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Teoria Geral do Processo unidade V

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UNIDADE V
PROCESSO
Processo é o instrumento para alcançar a tutela jurisdicional; conjunto de atos praticados visando uma finalidade. Processo difere de procedimento, já que este último é espécie, é a forma como os atos se desencadeiam, se desenvolvem. O processo é constituído por um conjunto de atos ordenadamente encadeados e previamente previstos em lei, que se destinam a um fim determinado: a prestação jurisdicional. Para que ela seja alcançada, há um procedimento, que pressupõe um encadeamento de atos se sucedendo no tempo: a apresentação da petição inicial, o recebimento, a citação do réu, a resposta, o saneamento ou julgamento antecipado, as provas e o julgamento. Enquanto o processo engloba todo o conjunto de atos que se alonga no tempo, estabelecendo uma relação duradoura entre os personagens da relação processual, o procedimento consiste na forma pela qual a lei determina que tais atos sejam encadeados. Às vezes, em sequência, o que é comum à grande maioria dos processos, caso em que o procedimento é comum; às vezes, encadeados de maneira diferente da convencional, caso em que o procedimento será especial. Uma coisa é o conjunto de atos; outra, a forma mais ou menos rápida, comum ou incomum, pela qual eles se encadeiam no tempo.
Relação jurídica processual
Vínculo entre duas ou mais pessoas, onde há direitos e deveres entre elas. As pessoas da relação jurídica processual são: autor, réu e juiz. Há formalidade específica, é escrita. Possui uma finalidade própria, a tutela jurisdicional. Atenção, pois relação jurídica material difere de relação jurídica processual.
Características do processo
Autonomia: independente em relação à relação jurídica material.
Ex: recebimento de cartão de crédito e fatura que não foi solicitado, ao ingressar com o processo contra o banco, o juiz dá a inexistência da relação jurídica material. Mas a relação jurídica processual não é inexistente em relação à outra.
Complexidade: composto por mais de um ato, oposto da unicidade, simplicidade. Necessariamente, o processo é um conjunto de atos.
Dinamismo: se opõe ao extático, ele se modifica, evolui.
Natureza pública: as regras que regem o processo é de natureza pública, mas a lei confere algumas liberdades.
Pressupostos processuais
São formalidade impostas pela lei que as partes devem seguir:
Existência: são elementos necessários para que a relação processual possa se dar início. A ausência de qualquer um dele, leva-se à conclusão de que não há um processo instaurado
Petição inicial/demanda: a questão a ser resolvida pelo Estado-juiz. Como a jurisdição é inerte, reputa-se ineficaz aquilo que for decidido pelo juiz na sentença, sem que tenha havido pedido. Petição inicial é o instrumento que o autor usa para dar início ao processo, quebrando a inércia do judiciário.
Jurisdição: Se trata da atribuição legal de impor decisões, resolver demandas. Os atos processuais que só podem ser praticados por um juiz são tidos por ineficazes se praticados por quem não está investido da função. 
Citação: o réu é chamado ao processo para se manifestar. Mesmo antes de o réu ser citado, já existe um processo incompleto, que tem a participação apenas do autor e do juiz. A citação é necessária para que ele passe a existir em relação ao réu e se complete a relação processual. Sem citação, o réu não tem como saber da existência do processo, nem oportunidade de se defender. Há situações em que não há necessidade de citação.
Ex: processo de cobrança, quando esta a cobrança já está prescrita, extingue-se antes da citação.
Validade: são requisitos necessários para o válido desenvolvimento do processo. Exige que haja um processo, logo, só se verifica se há os pressupostos de validade, se todos os de existência estiverem presentes.
Petição inicial apta: reúne todos os requisitos que a lei determina, em caso de não estar apto, abre-se prazo para a reunião de todos os requisitos e assim, seguir.
Juiz competente e imparcial: tem de haver competência e sem interesses pessoais naquela causa.
Citação válida: feita conforme a lei determina cada citação tem formalidades específicas a serem seguidas.
Capacidade: são três as espécies de capacidade no processo civil. A postulatória, a de ser parte e a processual, as três são cumulativas.
Capacidade postulatória: Deriva da necessidade de uma aptidão especial para formular requerimentos ao Poder Judiciário. É a capacidade ou atribuição que o indivíduo tem de se manifestar (pedir, se defender), quem a possui é o advogado, o ministério público, a defensoria pública (embora não sejam inscritos na OAB como os advogados) e as partes do processo, em regra, não possuem tal capacidade, exceto no caso de: habeas corpus, processo trabalhista ou juizado especial. Aqueles que não a têm, devem outorgar procuração a quem a tenha, para que, em seu nome, postule em juízo. A falta de capacidade postulatória não gera apenas nulidade, mas ineficácia (CPC, art. 104, § 2º).
Capacidade processual: é a capacidade de exercício, de fato. As pessoas naturais que têm capacidade de fato, que podem exercer, por si sós, os atos da vida civil, têm capacidade processual, pois podem figurar no processo. O incapaz não tem capacidade processual, Mas passará a ter quando representado ou assistido ou ainda através de curador especial(defensoria pública) assim como a pessoa jurídica deve buscar representação. 
Art. 61.NCPC
“A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal”.
Art. 75.NCPC
“Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito ou procurador;
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
§ 1º Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja parte.
§ 2º A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de sua constituição quando demandada.
§ 3º O gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela pessoa jurídica estrangeira a receber citação para qualquer processo.
§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas respectivas procuradorias”.
Capacidade de ser parte: basta existir para o direito, para poder participar do processo. Assemelha-se a capacidade do direito civil.
Art. 76. NCPC
“Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido”.
As consequênciasdesses problemas na capacidade dependerá de qual posição o sujeito ocupa:
Autor: o processo é extinto sem o juiz analisar o caso
Réu: o processo segue a revelia, e o réu não pode se manifestar.
Terceiro que quer fazer parte do processo: tem que ter as três capacidades também, não tendo as três e querendo ser autor, sem corrigir, o sujeito é retirado do processo. Querendo ser réu, se torna revel, não podendo de manifestar.
Legitimidade processual/ para a causa/ ad causa 
É pertinência subjetiva para a demanda. O fato de pertencer/ ter relação com aquilo que está sendo discutido. Consiste no atributo jurídico conferido à alguém para atuar no contraditório e discutir determinada situação jurídica litigiosa. Note-se que não é alguém ser parte, mas ser aquele que vai discutir, portanto, para verificar se há legitimidade é preciso antes ver o que será discutido em juízo. Dessa forma se não for estabelecida uma relação entre o legitimado e o que será discutido, não haverá legitimidade para a discussão na causa. Há dois tipos de legitimidade: ordinária e extraordinária.
Legitimidade ordinária: sujeito no processo, em nome próprio, defendendo um direito seu. É quando a lei atribui legitimidade ao titular da relação jurídica discutida, ou seja, a parte corresponde com o legitimado, que defenderá em nome próprio, direito próprio.
Obs.: ocorre a sucessão processual quando a legitimidade ordinária muda de pessoa, em razão da modificação da titularidade do direito material afirmado em juízo. É a troca da parte. Uma outra pessoa assume o lugar do litigante originário, fazendo-se parte na relação processual. Ex: morte de uma das partes.
Legitimidade extraordinária/ substituição processual: a lei autoriza sujeito em nome próprio defendendo direito alheio.
Ex: MP tem legitimidade para intervir em ações coletivas; sindicato também quando vai defender a categoria. 
Interesse processual
Deve-se observar a necessidade e a adequação. É para a causa, ad causas. É preciso a demonstração de que sem o exercício da jurisdição, por meio do processo, a pretensão não pode ser satisfeita, ela é necessária. Adequação é a via correta para resolver a necessidade.
Pressupostos negativos 
Para que o processo possa ser válido, é indispensável que determinadas circunstâncias estejam ausentes. Entre elas, a coisa julgada, a litispendência, a perempção e o compromisso de arbitragem. A presença de qualquer delas implicará a extinção do processo sem resolução de mérito.
Perempção: é a perda do direito de ação como consequência de, por três vezes anteriores, o autor ter dada causa à extinção do processo, sem resolução de mérito, por abandono. O autor ingressa com o mesmo processo três vezes, com as mesmas partes, causa de pedido e pedido e abandona as três vezes ou permanece o erro. A quarta lhe é negada.
Litispendência: ocorre quando há duas ações idênticas, quanto às partes, causas de pedir e pedido, logo uma deve ser extinta. A que foi protocolada primeiro, é a que segue.
Coisa julgada: ocorre quando há duas ações idênticas, mas diferentemente da litispendência, onde ambos estão em trâmite, nesse caso, uma já foi julgada, já houve o trânsito em julgado. Não cabendo então mais recursos, sendo indiscutível, logo o que foi protocolado, encerrado primeiro, irá se sobrepor ao posterior.
Convenção arbitral: trata-se de acordo onde as partes concordam em levar o problema à arbitragem e não ao poder judiciário. Havendo o processo também no poder judiciário, deve ser extinto ou então o réu estará renunciando a convenção arbitral.

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