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DIREITO PENAL CAPÍTULO 1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS CONCEITO: Conjunto de princípios e leis destinados a combater o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal. ALOCAÇÃO: ramo do Direito público. Estado titular exclusivo do direito de punir e sujeito passivo constante. NOMENCLATURA: Direito Penal pena - abrangente (medida de segurança) Denominação adotada pela CF. Direito Criminal crime +abrangente. Ambas as denominações são aceitáveis. CARACTERÍSTICAS “É o direito penal ciência natural, normativa, valorativa e finalista”. (Magalhães Noronha) Ciência normas e regras (sistematizada); Cultural dever-ser; Normativa lei penal/direito positivo; Valorativa escala de valores; Finalista bens jurídicos fundamentais. “Predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo”. (Zaffaroni) Sancionador proteção penal aos bens jurídicos; Constitutivo protege interesses não regulados em outras áreas. Fragmentário Tutela os bens jurídicos mais importantes. CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA E CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA. SELETIVIDADE E VULNERABILIDADE Criminalização primária: incrimina e permite a punição de determinadas pessoas. Criminalização secundária: ação punitiva exercida sobre as pessoas Seletividade: pessoas previamente escolhidas. Vulnerabilidade: em face de suas fraquezas. RELAÇÃO DO DIREITO PENAL COM OUTROS RAMOS DO DIREITO Direito é uno! Direito Processual Penal serve de suporte para aplicação da lei penal. Direito Constitucional harmonia c/ CF. O direito penal função complementar. Direito Administrativo crimes contra Adm. Pública; conceito de func. Público. Direito Civil proteção de bens jurídicos. P. insignificância ou da bagatela. Direito Internacional Crimes internacionais; extradição. FUNÇÕES DO DIREITO PENAL Como proteção de bens jurídicos: Interesses mais relevantes (fragmentário e subsidiário) ; legislador seleciona (bens relevantes); juízo de valor positivo (reação: penas e medidas) Como instrumento de controle social: Preservação da paz pública. (todas as pessoas). Como garantia: Escudo punição para fatos expressamente previstos em lei como infração penal Função ético-social Criadora ou configuradora de costumes efeito moralizador (mínimo ético) função educativa (valores ético-sociais) Função Simbólica Inerente a todas as leis Não produz efeitos externos (somente na mente dos governantes) Governante: sensação de terem feito algo Cidadão: falsa impressão de que o problema está sob controle. Direito penal do terror inflação legislativa e hipertrofia do Direito penal. Função motivadora Motiva os indivíduos a não violarem suas normas . “Não matar”. Função de redução da violência Estatal Reduzir ao mínimo a violência estatal Função promocional Instrumento de transformação social. 1.8) A CIÊNCIA DO DIREITO PENAL Dogmática Penal: interpretação, sistematização e aplicação lógico-racional do Direito Penal. Conhecer o sentido das normas e princípios jurídicos penais; Desenvolver de modo sistemático o conteúdo do Direito Penal. Política Criminal Ciência independente Apresenta críticas e propostas para o Direito penal em vigor. Visa atender o ideal de justiça. Criminologia Estuda o crime, o infrator, a vítima e o controle social do comportamento delitivo. Estuda a formação, desenvolvimento e variações do crime, visto como um problema individual e social. LOMBROSO fundador da criminologia moderna. É uma ciência que estuda “o que é” DIVISÕES DO DIREITO PENAL Direito Penal fundamental ou Direito Penal primário Engloba o conjunto de normas e princípios gerais aplicáveis inclusive as leis especiais, desde que estas não possuam disposição expressa em sentido contrário (Art.12, CP). É composto pelas normas da Parte Geral do Código Penal e, excepcionalmente, por algumas de amplo conteúdo previstas na Parte Especial – conceito de domicílio (Art, 150, §§ 4 e 5º, CP) e conceito de funcionário público (Art. 327, CP). Direito Penal complementar ou Direito Penal secundário Legislação penal extravagante. Direito Penal comum Aplica-se a todas as pessoas. Direito Penal especial Aplica-se as pessoas que preenchem certas condições legalmente exigidas. Direito Penal geral Tem incidência em todo território nacional União competência legislativa (art. 22, I, CF). Direito Penal local Tem incidência sobre parte delimitada do território nacional. Estados-membros competência legislativa ( art. 22, § único) Direito penal objetivo Leis penais em vigor Direito penal subjetivo Direito de punir exclusivo do Estado. Direito penal material Conhecido como Direito penal substantivo. Totalidade de leis penais em vigor Direito Penal propriamente dito. Direito penal formal Conhecido como Direito penal adjetivo. Grupo de leis processuais penais em vigor. Direito Processual Penal. 1.10 FONTES DO DIREITO PENAL Materiais, substanciais ou de produção Competência exclusiva da União (Art, 22,I, CF), mas os Estados-membros podem legislar sobre questões específicas, de interesse local, por meio de lei complementar da União. (Art, 22,§ único, CF) Formais, cognitivas ou de conhecimento Fonte forma imediata: lei Fontes formais mediatas ou secundárias: costumes, os princípios gerais do Direito e os atos administrativos. Obs: Doutrinas: apenas um estudo científico e não se reveste de obrigatoriedade Jurisprudência: serve de vetor ao aplicador do direito, não tem natureza cogente, salvo quando for Súmula Vinculante do STF. Tratados internacionais: só terão força cogente depois de passarem pelo procedimento Legislativo previsto no artigo 5º, §3º,CF. Fontes formais mediatas Costume: Reiteração de uma conduta (objetivo), por convicção de sua obrigatoriedade (subjetivo). Não se confunde com o hábito. a) secudum legem ou interpretativo: auxilia o interprete a esclarecer o conteúdo de elementos ou circunstâncias do tipo penal Ex: “mulher honesta” ; ato obsceno art.233, CP. b) contra legem ou negativo: conhecido também como desuetudo, é aquele contrário a lei, mas não tem a intenção de revogá-lo. Ex: jogo de bicho. c) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado na seara das normas penais não incriminadoras. Ex: circuncisão empregada em rito religioso pelos israelitas. Princípios Gerais do Direito: inspiram a elaboração e a preservação do ordenamento jurídico. Não podem ser utilizados, em hipótese alguma para tipificar condutas ou cominar penas. É aplicável no âmbito das normas penais não incriminadoras. Atos da Administração Pública: funcionam como complemento de algumas leis penais em branco. CAPÍTULO 2 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Conceito: são os valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do sistema jurídico. No direito penal, os princípios têm a função de orientar o legislador ordinário, no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias ao cidadão.