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Geraldi a prática de leitura na escola

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PRÁTICA DA LEITURA NA ESCOLA 
João Wanderlei Geraldi 
 
 
Geraldi (1984) inicia seu Artigo ‘Prática Da Leitura Na Escola’ defendendo 
seu ponto de vista em relação à prática da Língua Portuguesa na escola. 
Segundo o Autor, a Língua como ensino deve ser centralizada em três práticas: 
a leitura de textos, a produção de textos e a análise linguística. O Autor salienta 
ainda que essas práticas possuem dois objetivos integrados: o primeiro, passar 
os limites da artificialidade do uso da linguagem nas escolas e o segundo, 
conceder o domínio da Língua portuguesa tanto na forma oral quanto na escrita. 
Geraldi afirma que a língua portuguesa é praticada de uma maneira 
artificial. E para comprovar sua afirmação argumenta que na escola os 
estudantes não escrevem textos e sim redigem redações, e estas por sua vez 
são simulação do uso de escrita da língua; diz que nas escolas não se faz leitura 
de textos, mas sim atividades de interpretação e de análises de textos, e isso é 
uma simulação de leitura; e que na escola não se faz análise linguística, e isso 
é uma simulação da prática científica de análise linguística. 
Geraldi aponta algumas sugestões metodológicas em seu artigo, para que 
a prática de leitura nas escolas tenha uma interlocução entre o leitor e o texto. 
Para Geraldi antes de qualquer sugestão metodológica é necessário conceituar 
leitura. O autor concorda com Marisa Lajolo (1928ab, p.59 apud GERALDI,1984 
p.4) no que se diz respeito ao conceito de leitura, “Ler não é decifrar, como num 
jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É a partir do texto, ser capaz de 
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos 
significativo para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor 
pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se 
contra ela, propondo outra não prevista”. 
O escritor afirma ainda que “leitura é um processo de interlocução entre 
leitor/autor mediado pelo texto”. (GERALDI, 1984, p. 4) 
Geraldi afirma que um texto pode ter várias leituras possíveis e que um 
autor não domina a interpretação de seus leitores uma vez que, cada leitor pode 
dar ao texto uma significação, e isso depende da sua interpretação. 
Geraldi diz que na leitura, o diálogo ocorre entre aluno e texto, enquanto 
o professor também é leitor e que sua leitura é apenas uma das leituras 
possíveis. O autor cita um exemplo de Marilena Chauí (1983) para exemplificar 
a mediação do professor para com o aluno no processo de leitura: “o diálogo do 
aprendiz de natação é com a água, não com o professor, que deverá ser apenas 
mediador desse diálogo aprendiz-água” (CHAUI,1983 apud GERALDI, 1984, 
p.5). 
Referente a colocação dos leitores ante o texto, Geraldi não estabelece 
nenhuma tipologia de vivência de leitura, apenas recorda algumas experiências 
de posições que os leitores têm diante de um texto, são elas: a leitura – busca 
de informações; a leitura – estudo do texto; a leitura – pretexto; a leitura – fruição 
do texto. Afirma que qualquer relação de interlocução entre texto e autor é 
possível. 
Para Geraldi a postura “busca por informações” o objetivo do leitor é 
extrair alguma informação do texto. 
Geraldi aponta que a simulação de leitura está presente desse tipo de 
leitura, pois nas aulas de língua portuguesa o aluno só identifica o objetivo de ler 
o texto para responder as questões de interpretação. O que não acontece de 
maneira tão artificial em outras matérias, pois o aluno entende o “pra quê ler” o 
texto e extrair as informações. 
Em termos metodológicos Geraldi aponta duas formas de orientação para 
esse tipo de leitura: a primeira consiste em ler o texto para responder as 
perguntas estabelecidas, um roteiro, e a segunda lê-se o texto para extrair as 
informações nele contidas, sem roteiro. 
Geraldi acredita que se deveria desenvolver com os alunos um trabalho 
de extrair informações mais investigativas e mais profundas, fazendo-os não 
apenas buscar informações da superfície do texto, mas também refletir sobre as 
questões mais complexas, relacionando-as ainda a outros textos já lidos. 
Para Geraldi o roteiro para o estudo do texto é: analisar a tese defendida 
no texto; quais são os argumentos apresentados em favor da tese defendida; 
quais são os contra-argumentos levantados em tese defendida; e analisar a 
coerência entre tese e argumentos. 
Esses elementos estudados no texto, possibilitam ao leitor estabelecer 
uma relação e um diálogo com o texto. Assim, a capacidade de verificar 
argumentos, concordar ou não com as teses, observar a “costura” entre os 
parágrafos proporciona uma interlocução mais efetiva entre leitor e autor. 
Para Geraldi um texto pretexto é aquele que serve para outra finalidade, 
ou seja um texto, pode se tornar um pretexto para se escrever uma carta, ou 
para apreender a estrutura de um tipo textual. Pode-se por exemplo dramatizar 
uma narrativa, transformá-la em um poema. 
Geraldi defende que essa técnica estabelece a interlocução leitor/autor, 
uma vez que, com o propósito de produzir algo a partir de um texto, o aluno deve 
observar vários aspectos e prestar atenção na ideia desenvolvida pelo autor. 
Para Geraldi, a fruição, ou o prazer de uma leitura é fundamental para o 
sucesso do incentivo à leitura. 
Geraldi afirma que há três princípios necessários para recuperar a 
vivência de um leitor. O primeiro ele chama de “caminho do leitor” que é a história 
do leitor com os livros lidos, os passos para que o tornaram um leitor. O segundo 
o autor chama de “circuito do livro” que são as indicações de leituras feitas pelos 
amigos, conhecidos. Geraldi diz que os professores de língua portuguesa devem 
eles mesmos criar esse circuito e deixarem seus alunos lerem livremente. Já o 
terceiro princípio chama de “Não há leitura qualitativa no leitor de um livro” 
Geraldi diz que o professor deve ler, e exigir mais leituras de seus alunos, pois 
a experiência gerada em leituras anteriores, fazem com que as próximas leituras 
sejam melhores e mais proveitosas. 
 Por fim, o autor destaca a importância de reforçar a capacidade dos 
alunos em estabelecer a interlocução com o autor e com o texto, pois é 
fundamental em qualquer leitura, uma vez que o vocabulário e as ideias dos 
alunos ampliam-se a partir de diferentes leituras. Dessa maneira, a leitura não 
se torna apenas mais uma atividade proposta pelo professor em sala de aula, 
mas um exercício de formação de argumentos e pensamento crítico. 
 
 
Referência 
 
GERALDI, João W. A prática da leitura na escola. Rev. Leitura: teoria e prática, 
[S.L.], 3, ano 3, p. 1-12, 1984.

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