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Direito Civil I – Obrigações Introdução ao Estudo das Obrigações: Conceito: obrigação nada mais é do que vínculo. No direito das obrigações estuda-se as normas que disciplinam as relações jurídicas pessoais estabelecidas entre credor e devedor em virtude das quais o devedor obriga-se, segundo a autonomia privada, a cumprir a prestação de dar, fazer ou não fazer, nos limites da função social e da boa-fé objetiva. Ramos do Direito: Não patrimonial: direito da personalidade Patrimonial: direito das coisas e direito das obrigações. Importância do direito das obrigações: exerce grande influência na vida econômica. Características do direito das obrigações: Direitos relativos: envolvem somente as partes. Direito a uma prestação positiva ou negativa: exigem comportamentos do devedor (dar, fazer ou não fazer). Conteúdo econômico: a coisa negociada tem que ter um valor econômico. Direitos obrigacionais (pessoais) x direitos reais: Direito das coisas ou direitos reais: relação entre pessoa e coisa / erga omnes: todos / afeta a coisa / pessoa x coisa / incide sobre a coisa / perpétuo / números clausus. No direito real o sujeito tem uma relação real com a coisa. Direito das obrigações ou direito pessoal ou direito de crédito: relação entre pessoas / Características: relatividade, patrimonialidade e direito de exigir / relativos: partes envolvidas / afeta a pessoa / cumpre uma prestação / transitórios / número aberto. No direito das obrigações o sujeito passivo (devedor) tem uma relação obrigacional com o sujeito ativo (credor). Figuras híbridas: São obrigações que mesclam características de direitos reais e direitos pessoais (criadas pela jurisprudência). Obrigações “propter rem” / “in rem” / “ob rem”: por causa da coisa. Possui características de direito obrigacional e direito real. É uma obrigação que recai sobre uma pessoa por força de um determinado direito real. Ex: obrigação de pagar uma taxa condominial. Relação ambulatória: passa para outra pessoa. Agravo Regimental nos Embargos Declaração 1203101/sp resp 846187/sp. Ônus reais: limitam o uso e gozo da propriedade, aderem a coisa e não a pessoa. Quem deve é a coisa e não a pessoa. Ex: renda constituída sobre imóvel. Obrigações com eficácia real: são obrigações pactuadas em contrato e que alcançam por força de lei a dimensão de direito real. Ex: art 8° da lei do hinquilinato (8245/91) caso da anotação da obrigação locatícia levada a registro no cartório de imóveis. Noções Gerais: Obrigação: vínculo jurídico pelo qual alguém (sujeito passivo – devedor) se propõe a dar, fazer ou não fazer alguma coisa (objeto – prestação) a alguém (sujeito ativo – credor). Elementos constitutivos da obrigação: Elemento subjetivo: são os sujeitos da relação obrigacional (as partes) que devem ser pessoa física ou jurídica, determinada ou determinável, de indeterminabilidade relativa ou temporária. - Sujeito ativo: é o credor da relação obrigacional, titular do direito de crédito, detentor do poder de exigir o cumprimento coercitivo (judicial) da prestação pactuada. - Sujeito passivo: é o devedor, parte a quem incumbe o dever de efetuar a prestação. Elemento Objetivo: é o objeto ou a prestação. - licita - possível (natural ou jurídica) - determinada/determinável (gênero, quantidade). - economicamente apreciável *O objeto divide-se em: - direto/ imediato: conduta do devedor (dar, fazer ou não fazer. - indireto/mediato: bem, coisa (dar fazer ou não fazer o que?) Elemento abstrato: ideal / imaterial (vínculo jurídico). Vínculo jurídico é o liame existente entre o credor (SP) e devedor (SA) que confere ao devedor a obrigação de cumprir a prestação e confere ao credor o direito de exigir o cumprimento. É chamado de vínculo jurídico porque traz uma sansão em caso de inadimplemento. - vínculo jurídico (elemento imaterial): nele existe o débito (shuld) e a responsabilidade (haftung). Obrigação Natural: é uma obrigação sem exigibilidade, responsabilidade. Ex: prescrição de uma prestação decorrente de uma dívida e a impossibilidade de cobrança judicial de uma dívida de jogo. Apesar de não possuir responsabilidade nada impede do devedor pagar a sua dívida, e o credor pode fazer a retenção do pagamento caso receba “soluti retentio”. Fontes das Obrigações: Conceito: são os fatos jurídicos que dão origem aos vínculos obrigacionais de conformidade com as normas jurídicas. Classificação das Fontes das Obrigações: No Direito Romano: - O jurisconsulto Gaio que sistematizou as fontes das obrigações. - Contrato: compreendendo as convenções, as avenças firmadas entre duas partes. - Quase contrato: atividade lícita sem o consentimento, ou seja, sem acordo prévio. Ex: gestão de negócios. - Delito: ilícito dolosamente cometido, causador de prejuízo para outrem. - Quase delito: consiste nos ilícitos em que o agente atuou culposamente, por meio de comportamento carregado de negligência, imprudência ou imperícia. Classificação moderna (Código Civil): - A lei é a fonte primária das obrigações e dentro da lei estão os... a) Atos negociais: contrato e declarações unilaterais de vontade. Ex: promessa de recompensa. -contrato: vontade mútua e acordo de vontades. b) Atos unilaterais: direito da vizinhança. c) Ato ilícito: delito e quase delito -delito: dano causado voluntariamente a outrem. - quase delito: dano causado involuntariamente a outrem. Classificação das Obrigações: Obrigação de dar: consiste na atividade de entregar (transferindo-se a posse ou detenção da coisa) ou restituir (quando o credor recupera a posse ou a detenção da coisa entregue ao devedor). Subdividem-se em obrigações de dar coisa certa (arts. 233 a 242) e dar coisa incerta (arts. 243 a 246). # Transferência de domínio: a transferência do domínio se faz com a tradição (entrega) da coisa, a simples assinatura do contrato não a garante. Quando eu tenho uma propriedade eu possuo uso, gozo e fluição. O inquilino no caso é possuidor (usa), mas o proprietário ainda tem a detenção (gozo e fluição). Bens Imóveis: adquiro a transferência de domínio através do registro no respectivo cartório. Bens móveis: a transferência se opera com a simples entrega. # Posse: é situação de fato é exercício pleno ou não de um dos poderes inerentes à propriedade (uso, gozo e fluição). # Detenção: possui aquele que conserva a posse em nome de seu dono. Ex: caseiro. Obrigação de dar coisa certa: (ENTREGAR) Art. 233: “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.” - O acessório segue o principal. Art. 313: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” – O credor não é obrigado a receber coisa diversa. Art. 234: “Se, no caso do artigo antecedente, a coisa a se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.” Perda total (perecimento): sem culpa do devedor 1ª p; com culpa do devedor 2ª p. Art. 235: “Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido o seu preço o valor que perdeu.” – Perda parcial (deterioração): sem culpa. Art. 236: “Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.” – Perda parcial (deterioração): com culpa. Art. 237: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.” – Melhoramentos: o devedor resolve se quer levar e pagar um pouco mais. Regra: sem culpa -> a coisa se perde para o seu dono. Obrigação de dar coisa incerta: (ENTREGAR) A obrigação de dar coisa incerta é um tipode obrigação genérica em que a coisa é indicada apenas pelo gênero e quantidade. Trata-se pois, de uma obrigação de dar cuja coisa ainda não fora individualizada. Em geral as escolhas são feitas pelo devedor e deve ser feita pela média. Art. 243: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.” – A indeterminalidade do objeto é relativa. Art. 244: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.” – concentração ou escolha cabe ao devedor. Obrigação de dar coisa certa (RESTITUIR): Há a devolução da coisa recebida, quem devolve não é o dono. Ex: contrato de locação, contrato de comodato (empréstimo gratuito de coisas infungíveis). Art. 238: “Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.” – sem culpa: o credor arca com o prejuízo. Art. 239: “Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.” Art. 240: “Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal que se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.” -Melhoramentos: Art. 241: “Se, no caso do art. 238, sobreviver melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.” Art. 242: “Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou má-fé. Parágrafo Único: Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. - Art. 96: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1.º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2.º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3.º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.” - Art. 1.219: “O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto as voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.” - Art. 1.220: “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. - Art. 1.222: “O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.” -Art. 1.214: “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único: os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.” Obrigação Pecuniária – Dar (PAGAR): Art. 313: “O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” Art. 314: “Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.” Art. 315: “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.” – Princípio do nominalismo: o devedor entrega a quantidade de dinheiro mencionada no contrato, ainda que desvalorizada pela inflação. - Obrigatoriedade do pagamento em moeda nacional: uso forçado. - Dívida de valor: tem por objeto o valor econômico (aquisitivo) da moeda, e não o dinheiro em si. Ex: 500 reais comprava muita coisa, agora não compra nada. Art. 316: “É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.” – Correção monetária. Art. 317: “Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.” - Teoria da imprevisão: onerosidade excessiva. Ex: dólar era 1 real e passou a ser 2 reais. Art. 318: “São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o valor da moeda nacional, executados os casos previstos na legislação especial.” – proibição da “clausula ouro”: moeda e ouro só são permitidos em contratos internacionais, o resto só moeda nacional. O princípio da força obrigatória dos contratos (Pacta Sunt Servanda) apesar de estar, como regra, mantido em nosso direito não é um princípio absoluto. A doutrina e a jurisprudência vem adotando a teoria da imprevisão (Rebus Sic Stantibus) que ocorre quando um fato superveniente ao contrato vem a torná-lo excessivamente oneroso a uma das partes em benefício inesperado da outra. Para isso o juiz poderá revisá-lo, com o intuito de restabelecer o equilíbrio contratual. Art. 319: “O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.” Art. 320: “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo Único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.” Art. 321: “Nos débitos, cuja a quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.” Art. 322: “Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.” Art. 323: “Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos.” Art. 324: “A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.” Parágrafo Único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.” Art. 325: “Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida.” Art. 326: “Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silencio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.” Obrigação de Fazer: “Obligatio Faiendi” Na obrigação de fazer interessa ao credor a própria atividade do devedor. Em tais casos, a depender da possibilidade ou não do serviço ser prestado por terceiro a prestação do fato poderá ser fungível ou infungível. A infungibilidade pode advir de clausula ou pelas qualidades personais e artísticas do contratado. Art. 247: “Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.” – 461 CPC: execução específica da obrigação + perdas e danos. Art. 248: “Se a prestação do fato tornar-se impossível, sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.” Art. 249: “Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor manda-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo Único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.” – Em caso de urgência, mande fazer depois peça para o juiz ressarcimento. Obrigaçãode não fazer: Tem por objeto uma prestação negativa do devedor, é um dever de abstenção. Tal abstenção não pode envolver uma restrição à liberdade individual. Art. 250: “Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.” – Inadimplemento fortuito ou não culposo. Art. 251: “Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo Único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.” Classificação Especial das Obrigações: Quanto a unicidade ou complexidade: (simples ou complexas) considera-se a unicidade ou complexidade dos elementos constitutivos da obrigação (subjetivo e objetivo). Na obrigação simples haverá apenas 1 credor, 1 devedor e 1 objeto. Na obrigação complexas haverá multiplicidade de sujeitos e/ou objetos. Quanto ao elemento objetivo (objeto): (alternativas, facultativas, cumulativas, divisíveis e indivisíveis, liquidas e ilíquidas) Alternativas ou disjuntivas: tem por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas. Ex: suíte do 1º ou do 2º andar. - Art. 252: “Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. (Trata-se da escolha) § 1.º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (Princípio da indivisibilidade do objeto) § 2.º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. (Princípio do “jus variand”) § 3.º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unanime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para deliberação. (Não vale a decisão da maioria) § 4.º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exerce-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.” - Art. 253: “Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível subsistirá o débito quanto à outra.” (Impossibilidade parcial sem culpa) - Art. 254: “Se por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.” (Impossibilidade total com culpa) - Art. 255: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito a exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização de perdas e danos.” (Impossibilidade parcial e total com culpa) - Art. 256: “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.” Obrigações Facultativas: a obrigação é considerada facultativa quando tem um objeto único e o devedor tem a faculdade de substituir a prestação devida por outra prevista subsidiariamente. Por ser prestação única, se a inicialmente prevista se impossibilitou sem culpa do devedor a obrigação se extingue não tendo o credor direito de exigir a prestação subsidiária. Obrigações Cumulativas ou Conjuntivas: são as que tem uma pluralidade de prestações que devem ser cumpridas conjuntamente. Obrigações divisíveis: são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação, havendo pluralidade de credores. - Art. 257: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. Obrigações indivisíveis: são aquelas que só podem ser cumpridas por inteiro. A indivisibilidade pode ser: - Natural: cavalo; - Jurídica: estatuto da terra, pequena propriedade rural, módulos; - Convencional: as partes que resolvem; - Econômica: diamante não convém que seja dividido. - Art. 258: “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.” - Art. 259: “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo Único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.” - Art. 260: “Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I – a todos conjuntamente; II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.” (Este documento deve ter firma reconhecida) - Art. 261: “Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe cabia no total.” - Art. 262: “Se um dos credores remitir (perdoar) a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo Único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão.” - Art. 263: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1.º Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. § 2.º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.” Obrigação Líquida: é a obrigação certa quanto a sua existência, e determinada quanto ao seu objeto. A prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo do que ocorre quando alguém se obriga a entregar ao credor a quantia de R$ 100,00. Obrigação Ilíquida: carece especificação do quanto para que possa ser cumprida. Tal especificação ou apuração processual dá-se por meio do procedimento de liquidação. Existem 3 formas: arbitramento, simples cálculos e liquidação por artigos. -Procedimento de liquidação: arbitramento: dano moral; liquidação por artigos: fatos novos (acidente de trânsito); cálculos ou simples cálculos: direito do trabalho. Quanto ao elemento acidental: Condicional: está condicionada a algum evento futuro e incerto. Ex: entrego o carro quando você se casar (casamento não marcado). - Art. 121: “Considera-se condição a clausula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.” A termo: está condicionada a um evento futuro e certo. Ex: Mês que vem te entrego (prazo). Modal (encargo, ônus): são aquelas oneradas com um encargo (ônus), imposto a uma das partes que experimentará benefício maior. O encargo precisa ser pequeno para não caracterizar uma contraprestação. Ainda que o encargo for absurdo o juiz pode interferir na obrigação privada para ser modificada. Ex: meu tio me deixa a fazenda de 100 alqueires se, em 2 deles, eu fizer uma clínica. Quanto ao conteúdo: Obrigação de meio: Que utiliza as melhores técnicas possíveis, mas não garante o resultado. Ex: médico, advogado, empresa de marketing, cirurgia de miopia (Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Andamento Processual 1.070701044481-8/001) Obrigação de Resultado: o devedor se obriga não apenas a empreender a sua atividade, mas principalmente a produzir o resultado esperado pelo credor. Ex: cirurgião plástico (Agravo Regimental no Agravo Regimental – 1132743/RJ | Agravo Regimental no Recurso Especial 256174/DF). Obrigação de Garantia: tem por conteúdo eliminar riscos que posem sobre o credor. Ex: seguradora e fiador. Quanto ao momento da execução: Instantânea: Compra e venda à vista. Deferida: entrega do objeto em data posterior. Continuada ou trato sucessivo: ocorre quando o objeto é entregue em prestações
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