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FORÇA DE ATRITO 1 INTRODUÇÃO Atrito é uma força que está inegavelmente a nossa volta, mesmo que não percebamos. É ela que nos permite caminhar, pedalar e nadar, mas também nos “atrapalham” a arrastar móveis, dentre outras coisas. Serway e Jewett Junior (2007) conceituam a força de atrito como uma resistência que existe na ação do movimento realizado e os classifica de duas formas: a) atrito cinético: ocorre quando o bloco está se locomovendo; b) atrito estático: ocorre no momento em que o bloco está parado (estático). Segundo Moysés e Nussenzveig (2002) O valor da força de atrito é o maior possível, um instante antes do objeto começar a se deslocar, e a força normal (N), possui módulo igual a força peso (P), e sentidos opostos, sendo assim, a força de atrito se torna proporcional ao valor de (P). Podemos também, extrair o ângulo em que ocorre essa força máxima experimentalmente, como foi feito em aula. O objetivo principal do experimento foi compreender a força de atrito, tal como suas variáveis e como ela atua em corpos de superfícies diferentes. Seus objetivos principais foram: a) verificar a relação entre a face de contato de um objeto e a superfície; b) aprender a utilizar o dinamômetro e os demais equipamentos necessários no experimento; c) compreender como é feito o cálculo das propagações de incerteza; d) entender a relação da angulação da superfície com o atrito que é gerado a face do objeto. 2 MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais: a) 1 conjunto de plano inclinado com base de sustentação e rampa de inclinação ajustável; b) 1 corpo de prova feito de madeira que possui uma das faces de feltro; c) 1 corpo de prova feito de madeira que possui uma das faces de EVA; d) 1 Dinamômetro; e) 1 escala de ângulos acoplada no plano inclinado. Os instrumentos de medição utilizados foram o dinamômetro e a escala acoplada ao plano inclinado, que são equipamentos manuais e por isso, possuem a incerteza igual a metade da sua precisão, que é a menor medida que se pode obter com certeza do equipamento. As precisões e incertezas dos dois instrumentos de medição utilizados estão na tabela abaixo, respeitando o arredondamento do número de casas decimais necessário. Tabela 1 - Precisão e incerteza dos equipamentos utilizados. Equipamento Precisão Incerteza Dinamômetro 0,05 N 0,03 N Escala acoplada ao plano inclinado 1,0º 0,5º Fonte: própria autoria. A primeira etapa do experimento, foi realizada com o ângulo definido, fixando o ângulo (Θ), que retrata a inclinação da rampa com a sua base de sustentação em Θ=0º para duas peças de madeira (blocos) com uma das faces diferentes, sendo um bloco com uma face de feltro (bloco 1) e outro com uma das faces de EVA (bloco 2). Inicialmente foi inserido o bloco 1, com a face de feltro em contato com a superfície da rampa, e foram exercidas forças paralelas à rampa, começando com 0,20N e elevando a força em 0,05N a cada medição, utilizando um dinamômetro. Essa força foi aumentando até a percepção do movimento do bloco. Logo após, foi colocado o bloco 2 na rampa, com a face de EVA em contato com a superfície e foram exercidas forças paralelas à rampa, começando com 0,20N e elevando o seu módulo em 0,10N a cada medição, utilizando novamente um dinamômetro. Quando foi percebido o movimento do bloco, anotamos a força e paramos de exercê-la. Em seguida (sabendo que o módulo da força peso é igual ao módulo da força normal para Θ=0º), a força peso (P) presente nos dois blocos foi medida. Ela foi mensurada sustentando o bloco de madeira com o dinamômetro na vertical e calculamos os coeficientes de atrito estático (μe) com a equação: 𝜇 𝑒 = 𝑒 𝑒 (1) Sendo F, a força medida para a iminência do movimento e P, a força peso medida com o dinamômetro. As propagações da incerteza (σμe) também foram calculadas com a seguinte equação: σμe=√ 𝜎𝑒 2 𝑒2 + 𝑒2𝑒𝑒 2 𝑒4 (2) Sendo F a força medida (N), σF a incerteza da força medida (N), P a força peso (N) e σP a incerteza da força peso. Realizados os passos acima, fomos para a segunda parte do experimento, que foi realizado com o ângulo Θ variável. Essa etapa, consistiu em medir a angulação mínima em que os blocos começam a se movimentar, e em seguida, descer a rampa. Nessa parte, foi utilizado apenas o bloco 1, mas as medições foram feitas com duas faces diferentes (a face de feltro e a face de madeira). O bloco de madeira foi colocado com a face de feltro em contato com a superfície da rampa e a inclinação da rampa foi sendo elevada até que o bloco começasse a declinar, anotando as medições e repetindo o procedimento 5 vezes para a face de feltro, e da mesma forma para a face de madeira do bloco. Após coletar as medidas, foi feita a média dos ângulos (Θméd) para cada face, e a propagação da incerteza foi considerada a mesma dos ângulo medidos (σΘ). O coeficiente de atrito estático (μe), foi então calculado por: μe=tan(Θméd) (3) A propagação da incerteza do coeficiente de atrito (σμe) também teve que ser calculada, mas para isso, foi feita a entrada de dados com o ângulo Θ em radianos, utilizando a relação: 180º = π rad, e o mesmo para a incerteza (σΘ). A equação usada para encontrar o valor da incerteza do coeficiente de atrito foi: σμe= 𝜎𝜃 𝑒𝑒𝑒2𝑒 (4) Por fim, foi feita a análise do valores medidos e obtidos, e uma comparação dos resultados encontrados nas partes 1 e 2 para o bloco 1 (bloco com feltro). 3 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS O experimento realizado foi dividido em 3 partes e o resultado e análise dos dados obtidos de cada parte está em em um dos tópicos. No tópico 3.1, ocorre a parte 1 que consistiu nas percepções da iminência do movimento para duas peças com ângulo fixado, o tópico 3.2 descreve as eminências do movimento para o ângulo variável, e por fim, no tópico 3.3, onde está localizada a comparação de alguns valores obtidos nas partes 1 e 2. 3.1 Parte 1 Como descrito na seção “materiais e métodos”, a parte 1 do experimento foi realizada com Θ=0º. As forças exercidas sobre o bloco 1 foram anotadas na tabela abaixo. As forças foram aumentando de 0,05N em 0,05N a partir da força inicial de 0,20N até o momento em que o bloco começou a se mover, o que chamamos de iminência do movimento. Tabela 2 - Observação da iminência do movimento do bloco 1 na face do feltro. F (N) Iminência do movimento 0,20±0,03 não 0,25±0,03 não 0,30±0,03 não 0,35±0,03 não 0,40±0,03 não 0,45±0,03 não 0,50±0,03 não 0,53±0,03 sim Fonte: própria autoria. O valor de F=0,53±0,03N foi o medido no momento em que o bloco 1 começou a se mover. Na tabela a seguir, ocorre o mesmo procedimento para o bloco 2, colocado com a face do EVA em contato com a rampa, porém, a instrução do professor neste caso foi para aumentar o módulo da força de 0,10N em 0,10N até a iminência do movimento. Tabela 3 - Observação da iminência do movimento do bloco 2 na face do EVA F (N) Iminência do movimento 0,20±0,03 não 0,30±0,03 não 0,40±0,03 não 0,50±0,03 não 0,60±0,03 não 0,70±0,03 não 0,80±0,03 não 0,90±0,03 não 1,00±0,03 não 1,10±0,03 não 1,20±0,03 não 1,30±0,03 não 1,40±0,03 não 1,50±0,03 não 1,60±0,03 não 1,70±0,03 não 1,80±0,03 não 1,90±0,03 não 1,99±0,03 sim Fonte: própria autoria. O valor de F=1,99±0,03N foi o medido no momento em que o bloco 2 começou a se mover. Pode-se observar que o valor da força necessária para movimentara peça é maior quando utilizamos o EVA como superfície de contato. A força normal neste caso (Θ=0º), possui módulo igual a força peso, que pôde ser mensurada com o dinamômetro e em ambos os casos, o valor obtido foi P=1,20±0,03 N. A obtenção da força peso medida igual para os blocos 1 e 2 ocorreu porque os dois são feitos de madeira, e a massa do EVA e do feltro são minimamente diferentes. Isso não quer dizer que a força peso dos blocos 1 e 2 realmente é a mesma, pois seu valor pode variar na incerteza de ±0,03N. Com os valores já medidos, foram utilizadas as equações (1) e (2) (deduzidas na figura 1 do apêndice A) para obter o valor do coeficiente de atrito estático (μe) e sua incerteza (σμe) para os blocos 1 e 2, que deram μe=0,44±0,03 e μe=1,66±0,05 respectivamente. Os valores acima calculados, comprovaram a ideia inicial do grupo de que a face de EVA possui maior atrito com a superfície do que a face de feltro, porém, em quantidade maior que a imaginada pelo grupo. Esses valores calculados nos mostram que o coeficiente do atrito varia de acordo com a face ou objeto que se encontra em contato com a superfície. 3.2 Parte 2 A parte 2 do experimento, foi realizada para um ângulo (Θ) da rampa variável, utilizando apenas o bloco 1, mas as suas duas faces (de feltro e de madeira). Os ângulos medidos quando bloco começou a declinar para as 5 repetições, quando colocada a face do feltro em contato com a superfície da rampa, estão na tabela 4, sendo Θmédio a média das 5 medições. Tabela 4 - Iminência do movimento da face do feltro em atrito com o plano inclinado. Θ(º) Iminência do movimento 19,8±0,5 sim 21,0±0,5 sim 22,1±0,5 sim 20,8±0,5 sim 19,7±0,5 sim Θmédio(º) 20,7±0,5 Fonte: própria autoria. O experimento foi repetido mais 5 vezes, mas desta vez, colocando a face de madeira em contato com a superfície da rampa, e elevando a rampa até o bloco começar a declinar, anotando a sua medida como anteriormente. Os resultados estão descritos na tabela a seguir: Tabela 5 - Iminência do movimento da face de madeira em atrito com o plano inclinado. Θ(º) Iminência do movimento 29,2±0,5 sim 27,4±0,5 sim 25,3±0,5 sim 30,7±0,5 sim 24,8±0,5 sim Θmédio(º) 27,5±0,5 Fonte: própria autoria. Com a média dos ângulos calculada, pudemos obter o valor do coeficiente de atrito com a equação (3) e sua incerteza com a equação (4), que estão deduzidas na figura 4 do apêndice B. Para isso, passou-se o ângulo medido em graus para radianos, de forma que o ângulo médio obtido utilizando-se a face do feltro foi de Θmédio=(361,3±8,7)x10-3 rad e o ângulo utilizando a face de madeira foi Θmédio=(480,0±8,7)x10-3 rad. Assim, foi possível calcular o coeficiente de atrito estático que foi: μe=(377,9±9,9)x10- 3 quando colocada a face de feltro em contato com a superfície e μe=(520,6±11,1)x10-3 quando colocada a face de maneira em contato com a superfície. Novamente, o bloco 1 utilizando a face de feltro foi onde ocorreu o menor atrito, e isso nos mostra que são necessárias forças diferentes para tirar o mesmo corpo do repouso quando mudamos superfície de contato, o que é útil para situações em que queremos objetos fáceis de se movimentar, ou objetos que não se desloquem tão facilmente. 3.3 Comparação dos resultados O coeficiente de atrito está diretamente ligado com a superfície do objeto, sendo para alguns até tabelada. Já a força normal, independe da superfície, mas é diretamente proporcional a massa do objeto, quanto maior a massa, maior será a força normal. Já a força de atrito, depende do coeficiente de atrito e da força normal. Pode-se modificar a força de atrito de um corpo ao alterar a sua superfície de contato ou alterando a sua massa e consequentemente a força normal. Isso nos permite simular diversas situações e escolher a melhor maneira de utilizá-los. Para comparar os valores obtidos para o coeficiente de atrito estático do bloco 1 quando a face do feltro esteve em contato com a rampa, vamos deixá-los na ordem de 10-3, como na tabela abaixo. Tabela 6 - Coeficientes de atrito estático para a face de feltro bloco 1 nas partes 1 e 2 do experimento. μe (parte 1) (440,0±30,0)x10 -3 μe (parte 2) (377,9±9,9)x10 -3 Fonte: própria autoria. Analisando a tabela 6, percebemos que o coeficiente de atrito estático foi mais preciso na parte 2 no experimento, tendo sua incerteza menor do que na parte 1. Porém, fatores como a velocidade de elevação da rampa podem influenciar no seu valor, apesar da média compensá-lo parcialmente. Mesmo assim, consideramos a parte 2 como a melhor forma de se encontrar o coeficiente de atrito estático em detrimento a parte 1, devido à diferença de incerteza ser muito grande. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o experimento realizado, foi possível visualizar diferentes modos de se calcular o coeficiente de atrito estático e como este se relaciona com a força normal, força peso e a força de atrito. Vimos também, que a face em contato com a superfície interfere diretamente no valor do coeficiente de atrito estático. Concluímos que uma tangente da média de vários ângulos é a melhor maneira experimental de encontrar o coeficiente de atrito e quanto maior a quantidade de medições, mais próximo estaremos do valor real. REFERÊNCIAS NUSSENZVEIG, Herch Moysés. Curso de física básica: mecânica. 4 ed. rev. São Paulo: Blucher, 2002. v. 1. SERWAY, Raymond A.; JEWETT JUNIOR, John W. Princípios de física: mecânica clássica. São Paulo: Cengage Learning, 2007. v. 1.
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