornecedores dos bens e serviços, sendo chamada hipossuficiência ou vulnerabilidade do consumidor. Em outras palavras, como o consumidor não detém todo o conhecimento e nem acompanha toda a elaboração do bem ou execução do serviço, será considerado sempre como a parte mais fraca da relação. Conceito de consumidor O CDC define consumidor como toda pessoa natural (ser humano) ou jurídica (empresa, por exemplo) que adquire (oneroso ou gratuito) ou utiliza (consome) o bem (produto) ou serviço como destinatário final. O consumidor pode ser efetivo, ou seja, aquele que realmente adquire o bem (produto) ou serviço, ou pode ser consumidor potencial, ou seja, aqueles que são alvos da oferta e/ou publicidade dos bens (produtos) e serviços colocados no mercado à disposição para compra. Conceito de consumidor Equipara-se consumidor à coletividade de pessoas (grupo de pessoas), ainda que indetermináveis. Por exemplo, os doentes de hospital ou alunos de escolas, que adquirem ou utilizam bens e serviços ou ainda os associados a planos de saúde. As pessoas jurídicas também estão incluídas na lei como consumidoras, mas apenas aquelas que são as destinatárias finais do bem (produto) e não aquelas que adquirem bens ou serviços como insumo (matéria-prima) necessário ao desempenho de sua atividade comercial. Conceito de fornecedor O Código de Defesa do Consumidor define fornecedor, no artigo 3º, como toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de elaboração, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de bens (produtos) ou execução (prestação) de serviços. É aquele responsável pela colocação de bens (produtos) e serviços à disposição do consumidor, com a característica da habitualidade. Conceito de fornecedor Desta forma, são fornecedores: o supermercado, a grande loja de departamentos; mas também o feirante, o pequeno merceeiro e outros, no que toca a bens (produtos). Também é fornecedora de serviços a companhia aérea, a agência ou a operadora de viagens, como também o marceneiro, o encanador, pequenos empresários etc. O fornecedor pode ser o Poder Público por si ou por suas empresas autorizadas que desenvolvam atividades de serviços públicos. Os serviços públicos também estão abrangidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Espécies de fornecedores (Responsáveis) Fornecedor real (fabricante, produtor e construtor): fabricante é quem fabrica e coloca o bem (produto) no mercado. Incluem- se também o montador e o fabricante de peça ou componente. Produtor é quem coloca no mercado bens não industrializados de origem animal ou vegetal. Construtor é quem introduz produtos imobiliários no mercado de consumo, respondendo pela construção, bem como pelo material empregado na obra. Fornecedor esperado (presumido): é importador do bem (produto) fabricado ou in natura porque os verdadeiros fabricantes não podem, em razão da distância, ser alcançados pelos consumidores. Espécies de fornecedores (Responsáveis) Fornecedor aparente: também chamado de “quase fornecedor”, é quem apõe seu nome ou marca no bem/produto final, aquele que se apresenta como fornecedor. Exemplo: franquia = o franqueador (titular da marca) é o fornecedor aparente. O concessionário franqueado tem responsabilidade solidária. Mudança importante no CDC em 2017 Em outubro de 2017, houve uma importante mudança no Código de Defesa do Consumidor. Vejamos: O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação. (Parágrafo 2ª do artigo 8º do CDC). Interatividade Assinale a alternativa verdadeira. a) O Código de Defesa do Consumidor estabelece bases para defender a parte mais frágil nas relações de consumo, ou seja, o consumidor. b) Não é considerada relação de consumo quando ao lado dos interesses figurarem um consumidor e um fornecedor/vendedor. c) Não equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas (grupo de pessoas), ainda que indetermináveis, como os doentes de hospital ou alunos de escolas. d) O fornecedor de serviços jamais pode ser o Poder Público. e) O Código de Defesa do Consumidor foi elaborado por ocasião da Constituição de 1946. Conceito de bem (Produto) É qualquer objeto de interesse em dada relação de consumo e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente, como destinatário final. Os bens materiais são aqueles tangíveis,
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