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Tupã/SP 
2014 
Organizadores 
Sandra Medina Benini 
Gilda Collet Bruna 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 1 
 
 
 
Organizadora 
Leonice Seolin Dias 
 
 
 
Educação Ambiental em Foco 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
Tupã/SP 
ANAP 
2014 
 
2 – Educação Ambiental em Foco 
 
 
 
 
 
ORGANIZADORA DO LIVRO 
 
Leonice Seolin Dias 
Possui graduação em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã (1984), graduação em Teologia pela 
Faculdade Teológica Batista de Araraquara (2000), Habilitação em Biologia pelas Faculdades Adamantinenses 
Integradas (2000), Mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE (2004) e 
Mestrado em Ciência Animal pela UNOESTE (2008). Atualmente está Doutorando em Geografia na Universidade 
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bolsista CAPES. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 3 
 
 
 
ANAP 
Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista 
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos 
 Fundada em 14 de Setembro de 2003 
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, 
 Cidade de Tupã, Estado de São Paulo. 
CEP 17.605-310 
 
Diretoria da ANAP 
Presidente: Sandra Medina Benini 
Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva 
1ª Tesoureira – Maria Aparecida Alves Harada 
2ª Tesoureira – Jefferson Moreira da Silva 
1ª Secretária – Rosângela Parilha Casemiro 
2ª Secretária – Elisângela Medina Benini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice para catálogo sistémico 
Brasil: Geografia 
 
Contato: (14) 3441-4945 
editora@amigosdanatureza.org.br 
 
 
 
 D541e Educação ambiental em foco / Leonice Seolin Dias – Tupã: 
ANAP, 2014. 
 182 - p; il. Color. 21,0 cm 
ISBN 978-85-68242-04-9 
 
1. Meio Ambiente 2. Práticas Ambientais 3. Conscientização 
Ambiental 
I. Título. 
 
 
CDD: 900 
CDU: 911/47 
 
4 – Educação Ambiental em Foco 
 
 
 
 
Conselho Editorial 
 
 
Profª Drª Alba Regina Azevedo Arana 
Profº Dr. Antonio Cezar Leal 
Profª Drª Daniela de Souza Onça 
Profº Dr. Edson Luís Piroli 
Profº Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto 
Profº Dr. João Cândido André da Silva Neto 
Profº Dr. João Osvaldo Rodrigues Nunes 
Profº Dr. José Carlos Ugeda Júnior 
Profº Dr. Junior Ruiz Garcia 
Profº Dr. Marcos Reigota 
Profª Drª Maria Betânia Moreira Amador 
Profª Drª Natacha Cíntia Regina Aleixo 
Profº Dr. Paulo Cesar Rocha 
Profº Dr. Rafael Montanhini Soares de Oliveira 
Profª Drª Renata Ribeiro de Araújo 
Profº Dr. Ricardo Augusto Felicio 
Profº Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino 
Profª Drª Rosa Maria Barilli Nogueira 
Profª Drª Silvia Cantoia 
Profª Drª Sônia Maria Marchiorato Carneiro 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 5 
 
SUMÁRIO 
 
Apresentação 
 
009 
Prefácio 
 
010 
1º Capítulo 
NA TRILHA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMANCIPATÓRIA: PEGADAS 
CONCEITUAIS E CLAREIRAS EXPERIENCIAIS 
Rodrigo Simão Camacho 
Alexandre Falcão de Araújo 
 
017 
 
2º Capítulo 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA VISÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS EM 
FORMAÇÃO NO ESTADO DE RONDÔNIA 
Reginaldo de Oliveira Nunes 
Eduardo Monteiro 
 
041 
 
6 – Educação Ambiental em Foco 
 
3º Capítulo 
A RELEVÂNCIA DE PRÁTICAS AMBIENTAIS EM ÁREA DE BACIA HIDROGRÁFICA 
Milena dos Santos Silveira Silveira 
Nelma Baldin 
 
061 
4º Capítulo 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MATERIAIS DIDÁTICOS 
Eloiza Cristiane Torres 
Ricardo Lopes Fonseca 
 
092 
 
5º Capítulo 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM DESAFIO À POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS 
SÓLIDOS 
Antonio Carlos de Miranda 
Haroldo Pereira Gomes 
Nilzete Ferreira 
 
115 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 7 
 
6º Capítulo 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – A INTERDISCIPLINARIDADE PARA MUDANÇAS DE 
INTELECTO, HÁBITOS E COMPORTAMENTOS 
Maurício Dias Marques 
Lucas Seolin Dias 
 
132 
 
7º Capítulo 
CONTRIBUIÇÃO DA PERCEPÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL À ÁREA DE USO 
PÚBLICO DA FLORESTA ESTADUAL DE AVARÉ-SP 
Salvador Carpi Junior 
Amanda Cristina Alves Silva 
Carlos Evaldo Linder 
 
156 
 
 
8 – Educação Ambiental em Foco 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 9 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Este livro, composto por sete artigos de diferentes autores, apresenta diversas abordagens da 
Educação Ambiental como estrutura básica de formação e contribuição para alcançar a sustentabilidade 
ambiental no processo de desenvolvimento social. 
Questões éticas, sociais e técnicas são tratadas sob a visão da contribuição da Educação Ambiental 
para formação da conscientização da necessidade de mudanças. 
A obra mostra resultados de experiências realizadas em educação ambiental, bem como traz um 
conjunto de informações que podem ser úteis para se compreender o procedimento da educação ambiental 
entre os indivíduos e os grupos sociais. 
Espera-se que seu conteúdo seja útil para educadores e educandos, como reflexão de que há 
necessidade de mutações internas e externas para uma interação social duradoura. 
 
Tupã/SP, 2014. 
 
Leonice 
10 – Educação Ambiental em Foco 
 
 
 
PREFÁCIO 
 
 
 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 11 
 
PREFÁCIO 
 
A questão ambiental não pode ser uma pergunta exclusiva dos ecologistas, dos ambientalistas ou dos 
especialistas. No meio ambiente e onde vivem os seres humanos existe a necessidade de admitir os 
problemas atuais em todas as esferas de nossa realidade. Mas isto não pode ser feito de um modo espontâneo. 
Depende do conhecimento, reflexão e criação de uma percepção, uma consciência, um comportamento, em 
síntese, de um imaginário ambiental. É preciso uma consciência nova, uma cultura simbólica nova, uma 
espiritualidade nova. O caminho que é preciso pegar é longo e difícil. Exige criatividade e uma ética nova do 
conhecimento que promova a construção de uma sociedade nova ambientalmente compatível. 
A Educação Ambiental tem como propósito básico incorporar a cultura ambiental nas percepções, 
comportamentos e nos imaginários das populações. A cultura ambiental está formada por três elementos 
básicos: o saber, a ética e a capacidade de gestão ambiental. Dependendo das formas em que os componentes 
da cultura ambiental são assumidos é que são construídas diversas visões da Educação Ambiental. 
Pode-se falar de quatro concepções diferentes, concepções filosóficas e políticas na compreensão da 
Educação Ambiental. Essas visões apoiam-se em certos modelos de educação que incluem o pensamento 
sobre a função social da Educação: 
Educação Ambiental Tecnicista: Esta concepção apoia-se em uma visão tecnocrática da 
Educação. Prioriza as demandas profissionalizantes onde a Educação é visualizada como a transmissão de 
conteúdos sistematizados. Compromete-se, deste modo, com a reprodução e conservação dos valores do 
12 – Educação Ambiental em Foco 
 
sistema capitalista vigente, tendo laços estreitos com o aparato produtivo. Prevalece nesta visão uma 
concepção pragmática e utilitária da Educação Ambiental. 
Educação Ambiental Comportamental: Privilegia o instrumental comportamental 
(“behavorista”) que estabelece uma relação direta entre a informação e a mudança do comportamento das 
pessoas. Considera a fundamentação científico-técnológica como a chave da racionalidade ambiental que se 
quer estabelecer. Pressupõe, deste modo, que os indivíduos corretamente informados das consequências 
negativas dos seus atos e dominando os conceitos necessáriosdas inter-relações entre a Sociedade e a 
Natureza, estão prontos para transformar os hábitos e as atitudes. 
Educação Ambiental Ética: Reivindica um posicionamento de ordem ética. Tem assim a ver com a 
dimensão subjetiva dos indivíduos e da cultura. Normalmente considera que a chave da compreensão do 
problema ambiental está no mundo da cultura, quer dizer, na totalidade da vida da sociedade. Exige, deste 
modo, uma educação encaminhada para a mudança da sensibilidade dos seres humanos, perante a qual são 
valorizadas a razão intuitiva, o imaginário e o ouvido poético das necessidades espirituais das pessoas. 
Educação Ambiental Ético-Social: Enfatiza o papel da formação dos indivíduos, não apenas 
entendendo educação formal como a aquisição de um amplo e dinâmico sistema de conhecimentos que 
adquiririam só pela escola. Esta visão encaminha-se a formar os indivíduos críticos, capazes de entender o 
mundo e a sociedade e de como transformá-la. Vê as raízes da crise ambiental na estrutura social que explica 
as condições de formação e evolução do meio ambiente. É, deste modo, uma posição ético-filosófica, de 
análise crítica do padrão da sociedade capitalista. A sociedade nova imagina-se politicamente como uma 
sociedade socialista em harmonia com seu ambiente, baseada nos princípios de igualdade, democracia, sendo 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 13 
 
participativa e sustentável. Considera o Estado como organizador da sociedade junto com os movimentos 
sociais. São privilegiadas as políticas sociais aceitando-se o planejamento regulado e o papel fundamental da 
propriedade social. Esta variante da Educação Ambiental é propugnada pelos movimentos ecossocialistas. 
O livro “A Educação Ambiental em Foco” é uma tentativa de exprimir diferentes experiências da 
Educação Ambiental, desde uma perspectiva híbrida. Ainda que a maioria dos trabalhos não expressem a 
vontade de uma mudança do regime político e a construção de uma sociedade socialista, todos têm uma visão 
emancipatória, libertária e crítica do sistema capitalista. Mais que tudo, estão propondo formas concretas de 
incorporar a sustentabilidade ambiental no processo de desenvolvimento, usando a Educação Ambiental como 
a bússola fundamental. Os trabalhos apresentados são os seguintes: 
“Na trilha da educação ambiental emancipatória: Pegadas conceituais e clareiras 
experienciais”, de Rodrigo Simão Camacho e Alexandre Falcão de Araújo, que mostra as iniciativas de 
resistência cultural e militância política. A partir do extremo leste da Cidade de São Paulo, no bairro de 
Itaquera, irradiam-se as ações de um desses grupos, o coletivo Aliança Libertária Meio Ambiente - ALMA. 
Atualmente o ALMA define-se como um coletivo sócio ambientalista e artístico que busca trabalhar com “as 
diversas dimensões da Ecologia (Mental, Social e Natural), no intuito de sensibilizar e mobilizar as pessoas 
para a transformação de seus valores e atitudes em sua atuação individual e coletiva. 
“Educação ambiental na visão de professores indígenas em formação no estado de 
Rondônia”, de Reginaldo de Oliveira Nunes e Eduardo Monteiro . O trabalho foi realizado com professores 
indígenas em formação no curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural, Campus de Ji-Paraná, 
14 – Educação Ambiental em Foco 
 
Rondônia, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). O curso de Licenciatura em Educação Básica 
Intercultural vem de encontro com a necessidade de a Universidade contemplar, na sua pauta formativa, 
cursos que tenham perfis e características próximas às demandas das populações tradicionais da Amazônia: os 
povos indígenas, extrativistas, ribeirinhos e quilombolas. O curso tem como objetivo formar e habilitar 
professores indígenas em Licenciatura Intercultural para lecionar nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, 
com vistas a atender a demanda das comunidades indígenas. Esses professores constituem verdadeiras 
lideranças na construção de projetos de sustentabilidade ambiental nas comunidades do Estado de Rondônia. 
“A relevância de práticas ambientais em área de bacia hidrográfica”, de Milena dos Santos 
Silveira e Nelma Baldin. O trabalho desenvolve-se na Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão do Norte localizado 
no município de Joinville, na região nordeste do Estado de Santa Catarina, Brasil. É a maior cidade do Estado, 
com intensa atividade agrícola, mas com maior expressão na intensa atividade industrial nos vários segmentos. 
Na bacia há conflitos pelo uso da água entre os diversos usuários, uma vez que seu consumo vem atingindo 
níveis críticos. O objetivo geral da pesquisa esteve centrado na “percepção ambiental, principalmente em 
relação à água, de professores de escolas municipais. Através da educação Ambiental, esse pessoal constitui 
uma legião de lideranças fundamentais na tarefa da restrição dos conflitos ambientais pelo uso da água na 
bacia. 
“Educação ambiental e materiais didáticos”, de Eloiza Cristiane Torres e Ricardo Lopes 
Fonseca. No trabalho apresentam-se materiais didáticos produzidos, visando subsidiar os trabalhos com 
propostas simples de atividades que vão do público da educação infantil até o universitário. Discutem-se 
materiais didáticos para a realização de jogos e brincadeiras, teatro, maquetes e produção de vídeos e blogs. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 15 
 
“Educação ambiental: um desafio à política nacional de resíduos sólidos”, de Antonio Carlos 
de Miranda, Haroldo Pereira Gomes e Nilzete Ferreira. Desenvolvem-se propostas de atividades e de 
programas em educação ambiental adequados à problemática que envolve os resíduos sólidos. Discute-se a 
visão local inserida na realidade e no cotidiano da comunidade, visando construir um diagnóstico dos seus 
problemas socioambientais, permitindo compreender as suas causas e suas inter-relações com as outras áreas 
do saber e o papel do estado no âmbito de responsabilidade e de legislação. Em seguida, sensibilizar e 
desenvolver um processo ativo de mobilização da comunidade em torno dos problemas socioambientais, 
visando estratégias, ações, atividades e soluções. O trabalho discute os instrumentos legais na questão de 
resíduos sólidos na perspectiva da Educação Ambiental. 
“Educação ambiental – a interdisciplinaridade para mudanças de intelecto, hábitos e 
comportamentos”, de Mauricio Dias Marques e Lucas Seolin Dias. O artigo é uma revisão bibliográfica em 
que se trata da interdisciplinaridade como condição essencial para promover uma Educação Ambiental eficaz, 
que possa promover mudanças de intelecto, hábitos e comportamentos humanos, para uma convivência 
sustentável. A pedagogia tradicional evoca uma carga de disciplinas fragmentadas e impostas ao ser humano, 
considerando-o como tábua rasa e receptor passivo. A principal conclusão é que a construção do 
conhecimento vai além do acúmulo de informações mentais, leva a mudança de hábitos, atitudes, 
comportamentos, a um despertar de transformação no interior profundo do próprio ser, que se reflete em 
sua sociabilidade. 
16 – Educação Ambiental em Foco 
 
Finalmente “Contribuição da percepção e educação ambiental à área de uso público da 
floresta estadual de Avaré-SP”, de Salvador Carpi Junior, Amanda Cristina Alves Silva e Carlos Evaldo 
Linder. Trata do problema das unidades de conservação na periferia urbana, relacionado com a incapacidade 
dos órgãos públicos de gerir as áreas verdes. O trabalho envolve o mapeamento participativo da percepção 
das populações que vivem nessas localidades, enquanto instrumento de educação ambiental. Os resultados 
das pesquisas permitem, não só contribuir a conhecer a percepção da população, mas também desenhar 
estratégias de gestão ambiental e de prevenção de riscos, baseadas na percepção da população.Em síntese, o livro “A Educação Ambiental em foco” é um texto articulado, que apresenta 
experiências diversas realizadas no Brasil e encaminhadas no fundamento de construir uma Educação 
Ambiental Híbrida. Essa perspectiva considera a articulação das questões éticas, sociais e técnicas, tendo 
como elemento fundamental interpretar a educação desde uma matriz libertária, critica e emancipatória. 
Essas experiências, sem dúvida, podem ser extrapoladas e usadas por diferentes comunidades, movimentos 
sociais, grupos ambientalistas envolvidos na construção de experiências onde o domínio social e o foco 
fundamental, tendo como base a apropriação social dos recursos e serviços ambientais. 
 
La Habana, 2 de Outubro de 2014 
 
José Manuel Mateo Rodríguez1 
 
 
1 - Doctor en ciencias geográficas 
(Moscú, 1979), Doctor en Ciencias (La 
Habana, 2007), Profesor Titular 
Consultante de la Facultad de 
Geografía de la Universidad de La 
Habana, Académico Titular de Cuba e 
Presidente de la Sociedad Cubana de 
Geografía. 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 17 
 
 
 
1º CAPÍTULO 
 
NA TRILHA DA EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL EMANCIPATÓRIA: 
PEGADAS CONCEITUAIS E 
CLAREIRAS EXPERIENCIAIS 
 
 
 
18 – Educação Ambiental em Foco 
 
NA TRILHA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMANCIPATÓRIA: 
PEGADAS CONCEITUAIS E CLAREIRAS EXPERIENCIAIS 
 
 
Rodrigo Simão Camacho 
Doutorando em Geografia pela FCT/Unesp, campus de Presidente Prudente, SP. 
E-mail: rogeo@ymail.com 
 
 
Alexandre Falcão de Araújo 
Mestre em Artes pelo IA/Unesp, campus de São Paulo; integrante do Coletivo Aliança Libertária Meio Ambiente - ALMA. 
 
 
 
"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo". (Paulo 
Freire). 
 
[...] é possível afirmar que, o potencial crítico e transformador da educação está no desvelamento da 
realidade, na ação política coletiva e na garantia da autonomia individual, na formulação de valores e 
pensamentos. [...]. (LOUREIRO, 2004, p.131). 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 19 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Nossa discussão está relacionada com a reflexão acerca da intencionalidade da prática educativa, 
tendo em vista que a educação como qualquer outra prática social, não é neutra. O ser humano como ser 
sociopolítico produz ações com o objetivo de romper ou de reforçar o modelo socioeconômico vigente, por 
isso tem a possibilidade de assumir uma postura contra a sociedade desigual que está em vigência e auxiliar 
no seu processo de ruptura. Buscamos a possibilidade de construção de uma Educação Ambiental (EA) 
emancipatória que desvele a realidade e construa valores antagônicos ao do capitalismo que tem 
demonstrado sua relação de degradação com relação à natureza. Para isso, a intenção deste artigo é apontar, 
de forma inicial, alguns caminhos de práxis educativa, a partir de reflexões teóricas e de um relato de 
experiência concreta. 
 
PEGADAS CONCEITUAIS: EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO 
 
A educação é algo inerente à criação humana. Mistura-se com o processo de humanização. É uma 
construção a partir do modo de vida dos grupos sociais, uma invenção da cultura desses grupos. Como afirma 
Carlos Rodrigues Brandão: “a educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que 
a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade [...]”. (1988, p. 10, grifo 
nosso). Por isso, a educação, “[...] se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas: de 
20 – Educação Ambiental em Foco 
 
símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder [...]”. (BRANDÃO, 1988, p. 14). A vida 
se mistura com a educação. Em todos os espaços que interagimos participamos de um processo educativo. 
Em casa, na rua, na igreja, na escola, nos movimentos sociais, nos coletivos artísticos, etc. Todos esses 
espaços são espaços educativos. A educação é um elemento fundamental para sabermos, para fazermos, para 
sermos ou para convivermos. Ela sempre existiu em diferentes formatos e intenções, de acordo com o modelo 
de sociedade na qual foi engendrada. A educação existe mesmo sem escola ou sem organização social 
complexa, em sociedades estratificadas ou sem divisão social do trabalho, em sociedades com Estado ou sem 
Estado, onde existe um sistema de ensino formal ou onde a educação ocorre somente de maneira informal. 
Todos os povos até hoje, independente do espaço-tempo em que viveram, sempre instituíram a sua própria 
educação a partir de suas necessidades, a partir da realidade concreta vivida e que possibilitasse a satisfação de 
suas necessidades materiais e simbólicas (BRANDÃO, 1988). 
Todavia, um ponto relevante a se destacar é que vivemos em uma sociedade complexa, estratificada, 
marcada pela divisão socioterritorial do trabalho, onde predomina o poder dos grandes grupos econômicos e 
essas relações hegemônicas influenciam na construção de um sistema de educação formal. Na medida em 
que temos uma sociedade de classes, com interesses divergentes, a educação pode servir para reproduzir a 
desigualdade, ou pelo contrário, auxiliar no processo de transformação da realidade. A educação pode ser 
usada de “cima para baixo”, pelas classes dominantes, como um recurso a mais de manutenção de sua 
dominação. Por isso, faz-se necessário refletir sobre qual modelo de educação pretendemos construir, para 
refletirmos qual modelo social queremos alcançar auxiliados por essa educação. A educação pode existir 
livremente, produzida socialmente para o bem comum, a fim de socializar as crenças, as ideias e as 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 21 
 
aprendizagens, de maneira que todos participam do processo, sendo sujeitos dessa construção (CAMACHO, 
2008; BRANDÃO, 1988). 
A constituição de uma educação que se propõe transformadora tem entre seus pressupostos teórico-
metodológicos o materialismo histórico e dialético. De acordo com Karl Marx, o ser humano é um produto da 
realidade social na qual se encontra e, portanto, da própria educação que emerge da mesma. Porém, 
dialeticamente, o ser humano é também criador dessa realidade e dessa educação, portanto, agente ativo do 
processo, sujeito de sua própria educação e não objeto dela. Logo, a educação é, ao mesmo tempo, reflexo e, 
também, produtora/reprodutora da ordem social vigente. A educação não é apenas um espelho da sociedade e 
também não é o único determinante social. Ela está, pois, em uma relação dialética entre reflexo e determinação, 
sendo ao mesmo tempo produto e produtora/reprodutora da sociedade. Neste sentido, são os sujeitos sociais 
que definirão a sua contribuição na transformação social, sujeitos esses ativos e históricos (CAMACHO, 2008). 
Uma educação libertadora, assim como qualquer atividade humana transformadora de si mesma ou das 
circunstâncias, tem que prescindir de uma prática revolucionária. Nas palavras de Karl Marx: “[...] a coincidência 
da modificação das circunstâncias com a atividade humana ou alteração de si próprio só pode ser apreendida e 
compreendida condicionalmente como práxis revolucionária [...]” (apud LOUREIRO, 2004, p. 89-90). 
Na perspectiva da análise marxista temos duas formas distintas de visualizar a relação da educação 
com o modo de produção capitalista. Temos a partir da vertente do materialismo estruturalista, vulgar e 
mecanicista a afirmação de que o movimento da mudança do modelo socioeconômico vigente se faz 
automaticamente a partir das próprias contradições do capitalismo. O capitalismo se aboliria por si próprio e 
os sujeitos teriam uma participação subalterna nesse processo. Nesta concepção, a educação é determinada 
22 – Educação Ambiental em Foco 
 
passivamente pelas estruturas econômicas vigentese, por isso, não tem capacidade de auxiliar na 
intervenção da realidade. No entanto, entendemos que a educação tem uma potencialidade emancipatória 
quando concebemo-la no interior do movimento histórico. É possível constituirmos uma práxis educativa 
crítica e transformadora na medida em que esta interage diretamente com outras dimensões da vida social 
como a família, a comunidade, os movimentos sociais, os sindicatos, os partidos etc. Temos que ter 
consciência do limite revolucionário que tem a educação, saindo do idealismo simplista e ingênuo, mas não 
podemos admitir fatalmente a sua passividade diante das estruturas econômicas hegemônicas, negando a 
práxis dos sujeitos históricos (LOUREIRO, 2004; CAMACHO, 2008). 
Segundo Moacir Gadotti (1981), na concepção de Paulo Freire, estavam incorretas as duas análises 
extremistas. A primeira é a ingenuidade e o idealismo pedagógico que compreende que a educação é a 
principal propulsora da emancipação das camadas subalternas. A segunda é a análise sociológica mecanicista-
pessimista que entende que a educação é reprodutora mecânica da sociedade, negando o movimento 
histórico e a ação transformadora dos sujeitos. Numa leitura mecanicista, o poder estrutural econômico 
comanda de forma absoluta a realidade, não havendo possibilidade de construção de uma educação dialética-
dialógica que afirme os sujeitos como agentes da mudança. 
Se partirmos do pressuposto de que a sociedade é dinâmica e contraditória, as possibilidades de 
transformação estão abertas. A superação da ordem social vigente só poderá ser alcançada na medida em 
que os indivíduos conseguirem entender-se enquanto sujeitos históricos. A educação tem um papel 
fundamental nesse processo, o de oferecer condições para que os educandos possam refletir e repensar a 
realidade na perspectiva da luta de classes. O entendimento das estratégias dos opressores é uma das 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 23 
 
funções a ser cumprida por uma educação libertadora. A educação participa do processo de transformação 
social de forma indireta, isto quer dizer que ela atua junto à consciência dos indivíduos, para que reconheçam 
as contradições presentes na sociedade, instrumentalizando-os a pensarem formas concretas de superação 
dessas contradições. Partindo do pressuposto de que refletir acerca da educação é refletir sobre os próprios 
indivíduos, podemos dizer que a educação auxilia no processo de transformação dos indivíduos. São estes 
que, por sua vez, desenvolverão as condições concretas da transformação social (VIEIRA, 2004; CAMACHO, 
2008). 
Uma educação para emancipação é aquela que, sem neutralidade, expõe que a sociedade é formada 
por classes sociais distintas, com interesses antagônicos e com práticas sociais diferenciadas. A práxis 
educativa transformadora é constituída a partir da conflitualidade existente na sociedade capitalista devido à 
apropriação material e imaterial desigual feita pelas classes sociais dominantes. Significa construir uma prática 
educativa a partir da realidade cotidiana dos sujeitos das classes subalternas, com base nas suas necessidades 
e vontades, fornecendo as condições fundamentais para a ação das classes/grupos sociais subalternos a fim de 
romper com as relações de dominação e exclusão que caracterizam o modo de produção capitalista em suas 
escalas local e global (CAMACHO, 2008; LOUREIRO, 2004). 
A educação emancipadora que busca romper com a ordem vigente necessita recriar valores e 
conceitos científicos que foram concebidos sob a ótica da dominação (OLIVEIRA, 1994). Para István 
Mészarós a educação cumpre duas funções fundamentais para auxiliar na construção de outra ordem social 
metabólica antagônica ao capitalismo. A primeira função é auxiliar na criação de estratégias adequadas para a 
mudança. A segunda função diz respeito ao processo de constituição de uma consciência emancipatória por 
24 – Educação Ambiental em Foco 
 
parte dos indivíduos. Em suas palavras, a educação cumpre um papel soberano “[...] tanto para a elaboração 
de estratégias apropriadas e adequadas para mudar as condições objetivas de reprodução, como para a 
automudança consciente dos indivíduos chamados a concretizar a criação de uma ordem social metabólica 
radicalmente diferente”. (2005, p. 66, grifo do autor). 
Para Karl Marx e Friedrich Engels a libertação é um ato histórico concreto e não um ato do 
pensamento. Ela depende de condições históricas concretas construídas no intercâmbio do ser humano com 
a natureza. Neste sentido, o conceito de emancipação é essencial para um modelo de educação que 
considere a possibilidade de construção uma contra-hegemonia no que concerne a relação sociedade-
natureza em sua totalidade, constituindo-se, assim, como uma Educação Ambiental Emancipatória. Ela deve 
ser entendida como a possibilidade de libertação do ser humano do cativeiro do sistema educacional atrelado 
à lógica do capital. A EA que traz uma perspectiva emancipatória promove o enfrentamento da ideologia 
dominante, que está pautada numa concepção burguesa de cidadania. A cidadania burguesa está relacionada à 
inclusão dos sujeitos no mercado consumidor. A inclusão ao mercado por meio de políticas paliativas não 
pode levar à emancipação, pois não destrói a opressão. A emancipação deve ser uma bandeira a ser 
defendida no atual contexto histórico no qual o pensamento único determinou o fim da história, das 
ideologias e das utopias. O sentido do conceito de emancipação proposto está atrelado à formação de uma 
nova cultura política, em que os sujeitos sejam protagonistas de ações de rebeldia e de indignação, a fim de 
romper com a barbárie moderna do capitalismo. Por isso, precisamos romper com o neoliberalismo, que é 
pautado em uma racionalidade desumana. A emancipação é o oposto de regulação, da mesma forma que a 
consciência emancipada é o oposto da consciência coisificada. A regulação é uma ação hegemônica das 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 25 
 
classes dominantes, que produz consciências coisificadas. A emancipação é uma ação contra-hegemônica 
(GRAMSCI, 1982) das classes subalternas que pode ser engendrada, por exemplo, pela ação dos movimentos 
sociais que geram nesse processo consciências emancipadas. Precisamos substituir as consciências coisificadas 
pelas consciências emancipadas. Pensar o processo emancipatório para os grupos sociais historicamente 
marginalizados significa gerar outro processo que rompa com a barbárie do capitalismo (NASCIMENTO, 
2011). 
Significa para a EA por em prática a pedagogia libertadora de Paulo Freire, para quem o principal 
objetivo da emancipação é o compromisso que se orienta no sentido da transformação de qualquer situação 
objetiva na qual o homem concreto esteja impedido de Ser Mais (FREIRE, 1983). Dessa forma, concebemos 
que a educação é uma totalidade, isto é, uma “síntese de múltiplas determinações”. Ela tem que se propor a 
compreender essas determinações para intervir nelas, buscar a realização plena do homem 
(omnilateralidade), ou seja, libertá-lo. A educação é, então, pensada numa perspectiva transformadora da 
realidade. Esta faz oposição à educação conservadora, que serve de instrumento para as classes dominantes 
legitimarem e perpetuarem os seus privilégios de classe, difundindo sua ideologia para o restante da 
sociedade. A escola pode ter, assim, duas funções contraditórias: conservar ou minar as estruturas 
capitalistas. É a partir da crítica à educação burguesa que surge uma concepção de educação emancipatória. 
Então, a educação torna-se instrumento de luta da classe oprimida e o lugar de uma contra-hegemonia 
(GADOTTI, 2000). 
A educação alcança seus objetivos emancipatórios na medida em que possibilita a construção da 
consciência críticaque dá autonomia ao indivíduo de ler a realidade para além do discurso ideológico 
26 – Educação Ambiental em Foco 
 
dominante. Forma, assim, valores e pensamentos que são antagônicos ao modo de viver e de entender a 
realidade do ponto de vista hegemônico do capital. Fundamenta com isto a opção política pela construção 
coletiva de alternativas para a oposição à lógica excludente do modo de produção capitalista cujo sentido 
emancipatório se concretiza como sendo uma mutação integral do ser humano e das condições objetivas de 
sua existência (LOUREIRO, 2004). Dessa forma, não podemos desconsiderar o caráter emancipatório que 
está presente em algumas propostas de arte-educação conduzidas por grupos artísticos, na medida em que 
estes dialogam com ou atuam como movimentos sociais, preocupados com problemas coletivos e lutando 
pela transformação social. 
Para István Mészáros, a construção de uma realidade para além do capital não é uma hipótese 
idealista, mas possui um sentido concreto baseado na criação de outra ordem metabólica societária 
antagônica ao capitalismo. Em suas palavras: “o conceito para além do capital é inerentemente concreto. Ele 
tem em vista a realização de uma ordem social metabólica que sustente concretamente a si própria [...]”. 
(2005, p. 62, grifo do autor). A justificativa fundamental para descartarmos qualquer possibilidade de fazer 
alguns ajustes no capitalismo sem precisar romper com o mesmo é o fato de a lógica do capital ser 
irreformável devido à sua própria natureza tratar-se de uma totalidade reguladora sistêmica incontrolável e 
incorrigível (MÉSZÁROS, 2005), pois sua lógica de reprodução tem como essência a concentração e 
acumulação individual da riqueza produzida socialmente. Como explica István Mészáros, “[...] o sistema do 
capital é – e deve sempre permanecer – irreformável e incontrolável [...]”. (2007, p. 59, grifo do autor). 
Concordamos com Carlos Frederico Loureiro (2004) que as contradições internas do capitalismo, as 
suas implicações acerca da coisificação da vida e a alienação humana, demonstram a possibilidade e a 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 27 
 
necessidade histórica de superação do sistema capitalista. Por isso, a sustentabilidade e a cidadania somente 
poderão ser alcançadas plenamente com a ruptura do modo de produção capitalista para a construção de 
outro sistema que possa conter uma relação sociedade–natureza mais equilibrada e que supere a 
alienação/estranhamento/coisificação, características do modo de produção capitalista. Enquanto houver o 
capitalismo como modo de produção vigente, existirá a lógica da exploração direta do trabalho pelo capital 
ou da subordinação da renda ao capital (CAMACHO, 2008). 
Sendo assim, a lógica antagônica é clara e, portanto, não há possibilidades de se construírem 
mudanças em “parcerias” com o capital. A intensificação da exploração é o “pano de fundo” de todas as 
mudanças dos padrões de acumulação do capitalismo. Exploração essa tanto da natureza (externa ao ser 
humano) quanto do ser humano. E essa exploração tende a ser sempre intensificada mesmo com uma 
iminente devastação ambiental e degradação humana (MÉSZÁROS, 2007). 
Retomando as reflexões acerca da regulação como princípio antagônico à emancipação, Boaventura 
de Sousa Santos (1999), a partir da crítica ao paradigma da modernidade, destaca a necessidade de 
desenvolvermos ações de acordo com outros princípios que não os da racionalidade lógico-instrumental (da 
ciência e da técnica). Dentre as alternativas, o autor destaca a racionalidade estético-expressiva (das artes), 
base do relato experiencial trazido a seguir. 
 
 
 
 
28 – Educação Ambiental em Foco 
 
CLAREIRAS PRÁXICAS: A EXPERIÊNCIA DO COLETIVO ALMA 
 
Após termos indicado as pegadas conceituais que nos conduzem na trilha de uma EA emancipatória, 
apresentaremos apontamentos de uma experiência que se aproxima do debate anteriormente realizado e 
busca criar alternativas de educação nas “brechas” do modelo hegemônico. 
Em todo o Brasil, no campo das artes, notadamente do teatro, diversos coletivos1 vêm sendo 
propulsores de iniciativas de resistência cultural e militância política. A partir do extremo leste da Cidade de 
São Paulo, no bairro de Itaquera, irradiam-se as ações de um desses grupos, o coletivo Aliança Libertária 
Meio Ambiente - ALMA. Este grupo surgiu em 2003, formado por jovens moradores do conjunto 
habitacional (COHAB) José Bonifácio, preocupados com a questão dos resíduos e da condição de vida dos 
catadores de materiais recicláveis. A linguagem teatral foi descoberta como um meio de expressar a realidade 
e buscar um diálogo com a comunidade sobre as questões socioambientais que emergiam da vida cotidiana, 
buscando a transformação das condições de vida dos catadores e dos moradores em geral2. 
Atualmente o ALMA define-se como um coletivo socioambientalista e artístico que busca trabalhar 
com “as diversas dimensões da Ecologia (Mental, Social e Natural), no intuito de sensibilizar e mobilizar as 
pessoas para a transformação de seus valores e atitudes em sua atuação individual e coletiva” (ALMA, 2011). 
A proposição socioambientalista diz respeito a uma 
 
[...] perspectiva a partir da qual se compreende que as lutas ambiental e social são complementares e 
devem ocorrer de modo associado, por se tratarem de fenômenos articulados numa mesma causa: a 
crise do paradigma da modernidade, onde a exploração dos recursos naturais, assim como a 
1.
 Coletivos artísticos são 
agrupamentos de pessoas em 
torno de uma ou mais linguagens 
artísticas, que, em grande parte. 
2.
 Além dos trechos 
devidamente referenciados, a 
principal base para este relato é 
a dissertação de mestrado de 
Alexandre Falcão de Araújo 
(2013). 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 29 
 
exploração dos seres humanos, põe em risco a existência das populações e dos ecossistemas (ALMA, 
2011). 
 
O grupo praticamente foi fundado a partir da criação do espetáculo teatral infantojuvenil Antes que a 
Terra fuja - uma fábula livremente inspirada no livro homônimo de Julieta de Godoy Ladeira (1996). Criado de 
forma integrada à geografia e à identidade do Conjunto José Bonifácio, o trabalho caracterizou-se como um 
teatro itinerante, feito nos pátios dos conjuntos habitacionais populares da região, desafiando os limites entre o 
público e o privado: um Teatro de Cohab, “onde o cortejo de atores se infiltra no espaço coletivo familiar e 
transforma o morador debruçado na janela em público, o espaço cotidiano em espaço teatral, a soleira da porta 
do apartamento em boca de cena” (ALMA, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 – Educação Ambiental em Foco 
 
Foto 1. Espetáculo Antes que a Terra Fuja, em apresentação em prédio do Conjunto José Bonifácio, Itaquera, São 
Paulo, SP (2006). 
 
 
Fonte: FALCÃO, Alexandre (2006) 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 31 
 
A apresentação teatral fazia parte de um processo de ação pedagógica e intervenção socioambiental 
mais amplo, que tinha início com o estabelecimento de parcerias com os prédios da Cohab, por meio de seus 
síndicos ou grupos gestores e passava pelo agendamento de dias de atividades nos prédios. As atividades 
envolviam visita porta a porta nos apartamentos, apresentação da peça teatral, realização de oficina de 
construção de brinquedos a partir de materiais reutilizados (dirigida ao público infantil) e um diálogo com os 
jovens e adultos sobre as questões socioambientais, focado na problemática do lixo e na implantação da 
coleta seletiva. 
Apresentado mais de 90 vezes, entre 2004 e 2009, para um público estimado em 7000 pessoas, o 
Antes que a Terra fuja começou sua circulaçãopelos prédios onde os jovens fundadores do grupo moravam e 
significou para eles, inicialmente, um processo de encarar a própria realidade, enfrentar os problemas que 
existiam nos locais de moradia e assumir que eles podiam fazer alguma coisa para transformar aquela 
situação. 
A estrutura da fábula - já bastante alterada em relação ao livro que é base da inspiração inicial - traz 
como protagonista a Mãe Terra, que está muito nervosa com os seres humanos, pois eles jogam muito lixo 
nela, desmatam as áreas verdes e não respeitam uns aos outros. Por isso, ela decide fugir do sistema solar, 
mas os demais planetas tentam convencê-la a ficar e dar mais uma chance para os seres humanos. Em meio à 
história surge no prédio (local de apresentação) um catador de recicláveis e os planetas observam e 
comentam as relações que se estabelecem entre o catador e os moradores (ficcionais e reais) do prédio. 
O conflito central da peça - o desejo de fuga da Terra - permite levantarmos reflexões em torno do 
discurso ambientalista apresentado pelo grupo. Um dos riscos deste discurso seria a visão dicotômica de 
32 – Educação Ambiental em Foco 
 
natureza dissociada da sociedade. Porém, o discurso do espetáculo não se encerra com a afirmação de um ser 
humano universal e homogêneo, que em suas atitudes estaria “prejudicando a Natureza”. Ao longo do tempo, 
o trabalho foi amadurecendo e o discurso do grupo foi se transformando, saindo de uma visão romântica para 
considerar a complexidade das questões socioambientais. Um dos destaques nesse sentido é a figura do 
Catador, que acrescenta novos conflitos à estrutura dramatúrgica, por meio dos quais a afirmação do ser 
humano homogêneo e supostamente prejudicial à natureza é contraposta, abrindo espaço para novos 
questionamentos e reflexões. 
O amadurecimento da perspectiva política do coletivo ALMA ocorreu de forma concomitante às 
mudanças no espetáculo do qual o grupo é originário e - deu-se em função do embate concreto com a 
realidade. O caráter de certa forma moralizante, de transmissão de “mensagem” que havia na peça, foi sendo 
substituído, na medida em que as certezas quanto às formas de militância socioambiental foram se desfazendo, 
pois a complexidade do cotidiano de lutas mostrava-se maior do que a imaginada inicialmente. Um resultado 
dessa práxis pode ser vista na transformação da relação entre os personagens Catador e Morador na obra 
teatral em questão. Inicialmente, havia uma polaridade praticamente maniqueísta entre os dois, já nas versões 
mais recentes da peça, o dualismo é quebrado, surge mais de um morador em cena, há moradores que 
“ajudam” o catador (dão comida, têm dó, compadecem-se), há moradores que o ofendem, a violência está 
presente entre os moradores e também entre catador e moradores, indicando uma perspectiva dialética. 
Além das cenas com o Catador, vale citar, entre outras, a cena da venda dos produtos, que levanta 
críticas à sociedade do consumo e à indústria publicitária. Nela, os planetas dançam em passos coreografados 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 33 
 
enquanto fazem estranhos anúncios de produtos, de forma a denunciar o caráter fetichista da propaganda do 
contexto da indústria cultural: 
 
LUA (tirando um sarro, repetindo frases de propagandas): Eu sou uma embalagem de biscoito, o 
biscoito mesmo está lá dentro e não tem nada de especial, mas eu, A EMBALAGEM, sou o máximo! 
MARTE: Brilhante, colorida, dá água na boca só de ver a embalagem! Ela é a mais atraente de todas, 
você não pode viver sem ela! 
SATURNO: A sua vida está uma droga? Você está se sentindo triste solitário? Pois agora chegou o novo 
hipermegablaster celular! 
LUA: Você não tem o que fazer? Compre-me! (ALMA, 2009). 
 
Nesse trecho da peça, por meio de linguagem simples, é possível abordar aspectos da sociedade de 
consumo a partir de uma ótica influenciada pela análise marxista do fetiche da mercadoria. A alegria histérica 
dos planetas-vendedores entra em contradição com a perversidade do texto dito pelos mesmos e explicita o 
vazio existencial que gera a compulsão pelo consumo. O efeito cômico da cena permite ao público 
reconhecer as propagandas promovidas pelos planetas, estranhar suas próprias atitudes cotidianas de 
consumo e quiçá refletir acerca dos motivos que os levam a consumir. 
É importante ressaltar, porém, que o enfrentamento do sistema produtivo capitalista e seu correlato 
padrão de consumo não podem passar apenas por mudanças comportamentais na esfera individual, a 
mudança do padrão de consumo implica ações coletivas. A cena da venda dos produtos, de certa forma, 
mantém em primeiro plano a crítica às escolhas individuais de consumo, busca desvelar a sedução e 
manipulação promovidas pela indústria publicitária e, assim, denunciar a perversidade do sistema produtivo. 
Nesse sentido, a cena e o espetáculo como um todo não chegam a apontar de maneira contundente 
34 – Educação Ambiental em Foco 
 
estratégias coletivas de enfrentamento do status quo, porém, considerando o público ao qual o espetáculo se 
destina e a continuidade do processo pedagógico realizado após as apresentações (que aponta para formas de 
organização comunitária), acreditamos que este é o limite possível no âmbito da encenação. A complexidade 
da questão e a relativa fragilidade das formas de enfrentamento em pauta na atualidade tornam muito difíceis 
outros aprofundamentos da temática no contexto de um espetáculo teatral infanto juvenil. De qualquer 
forma, o espetáculo Antes que a Terra fuja ultrapassa o discurso ecológico conservador e promove a crítica, 
dentro dos limites objetivos e subjetivos existentes, ao sistema produtivo capitalista, como gerador da 
desigualdade social e da degradação ambiental. 
Na continuidade do processo pedagógico, as oficinas permitiam ao público formar novas camadas de 
significado, superando a relação de simples espectadores em exercício de fruição artística. Assim como a 
apresentação, as oficinas se valiam dos escassos espaços de convivência disponíveis nos prédios, entre eles: 
estacionamentos, garagens, lajes e, mais raramente, áreas verdes e de lazer. 
O mote do trabalho com as crianças era a confecção de brinquedos a partir de materiais 
reutilizáveis, por exemplo, transformar papel jornal e retalhos em bonecos. A intenção era transformar 
qualquer material em brinquedo e estimular que a criança fizesse isso com suas próprias mãos, sem esperar 
receber um brinquedo pronto. A atividade com brinquedos, além de ser uma atividade muito significativa na 
infância, por desenvolver diversas habilidades motoras e envolver afetividade - na medida em que a criança 
cria uma relação concreta e subjetiva com o brinquedo - serve ainda de mote para refletir sobre os materiais 
descartados em nossa sociedade e o padrão de produção e consumo que geram essa quantidade imensa de 
lixo. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 35 
 
Enquanto as crianças confeccionavam seus brinquedos, os jovens e adultos eram convidados a 
participar de uma roda de conversa acerca do tema “Lixo, de onde vem, pra onde vai?”, em que os atores 
apresentavam a proposta de implantação da coleta seletiva solidária no prédio. O viés solidário da coleta 
seletiva dizia respeito à doação dos materiais, que seriam destinados a uma cooperativa de catadores parceira 
do grupo, a Cruffi – Cooperativa de reciclagem União Faz a Força de Itaquera. Justamente em relação ao 
tema coleta seletiva que grande parte das contradições da crise socioambiental contemporânea se 
explicitaram no desenrolar das atividades. A ação cultural do coletivo ALMA era, em grande medida, uma 
ferramenta a serviço da militância socioambiental e, por isso, na perspectiva dos integrantes, era necessário 
não apenas fazerteatro, mas também colaborar com o fortalecimento das cooperativas de catadores de 
materiais recicláveis. Porém, tal proposição era relativamente ingênua, pois a situação de trabalho dos 
catadores, quer individualmente ou organizados em cooperativas, dependia de muitos outros fatores que 
fugiam ao controle do grupo; as relações com órgãos públicos, mercado de reciclagem, além de fatores 
ligados à saúde física e mental dos catadores formam uma teia de relações complexas, que não seriam 
enfrentadas apenas com a ação educativa junto a uma parcela dos moradores do bairro. 
Com a crise do mercado de reciclagem e a falta de políticas públicas de apoio em sucessivas gestões 
municipais3, a Cruffi, principal cooperativa parceira do grupo, faliu e a situação da coleta nos prédios tornou-
se precária. Como tampouco havia (e ainda não há) na região um serviço de qualidade de recolhimento de 
materiais recicláveis por parte da empresa que tem a concessão pública para coleta de resíduos sólidos, 
grande parte dos esforços pela implantação concreta da coleta seletiva nos prédios não se concretizou. A 
falácia da sustentabilidade comercial no campo da reciclagem foi tornando-se mais evidente e o grupo foi 
3
 - Entre 2008 e 2009 a crise 
econômica mundial derrubou 
os preços no mercado de 
reciclagem, causando grande 
impacto nas cooperativas de 
catadores. Além disso, 
segundo relatos de 
cooperados da Cruffi, no 
início dos anos 2000 houve 
estímulo oriundo do poder 
público municipal para a 
formação de cooperativas de 
catadores, no entanto, não 
houve continuidade de apoio 
suficiente para que as 
mesmas se estruturassem e 
pudessem realizar a coleta 
seletiva de forma 
economicamente viável. 
Assim, sem uma 
infraestrutura mínima, como 
veículos para coleta, esteira, 
balança e outros 
equipamentos, somada a 
dificuldades de gestão, 
muitas cooperativas tiveram 
de fechar suas portas. 
36 – Educação Ambiental em Foco 
 
tomando maior consciência da perversidade do sistema capitalista e das dificuldades em se implantar 
mudanças concretas dentro do atual contexto. Tal percepção é parte de um aprendizado crítico processual, 
que não desmerece os resultados do processo educativo. Por isso, em 2007, os integrantes do coletivo 
ALMA apresentavam a seguinte reflexão: 
 
[...] Acreditamos que um dos principais resultados positivos que obtivemos foi o de radicalizar a prática 
de levar as artes à comunidade, onde essa comunidade não se restringe aos espaços culturais da 
periferia, mas vai até a morada das pessoas, leva a arte para dentro dos condomínios da COHAB [...]. 
Essa ação buscou também desmistificar o teatro para a população da COHAB II e aproximar as pessoas 
da arte crítica, tentando superar o senso comum da arte massificada da televisão, mera marionete do 
capital. [...] Acreditamos ter pincelado cores nos sentidos de existir da comunidade, no imaginário dos 
moradores da COHAB e em nós mesmos, trazendo outro olhar sobre o bairro, um olhar subjetivo, rico 
em sonhos e possibilidades, para além do concreto e da monotonia crônica que grita à nossa vista. 
(ALMA, 2007, p.3-4). 
 
O grupo admite a dificuldade em dar continuidade ao processo educativo e em enxergar em curto 
prazo os resultados pedagógicos de suas ações, haja vista que a educação é multideterminada e seus 
resultados são subjetivos e mais visíveis em médio e longo prazo. Mas, propõe 
 
[...] enxergar além, no sentido da continuidade da história, da complexidade da vida. O retorno que 
tivemos de nosso trabalho considera também a quantidade expressiva de público, mas leva em 
consideração os abraços recebidos, os agradecimentos, a participação de cada criança com uma risada 
ou de cada jovem com uma opinião e ainda, aquela participação silenciosa do sujeito crítico que, tocado 
pelo espetáculo, não se manifesta a princípio, mas deixa inconscientemente que os ecos de nossas 
palavras e de nossas imagens reverberem em seu interior (ALMA, 2007, p. 5). 
 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 37 
 
Um exemplo desta afirmação de continuidade é materializada na cena final do Antes que a Terra 
fuja, que consiste, na verdade, em um convite ao público para realizar uma ciranda combativa, contra o 
conformismo e a inércia. O espetáculo se encerra com um chamamento, que assume as inúmeras 
dificuldades da luta cotidiana, mas canta para superar o abatimento e a amargura e reafirma, em grupo e em 
roda, a proposição de que é possível construir outra sociedade. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Tendo em vista que o processo educativo não é neutro, há necessidade de a educação cumprir seu 
papel de formação de uma consciência crítica, de que nos fala Paulo Freire. Nossa busca é por uma prática 
educativa não mais reprodutivista e domesticadora, atrelada ao poder dominante, mas uma ação 
revolucionária/humanizadora/libertadora, que permita a reflexão crítica sobre a realidade de maneira que o 
indivíduo possa atuar como um ser ativo no processo de criação/recriação desta realidade. É função de uma 
EA Emancipatória orientar um posicionamento político que instrumentalize os sujeitos para a leitura crítica da 
realidade, para que os indivíduos se entendam enquanto seres históricos capazes de 
interpretar/questionar/transformar a realidade. 
No caso específico da experiência educativa do coletivo ALMA, um dos grandes desafios é a 
manutenção da consciência crítica e a garantia da sobrevivência material dos integrantes, sem abrir mão da 
militância e da esperança de que é possível transformar a realidade. As transformações mais visíveis e 
concretas são as que se dão no âmbito comunitário, nas relações interpessoais e no cotidiano do grupo, mas, 
38 – Educação Ambiental em Foco 
 
nem por isso, elas são menos difíceis ou menos importantes. Afinal, o grupo foi estabelecendo 
processualmente vínculos afetivos, políticos e estéticos com a comunidade. 
Nos cruzamentos das trilhas da vida militante, a máxima ambientalista “pensar global, agir local” 
mantém seu sentido, na medida em que nos sentimos alijados das condições radicais de participação e 
transformação em escala macropolítica. Logo são as esferas micropolítica e regional que estão mais ao 
alcance das utopias contemporâneas. A pertinência e legitimidade das proposições educativas críticas se 
fortalece em articulação com as lutas dos movimentos sociais e com a disputa no campo das políticas 
públicas, porém as formas de participação mais ampla na vida pública do país e do mundo estão nubladas, 
menos evidentes do que estiveram outrora e uma educação militante, que se pretende emancipatória, 
precisa encarar a superação dialética das tentativas de cooptação por parte dos órgãos públicos e iniciativa 
privada, além de ter que garantir sua sustentabilidade material imediata. 
O relato de experiência aqui brevemente apresentado não tem a intenção de ser cristalizado como 
modelo a ser seguido. Essa experiência acontece e se reproduz contraditória e continuamente em um 
contexto determinado, com pessoas e situações específicas, mas pode apontar caminhos de ação possíveis, que 
assumam o olhar utópico e a insistência no processo de aprendizagem. O trajeto é infinito e nele buscamos 
pistas para as transformações complexas e, reiterando, multideterminadas, das quais somos parte, das quais 
somos sujeitos e objetos, com nossa influência local, restrita, mas que também se propaga em rede pelo 
mundo. Acreditando no curso inexorável da história, sentimo-nos corresponsáveis por estas transformações 
que são, afinal, imprescindíveis para nós, para nossa construção ontológica e para as pessoas com as quais nos 
relacionamos. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 39 
 
Desta forma, consideramosque a prática arte-educativa e ambientalista do coletivo ALMA interage 
com a consciência dos indivíduos para a automudança consciente, auxiliando na substituição das consciências 
coisificadas pelas consciências emancipadas, sendo, portanto, uma experiência concreta que caminha no 
sentido da EA emancipatória. 
 
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40 – Educação Ambiental em Foco 
 
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Leonice Seolin Dias (Org.) - 41 
 
 
2º CAPÍTULO 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA 
VISÃO DE PROFESSORES 
INDÍGENAS EM FORMAÇÃO NO 
ESTADO DE RONDÔNIA 
 
 
 
42 – Educação Ambiental em Foco 
 
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA VISÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS 
EM FORMAÇÃO NO ESTADO DE RONDÔNIA 
 
 
Reginaldo de Oliveira Nunes 
Professor da Universidade Federal de Rondônia, Departamento de Educação Intercultural, Campus de Ji-Paraná, Rondônia. E-mail: 
reginald_ufv@hotmail.com 
 
Eduardo Monteiro 
Graduando em Tecnologia em Segurança do Trabalho. Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR). 
E-mail: monteiro_1994@hotmail.com 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Educação vem do vocabulário latino educere. Significa conduzir, liderar, puxar para fora. Baseia-se na 
ideia de que todos os seres humanos nascem com o mesmo potencial, que deve ser desenvolvido no 
decorrer da vida (PHILIPPI JR et al., 2004). O papel do educador é, portanto, criar condições para que isso 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 43 
 
ocorra, criar situações que levem ao desenvolvimento desse potencial, que estimulem as pessoas a 
crescerem cada vez mais. 
Esse criar condições pode ser observado, quando Paulo Freire cita que: “ninguém educa ninguém, 
ninguém conscientiza ninguém, ninguém se educa sozinho” (apud GADOTTI, 2006). Isso significa que a 
educação, dependendo de adesão voluntária, depende de quem a incorpora e não de quem a propõe. Com o 
desenvolvimento da sociedade da informação, a educação deve possibilitar a todos o acesso a diferentes 
dados, permitindo recolher, selecionar, ordenar, gerir e utilizá-los bem como atualizar os conhecimentos 
sempre que necessário. Essas ideias foram consideradas como utopia necessária, capaz de fazer surgir uma 
nova forma de pensar a sociedade, um novo projeto de vida para a coletividade. 
Assim, Gadotti (2006), aborda que a reorientação da educação a partir do princípio da 
sustentabilidade significa retomar a educação em sua totalidade, implicando uma revisão no que se refere aos 
currículos e programas, sistemas educacionais, bem como o papel exercido pela escola e pelos professores 
nesse processo de educar. Segundo o mesmo autor, aprender é muito mais que compreender e conceituar, é 
querer, compartilhar, dar sentido, interpretar, expressar e viver. 
Neste sentido, a Educação Ambiental, tende a proporcionar aos alunos, a realização de práticas 
pedagógicas através de ações orientadas, que implicarão em mudanças em sua realidade local de forma 
contextualizada. Esse desenvolvimento de ações é contínuo, no entanto, ele é mais intenso na infância. Isso 
não significa que os adultos não possam se educar nas diferentes fases da vida, pois a curiosidade leva o ser 
humano a conhecer sempre. Todas as pessoas têm a capacidade de incorporar novas ideias e agir em função 
daquilo em que acreditam durante a vida toda. A partir dessas informações percebe-se a importância da 
44 – Educação Ambiental em Foco 
 
Educação Ambiental, principalmente no que se refere aos níveis fundamentais de educação. Afinal, conceitos 
ainda estão sendo formados, o que facilita a aprendizagem e a mudança de hábitos em relação ao ambiente 
em que esse cidadão está inserido. 
Como já foi dito, portanto, cabe ao educador criar condições para que a educação ambiental seja 
incorporada como filosofia de vida e se expresse por meio de uma ação transformadora. Não existe educação 
ambiental apenas na teoria, o processo de ensino-aprendizagem na área ambiental implica exercício de 
cidadania proativa. A Educação Ambiental nada mais é do que a própria educação, com sua base teórica 
determinada historicamente e que tem como objetivo final melhorar a qualidade de vida e ambiental da 
coletividade e garantir a sua sustentabilidade. 
Para Carvalho (2006), a Educação Ambiental é considerada primeiramente como uma 
preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização, que seja capaz de chamar a 
atenção para a má distribuição do acesso aos recursos naturais, assim como ao seu esgotamento, e 
envolver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas. 
O tema Educação Ambiental é muito discutido nos dias atuais devido ao fato de se perceber a 
necessidade de uma melhoria do mundo em que vivemos, pois é facilmente notado que estamos regredindo 
cada vez mais em nossa qualidade de vida de um modo geral, nos deixando levar por nossas obrigações 
diárias (GUEDES, 2006). 
Philippi Jr e Pelicioni (2000), afirmam que a ação transformadora da Educação Ambiental deve estar 
apoiada na ética, na justiça social e na equidade. Os conhecimentos das outrasciências (como filosofia, 
psicologia, sociologia e, principalmente, as ciências ambientais) incorporadas à educação vão contribuir com 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 45 
 
importantes subsídios para a consolidação de um novo projeto civilizatório, de uma nova visão do ser 
humano em suas relações com a natureza. 
A Educação Ambiental, segundo Luzzi (2005), está muito além de um tema transversal a mais, 
emergindo da comunidade educativa. Para o autor, a educação ambiental é o produto, em construção, da 
complexa história dinâmica da educação, um campo que tem evoluído de aprendizagens por imitação, e ao 
mesmo tempo, das perspectivas de aprendizagem construtiva, crítica, significativa, meta cognitiva e 
ambiental. Ao citar Bianchini, Luzzi (2005, p. 92) afirma que “a educação é ambiental ou não é, no sentido de 
permitir conduzir-nos para uma nova sociedade sustentável e na medida humana”. 
No ensino tradicional, é comum a visão de que se deve ir “da parte para o todo”, logo, o objeto 
retirado de seu contexto perde o sentido. Sem uma perspectiva de totalidade o conhecimento carece de 
sentido para o educando. 
Na educação brasileira, alguns autores vêm discutindo essa relação. Gadotti (1992) afirma que o 
homem desenvolve suas próprias forças quando se opõe à natureza; produz a cultura e humaniza a natureza 
e, quando nega a natureza, vai ao encontro do pensamento de Lefèbvre (1974), que traduz a ideia de que o 
homem só pode desenvolver-se através das contradições; logo, o humano só pode constituir-se através do 
inumano de início a ele misturado, para, em seguida, se distinguir por meio de um conflito, e dominá-lo pela 
resolução desse conflito. 
Essa posição que o homem assume, aumenta e acelera seu domínio sobre a natureza. Assim é que 
temos assistido constantemente a respostas práticas e inusitadas do ambiente construído pela sociedade que 
o transforma na “humanização da natureza”. 
46 – Educação Ambiental em Foco 
 
Esses processos se cruzam ao tratar do ensino de Educação Ambiental dentro da escola indígena. 
Segundo Magalhães e Silva (2011), na realidade das comunidades tradicionais, incluindo suas culturas, é 
fundamental que se tenha um entendimento de suas concepções sobre aspectos da realidade coletiva e sobre 
suas imagens de mundo. A Educação Ambiental, pelo convívio direto que as populações indígenas têm com o 
meio ambiente, acaba por ser um elemento fundamental do dia-a-dia, e o conhecimento adquirido sobre ele é 
respeitado, já que dependem diretamente desse ambiente para sua sobrevivência. Neste sentido, visando 
corroborar com o ensino da Educação Ambiental nas aldeias indígenas, o presente trabalho tem como objetivo 
verificar o nível de conhecimento ambiental entre professores indígenas em formação do estado de Rondônia. 
 
METODOLOGIA 
 
A presente pesquisa foi realizada com professores indígenas em formação no curso de Licenciatura em 
Educação Básica Intercultural, Campus de Ji-Paraná, Rondônia, da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). 
O curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural vem de encontro com a necessidade de a 
Universidade contemplar na sua pauta formativa, cursos que tenham perfis e características próximas às 
demandas das populações tradicionais da Amazônia: os povos indígenas, extrativistas, ribeirinhos e 
quilombolas. O curso tem como objetivo formar e habilitar professores indígenas em Licenciatura 
Intercultural para lecionar nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, com vistas a atender a demanda das 
comunidades indígenas. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 47 
 
O curso faz parte do programa REUNI da Universidade Federal de Rondônia, teve seu primeiro 
vestibular para entrada no ano de 2009, oferecendo 50 vagas anuais a professores indígenas que atuam nas suas 
comunidades, no entanto sem formação superior. Atualmente conta com três turmas em andamento, 
totalizando 123 alunos. Sua organização curricular está dividida em eixos integradores que contemplam a dupla 
formação: básica e específica, fundamentada na articulação entre os quatro temas referenciais do curso: a 
autonomia, a interculturalidade, a sustentabilidade e a diversidade. 
A pesquisa foi realizada com os alunos ingressantes da terceira turma do curso (turma 2011/02), através 
de questionário aplicado aos professores com a finalidade de investigar o interesse em trabalhar e avaliar os 
conhecimentos em Educação Ambiental. A turma é composta por professores das aldeias de nove povos 
indígenas, sendo eles: 07 representantes do povo Zoró (Noroeste de Mato Grosso), 06 do povo Oro Nao’ 
(Guajará-Mirim), 04 do povo Sabanê (Vilhena), 03 do povo Karitiana (Porto Velho), 02 do povo Gavião (Ji-Paraná), 
02 do povo Suruí (Cacoal) e, um representante do povo Tupari (Alta Floresta), Kanoé (Guajará-Mirim) e Arara (Ji-
Paraná), totalizando os 27 professores entrevistados. 
Segundo dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (SEDAM, 2002), o estado de 
Rondônia abriga 54 sociedades indígenas, o que lhe confere características de um estado pluricultural e 
multilinguístico. Esses povos indígenas estão concentrados em 19 Terras Indígenas (TI) que perfazem um 
total de 20,15% da área do estado (4.807.290,42 ha). 
A pesquisa enquadra-se na abordagem quantiqualitativa. A amostragem deu-se com a distribuição de 
questionários aos 27 professores presentes em sala no dia da aplicação do questionário. Os dados foram 
analisados de forma manual. Para perguntas fechadas usou-se de um padrão de contagem e aplicação de 
48 – Educação Ambiental em Foco 
 
estatística básica. Para perguntas abertas e semiabertas foram utilizadas planilhas, onde os conceitos-chaves 
foram analisados conforme sua incidência. Já para as perguntas fechadas com mais de uma resposta, foi utilizado 
o método de contagem/pontuação por incidência onde em tabelas aparecem o número de quantas vezes foram 
assinaladas a mesma alternativa. 
O objetivo de aplicação dos questionários aos professores foi de verificar o conhecimento e o grau 
de atualização sobre Educação Ambiental. Buscou-se verificar como eles definem meio ambiente, educação 
ambiental, a visão acerca dos problemas que causam impactos ambientais. O questionário aplicado foi 
composto de perguntas fechadas e abertas, visando analisar os conhecimentos em relação à Educação 
Ambiental e também avaliar as dificuldades que estes sentem em desenvolver uma educação interessante 
para o meio ambiente na escola. 
 
RESULTADOS 
 
O processo pedagógico de transmissão de conhecimento entre os grupos indígenas conta com a 
participação de todos, passando por práticas tradicionais de socialização e transmissão de conhecimentos 
próprios da cultura de cada povo. Assim, o papel do professor na escola indígena é favorecer essa 
transmissão de conhecimento, e muitas vezes resgatar tais conhecimentos com os mais velhos visando sua 
socialização com os alunos na escola. Afinal, conhecimentos da cultura são elementos importantes no 
processo de escolarização indígena. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 49 
 
Esses povos indígenas assumem o papel educativo com responsabilidade coletiva e tarefa social. O 
ambiente em que estão inseridos é fundamental para sua sobrevivência, assim sendo, a Educação Ambiental 
faz parte do seu cotidiano, já que esse ambiente é muitas vezes sua fonte de inspiração para adquirir 
conhecimentos. Esses grupos dependem diretamente dos recursos naturais e conhecer o ambiente e 
respeitá-lo é uma das formas de garantir a sobrevivência de suas gerações, por isso, o ensino de Educação 
Ambiental, mesmo já estando inserido em seu cotidiano, deve ser compartilhado também no âmbito do 
contexto escolar. 
Com a aplicação dos questionáriospercebe-se que há uma grande diversidade de ideias dos 
professores em formação do curso, mas em geral, é dada uma grande relevância aos temas ambientais. O 
questionário contava com dez questões, que passam a ser descritas e analisadas a seguir. 
Na primeira questão, denominada questão fechada, tinha-se a finalidade de avaliar se a Educação 
Ambiental é um processo que objetiva o ensino de preservar a natureza. Observa-se com as respostas que 
100% dos entrevistados (n=27), admitem que sim. 
No segundo questionamento, procurou-se saber o conceito de Educação Ambiental, o 
entendimento dos mesmos sobre o tema. Nota-se que há uma compreensão de que a Educação Ambiental 
deve desenvolver a conscientização nas pessoas para que o meio ambiente seja preservado e mantido em 
equilíbrio. Abaixo, algumas respostas para compreendermos melhor sobre esse conceito: 
 
 
 
50 – Educação Ambiental em Foco 
 
“Está voltado ao ensino de como preservar o meio ambiente e entender o que causa prejuízo ao meio 
ambiente e a partir daí elaborar soluções que possam diminuir os problemas ambientais” (Suruí). 
“Eu entendo que a Educação Ambiental tem por objetivo ensinar a preservar o ambiente natural e estudar 
sobre a importância dele, incentivando crianças desde infância para ter melhor entendimento sobre o 
mesmo” (Tupari). 
“A Educação Ambiental é desenvolver o trabalho de como preservar o meio ambiente e como cuidar da 
aldeia onde moramos” (Sabanê). 
“A Educação Ambiental para mim eu entendo tudo que envolve a natureza” (Arara). 
“Seria uma forma de educar as pessoas para poder ter mais conhecimentos de como preservar a natureza 
para que o nosso ambiente possa estar sempre disposto a cada tipo de atividade desde que preservado” 
(Kanoé) 
 
A questão três aborda se a Educação Ambiental está inserida no currículo da escola, sendo que 21 
professores responderam que sim (77,78%) e 06 que não (22,22%). Os que disseram que não justificam que 
a Educação Ambiental não está inserida diretamente como disciplina, mas os professores procuram trabalhar 
temas em suas disciplinas, voltados às questões ambientais. Uma visão da educação para o meio ambiente 
mais ampla deve envolver as pessoas da comunidade, os currículos escolares e a preparação dos professores 
em geral, não apenas aqueles que estão ligados às áreas de ciências biológicas ou geografia. Para Tuan (1980), 
“os conceitos cultura e meio ambiente se superpõem da mesma forma que os conceitos homem e natureza”. 
Segundo Reigota (1998), a Educação Ambiental correu o risco de se tornar, por decreto, uma 
disciplina obrigatória no currículo nacional; mas com que os burocratas e oportunistas de plantão não 
contavam, era encontrar a resistência de profissionais mais conhecedores da área, o que evitou que a mesma 
se tornasse mais uma banalidade pedagógica, perdendo todo o seu potencial crítico e questionador a respeito 
das nossas relações cotidianas com a natureza, artes, conhecimento, ciência, instituições, trabalho e com as 
pessoas que nos rodeiam. 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 51 
 
Quando abordados os assuntos de como gostariam de trabalhar a Educação Ambiental na escola 
(questão 04), os mais citados para serem trabalhados foram: reflorestamento, reciclagem, lixo, 
sustentabilidade, matas ciliares, água e solo. Nota-se a preocupação com a conscientização e sensibilização 
para os problemas ambientais, como destacado nas citações a seguir: 
 
“Gostaria de trabalhar como ensinar a realidade e mostrar como é certo para ambiente” (Sabanê). 
“Eu gostaria de conscientizar os meus alunos a preservar mais a natureza, a não desmatar as margens dos 
rios” (Arara). 
 
 A quinta questão mostrou nove problemas ambientais, todos que fazem com que ocorram 
impactos sobre o meio ambiente. Os professores deveriam assinalar o problema que consideravam mais 
grave ao ambiente. O gráfico 1 a seguir ilustra esses problemas ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 – Educação Ambiental em Foco 
 
Gráfico 1 - Problemas ambientais mais graves. 
 
 
 Fonte: Da pesquisa 
 
Nota-se no gráfico com as respostas, que os principais problemas ambientais são desmatamento, 
citado por 12 professores indígenas em formação e queimadas, citado por 10. A citação de desmatamento e 
queimadas como os principais problemas ambientais deve estar relacionada ao fato das pressões sofridas 
pelos povos indígenas em suas terras pelos fazendeiros e madeireiros, cada dia mais presente devido à 
ganância do ser humano. Mesmo com a pressão de madeireiros e fazendeiros, as Terras Indígenas têm 
1 1 
2 
12 
0 0 
1 
10 
0 
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 53 
 
cumprido papel fundamental na conservação do meio ambiente, pois 98,4% de sua área total na Amazônia 
está preservada. O desmatamento dentro delas corresponde a apenas 1,3% do desmatamento amazônico 
total. As Terras Indígenas representam uma proteção tão ou mais eficiente do que as Unidades de 
Conservação. No entanto, o sentimento de perda pelos povos indígenas de sua biodiversidade vem 
representado neste questionamento; afinal, não são apenas madeiras que são queimadas ou retiradas de suas 
terras, são sua biodiversidade, seu sustento, a sobrevivência de gerações, presentes numa cultura voltada ao 
conservacionismo de sua riqueza natural. 
A questão seis procurou verificar o entendimento dos professores indígenas em formação no que se 
refere ao uso dos recursos naturais renováveis e não-renováveis. Para tanto, perguntou-se se a água é um recurso 
inesgotável. Na maioria das questões respondidas verificou-se que os professores têm a noção que a água é um 
recurso esgotável. 
A questão sete teve como objetivo verificar o conhecimento sobre a extinção dos animais. Para 
tanto, solicitou que os mesmos marcassem a alternativa que melhor representasse a abordagem. O gráfico 2 
apresenta esses resultados. 
 
 
 
 
 
 
54 – Educação Ambiental em Foco 
 
Gráfico 2 - Conhecimento sobre a extinção de animais. 
 
Fonte: Da pesquisa 
Os professores encontraram como melhor resposta aquela que afirma ser um assunto que faz 
pensar na própria sobrevivência, fator esse que se deve ao fato de haver uma grande preocupação em 
discutir as questões ambientais e também a sobrevivência da humanidade, estabelecendo com isso uma 
relação entre a sobrevivência do homem intimamente ligada à da natureza representada na questão pelos 
animais. 
20% 
34% 
46% 
Há bastante sensacionalismo nisso, pois o ambiente muda sempre, podendo
desfavorecer algumas espécies
Espécies de animais e plantas são tanto extintos quanto provavelmente
surgem novas espécies, não alardeados pela mídia
É um assunto que faz você pensar na própria sobrevivência
 
Leonice Seolin Dias (Org.) - 55 
 
A questão oito apresenta um questionamento sobre o que os entrevistados pensam sobre 
biodiversidade. Seus resultados são apresentados no gráfico 3 abaixo. 
 
Gráfico 3 - Conhecimento sobre a Biodiversidade. 
 
Fonte: Da pesquisa 
 
A opção mais assinalada é a que mostra que a biodiversidade “é grande responsável no processo do 
equilíbrio ambiental”, demonstrando assim, que os professores entrevistados sabem da grande importância 
da biodiversidade como responsável pelo equilíbrio ambiental do nosso Planeta. 
81% 
15% 
4% 
Ela é grande responsável no
processo do equilíbrio ambiental.
É interessante principalmente para
quem gosta do campo e de remédios
naturais.
É importante para pesquisadores e
biólogos.
56 – Educação Ambiental em Foco 
 
Na nona questão, foi questionado qual seria a melhor opção que definiria meio ambiente.

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