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Acordão tráfico denúncia anônima

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS GERAIS
Apelação Criminal Nº 1.0382.11.016393-0/001
<CABBCDCABABCAADCABBCCBBACCDABACCBBAAADDADAAAD>
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL – recurso ministerial – condenação nas iras do artigo 33, caput DA lei 11.343/06 e do crime de porte de arma de fogo – impossibilidade – autoria duvidosa – AUSÊNCIA DE PROVAS SEGURAS E ROBUSTAS A SUSTENTAR O DECRETO CONDENATÓRIO – inteligência do brocardo do IN DUBIO PRO REo – ABSOLVIÇÃO MANTIDA – recurso CONHECIDO E desprovido. 
Se o conjunto probatório se mostra frágil, sem a existência de elemento que conduza à certeza da autoria, a absolvição é medida que se impõe, em observância ao princípio do in dúbio pro reo.
Apelação Criminal Nº 1.0382.11.016393-0/001 - COMARCA DE Lavras - Apelante(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - Apelado(a)(s): WESLEY AUGUSTO HENRIQUE
A C Ó R D Ã O
Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CRIMINAL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em negar provimento ao recurso.
DESA. LUZIENE MEDEIROS DO NASCIMENTO BARBOSA LIMA (JD CONVOCADA) 
Relatora.
Desa. Luziene Medeiros Do Nascimento Barbosa Lima (Jd Convocada) (RELATORA)
V O T O
WESLEY AUGUSTO HENRIQUE, já qualificado nos autos, foi denunciado como incurso nas sanções dos artigos 33, caput, da Lei nº 11.343/06, c/c art. 14 da Lei 10.826/3, porquanto, no dia 28 de julho de 2011, por volta das 14:30 horas, na Rua Maria Severo de Oliveira, n° 248, bairro Emboabas, Município de Lavras, trazia consigo cerca de 32 (trinta e duas) pedras de crack, com peso aproximado de 19,15g (dezenove gramas e quinze centigramas) e 17 (dezessete) invólucros contendo 42,44g (quarenta e dois gramas e quarenta e quatro centigramas) de maconha, sem autorização, em desacordo com determinação legal ou regulamentar e com fins de mercancia (fls. 01D/02D).
Concluída a instrução probatória, o MM. Juiz Sentenciante julgou improcedente a denúncia, para absolver o apelado de todas as imputações que lhe foram feitas (fls. 90/92-v).
Irresignado, apelou o Ministério Público (fl. 94), requerendo, em suas razões recursais, a reforma da sentença para condenar o réu nos exatos termos da denúncia (fls. 108/124).
A defesa, em contrarrazões recursais (fls. 125/132), pugnou pelo desprovimento do recurso. 
A douta Procuradoria de Justiça, por sua vez, manifesta-se pelo conhecimento e provimento do recurso ministerial (fls. 140/154).
É o relatório.
Conheço da apelação interposta, eis que presentes os requisitos objetivos e subjetivos de sua admissibilidade. Inexistentes quaisquer preliminares suscitadas ou nulidades arguíveis de ofício, passo à análise do mérito recursal.
Compulsando os autos, no entanto, entendo que não assiste razão ao ilustre representante ministerial, pelas seguintes razões:.
Consta dos autos que, no dia 28 de julho de 2011, por volta das 14h30min, policiais militares faziam patrulhamento de rotina no bairro Bandeirantes, Município de Lavras, quando foram notificados por um cidadão, o qual não quis se identificar, que indivíduos estariam realizando o tráfico ilícito de entorpecentes na região, informando, ademais, que o principal responsável pela comercialização seria o acusado, vulgo “Chaves”.
Por tais razões, os policiais iniciaram buscas na região, localizando, próximo a rua Tenente Pompeu de Abreu, n° 248, Vila Bandeirantes, um revólver marca Taurus, calibre 38, carregado com dois cartuchos intactos, bem como, 32 (trinta e duas) pedras de crack e 17 buchas de maconha.
A materialidade do delito de tráfico de drogas pairou cristalina nos autos pelo boletim de ocorrência (fls. 03/05), auto de apreensão (fl. 06), e laudo toxicológico definitivo (fls. 08/11).
A materialidade do porte ilegal de arma de fogo, por sua vez, também restou satisfatoriamente comprovada pelo boletim de ocorrência (fls. 03/05), auto de apreensão (fl. 06) e laudo pericial de eficiência e prestabilidade (fl. 22).
Contudo, a autoria de ambos os delitos, pairou duvidosa. 
As drogas e a arma de fogo foram encontradas pelos policiais em razão de informações prestadas por um suposto morador do local, que relatou o intenso tráfico de drogas na região, apontando o apelado como o principal responsável pela ilegalidade e como proprietário dos objetos apreendidos.
Note-se, pois, que as provas dos autos se baseiam nos relatos de uma única testemunha, que sequer quis se identificar, sob a alegação de medo de ser repreendida. Os depoimentos dos policiais, de igual modo, encontram fundamento tão somente nas informações fornecidas por este cidadão. Vejamos:
“(...) que o local onde a arma e as drogas foram encontradas “batia” com a indicação feita pelo denunciante, estando ele localizado na Rua Maria Severo, sendo este local conhecido ponto de drogas; que o denunciante era vizinho ao local onde as drogas foram encontradas; que o denunciante relatou ao depoente que chegou a ver o acusado escondendo os materiais apreendidos no referido local. (...)” (Sidnei Pereira, CB/Policial Militar, fl. 56)
“(...) que o denunciante era pessoa moradora do bairro e relatou aos militares que o acusado costumava acessar, com frequência, o terreno onde a arma e as drogas foram encontradas, na companhia de outros indivíduos; que, na época dos fatos, nem mesmo conhecia o réu e o local da apreensão das drogas começava a ser conhecido como ponto de vendas de entorpecentes. (...)”.
 
O acusado, por sua vez, nas oportunidades em que foi ouvido (fls. 14 e 55/55-v), negou veementemente a propriedade das drogas e da arma de fogo apreendidas. Ressalte-se, nesse particular, que nenhum dos objetos relacionados aos crimes foi encontrado em poder do Apelado. Além disso cumpre registrar que sequer se encontrava próximo ao local onde os objetos dos delitos estavam escondidos, tampouco foi preso em flagrante delito:
“(...) que não são verdadeiros os fatos narrados na denúncia; que confirma o inteiro teor de suas declarações acostadas à fl. 14 dos autos, prestadas perante a autoridade policial (...); que o declarante tinha vários desafetos no bairro onde residia, pois antigamente, brigava muito; (...) que nunca possuiu arma de fogo e esclarece, mais uma vez, que não tem nada a ver com os fatos narrados na denúncia. (...) (Acusado, fls. 55/55-v) 
É certo que a vida pregressa do apelado demonstra envolvimento com o tráfico de entorpecentes. No entanto, o simples fato de já ter sido condenado por tal delito não é prova da autoria dos crimes em apreço. O Direto Penal pune o autor do fato delituoso e não a pessoa suposta de sua autoria. Neste contexto, existe a possibilidade da testemunha, informante não identificada ter indicado o apelado como proprietários dos objetos ilícitos apreendidos apenas por conhecer seu passado. Contudo, ressalte-se, que a denúncia não está em sintonia com os depoimentos dos policiais militares ouvidos às fls. 56 e 57, pois não há relato por parte destes de que as drogas e arma foram encontradas na posse do Apelado e sim em um terreno localizado na Rua Maria Severo.
Nesse aspecto, me parece temerário condenar uma pessoa por suposição, correndo-se o risco desta não ser responsável pela prática delituosa descrita na denúncia. Observa-se, inclusive, dos autos a inexistência de flagrante e o inquérito policial foi iniciado por portaria reforçando-se a dúvida quanto a autoria imputada ao Apelado.
Ao meu sentir, o conjunto probatório é frágil, pois se baseia apenas nos depoimentos de dois policiais militares, repiso, os quais pautam seus relatos em uma única testemunha não identificada, a qual, apesar de ter levado à constatação da ocorrência dos delitos, não traz qualquer prova para embasar sua indicação no que toca à autoria por parte do Apelado. Não bastasse, este sustenta possuir diversas desavenças no bairro onde morava, pois ali habitualmente brigava muito, o que nos leva a conjecturar acerca de uma falsa imputação.
Com efeito, mesmo existindo indícios de que o acusado possa ser o proprietário das drogase da arma, não há espaço para condenação, tendo-se por base suposições e informações não firmadas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, pois, uma condenação cujas sanções são tão gravosas, necessita de provas contundentes e certas da autoria.
Isso porque no processo criminal vigora o princípio segundo o qual a prova, para alicerçar um decreto condenatório, deve ser irretorquível, cristalina e indiscutível. Se o réu nega veementemente a prática do delito e o contexto probatório se mostra extremamente frágil a embasar um decreto condenatório, surgindo forte dúvida acerca da autoria do fato delituoso, imperiosa é a absolvição, consoante o princípio do “in dubio pro reo”
Nesse sentido, o entendimento desta Casa Revisora:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE ENTORPECENTES E CONTRAVENÇÃO PENAL - ABSOLVIÇÃO QUANTO AO CRIME PREVISTO NO ART. 33, §1º, INCISO III, DA LEI 11.343/06 - NECESSIDADE - INEXISTÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES PARA A CONDENAÇÃO - POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO E MUNIÇÃO - CONDENAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - DÚVIDA AUTORIA - REDUÇÃO DA FRAÇÃO REDUTORA DO PRIVILÉGIO PREVISTO NO ART. 33, §4º DA LEI 11.343/06 - POSSIBILIDADE - EXCLUSÃO DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS - NECESSIDADE - RECURSO DEFENSIVO PROVIDO E RECURSO MINISTERIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 
1- Inexistindo elementos que comprovem, inequivocamente, que o réu consentiu que outrem se utilizasse de local de que tinha a posse e a administração para a realização do comércio ilícito de entorpecentes, deve ser decretada a absolvição pelo crime tipificado no art. 33, §1º, inciso III, da Lei 11.343/06. 
(...)
3- Havendo dúvida quanto à autoria do delito de posse ilegal de arma de fogo e munição, à luz do princípio do in dubio pro reo, a manutenção da absolvição é medida de rigor. 
(...)
(TJMG, Apelação Criminal n º 1.0145.13.022375-6/001 , Des.(a) Eduardo Machado, 5ª CÂMARA CRIMINAL, J. 02/09/2014, P. 08/09/2014).
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS - ABSOLVIÇÃO EM 1º GRAU - INCONFORMISMO MINISTERIAL - CONDENAÇÃO PRETENDIDA - IMPOSSIBILIDADE - FRAGILIDADE PROBATÓRIA RECONHECIDA - IN DUBIO PRO REO - RECURSO DESPROVIDO. 1. Para que se reconheça a procedência da exordial acusatória, indispensável que se faça a prova plena dos fatos, com perfeita demonstração da materialidade e da autoria. 2. Não se desincumbindo o Parquet do encargo, não estando, destarte, suficientemente comprovada a prática delituosa articulada na denúncia, impossível de se acatar o pleito condenatório, devendo ser mantida a r. sentença que absolveu o réu, em respeito ao princípio in dubio pro reo. 3. Recurso não provido.
(TJMG, Apelação Criminal nº 1.0024.13.312778-7/001, Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA CRIMINAL, J. 09/08/2014, P. 13/08/2014).
Além disso, há de se respeitar o sentir do magistrado “a quo”, prolator da sentença absolutória, coletor da prova, o qual, analisando-a, com afinco, observou em primeira mão a dúvida ainda aqui subsistente.
Destarte, não sendo possível extrair-se do conjunto probatório prova ser o Apelado o proprietário das drogas e da arma apreendidas, há de se aplicar em seu favor o princípio do 'in dubio pro reo', mantendo-se sua absolvição, com fundamento no art. 386, inc. VII, do CPP, por imposição legal.
Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E NEGO-LHE PROVIMENTO, nos termos supradelineados.
Custas ex lege.
Des. Rubens Gabriel Soares (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Furtado De Mendonça - De acordo com o(a) Relator(a).
SÚMULA: "Negaram provimento ao recurso"
Fl. 1/7

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