Requisitos objetivos para livramento condicional - Resumo (parte 2)

1 Direito Penal II - Resumo LIBERDADE CONDICIONAL: REQUISITOS OU PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS E REQUISITO ESPECÍFICO Requisitos ou pressupostos subjetivos Bons antecedentes \uf0b7 A redução do período mínimo de cumprimento da pena de um condenado não reincidente em crime doloso para pleitear a liberdade condicional veio associada à necessidade de ele apresentar bons antecedentes. Sem eles, o condenado acaba precisando cumprir pelo menos metade da pena imposta. Assim, o condenado que, por exemplo, tiver praticado outras infrações penais, que tiver respondido a outros inquéritos policiais, que s e envolveu em outras infrações ao ordenamento jurídico, que sofreu outras condenações, ainda que elas não caracterizem tecnicamente reincidência, não pode se beneficiar do livramento condicional só com o cumprimento mínimo da pena. Na verdade, o cumprimento de mais de um terço é uma exceção, e por isso só é possível se o condenado preencher todos os requisitos exigidos. Assim, só tem direito ao livramento condicional quem não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes. \uf0b7 Devem ser considerados como antecedentes os fatos ocorridos antes do início do cumprim ento da pena, mesmo que tenham o corrido depois do fato delituoso que deu origem à prisão, o q ue já não pode ocorrer por conta da dosimetria e da aplicação da pena. Os fatos ocorridos durante a prisão, além de não serem antecedentes, vão ser objeto de avaliação no requisito que avalia se o comportamento prisional do indivíduo é satisfatório. \uf0b7 A gente nota que e sse requisit o só interessa para o caso de não reincidência em crime doloso. Se o criminoso for reinciden te, com ou sem bons antecedentes, ele deve cumprir mais da metade da pena, pelo menos, para poder pleitear o livramento condicional. Comportamento satisfatório durante a execução \uf0b7 A previsão anterior exigia que o recluso tivesse \u201cboa c onduta carcerária\u201d, como se isso fosse fácil de acontecer no ambiente prisional. O bom comportamento 2 parecia exigir uma conduta irrepreensível, não admitindo nenhum erro ou falta disciplinar. A conduta sat isfatória reduz essa e xigência, mas abrange todo o tempo da execução penal, e não só o período d e encarceramento. \uf0b7 A nova previsão legal também oferece maiores elementos para apreciar com mais segurança as reai s condições do apenado para voltar a se reintegrar à sociedade. A event ual prática de faltas disciplinares isoladas, de menor gravidade, que antes impediam o livramento condicional, não são mais necessariamente obstáculos para que ela seja obtida. O que importa é a capacidade de readaptação social do condenado, que deve ser demonst rada e observada diariamente. Bom desempenho no trabalho \uf0b7 O trabalho prisional é considerado um dos fatores mais imp ortantes na tarefa ressocializadora do criminoso. Existe uma preocupação com o desenvolvimento da capacidade do indivíduo de se autogerir, o que é indispensável a partir do momento em que ele sai da prisão. \uf0b7 A expressão \u201ctrabalho que lhe foi atribuído\u201d deixa claro que não se trata só das atividades laborais desenvolvidas na prisão, mas também se refere ao trabalho efetuado fora da prisão, como por exemplo, o serviço externo, tanto na iniciativa privada como na iniciativa pública. Aptidão para prover a própria subsistência com trabalho honesto \uf0b7 A aptidão para prover a própria subsistência com trabalho honesto é uma consequência natural e direta do requisito que a gente acabou de ver. A partir da avaliação do desenvolvimento obtido no trab alho durante a fase de execução, é possível tirar conclusões so bre as reais condições e aptidões do sentenciado (art. 34, §2º, CP). \uf0b7 A lei não determina que o apenado deve ter emprego assegurado no momento da liberação. O que a lei exige é a apt idão, ou seja, a disponibilidade, a habilidade, a inclinação do condenado para viver à custa de seu próprio esforço de forma honesta, conforme prevê o art. 132, §1º, a, LEP. A lei também não fixa um prazo determinado para obtenção de uma ocupação lícita, ela fala só em prazo razoável, o que é bem complicado na nossa realidade aqui no Brasil, já que ainda é muito difícil q ue egressos do sistema penitenciário consigam um emprego. 3 Requisito específico \uf0b7 A Reforma de 1984 adotou o sistema vicariante, eliminando a aplicação dupla de pena e medida de segurança para os imputáveis e semi -imputáveis. A partir disso, o fundamento da pena passou a ser exclusivamente a culpabilidade, enquanto a medida de segurança se justifica só na periculosidad e, aliada à incapacidade penal do agent e. Na prática, a aplicação cumulativa de pena e medida de segurança sempre represent aram uma dupla punição do cond enado pela prática de um mesmo delito. \uf0b7 Atualmente, o imputável qu e praticar uma conduta punível só se sujeita à pena correspondente, o inimputável se sujeita à medida de segurança e o semi- imputável sofre pena ou medida de segurança, nunca as duas juntas, de acordo com as circunstâncias pessoais do infrator. \uf0b7 A eliminação da medida de segurança para os imputáveis e semi -imputáveis, também chamados de \u201cfronteiriços\u201d, não deixou a ordem jurídica desprotegida. De acordo com o art. 83, p.u., CP: \u201cPara o conden ado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à c onstatação de co ndições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.\u201d \uf0b7 Essa precaução se destina aos autores dos chamados \u201ccrimes violentos\u201d e, de acordo com a Exposição de Motivos, essa exigên cia é mais uma consequência necessária da extinção da medida de segurança para o imputável. \uf0b7 A polêmica em torno desse \u201creq uisito específico\u201d tem a ver com a forma ou o meio que se deve utilizar para constatar a probabilidade de o apenado voltar o u não a delinquir. O Processo Penal brasileiro confere ao juiz a faculdade de iniciativa de provas complementares e supletivas, de modo que ele pode, de ofício, determinar a realização das diligências que considerar indispensáveis para o esclarecimento de pontos relevantes do caso, como é o caso do exame pericial. A realização desse exame não vin cula o magistrado, só trazendo novos elementos para análise do caso, podendo dar condições ao juiz de verificar se o apenado superou as circunstâncias que levaram ao cometimento do crime, ou seja, se é possível a sua ressocialização. \uf0b7 Uma vez que o livramento condicional passou a integrar o sistema progressivo, o art. 112, p.u., LEP passou a prever a realização do exame criminológico, quando necessário.

Requisitos objetivos para livramento condicional - Resumo (parte 2)

Direito Penal I

Continue navegando

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Quais os requisitos para o livramento condicional?

What are the requirements and conditions for the granting and maintenance of conditional release (livramento condicional) in Brazilian criminal law...

O livramento condicional é uma medida de política criminal que permite que o condenado abrevie sua reinserção ao convívio social, cumprindo parte d...

livramento condicional

Outros materiais