Buscar

AULA X DAÇÃO EM PAGAMENTO E NOVAÇÃO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

FACULDADE SERRA DO CARMO 
Curso de Graduação em Direito
AULA X – DAÇÃO EM PAGAMENTO E NOVAÇÃO
Dação: Trata-se de uma exceção a regra do artigo 313 do código civil, o qual o credor não é obrigado a receber prestação diversa ainda que mais valiosa. A dação em pagamento revela-se pela manifestação de vontade entre credor e devedor, no qual o credor concorda em receber coisa diversa do que lhe é devida. 
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa do que lhe é devida.
Modalidades de Dação em Pagamento: 
Dinheiro em substituição de uma coisa certa ou incerta.
Coisa certa em substituição por dinheiro
Dinheiro em substituição por uma obrigação de fazer
Obrigação de fazer em substituição de dar coisa incerta. 
Elementos constitutivos da Dação em Pagamento:
EXISTENCIA DE UMA DIVIDA: a dação em pagamento também é uma forma atípica de se extinguir a obrigação, uma modalidade diversa do pagamento. Assim sendo, é imprescindível que exista uma divida para que se possa substituir a prestação que cumpriria integralmente a obrigação nos seus termos principais. 
CONCORDÂNCIA DO CREDOR: é elemento essencial para que ocorra a dação em pagamento que o credo dê o seu consentimento, seja ele verbal ou por escrito, expresso ou tácito, desde que inequívoco, pois nos termos do art. 313 a regra é de que o credor não está obrigado a receber coisa diversa ainda que mais valiosa. 
DIVERSIDADE DA PRESTAÇÃO EM RELAÇÃO A ORIGINÁRIA: para que se opere o instituto da dação em pagamento, é necessário que o adimplemento da obrigação seja feito por meio de prestação diversa da tratada precipuamente. 
EX: TICIO é credor de MÉVIO de uma obrigação de fazer, a construção de um muro, todavia MÉVIO acorda com TICIO que ao invés de construir o muro irá lhe pagar em dinheiro o valor da obrigação. 
NATUREZA JURÍDICA: trata-se de uma forma indireta ou atípica do pagamento. Tem a mesma índole jurídica do pagamento, qual seja, extinguir a obrigação. 
DISPOSIÇÕES LEGAIS:
Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas de contrato de compra e venda. 
Comentário: quando o dinheiro for substituído por coisa, será considerado em verdade um contrato de compra e venda, respondendo por exemplo o devedor pelos vícios redibitórios e a evicção por exemplo.
VICIOS REDIBITÓRIOS: trata-se de defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, não comuns a coisa, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter o abatimento do preço. 
EVICÇÃO: trata-se da perda da coisa em virtude de sentença judicial, que atribuiu a outrem a coisa por causa jurídica preexistente ao contrato, melhor explicando, dá-se a evicção quando o adquirente vem a perder a coisa por sentença judicial fundada em motivo anterior. 
OBS: se for substituição de coisa por outra coisa, a dação em pagamento será considerada troca.
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, resalvado o direito de terceiros. 
Comentário: se o credor receber como dação em pagamento coisa que evicta, ou seja, coisa que venha a perder a propriedade por meio de uma sentença judicial de causa pré existente não terá validade o dação de pagamento como forma indireta de pagamento. 
EX: ROGER é credor de RAFAEL de uma obrigação de fazer, contudo RAFAEL não deseja cumprir a obrigação e oferece a ROGER um imóvel como forma de pagamento. ROGER vem a aceitar, ocorrendo assim o que se denomina de dação em pagamento, todavia, o imóvel que ROGER recebeu na verdade não é de propriedade de RAFAEL e sim de MÁRIO, que consegue a propriedade do imóvel por meio de uma sentença judicial. Assim sendo, a obrigação primitiva de fazer entre ROGER E RAFAEL se restabelece não tendo ocorrido o pagamento. 
NOVAÇÃO 
CONCEITO: Novação é a criação de uma obrigação nova, para extinguir uma anterior. È a substituição de uma divida por outra, extinguindo a primeira.
Ex: VASCAINO tem uma divida com o FLAMENGUISTA de R$ 5.000,00 que foi garantida por meio de um titulo de crédito, por exemplo um cheque. O Pai do VASCAINO, sabendo que o filho por ser vascaíno não teria dinheiro para pagar, substitui o cheque do seu filho por um próprio, operando assim a novação. 
OBS: IMPORTANTE. Entende a doutrina que para que ocorra a novação não é necessário sempre que se substitua as partes da obrigação principal, pode ocorrer que as mesmas partes da obrigação principal resolvam acordar uma nova obrigação extinguindo a obrigação antiga, como por exemplo, aumentando ou diminuindo o valor da divida, desde que esteja presente o animus de inovar a obrigação, extinguindo a primária e criando-se uma nova. ATENÇÃO!!! Se ocorrer apenas a substituição da coisa é dação e não novação. 
CONTEÚDO DA NOVAÇÃO: 
Extintivo: com a novação se extingue a obrigação originária
Gerador: com a novação gera-se uma nova obrigação. 
OBS: Cria-se para extinguir
NATUREZA JURÍDICA: tema controvertido na doutrina. ´
1° Corrente: Todavia, inclina-se a melhor doutrina no sentido de ter natureza contratual sendo um extintivo da obrigação não satisfatório.
Com razão acerta a doutrina, pois de fato quando ocorre a novação se extingue a obrigação original, contudo sem operar o pagamento, mas sim a criação de uma nova obrigação, uma nova expectativa de pagamento. 
2° corrente: entende ser uma sucessão de pagamento. Sucessão de uma nova obrigação pela a antiga. 
OBS: ambas as correntes assistem razão, todavia a primeira é mais ampla e explica melhor, por isso se considerada predominante, mas ela acaba por desencadear no raciocínio da segunda corrente, qual seja, a novação importa na sucessão da obrigação por uma nova. 
REQUISITOS DA NOVAÇÃO: 
EXISTENCIA DE UMA OBRIGAÇÃO ANTEIOR (OBLIGATIO NOVANDA):
Só se pode inovar o que se já existe, logo é imprescindível que exista uma obrigação anterior e que essa obrigação seja válida.
1° Questão de Prova: Pode ocorrer novação de OBRIGAÇÃO ANULÁVEL?
R: SIM. Pois a obrigação anulável não fere preceito de ordem publica, inclusive podendo ser convalidada entre as partes, só sendo declarada anulada quando umas das partes pleitear juridicamente. 
2 ° Questão de Prova: Pode ocorrer novação de OBRIGAÇÃO NATURAL?
1° Corrente: Entende que não é possível, pois trata-se de obrigação que não pode ser exigida juridicamente, logo não se pode revitalizar ou validar relação obrigacional juridicamente inexigível. (majoritária)
2° Corrente: entende que sim, pois falta de exigibilidade não é fator inobstante para que ocorra a novação, pois a obrigação natural só ganha validade jurídica no momento de seu cumprimento. (minoritária)
OBS: Acompanho o entendimento apesar de minoritário da segunda corrente, pois de fato pode sim um pai assumir por exemplo a divida de jogo de um filho, operando a novação, sendo que a mesma só irá se concretizar, assim como a obrigação primária no momento do cumprimento da obrigação. 
CONSTITUIÇÃO DE UMA NOVA OBRIGAÇÃO (ALIQUIDI NOVI):
A inovação deve ser clara e inequívoca, sendo capaz de ficar claro que extingui a obrigação anterior e cria-se uma nova. 
OBS: Adverte a doutrina e a jurisprudência que quando ocorre alterações não substancias na obrigação original, não há que se falar em novação. 
Exemplos: Alteração da garantia do contrato de fiador para hipoteca
 Alteração dos juros legais.
 Alteração pelas mesmas partes do titulo de crédito pelo mesmo valor. Troca a promissória por um cheque. 
ANIMUS NOVANDI:
 O animus de inovar deve ser inequívoco do credor, consubstanciando uma nova obrigação e não mera alterações secundárias na obrigação primária, com por exemplo mera dilatação do prazo.
OBS: A novação não se presume deve ser clara. Inteligência do artigo 361 do código civil. 
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.
ESPÉCIES DE NOVAÇÃO: há 3 (três) espécies de novação no código civil, que são denominadas de novação objetiva, novação subjetiva e novação mista:
NOVAÇÃO OBJETIVA OU REAL: é aquela que recai sobre o objeto a coisa que norteia a obrigação. O credor com o animus claro de inovar substancialmente a obrigação aceita receber coisa diversa da obrigação primitiva criando uma nova obrigação. É imprenscidivel nesse caso o animus de inovar e que a substituição acarrete substancial modificação na obrigação. 
Art. 360. Dá-se a novação:
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior;
OBS: CUIDADO!!!!!!!!!!!!!! ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!! Há substituição do objeto para que ocorra novação tem que ser substancial senão estaremos diante apenas de uma dação em pagamento e não uma novação. 
Ex: ROGER credor de RAFAEL de uma divida em dinheiro, com a intenção de inovar a obrigação aceita um valor a menor do mesmo, alterando a data do pagamento e ainda parcela o valor. Veja que nesse caso ocorreu alterações substanciais, daí orperar-se-á a novação e não a dação em pagamento. 
NOVAÇÃO SUBJETIVA OU PESSOAL: é aquela em que ocorre a alteração dos sujeitos da relação obrigacional, seja o sujeito ativo CREDOR ou passivo DEVEDOR. 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor;
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este
NOVAÇÃO MISTA: é aquela que ocorre a alteração tanto do objeto de forma substancial quanto e ao menos uma das partes da relação obrigacional. 
EFEITOS DA NOVAÇÃO: O principal efeito da novação é extinção da obrigação primitiva pela obrigação nova, sendo que está obrigação não tem o condão por si só de extinguir a obrigação de forma precípua. 
Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação.
Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.
Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando