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GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLADORIA CONTROLADORIA II Rosângela Venâncio Nunes CONTROLADORIA II 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato.pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! CONTROLADORIA II 2 Controladoria II - Apostila Apresentação As empresas vivem, hoje, o imperativo do valor, segundo o qual todas as suas operações e todos os seus recursos devem estar voltados para produzir ou adicionar valor. Dessa forma, a busca pela solução dos problemas do dia a dia das organizações conduz os gestores a optarem pela alternativa mais adequada de gestão. Por isso, é relevante analisar a empresa sob o ponto de vista sistêmico, isto é, unir as partes que compõem a organização para formar um sistema, de modo que haja condições de encontrar soluções e opções para administrar o todo. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Identificar a importância da visão sistêmica e do papel da gestão nos processos de criação de valor, de gerenciamento de riscos e de avaliação do desempenho das organizações; 2. Listar instrumentos de planejamento e controle eficiente e eficaz. CONTROLADORIA II 3 Aula 1: Sistema de empresas e geração de valor Introdução A principal ferramenta de auxílio e orientação à tomada de decisão no cenário competitivo em que as organizações vivem hoje é a controladoria. Uma de suas premissas é atribuir valores à empresa, analisando e vislumbrando para ela as melhores oportunidades e os melhores caminhos em direção ao alcance de objetivos. Toda corporação, via de regra, tem o propósito de alcançar o sucesso, o que denota a aceitabilidade de seus produtos e serviços perante o mercado através de seus clientes. Se a atribuição de valor e a excelência nos resultados são os principais focos da controladoria, é necessário aplicar tais conceitos no dia a dia das empresas, a fim de garantir a otimização dos custos e a maximização dos lucros. Para tanto, a organização deve estar em perfeita sinergia e integração com as áreas envolvidas em seu planejamento estratégico. Nesta aula, veremos que isso assegura sua sobrevivência no mercado. Objetivo 1. Definir o conceito econômico do sistema empresa e a noção de eficiência; 2. 2. Discutir sobre o processo de criação de valor agregado nas organizações a partir da distinção entre os conceitos de lucro econômico, goodwill e custo de oportunidade. Resumo do conteúdo Nesta aula: • Analisamos importantes avanços da gestão empresarial, que saiu de uma postura convencional de busca pelo lucro e pela rentabilidade para o enfoque da criação de valor no mercado; • Identificamos que o objetivo da criação de valor para os acionistas demanda das empresas outras estratégias financeiras e novas medidas de sucesso – todas elas voltadas para agregar riqueza a seus proprietários; CONTROLADORIA II 4 • Discutimos sobre o processo de criação de valor agregado nas organizações; • Diferenciamos as atividades que agregam valor daquelas que não o fazem. Conteúdo Conceituação econômica do sistema empresa As organizações empresariais interagem com a sociedade, pois são sistemas abertos e dinâmicos. Sendo assim, a empresa é composta por várias partes. Cada uma realiza um conjunto de atividades que, apesar de distintas, possuem relação de dependência entre si para que se possa atingir um objetivo – nesse caso, a missão organizacional. Por exemplo, o departamento de vendas de uma corporação cumpre determinadas atividades que lhe são atribuídas e pertence ao sistema empresa, pois concretiza a venda de um produto. Esse departamento depende das ações realizadas pelo setor de produção, que, por sua vez, depende do setor de compras, e assim por diante. Logo, todas as áreas executam tarefas diferentes, mas cada uma contribui com suas atitudes para que o objetivo do sistema empresa seja alcançado. Afinal: O bom desempenho de um depende do bom desempenho dos outros! A empresa é um sistema em que se introduzem recursos, os quais são processados para a saída de produtos ou serviços. Além de aumentar os padrões de resultados empresariais, essa interação influencia a economia, outras empresas, o país e a vida das pessoas, bem como desenvolve a sociedade. Observe, na figura a seguir, a empresa como um sistema aberto – aquele que sofre inúmeras e diversificadas pressões dos ambientes a que está submetido (CATELLI, 2007): Missão e visão da empresa: uma questão de eficiência De acordo com Catelli (2004 apud PADOVEZE, 2012, p. 13): CONTROLADORIA II 5 “Toda empresa tem uma missão em relação à sociedade, e a missão das empresas corresponde a seus objetivos permanentes, que consistem em otimizar a satisfação das necessidades humanas”. Em outras palavras, como a empresa é uma entidade que processa recursos e entrega produtos, bens ou serviços à sociedade, dentro de um enfoque sistêmico, ela deve ser vista como elemento de processamento. Por isso, as organizações têm de devolver as saídas do sistema com valor superior a suas entradas, uma vez que os recursos consumidos esgotam o meio ambiente. Para Ackoff (1981): “A riqueza produzida por uma corporação é a diferença entre os consumos por ela possibilitados e seu próprio consumo”. O autor destaca, aqui, a eficiência como visão da empresa e como componente de sua missão. Essa questão é muito importante, porque não há dúvidas de que a sociedade exige das empresas um comportamento compatível com a utilização dos recursos naturais, sob pena de deterioração do ambiente e prejuízo ao futuro da sobrevivência da humanidade. Diante do que estudamos até então, a eficiência empresarial pode ser evidenciada da seguinte forma: Por sua vez, a visão clássica do funcionamento do sistema empresa pode ser representada pelo esquema a seguir: O conceito de eficiência envolve, então, a utilização adequada de recursos, já a eficácia está relacionada ao alcance de resultados. De acordo com Vasconcelos (2006), com relação ao processo de produção, a eficiência pode ser avaliada sob os pontos de vista tecnológico ou econômico. Vejamos como: Eficiência técnica ou tecnológica Processo que permite produzir a mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores de produção, o que envolve dois ou mais processos produtivos. CONTROLADORIAII 6 Eficiência econômica Processo que permite produzir a mesma quantidade de produto com menor custo de produção, o que envolve dois ou mais processos produtivos. Sendo assim, as organizações devem manter uma produção elevada com o menor custo possível e reduzir os impactos ambientais através de boas estratégias, a fim de alcançar resultados positivos com eficiência. Teoria da decisão A decisão é um processo de escolha de, pelo menos, uma entre duas ou mais alternativas possíveis. Essa atitude pode ser tomada, simplesmente, com base na intuição do decisor ou em sofisticadas técnicas de avaliação qualitativa ou quantitativa. No caso da segunda opção, é necessário usarmos algumas ferramentas e alguns modelos. No mundo empresarial, a tomada de decisão reveste-se por um contexto de incertezas e de procedimentos complexos que, muitas vezes, suscitam questões interpessoais, o que dificulta esse processo lógico racional. Para Padoveze (2012), a teoria da decisão é parcialmente: Descritiva Descritiva pois se esforça para explicar como as decisões são atualmente tomadas. Normativa Normativa pois se esforça para explicar como as decisões poderiam ser tomadas com base em padrões de melhores ou ótimas escolhas, o que envolve informações para previsões e metodologia científica para a elaboração de tais previsões ou mais processos produtivos. Atenção Pelo consenso dos estudiosos da teoria da decisão e conforme aponta Gomes (2007, p. 5-7), são passos para uma boa decisão: • Ter certeza do verdadeiro problema a ser resolvido; CONTROLADORIA II 7 • Abordar o problema de forma lógica e estruturada, distanciando-se do envolvimento emocional e das armadilhas psicológicas; • Obter todas as informações relevantes; • Identificar, claramente, o núcleo da decisão – ou seja, o que é, de fato, importante; • Considerar os aspectos morais e éticos envolvidos; • Gerar alternativas viáveis quando possível; • Listar os objetivos quantitativos e qualitativos dessa atitude e, para cada objetivo, os critérios de avaliação; • Listar e explicar as consequências de cada alternativa com relação aos critérios escolhidos, atribuindo probabilidades de ocorrência; • Retroalimentar o sistema de ação quando um fato novo e relevante surgir; • Praticar a empatia tanto com relação a quem tomará a atitude quanto com relação a quem viverá as consequências; • Produzir recomendações objetivas e claras para quem tomará a atitude. Essas etapas ajudam a estruturar o problema, a identificar as alternativas possíveis e viáveis de decisão, a analisar a atitude tomada e suas consequências e, por fim, a sintetizar sua escolha. Dentro da teoria da decisão encontramos as ferramentas desenvolvidas para o processo de tomada de decisão, bem como os modelos que atendem as mais variadas necessidades gerenciais. Os modelos de decisão podem – e DEVEM – atender tais necessidades sobre todos os eventos econômicos para qualquer nível hierárquico dentro das empresas. CONTROLADORIA II 8 Sendo assim, é possível construir padrões bastante específicos para as decisões operacionais – que tendem a ser mais detalhadas – e para aquelas de caráter mais genérico – as estratégicas. Em outros termos: A construção de modelos facilita a tomada de decisão! A teoria da decisão visa estabelecer um método lógico, sistêmico e científico de apoio ao processo decisório, o que, para Antunes e Santos (2004, p. 289), influencia o administrador na escolha do curso da ação. As decisões podem ser tomadas em ambientes de: Certezas Quando o tomador da decisão tem a convicção dos efeitos das alternativas possíveis de escolha. Incertezas Quando falta ao decisor conhecimento exato dos efeitos das alternativas da decisão, momento em que se configura o fenômeno das possibilidades, dos impactos incertos, o mundo em que desfrutamos da sensibilidade do apoio dos instrumentos teóricos aplicados à decisão. Geração de valor empresarial A gestão das empresas vem revelando importantes avanços em sua forma de atuação, saindo de uma postura convencional de busca pelo lucro e pela rentabilidade para um enfoque preferencialmente voltado à criação de valor no mercado. De acordo com Padoveze (2012), o atual foco da missão das entidades empresariais está centrado no conceito de valor. Portanto, a controladoria e a contabilidade têm o objetivo de oferecer informações para que as entidades possam cumprir sua missão de forma adequada. Em resumo, tanto na área de Contabilidade Gerencial quanto no setor de Finanças das organizações, o conceito de criação ou adição de valor está relacionado ao processo de geração de lucro para os acionistas. A seguir, vamos discutir sobre essa noção e suas variantes, buscando sua validação e sua interação com a controladoria dentro do ambiente empresarial. CONTROLADORIA II 9 Criação de valor: atividade produtiva e valor agregado A Ciência Econômica é a responsável pelo conceito-base de adição ou agregação de valor. Dentro desse processo, as empresas são as entidades que se encarregam pelos procedimentos intermediários de agregação de valor. Conforme aponta Rossetti (1994, p. 80): “[...] cada uma das empresas integrantes do aparelho de produção da economia será considerada, sob um ponto de vista sistêmico, uma unidade processadora dependente de fornecimentos originários de outras empresas”. A Ciência Contábil, por sua vez, incorporou o conceito de valor agregado em seu escopo, com o desenvolvimento da noção de valor adicionado – a mesma definição dada pela Economia. Mas como as empresas agregam valor a suas atividades? Vamos descobrir? As empresas criam valor pela obtenção de lucro na realização de suas transações de produção e venda de bens e serviços. De acordo com Padoveze (2012), tendo em vista que todo empreendimento é financiado, esse lucro precisa ser superior ao custo dos financiamentos para a obtenção do lucro líquido final. Esse é o processo empresarial clássico para a criação de valor, que pode ser resumido em duas vertentes: • Criação de valor por meio de produtos e serviços produzidos e vendidos; • Criação de valor que cobre o custo do financiamento do capital empregado no empreendimento. Concluímos, portanto, que, em todas as empresas, há uma transformação produtiva, na qual os recursos são convertidos em bens ou serviços, para os quais existe uma demanda, um mercado. Essa transformação, cujo consumo de recursos gera custos, deve produzir valor aos clientes e aos investidores. Para Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p. 81): “[...] no linguajar financeiro, seria feito um investimento em ativos, tais como estoques, máquinas, terrenos e mão de obra. O dinheiro aplicado em ativos deve ser contrabalançado por uma quantia idêntica de dinheiro gerado por algum financiamento. Quando começar a vender, a empresa deve gerar dinheiro. Essa CONTROLADORIA II 10 é a base da criação de valor. A finalidade da empresa é criar valor para seu proprietário. O valor está refletido no modelo básico da empresa, representado por seu balanço patrimonial”. Atividades internas e apropriação do valor agregado De acordo com Padoveze (2012), o valor agregado máximo possível de ser obtido pela empresa por meio da gestão operacional de seus investimentos é resultado da seguinte diferença: Entre esses dois extremos, há um processo de transformação dos insumos, que inclui os procedimentos e as atividades internas desenvolvidas pela empresa para a geração e a venda dos produtos e serviços. Para ver um exemplo de cálculo do valor agregado máximo anual de um produto, clique http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS679/docs/Aula_1_Cal culo_valor_agregado_maximo_anual.pdfaqui. Veja, agora, como ocorre o processo de criação de valor quando consideramos o custo das atividades realizadas pela empresa em relação a seus produtos e serviços: Custo dos processos IGUAL AO valor agregado Neste caso, a empresa não terá lucro nem prejuízo, ou seja, ela NÃO criará valor a ser disponibilizado para o acionista. Custos dos processos MENOR QUE O valor agregado Neste caso, a empresa não terá lucro nem prejuízo, ou seja, ela NÃO criará valor a ser disponibilizado para o acionista. Custos dos processos MAIOR QUE O valor agregado Neste caso, a empresa destruirá valor por meio do prejuízo operacional. Conforme destaca Padoveze (2012), se todas as atividades gerarem: • Lucro, a empresa se apropriará de parcela do valor agregado dado pelos produtos ou serviços; CONTROLADORIA II 11 • Prejuízo, a empresa deixará de se apropriar do valor dado pelos produtos ou serviços. Logo, quanto menor for o custo das atividades internas e maior sua eficácia em termos de receita, maior será a possibilidade de a empresa se apropriar, operacionalmente, desse valor agregado. Portanto, o foco da gestão econômica é construir modelos de decisão que permitam aos gestores fazê-lo. Em outros termos: O modelo de gestão econômica centra-se na gestão da eficácia das atividades empresariais desenvolvidas internamente. Para conhecer atividades empresariais que adicionam e não adicionam valor. Valor Econômico Adicionado ou custo de oportunidade Na área de Finanças – mais ligada à análise de investimentos –, surgiu o conceito de Economic Value Added (EVA) – Valor Econômico Adicionado. De acordo com Atkinson et al. (2000, p. 478-9): “[...] recentemente, um número de analistas e consultores tem proposto o uso do Valor Econômico Adicionado como uma ferramenta de avaliação do desempenho da organização [...]. O analista ajusta o lucro contábil, corrigindo-o com o que os proponentes do Valor Econômico Adicionado consideram para sua visão conservadora. Por exemplo, os ajustes incluem capitalização e amortização de custos significativos de lançamento de produtos”. Em seguida, o analista computa a importância do investimento na organização e deriva o valor econômico adicionado. Sendo assim, temos: Na realidade, podemos dizer que o conceito de EVA nada mais é do que a noção de custo de oportunidade e de manutenção do capital financeiro da empresa. Veja um exemplo de cálculo da rentabilidade anual de um investimento. Para que possam ser mantidas, todas as atividades empresariais devem ser avaliadas pelo mercado. Essa manutenção tem um gasto: o custo de oportunidade. De acordo com Padoveze (2012), podemos entender essa noção de duas formas, quais sejam: Preço de mercado CONTROLADORIA II 12 Neste caso, o custo de oportunidade é igual ao preço de mercado e ao preço de transferência baseado nesse preço de mercado, e serve para avaliar os estoques, os produtos e os serviços produzidos pelas atividades internas da empresa. Custo de oportunidade financeiro Neste caso, o custo de oportunidade serve para mensurar e avaliar o aspecto financeiro das atividades e dos acionistas – aqueles que fornecem capital à empresa. A adoção do custo de oportunidade dos acionistas implica criar uma área de resultados específica para mensurar sua rentabilidade. Esse custo é o lucro mínimo que eles deveriam receber para justificar seu investimento – ou seja, seu custo de oportunidade a preço de mercado. Quando associado à mensuração e ao fluxo futuro de benefícios, a noção de custo de oportunidade configura o conceito de lucro econômico em oposição à ideia tradicional de lucro contábil. Atenção O conceito de custo de oportunidade dos acionistas permite uma visão mais correta do lucro distribuível. Em outras palavras, basta distribuir o excedente à manutenção do capital financeiro. Isso dá condições econômicas para a sobrevivência do sistema empresa e, portanto, para sua continuidade. Lucro econômico x lucro contábil Você sabe a diferença entre lucro contábil e lucro econômico? Vejamos: Lucro contábil Resultado apurado de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos. Lucro econômico Para Hendriksen e Breda (1999), trata-se do resultado apurado de acordo com os conceitos de mensuração não atrelados ao custo original como base de valor, e sim a valores de realização ou de fluxos futuros de benefícios, decorrentes da abordagem das atividades para a mensuração do lucro. CONTROLADORIA II 13 Em termos econômicos, como já vimos, o lucro é a quantia máxima de dividendos que a firma pode distribuir, continuando tão bem no final do período como estava no início. Continuar tão bem economicamente significa manter o capital intacto em termos de valor descontado do fluxo de recebimentos futuros. O lucro econômico é gerado, portanto, quando existe um aumento do patrimônio líquido. Para mensurá-lo, é necessário avaliar todos os elementos do ativo com base nos recebimentos líquidos esperados. Sob esse aspecto, conforme destacam Gomes, Araya e Guerreiro (1991, p. 23): Os ativos de qualquer natureza são “recebíveis” esperados que fluem na empresa de período a período. Conheça os fundamentos do lucro econômico. Atenção “[...] a avaliação conservadora, baseada no custo original, falha nos demonstrativos financeiros como elemento preditivo de tendências futuras para usuários externos”. Controladoria e sistema contábil A controladoria é uma área de apoio dentro das empresas e NÃO tem responsabilidade pelo processo operacional de geração de lucros – salvo os decorrentes de sua própria atuação –, pois não é um órgão de linha. Por meio do Sistema Contábil Gerencial (SIG), a controladoria incorpora o conceito de lucro econômico, dando condições à empresa de avaliar todo o processo de geração ou criação de valor para os acionistas. Além disso, considerando que, para exercer as funções dessa área, são necessários recursos que custam para a empresa, a controladoria – como toda atividade desenvolvida internamente – deve ser SEMPRE AVALIADA à luz dos benefícios gerados. Então, cabe ao gestor da organização avaliar a execução das atividades desse setor como qualquer sistema informacional que existe no ambiente corporativo, pensando na relação entre o custo e os benefícios da produção da informação. CONTROLADORIA II 14 Aprenda Mais Para saber mais sobre a utilização dos recursos naturais por parte das empresas, leia os seguintes textos: • Contabilidade e gestão ambiental; • As três regras de ouro da evolução da sustentabilidade nas organizações. Para saber mais sobre como gerir atividades com fins lucrativos, leia o texto Modelo de gestão econômica para criação de valor. Para saber mais sobre lucro, criação de valor e de riqueza, leia o texto Lucro econômico, goodwill e custo de oportunidade. Para saber mais sobre o papel da controladoria dentro do ambiente empresarial, leia o texto Pontos limítrofes ou referenciais no processo de criação de valor. Referências desta aula CATELLI, A. Controladoria: um enfoque da gestão econômica – GECON. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. FIGUEIREDO, S.; CAGGIANNO, P. Controladoria – teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. MASAYUKI, N. Introdução à controladoria. São Paulo: Atlas, 1995. MOSIMANN, C. P.; FISCH, S. Controladoria. São Paulo: Atlas, 2002. PADOVEZE, C. L. Controladoria básica. São Paulo: Thomson Pioneira, 2012. ______. Controladoria estratégica e operacional. São Paulo: Thomson Pioneira, 2012. ALVAREZ, M. E. B. Manual de organização, sistemas e métodos. São Paulo: Atlas, 2006. BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS (BIS). Sound practices for the management and supervisionof operational risk. Publication: feb. 2003. CONTROLADORIA II 15 COIMBRA, F. C. Riscos operacionais: estrutura para gestão em bancos. São Paulo: Saint Paul, 2007. DAMODARAN, A. Gestão estratégica do risco: uma referência para a tomada de riscos empresariais. Tradução de Félix Nonnenmacher. Porto Alegre: Bookman, 2009. GUERREIRO, R. A meta da empresa. São Paulo: Atlas, 1997. INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (IFAC). Enhancing shareholder wealth by better managing business risk. New York: Study 9, 1999. _____. Managing risk to enhance stakeholder value. New York, nov. 2002. KAPLAN, R.; DAVID, N. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. São Paulo: Campus, 1997. LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informações gerenciais. Tradução de Thelma Guimarães. Revisão técnica de Belmiro N. João. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. O’BRIEN, J. A. Sistema de informação e as decisões gerenciais na era da internet. Tradução de Célio Knipel Moreira e Cid Knipel Moreira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque no sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 2004. PADOVEZE, C. L.; BERTOLUCCI, R. G. Gerenciamento de risco corporativo em controladoria: Enterprise Risk Management (ERM). São Paulo: Cengage Learning, 2008. PADOVEZE, C. L.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. PAXON, D.; WOOD, D. (Orgs.). Dicionário enciclopédico de finanças. São Paulo: Atlas, 2001. PESTANA, A. O. Controladoria de gestão. São Paulo: Atlas, 1997. ROY, J. Condutores da performance: um guia prático para o uso do Balanced Scorecard. São Paulo: Qualitymark, 2001. CONTROLADORIA II 16 SCHMIDT, P. Controladoria: agregando valor para a empresa. São Paulo: Bookman, 2001. Exercícios de fixação Questão 1 De acordo com o que estudamos nesta aula, as empresas são sistemas abertos e compostos por vários subsistemas. Aponte se essas entidades apresentam relações de intercâmbio com o ambiente: a) Não, e seus elementos mantêm interação recíproca e dinâmica. b) Sim, através das entradas e saídas, e seus elementos mantêm interação recíproca. c) Não, e seus elementos não mantêm nenhum tipo de interação, permanecendo totalmente isolados. d) Sim, e seus elementos não mantêm nenhum tipo de interação, permanecendo totalmente isolados. Questão 2 Analise as frases a seguir: • A eficiência técnica ou tecnológica permite produzir a mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fatores de produção, o que envolve dois ou mais processos produtivos. • A eficácia é o grau de alcance de um objetivo ou de uma meta predeterminada. • A teoria da decisão apresenta instrumentos para o processo de tomada de decisão e modelos decisórios que atendem as mais variadas necessidades gerenciais. • A eficácia permite produzir a mesma quantidade de produto com menor custo de produção, o que envolve dois ou mais processos produtivos, e deve estar interligada com a missão da empresa. CONTROLADORIA II 17 • A empresa é uma entidade que processa recursos e entrega produtos, bens ou serviços à sociedade. Dentro de um enfoque sistêmico, ela deve ser vista como elemento de processamento. Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: a) I, III e V b) II, III e IV c) I, II, III e V d) I, II, III, IV e V Questão 3 (FMP-RS - 2011) Quando nos referimos ao pensamento sistêmico, podemos afirmar que: a) Qualquer entendimento da ideia de um sistema compreende a falta de interação entre as partes isoladas e a existência exclusiva de componentes específicos. b) As fronteiras entre os sistemas ou entre o sistema e seu ambiente são arbitrárias. Os sistemas são construtos, entidades construídas cognitivamente pelas pessoas. c) O enfoque sistêmico é um sistema de ideias que não são caracterizadas como filosofia por não servirem de método de interpretação e utilização de conhecimentos. d) O enfoque sistêmico procura entender os problemas complexos com base na multiplicidade de variáveis e na interdependência entre causas e efeitos, sempre na busca da solução economicamente viável. CONTROLADORIA II 18 Questão 4 A conhecida empresa de computadores ABC aumentou sua complexidade gerencial e estabeleceu que as decisões deviam ser tomadas em consenso durante a realização de reuniões, buscando-se a impessoalidade e a racionalidade no processo. Apesar de mais democrática, essa determinação ampliou o número de reuniões e postergou ou ignorou decisões que precisavam ser tomadas mais rapidamente em resposta às modificações no mercado de computadores. Com base na situação apresentada, podemos afirmar que: a) A atitude adotada pela empresa não levou em consideração os aspectos gerenciais. b) A atitude adotada pela empresa foi construída de acordo com o modelo de abordagem sistêmica da organização. c) A atitude adotada pela empresa levou em consideração a racionalidade, a produtividade, a eficiência e a eficácia de recursos e de respostas. d) Mesmo buscando um modelo democrático de tomada de decisões, a empresa teve problemas com a centralização, já que algumas decisões podiam ser tomadas de forma mais rápida e eficiente. Questão 5 No enfoque sistêmico, a relação entre recursos e saídas é definida como: a) Eficácia. b) Eficiência. c) Produção. d) Produtividade. Questão 6 A indústria de confecções Veste muito bem trabalha com a produção de um único tipo de camiseta. Ao analisar seus controles internos, a empresa CONTROLADORIA II 19 verificou em seu orçamento que, para o ano vindouro, existe uma expectativa de venda com as seguintes características: • Quantidade do produto a ser vendido = 70.000 unidades; • Estimativa dos custos para produção = R$ 28,70 a unidade; • Preço de mercado do produto final = R$ 54,00. Com base nessas informações, o valor agregado estimado máximo dado pelo produto em um ano de faturamento será: a) R$ 1.771.000,00 b) R$ 3.780.000,00 c) R$ 2.009.000,00 d) R$ 21.252.000,00 Questão 7 Analise as frases a seguir: • Tanto na área de Contabilidade Gerencial quanto no setor de Finanças das organizações, o conceito de criação ou adição de valor está relacionado ao processo de geração de lucro para os acionistas. • A atividade que adiciona valor é aquela necessária para atender as exigências do consumidor. Enquanto a atividade que não adiciona valor é aquela que não é exigida pelo consumidor, mas que existe em função de erros ou de inadequações do processo produtivo. • O conceito de custo de oportunidade implica a rentabilidade mínima de mercado. Os investidores devem ser remunerados além dessa rentabilidade, sob pena de abandonarem os investimentos na empresa. • O lucro contábil é o resultado apurado de acordo com os conceitos de mensuração não atrelados ao custo original como base de valor, e sim a CONTROLADORIA II 20 valores de realização ou de fluxos futuros de benefícios, decorrentes da abordagem das atividades para a mensuração do lucro. • O goodwill é o valor resultante da mais-valia do valor da empresa sobre a avaliação individual de seus ativos. Por isso, ele nunca pode ser negativo. Entre os itens anteriores, estão CORRETOS: a) I e II b) I, II e IV c) I, II e III d) I, II, III, IV e V Questão 8 Leia a matéria intitulada China reduz imposto para pequenas empresas. A partir dessa leitura e da noção de Valor Econômico Agregado, é CORRETO afirmar que: a) Os aspectos tributários não exercem impactos expressivos no EVA das empresas, pois estes são excluídos para efeito decálculo. b) Ao reduzir o IVA para pequenas companhias, a China está exercendo um efeito positivo no Valor Econômico Agregado das empresas beneficiadas, visto que o EVA aumenta. c) Os conceitos de valor agregado e de adição de valor não podem ser diferenciados, pois ambos são decorrentes da percepção que o cliente possui de valor no momento da venda dos produtos e serviços. d) O conceito de valor agregado decorre da teoria econômica e é expresso pelo valor de mercado do produto final entregue aos clientes mais o valor dos insumos adquiridos de terceiros, também a preço de mercado. Questão 9 A indústria de sofás Sente-se bem espera realizar um projeto de venda com as seguintes características: CONTROLADORIA II 21 • Quantidade de produto a ser vendida = 8.000 conjuntos de sofás por mês; • Preço de produção = R$ 700,00 o conjunto; • Preço de mercado do produto final = R$ 1.300,00; • Estimativa de gastos com atividades internas de logística para comercialização do produto = R$ 1.000.000,00 para um mês; • Investimentos necessários para implantação da indústria = R$ 55.500.000,00. A perspectiva é de que a empresa tenha um comportamento constante durante o ano vindouro. Supondo que os financiadores do projeto tenham em mente um custo de oportunidade do capital de 8% a.a., a rentabilidade anual do investimento e a criação de valor – estimada anualmente – para os acionistas serão, respectivamente, iguais a: a) 60,00% e R$ 45.600.000,00 b) 74,16% e R$ 57.600.000,00 c) 82,16% e R$ 45.600.000,00 d) 82,16% e R$ 41.160.000,00 Questão 10 O valor intangível adicional da organização, ou seja, a diferença obtida entre o valor total da empresa – avaliada por determinados critérios – e o valor dos ativos e passivos – avaliados isoladamente –, denomina-se: a) Goodwill b) Lucro contábil c) Custo de capital d) Custo de oportunidade CONTROLADORIA II 22 Aula 2: Avaliação emp. e era do conhecimento Introdução O ponto fundamental para a decisão de comprar ou não uma empresa, de firmar participação acionária ou de avaliar a continuidade do investimento é o valor base da negociação. Esse valor é determinado por alguns critérios de avaliação, os quais apresentaremos nesta aula. Aqui, também destacaremos as principais mudanças pelas quais a humanidade passou, ressaltando as características da sociedade do conhecimento. Por fim, definiremos os conceitos de ativo, ativo intangível e Capital Intelectual, identificando as formas alternativas de mensuração desse capital e os fatores que o geram. Bons estudos! Objetivo 1. Diferenciar os critérios de avaliação de empresas a partir de sua relação com os princípios contábeis geralmente aceitos; 2. Apontar as principais características das novas organizações na era do conhecimento. Resumo do conteúdo Nesta aula: • Identificamos a globalização como origem da economia do conhecimento; • Listamos as inúmeras transformações empresariais de cunho científico, intelectual e tecnológico, advindas da nova era do conhecimento; • Apresentamos as características das novas organizações e dos novos modelos de gestão; • Diferenciamos os critérios de avaliação de empresas; • Definimos os conceitos de ativo, ativo intangível e Capital Intelectual; CONTROLADORIA II 23 • Conhecemos os principais modelos de mensuração do Capital Intelectual; • Estudamos as vantagens dessa mensuração. Conteúdo Papel da controladoria: criação de valor Ao considerar que o foco da controladoria é a maximização de valor da empresa, por meio da criação de valor, Padoveze (2012) afirma que, nesse caso, é necessário um processo de avaliação permanente. O pressuposto para que a controladoria tenha sempre o poder sobre o valor da empresa é nortear sua missão. A contabilidade, por sua vez, deve mensurar, de forma adequada, esse valor, de modo que os gestores possam, a qualquer momento, redirecionar seu planejamento no sentido de manter ou não o investimento. Afinal, essa área exerce forte influência sobre os modelos de gestão por meio de suas demonstrações, a fim de realizar uma administração mais eficaz. Em outras palavras, conforme destaca Padoveze (2012), se a empresa está preservando ou criando valor, vale a pena continuar investindo nela. Mas, se esse valor estiver diminuindo ou se a empresa o destruir, o investimento não trará retorno. Na contabilidade financeira, os critérios de avaliação de empresas são centrados no custo como base de valor – preços de mercado, fluxos futuros de benefícios etc. –, cujo fundamento é o postulado da continuidade. De acordo com Padoveze (2012), a avaliação realizada a partir de outros critérios – diferentes do custo – pressupõe a descontinuidade da companhia, ou seja, sua paralisação definitiva ou momentânea. Já na visão da controladoria, em que aplicamos a Ciência Contábil como ciência do controle econômico, esse conceito não é importante. Muito pelo contrário: o valor da empresa é obtido justamente por meio de critérios centrados nos fluxos futuros de benefícios, e sua incorporação no sistema de informação da área é vital para a continuidade do empreendimento. Se não houver uma avaliação do potencial desses benefícios futuros do investimento, poderá ocorrer, sim, a descontinuidade da organização. CONTROLADORIA II 24 Atenção O valor da empresa é substancial para a continuidade do investimento. É ele que determina sua atratividade para potenciais investidores e sua sobrevivência – condição final da eficácia empresarial. Principais critérios para apuração do valor da empresa Para Padoveze (2012), os principais critérios de avaliação aplicados à mensuração econômica do empreendimento são: Valor contábil Valor constante na contabilidade financeira, que segue os princípios contábeis geralmente aceitos: o custo como base de valor e o regime de competência dos exercícios. Como na contabilidade, o valor da empresa é evidenciado pelo valor total do patrimônio líquido, automaticamente, o valor contábil equivalerá a esse total. O valor de patrimônio líquido de uma companhia é avaliado sob o postulado contábil da continuidade. Sendo assim, os ativos são taxados a custo de aquisição ou produção, e os direitos e as obrigações, com os encargos e direitos até a data do balanço patrimonial. Logo: Valor contábil = valor do patrimônio líquido contábil. Valor de mercado Em geral, o valor de mercado é diferente do valor contábil, porque, por mais acuradas que sejam, as avaliações contábeis dificilmente são iguais ao valor que o mercado pode pagar em determinado momento. Esse valor deve levar em consideração o fato de a empresa estar encerrando ou não suas atividades. Em caso positivo, provavelmente, seus ativos terão, para o mercado, valores de bens usados. Em caso negativo, a avaliação do valor de mercado será distinta. CONTROLADORIA II 25 De qualquer forma, é possível fazer uma avaliação a preços de mercado de todos os ativos e passivos da empresa, cujos valores podem ser maiores ou menores que aqueles que constam na contabilidade. Neste critério, cada ativo e cada passivo é individualizado para a realização das avaliações, partindo do pressuposto de que podem ser vendidos separadamente. Logo: Valor de mercado = valor do patrimônio líquido a preços de mercado (valor de mercado dos bens e direitos avaliados individualmente - valor de mercado das dívidas avaliadas individualmente). Cotação da ação Neste critério, a empresa vale a cotação ou cota no mercado de bolsa de valores ou de balcão. Esse parâmetro será mais válido quanto mais o mercado acionário representar a realidade econômica do país e do mercado, bem como odesempenho das organizações – o que tende a acontecer nos países em que há grande número de companhias de capital aberto. Em linhas gerais, os princípios que direcionam o valor da cotação da ação das empresas em bolsas de valores são conceitos econômicos atrelados ao fluxo futuro de dividendos ou lucros. Por isso, esse critério de avaliação antecipa os mais recomendados. De acordo com esse fundamento, para obter o valor da empresa, basta multiplicar a quantidade de ações ou cotas que representam seu capital social pelo valor da cotação ou cota no mercado. Logo: Valor da empresa pela cotação da ação = quantidade de ações x cotação da ação na bolsa Obviamente, respeitam-se as diversas classes de ações que refletem o capital e suas eventuais cotações diferenciadas. Se as ações preferenciais têm valor distinto das ações ordinárias, essas diferenças devem ser consideradas quanto às respectivas quantidades. Observe um exemplo de cálculo do valor da empresa de acordo com o critério de cotação da ação. Valor econômico CONTROLADORIA II 26 Neste critério, o valor atual da empresa decorre de seu potencial de rentabilidade futura, ou seja, dos fluxos futuros de benefícios. Em princípio, devemos projetar os lucros da empresa considerando os produtos e mercados atuais e futuros, bem como avaliar sua rentabilidade, trazendo-os a valor atual por uma taxa de juros de desconto. Esse critério é considerado o mais adequado para a avaliação de uma empresa, pois se fundamenta no cerne da questão empresarial: a capacidade de geração de lucros, que possibilita o que buscamos em um investimento de risco, isto é, a geração de caixa e, consequentemente, o retorno. Gerando lucro e caixa, a empresa tem condições de distribuir resultados, de produzir fluxos futuros de dividendos, e de manter sua atratividade para os atuais e potenciais acionistas e investidores. A possibilidade real de dividendos futuros influencia, de forma decisória, a avaliação da ação no mercado, trazendo sua cotação a preços que refletem o patrimônio da empresa, sua rentabilidade futura e, portanto, seu desempenho. Dentro desse critério, podemos incluir outros similares, quais sejam: • Fluxo futuro de benefícios; • Fluxo futuro de dividendos; • Fluxo futuro de lucros; • Fluxo futuro de caixa ou fluxo de caixa descontado. Atenção Uma das questões cruciais na avaliação de empresas é determinar o valor do que denominamos ativos intangíveis – conceito sobre o qual discutiremos mais adiante. CONTROLADORIA II 27 Sociedade do conhecimento A globalização culminou com o aparecimento de um mundo sem fronteiras: a sociedade ou economia do conhecimento, em que o saber passou a ser o ativo de maior valor. As definições que envolvem o tema evidenciam as transformações ocorridas nessa nova sociedade em que estamos vivendo, onde a tecnologia e o conhecimento têm papel crucial em seu desenvolvimento. Nesse contexto, as empresas instauram-se em locais cada vez menores, com tecnologias cada vez mais avançadas. Além disso, seus funcionários são amplamente capacitados e dinâmicos e estão prontos para assumir diversas funções ao mesmo tempo, em variados tipos de ambiente. O que mais chama atenção na sociedade do conhecimento no campo dos negócios são as ideias novas, a criatividade, a inovação. Vejamos, a seguir, por que esses aspectos são tão importantes e influenciam os sistemas de gestão... Era da inovação O cenário atual tem como característica principal a inovação, que é movida pela tecnologia e pela informação. Somos capazes de nos conectar com o mundo sem precisarmos sair do escritório em que trabalhamos ou mesmo de nossa própria casa. No ambiente corporativo, essa conexão ocorre de tal forma que uma tomada de decisão do outro lado do globo pode influenciar diretamente as diretrizes das empresas ou dos governos locais. Lastres e Albagli (1999) afirmam que existem dois tipos de inovação, quais sejam: Inovação radical Desenvolvimento e introdução de um novo produto ou de uma forma de produção inteiramente nova, que causa uma ruptura no processo anterior, originando novas indústrias, novos setores e um novo mercado. Inovação incremental Aperfeiçoamento da tecnologia ou do processo já existente. CONTROLADORIA II 28 Para Lastres e Albagli (1999), o processo de inovação é descontínuo e irregular, com concentração de surtos de informação, os quais influenciam os diversos setores da economia em determinados períodos. Devido às várias formas de tratamento e de distribuição das informações, diversos setores da economia começaram a perceber que o conhecimento e o aprendizado possuem papel fundamental para o crescimento da organização. As empresas que focam seus esforços nessa direção se sobressaem diante das demais. Essa visão proporcionou às novas organizações maiores investimentos em treinamento e em desenvolvimento de pessoal. Sendo assim, diante das mudanças na economia e na administração de empresas e das novas exigências do mercado em termos de inovação, tornou-se necessário explorar mais profundamente o ativo intangível e o Capital Intelectual (CI). Vamos tratar desses assuntos a seguir... Ativo No ambiente empresarial, você sabe dizer o que é um ativo? Vamos analisar, agora, algumas definições conhecidas desse termo: Ativo = futuro resultado econômico Para Martins (1972), “um ativo é o futuro resultado econômico que se espera de um agente”. Ativo = bens, direitos e aplicações A Lei nº 6.404/76 destaca que o ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicações da empresa capazes de gerar benefícios econômicos futuros, originados de eventos ocorridos. Padoveze et al. (2007) têm opinião semelhante, pois afirmam que “o ativo é o conjunto de bens e direitos que estão à disposição da empresa”. Embora apresentem semelhanças, as definições apresentadas não demonstram o aspecto intangível do ativo – apenas seu caráter tangível. CONTROLADORIA II 29 Mas, atualmente, não podemos condicionar o êxito de uma empresa aos valores exatos de seus bens físicos, pois, além desses, os ativos incorpóreos podem representar seu diferencial no mercado atual. Conheça, a seguir, algumas definições de ativo intangível... Ativo intangível Gradativamente, o capital financeiro que dominou a era industrial passou a ser substituído pelo capital intangível, que pode ser conceituado da seguinte forma: Ativo intangível = bens intocáveis ou incorpóreos Iudícibus e Marion (2002) definem, de forma bem simples e objetiva, os ativos intangíveis como “bens que não podem ser tocados, porque não têm corpo”. De modo semelhante, o International Accounting Standard Board (IASB) estabelece que tais ativos não possuem substâncias físicas ou têm um valor que não é convertido para elas. Já o Pronunciamento Técnico nº 4/08 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) os trata como ativos não monetários, sem substância física, ou como goodw ill. Nesse contexto, seu valor residual seria o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo após deduzir as despesas dessa operação, caso ele já tivesse idade e condição esperadas para o fim de sua vida útil. Ativo intangível = bens para fins de manutenção do negócio A Lei nº 11.638/07 define os ativos intangíveis como direitos que têm por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade – inclusive o fundo de comércio adquirido. Diante das definições apresentadas, concluímos que os ativos intangíveis são bens que impactam no resultado da empresa e na elaboração de produtos ou serviços. Eles possuem um valor real, mas não forma física. As três condições para defini-los são: ControleGeração de benefícios futuros Identificabilidade CONTROLADORIA II 30 Identificaremos um ativo como intangível se ele puder ser separado, vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado de sua entidade até o momento do ato, quando resultar de direitos contratuais ou legais – sejam esses transferíveis ou separáveis da empresa ou de outros direitos e de outras obrigações. Para reconhecer o ativo como intangível, devemos, inicialmente, mensurar seu custo. Mas, para que essa mensuração ocorra de forma segura, é necessário provarmos que os benefícios econômicos futuros atribuídos ao ativo são gerados em favor da entidade. O custo de um ativo intangível adquirido separadamente inclui: • Seu preço de compra; • Impostos de importação e aqueles não recuperáveis sobre a compra; • Descontos comerciais e abatimentos; • Qualquer custo referente à preparação do ativo para a finalidade proposta. Sendo assim, é muito importante mensurá-lo e demonstrá-lo nos balanços da companhia, pois, dessa forma, saberemos o real valor da empresa. Atenção Os ativos intangíveis são importantes fontes de valorização das organizações, mas, até recentemente, eles não eram reconhecidos pela legislação brasileira. Os chamados intangíveis – como marcas, patentes, tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) etc. – começaram a ser registrados em conformidade com as Leis n° 11.638/07 e nº 11.941/09. Outro aspecto que engloba o ativo intangível é o Capital Intelectual, que ganha destaque na administração atual. Vamos estudar melhor o assunto? CONTROLADORIA II 31 Capital Intelectual Definir Capital Intelectual não é tarefa fácil, pois esse tema é muito subjetivo e envolve fatores externos e internos da empresa. Apesar de ser um assunto relativamente novo no que diz respeito à evolução da sociedade, existem várias definições de diversos autores e pronunciamentos de órgãos competentes. Vamos conhecer, aqui, algumas delas: Capital Intelectual = conhecimento de todos Stewart (1998) afirma que, atualmente, aquilo que não está nos balanços das corporações é mais importante do que aquilo que está. Por isso, para o estudioso, “o Capital Intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa”. Capital Intelectual = terreno fértil Edvinsson e Malone (1998) identificam o Capital Intelectual com a metáfora da árvore, cuja proposta é bem simples: se o desejo da empresa é ser saudável, ela não deve ignorar seus valores escondidos, mas se fincar em um terreno fértil, maximizando seu desenvolvimento e gerando cada vez mais frutos. Capital Intelectual = capacidade mental coletiva Para Silva (2006), o Capital Intelectual é a capacidade mental coletiva da empresa, o que lhe proporciona grande vantagem competitiva. Trata-se, portanto, de algo intangível, muito difícil de identificar e de distribuir, de forma eficaz, no ambiente empresarial. A verdadeira vantagem de a organização elucidar seu Capital Intelectual está em elaborar modelos de aperfeiçoamento de processos e em alavancar os resultados dos produtos e serviços oferecidos, a fim de se destacar no mercado – seja qual for seu segmento de negócio. Para isso, a entidade empresarial pode utilizar as formas alternativas de mensuração: estudos aplicados cujo foco é o Capital Intelectual, que objetivam medir seu potencial e sua eficácia. Apresentaremos esses estudos mais adiante. Capital Intelectual = talento das pessoas e eficácia dos sistemas Como já vimos, de acordo com a Lei nº 11.638/07, o ativo intangível é identificado no plano de contas como marcas e patentes, P&D e direitos autorais, mas existem valores ocultos que impactam diretamente nos resultados da empresa, embora não sejam elucidados em seus balanços. CONTROLADORIA II 32 Em outros termos, a principal fonte de sucesso das organizações é seu Capital Intelectual, ou seja, o conhecimento de seu grupo de colaboradores. Isso significa que o valor do produto ou serviço que oferecem depende muito mais do talento dos funcionários e da eficácia de seus sistemas do que de seus ativos fixos. Embora não existam fisicamente, esses ativos são, de fato, os que mais agregam valor para os resultados da empresa. Afinal, eles funcionam de forma harmoniosa, e um depende do outro, ou seja, isoladamente, tais ativos não teriam o mesmo impacto. Atenção Edvinsson e Malone (1998) definem que, entre os capitais humano, estrutural e do cliente, não existem hierarquias em função da importância de cada um. Mensuração do Capital Intelectual Atualmente, percebemos que as empresas estão focadas em: Processos de melhoria contínua. Programas de treinamento. Palestras de motivação e de desempenho. Muitos tipos de avaliações etc. Tudo isso aumenta o conhecimento humano! Pensando em grandes empresas – como, por exemplo, a Google, a Vale e a Nike –, podemos imaginar a grande valia que sua tecnologia tem e o poder do conhecimento de seus funcionários. Hoje, a contabilidade ainda não apresenta essa questão, de forma clara, em suas demonstrações. Por isso, existem formas alternativas para mensurar o Capital Intelectual. Conheça, agora, os modelos de mensuração do Capital Intelectual: CONTROLADORIA II 33 Razão do valor de mercado pelo valor contábil Definido por Stewart (1998) como o mais simples, a razão do valor de mercado pelo valor contábil parte da premissa de que tudo aquilo que resta no valor de mercado depois da contabilização dos ativos fixos e financeiros deve corresponder aos ativos intangíveis. Sabemos que o valor de mercado é diferente do valor contábil pelo simples fato de que a empresa não contempla só ativos fixos e financeiros, mas possui outros que não estão nos balanços contábeis e que o mercado leva em consideração, tais como: • Localização privilegiada; • Carteira de cliente; • Tecnologia; • Conhecimento dos colaboradores. Tudo isso tem valor maior do que o valor contábil. Q de Tobin Elaborado por James Tobin, o modelo Q de Tobin compara o valor de mercado de um ativo a seu custo de reposição. Logo: • Q < 1 quando um ativo vale menos que seu custo de reposição; • Q > 1 quando um ativo vale mais que seu custo de reposição. Aqui, identificamos apenas que um ativo sofreu valorização, mas não o que motivou tal valorização ou depreciação. Mesmo assim, através desse modelo, refletimos sobre o quanto a empresa evoluiu ao longo dos anos. Cálculo do valor intangível Desenvolvido pela NCI Research, em Evanston, Illinois, o modelo do cálculo do valor intangível procura atribuir valor monetário aos ativos intangíveis e visa identificar os ativos que criam valor adicional à empresa. CONTROLADORIA II 34 Além disso, o modelo enfatiza que o valor dos ativos intangíveis é igual à capacidade de uma empresa de superar o desempenho de um concorrente médio que possui ativos tangíveis semelhantes. O método da NCI é bastante eficaz, visto que atribui, realmente, valor ao trabalho das pessoas em uma razão diretamente proporcional. Em outras palavras, quanto maiores forem a intelectualidade, a criatividade e a capacidade da equipe de trabalho, maior será o valor do capital intangível da organização. Navegador da Skandia Elaborado por Edvinsson e Malone (1998), o modelo do Navegador da Skandia é o mais importante e complexo. Trata-se de um grandioso estudo, no qual, pela primeira vez, o Capital Intelectual pôde ser demonstrado de diversas formas e vertentes e sob diferentes pontos de vista. Aqui, os autores frisam que o Capital Intelectual inclui: • Conhecimento; • Experiência aplicada; • Tecnologia organizacional; • Relacionamento com os clientes; • Habilidades profissionais. Tudo issodeve proporcionar vantagem competitiva à empresa no mercado. De fato, esse é o grande benefício de se explorar o Capital Intelectual, pois as técnicas de administração e a tecnologia estão muito niveladas. Disso resulta a necessidade de buscar uma forma de se sobressair diante da competitividade do mercado. Neste modelo, indicadores para medição de desempenho são estabelecidos dentro de determinadas áreas com focos específicos. Conheça o modelo do navegador da Skandia. CONTROLADORIA II 35 Atenção Os modelos apresentados podem auxiliar as tomadas de decisão, mas cabe aos detentores da informação utilizar, de forma adequada, essas novas ferramentas, de modo a nortear o futuro saudável das empresas. Aprenda Mais Para saber mais sobre a sociedade do conhecimento, leia o texto Principais mudanças da humanidade. Para saber mais sobre a era da inovação, leia o texto Principais características das novas organizações. Para saber mais sobre o poder do conhecimento dentro do ambiente empresarial, conheça os Fatores que geram o Capital Intelectual. Para saber mais sobre a importância de medir o grau de conhecimento das organizações, conheça as Vantagens da mensuração do Capital Intelectual. Referências desta aula ALVES, M. Como escrever teses e monografias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. ANTUNES, M. T. P. Capital Intelectual. São Paulo: Atlas, 2000. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Brasília: Presidência da República, 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 20 mar. 2015. ______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Brasília: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 20 mar. 2015. CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 2002. DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. CONTROLADORIA II 36 DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Drucker: a sociedade. Tradução de Edite Seiulli. São Paulo: Nobel, 2002. EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital Intelectual. Tradução de Roberto Galmam. São Paulo: Makron Books, 1998. GATES, B. A empresa na velocidade do pensamento. Tradução de Pedro Maia Soares e Gabriel Tranjan Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. INTERNATIONAL Financial Reporting Standards (IFRS). The International Accounting Standards Board (IASB). Disponível em: http://www.ifrs.org/About- us/IASB/Pages/Home.aspx. Acesso em: 20 mar. 2015. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Introdução à teoria da contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LASTRES, H. M. M.; ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, E. Contribuição à avaliação do ativo intangível. 1972. 109 f. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1972. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2007. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. PADOVEZE, C. L. Sistemas de informações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. PADOVEZE, C. L. et al. Fundamentos de contabilidade: princípios. Tradução de Pedro César de Conti. São Paulo: Cengage Learning, 2007. CONTROLADORIA II 37 PORTAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade. NBC T.3. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/t3.htm. Acesso em: 20 mar. 2015. SÁ, A. L. de. Fundo de comércio: avaliação de capital e ativo intangível. Curitiba: Juruá, 2007. SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L. dos. Avaliação de ativos intangíveis. São Paulo: Atlas, 2002. SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. ed. rev. e atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina, 2001. SILVA, L. A. C. da. O Capital Intelectual e as formas alternativas de sua mensuração pelas empresas: um estudo ilustrativo em uma empresa de calçados da Paraíba. 2006. 131 f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2006. STEWART, T. A. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale a opção INCORRETA: a) Na contabilidade financeira, os critérios de avaliação estão centrados no custo como base de valor, tendo como base o postulado da continuidade. b) O valor da empresa é substancial para a continuidade do investimento, pois é ele que determina sua atratividade para potenciais investidores e sua sobrevivência – condição final da eficácia empresarial. c) A obtenção permanente do valor da empresa, de acordo com critérios econômicos, e sua incorporação no sistema de informação da controladoria não são relevantes para a continuidade do empreendimento, já que a controladoria não deve considerar a hipótese de descontinuidade. CONTROLADORIA II 38 d) Os princípios contábeis geralmente aceitos podem impedir uma visão mais adequada do desempenho e da avaliação econômico-financeira da empresa. Para a controladoria, os princípios não são restrições, e outros critérios de avaliação podem ser utilizados para fins de controle econômico e de tomada de decisão. Questão 2 Associe os critérios de avaliação aplicados à mensuração econômica do empreendimento com as definições correspondentes: 1. Valor contábil. ( ) Critério que indica que o valor atual da empresa decorre de seu potencial de rentabilidade futura, ou seja, dos fluxos futuros de benefícios. 2. Valor de mercado. ( ) Critério que realiza uma avaliação a preços de mercado de todos os ativos e passivos da empresa, cujos valores podem ser maiores ou menores que aqueles que constam na contabilidade. 3. Cotação da ação. ( ) Critério que informa que, como na contabilidade, o valor da empresa é evidenciado pelo valor total do patrimônio líquido, automaticamente, o valor da empresa equivalerá a esse total. 4. Valor econômico. ( ) Critério que demonstra que a empresa vale a cotação ou cota no mercado de bolsa de valores ou de balcão. Questão 3 A empresa Bons Rumos S/A possui 8.000.000 ações preferenciais e 2.000.000 ações ordinárias. Em 31/06/x1, verificou-se que a cotação unitária das ações ordinárias era de R$ 2,10 e das ordinárias, 20% menor do que as ordinárias. A CONTROLADORIA II 39 gestão fez uma projeção que a cotação das ações ordinárias em 31/06/x2 aumentaria em 18,5% e as preferenciais, em 7%. O valor da empresa em 30/06/x1 e o valor projetado para 30/06/ x2 são, respectivamente: a) 19.357.800 e 17.640.000 b) 19.357.800 e 17.640.000 c) 20.160.000 e 23.503.200 d) 23.503.200 e 20.160.000 Questão 4 Leia a matéria intitulada Itaú Unibanco e BMG unificam negócios no consignado. A partir dessa leitura e dos conhecimentos adquiridos com base no estudo desta aula, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas: ( ) Ao utilizar a estratégia, visando “operar com ativos de menor risco e rentabilidade atraente", a empresa pretende atingir a criação de valor. Essa medida é relevantepara a continuidade do investimento por parte dos acionistas, mas não exerce influência em sua atratividade. ( ) Na matéria, o trecho “O banco cita, ainda, no comunicado, que, com essa operação, reafirma seu compromisso com a criação de valor a longo prazo para seus acionistas”. Trata-se de uma demonstração clara de expressar estratégias de compromissos para manter seus atuais investidores e, por conseguinte, seus potenciais investidores – razão da sobrevivência da empresa e condição final da eficácia empresarial. ( ) O texto cita que “Feito o aumento de capital, o Itaú Unibanco deterá participação de 60% do capital social total e votante da joint venture, e o BMG ficará com outros 40% remanescentes. Com a unificação das operações, o Itaú Unibanco deve atingir a liderança entre os bancos privados no segmento de crédito consignado”. A liderança de segmento poderá impactar na criação de valor econômico da empresa. CONTROLADORIA II 40 ( ) Como vimos, o valor atual da empresa decorre de sua rentabilidade futura, ou seja, dos fluxos futuros de benefícios. Ao “operar com ativos de menor risco e rentabilidade atraente”, a empresa está direcionando ações ao aumento do retorno sobre o investimento, mas este não está ligado ao custo de oportunidade de seus proprietários. Questão 5 Imagine que você foi convidado para fazer parte de uma equipe responsável por apurar o valor de uma empresa. Assinale a opção que identifica os principais critérios que poderiam ser utilizados por você nessa tarefa: a) Valor contábil, valor de mercado, cotação da ação e valor econômico. b) Valor contábil, valor de mercado, custo médio corrigido e valor econômico. c) Valor contábil, valor de mercado, custo histórico corrigido e valor econômico. d) Valor contábil, valor de mercado, cotação da ação, valor econômico e valor corrente corrigido. Questão 6 Nonaka e Takeuchi (1997) entendem a sociedade do conhecimento como aquela que tem como primazia o poder do cérebro, a informação como recurso econômico maior e o conhecimento como maior gerador de riqueza. São características dessa sociedade: a) Valores da sociedade elitistas, divisão de classes e educação em massa. b) Economia de mercado nacional, produção de bens padronizados e tangíveis. c) Tecnologias utilizadas como ferramentas baseadas na força, produção artesanal e comunicação manuscrita. CONTROLADORIA II 41 d) Economia global integrada, maior fusão entre produtor e consumidor, e capital humano como recurso fundamental. Questão 7 A descoberta, a pesquisa, a busca por novas técnicas e novos processos que possam modificar as estruturas e os parâmetros – quer sejam da produção, da tecnologia ou da sociedade – nos remetem ao conceito de: a) Inovação. b) Reengenharia. c) Ativo tangível. d) Capital Intelectual. Questão 8 São considerados modelos de mensuração do Capital Intelectual: a) Custo histórico, Q de Tobin, valor de mercado e navegador da Skandia. b) Razão do valor de mercado pelo valor contábil, cálculo do valor intangível e navegador da Skandia. c) Razão do valor de mercado pelo valor contábil, Q de Tobin, cálculo do valor intangível e navegador da Skandia. d) Fluxo futuro de benefícios, fluxo futuro de dividendos, fluxo futuro de lucros e fluxo futuro de caixa ou fluxo de caixa descontado. Questão 9 Associe os modelos de mensuração do Capital Intelectual com as definições correspondentes: CONTROLADORIA II 42 1. Razão do valor de mercado pelo valor contábil. ( ) Modelo que compara o valor de mercado de um ativo a seu custo de reposição. 2. Q de Tobin. ( ) Modelo que indica que tudo aquilo que resta no valor de mercado depois da contabilização dos ativos fixos e financeiros deve corresponder aos ativos intangíveis. 3. Cálculo do valor intangível. ( ) Modelo que aponta que o Capital Intelectual inclui o conhecimento, a experiência aplicada, a tecnologia organizacional, o relacionamento com os clientes e as habilidades profissionais que proporcionem vantagem competitiva no mercado. 4. Navegador da Skandia. ( ) Modelo que visa identificar os ativos que criam valor adicional à empresa, além de enfatizar que o valor dos ativos intangíveis é igual à capacidade de a organização superar o desempenho de um concorrente médio que possui ativos tangíveis semelhantes. Questão 10 As três condições para definir o ativo intangível são: a) Separabilidade, propriedade e mensuração confiável. b) Controle, geração de benefícios futuros e identificabilidade. c) Geração de benefícios econômicos, separabilidade e controle. d) Identificabilidade, mensuração confiável e geração de benefícios futuros. CONTROLADORIA II 43 Aula 3: Riscos empresariais Introdução Dados os desafios de gestão corporativa, atualmente, para atingir resultados e até mesmo garantir a sua continuidade, as empresas precisam antecipar-se, planejando e verificando formas para a redução dos vários riscos em que estão expostos. As empresas buscam resguardar-se previamente e preparam-se para eventuais situações que possam afetá-las ou ameaçá-las de algum modo. Esta aula apresenta os riscos empresariais, destacando a sua relevância no contexto de uma economia globalizada. Para isto, faz-se necessário, primeiramente, abordar os conceitos de risco, além de identificar os tipos de riscos. Em seguida, serão identificados alguns modelos de gestão de riscos existentes. Objetivo 1. Definir risco e apresentar os tipos de riscos empresariais, destacando a sua relevância no contexto de uma economia globalizada; 2. Distinguir os seus principais modelos utilizados para gerenciamento de risco. Resumo do conteúdo Nesta aula: • Analisamos várias definições de risco e pode-se entender que o risco é um conjunto de situações, circunstâncias, elementos, variações, exposições, ou seja, são ameaças financeiras e não financeiras sofridas pelas organizações em seu ambiente que podem impactar diretamente nos resultados e no desempenho organizacional. • Discutimos que a gestão de riscos é uma ferramenta utilizada para avaliação de riscos e suas perspectivas. Sendo, assim, um sistema antecipatório para o planejamento estratégico, com as finalidades de mensurar os riscos no ambiente das finanças corporativas e nas decisões de mercado, refletido sobre os aspectos que podem afetar a organização. • Verificamos que o risco é, de fato, um resultado inesperado, não planejado ou indesejado pela organização. Contudo, foi visto nesta aula que esse resultado pode afetar positivamente ou negativamente a situação CONTROLADORIA II 44 financeira da empresa e impactar diretamente nos objetivos reais da organização. • Concluímos que para cada organização existe um conjunto específico de riscos. Assim, para identificar o perfil de cada um desses riscos, é necessário conhecer as causas ou efeitos, internos e externos, que podem impactar no resultado desejado, ou até mesmo, ameaçar a saúde financeira da organização. • Foram apresentados os principais modelos de gestão de riscos. Podemos concluir que se trata de ferramentas que disponibilizam estruturas de soluções concretas e de acordo com a realidade e a atividade desenvolvida pela organização, direcionando, assim, o gestor para uma tomada de decisão mais cautelosa e segura. • Validamos a ideia de que o estudo dos riscos corporativos é uma área de extrema importância para a análise da solidez das empresas, em que se pode evidenciar, classificar e fazer toda uma gestão dos mesmos a fim de mostrar a segurança da empresa contra eventuais cenários de impacto. Tendo uma importância fundamental de controle interno e desenvolvimentodas empresas, a Gestão de riscos varia conforme as atividades e objetivos de cada empresa. Conteúdo Definições de Risco Desde a sua origem, o ser humano esteve exposto a riscos. A partir do momento em que ele teve a consciência reflexiva sobre sua situação, este ser passou a buscar ações para amenizar os riscos ou eliminá-los, para garantir a sua sobrevivência. Como exemplo disto tem-se a busca de moradias em cavernas, habitação à margem de rios e a convivência comunitária. À medida que ocorreu a evolução humana, os fatores de risco também evoluíram. Conheça algumas definições da palavra risco. Exemplos e fatores representativos dos riscos Veremos agora alguns exemplos e fatores representativos dos riscos. CONTROLADORIA II 45 Padoveze e Taranto (2009) destacam que “exemplos representativos dos riscos do que vai existir estão relacionados com itens como”: • Manutenção, geração ou perda de clientes; • Mercados, interno e externo; • Produtos e seus respectivos mercados e clientes; • Manutenção, criação ou perda de tecnologia produtiva, comercial e administrativa; • Concorrentes atuais e potenciais; e • Manutenção, geração ou perda de fornecedores estratégicos. Os autores também destacam que “os riscos do que já existe e está em operação são mais visíveis, e grande parte deles pode ser associada ao balanço patrimonial e à demonstração de resultados. Como exemplo podemos dizer que esse tipo de risco está em itens como”: • Aplicações financeiras e concentração de operações bancárias; • Valores em moeda estrangeira e sua exposição à volatilidade das taxas de câmbio; • Obsolescência de estoques; • Concentração de vendas para clientes; • Perda com inadimplência; • Passivos trabalhistas e contingências tributárias; • Tecnologia e obsolescência das plantas fabris; • Aumento de custo com fornecedores de bens e serviços; • Mudança de políticas tributárias e trabalhistas; • Perda de controle interno; e CONTROLADORIA II 46 • Fraudes. Padoveze e Taranto (2009) concluem que “a maior parte dos riscos do que existe – ou seja, dos riscos de curto prazo – é facilmente mensurada por estar relacionada não apenas com os ativos e os passivos, mas também com operações existentes. De fato, pode-se fazer um mapa desses riscos mensurando prováveis perdas. Como modelo geral o balanço e a demonstração de resultados podem ser usados dentro de um conceito de contas analíticas. Neste caso, cada elemento patrimonial dessas ferramentas pode ser alinhado e, em cima disso, as possibilidades de perdas para um horizonte de um ou dois anos podem ser trabalhadas.” Fatores internos e externos Steinberg et al. (2003) apud Padoveze e Bertolucci (2008) interpreta que “os fatores de risco podem ser classificados como de origem interna ou externa”. Observe, a seguir, os fatores internos classificados pelos autores: Observe, a seguir, os fatores externos classificados pelos autores: Logo, as organizações devem atestar todos os pressupostos possíveis que possam influenciar ou impactar seu funcionamento, na lucratividade e na sua continuidade. CONTROLADORIA II 47 Para um melhor entendimento, serão apresentados a seguir os tipos de riscos e sua influência nos resultados da empresa. Tipos de riscos Para cada organização existe um conjunto específico de riscos. Deste modo, para identificar o perfil de cada um destes riscos é necessário conhecer as causas ou efeitos, internos e externos, que podem impactar no resultado desejado, ou até mesmo ameaçar a saúde financeira da organização. Jorion (2000) apud Padoveze e Bertolucci (2008, p.207) “oferece uma classificação básica dos riscos em riscos operacionais, estratégicos e financeiros”. Riscos Estratégicos Entende-se por riscos estratégicos as possibilidades de mudanças, alterações que venham a ocorrer e que, antecipadamente, possam ser previstas, embora não tidas como certezas. Nas palavras de Coimbra (2007), para alguns autores, os riscos estratégicos podem ser vistos como consequências de mudanças no cenário econômico ou político. Essas mudanças constantes afetam diretamente os riscos estratégicos, ocasionando impacto no planejamento estratégico e nas tomadas de decisões. Saiba mais sobre os Riscos Estratégicos. Riscos Financeiros Os riscos financeiros, conforme Coimbra (2007), são caracterizados pelas incertezas de possíveis perdas financeiras, podendo ocasionar impacto negativo no fluxo de caixa da instituição gerando assim, outros ricos como: crédito, liquidez, taxa de juros e mercado, explanados a seguir: • Crédito – entende-se como crédito a possível concessão de recurso financeiro tendo como processo a avaliação da capacidade financeira. Uma vez o recurso concedido, a instituição passar a ter o risco de crédito que pode ter como consequência a inadimplência. • Liquidez – define-se esse tipo de risco como a dificuldade de se desfazer de um ativo para que o mesmo converta-se em dinheiro. As mudanças que ocorrem no mercado podem ou não favorecer essa conversão. • Taxa de Juros – a exposição das instituições bancárias a oscilações na taxa de juros resulta no risco de diversos fatores como: taxas de câmbio, preços de mercado, ações, entre outros. CONTROLADORIA II 48 • Mercado – possibilidade de perdas decorrentes das mudanças de preços, taxas, índices, prazos e moedas. Saiba mais sobre os Riscos Financeiros. Riscos Operacionais Diante dos riscos até agora mencionados, os que mais causam impactos negativos nas instituições financeiras são os riscos operacionais, pois a amplitude em que se insere é bem mais complexa. O envolvimento de diversos procedimentos, não sendo adequadamente controlados, pode acarretar perdas e prejuízos. Saiba mais sobre os Riscos Operacionais. As explanações feitas até o momento nos convidam a pensar como enfrentar esses riscos de maneira segura, uma vez que nenhuma empresa está livre deles. É através desse questionamento que a gestão de risco surge como ferramenta que agrega valor à empresa, auxiliando-a na administração desses riscos, de forma sistemática. Gerenciamento de risco e os seus principais modelos O gerenciamento de risco pode ser compreendido como um conjunto de ações para a identificação das ocorrências que podem afetar a organização, monitoramento e controle destas ocorrências, junto a correções e acompanhamento das execuções das ações corretivas. Para Padoveze e Bertolucci (2008), “o gerenciamento do risco é uma atividade de gestão aderente ao planejamento estratégico. Portanto, insere-se no conjunto de instrumentos gerenciais pertencentes ao âmbito da controladoria estratégica. A associação da gestão do risco ao planejamento estratégico é adequada, já que a análise da estratégia inicia-se com a análise da empresa como um sistema aberto em relação ao ambiente externo em que está inserida”. Segundo Brito (2002) apud Padoveze e Bertolucci (2008), “a gestão de risco é o processo por meio do qual as diversas exposições ao risco são identificadas, mensuradas e controladas”. Contribuindo com esse pensamento, Francis e Armstrong (2003) apud Padoveze e Bertolucci (2008) dizem que “gerenciar riscos diz respeito à aplicação de políticas e procedimentos às tarefas de identificar, analisar e avaliar riscos, determinando o grau de exposições ao risco que uma organização pode acomodar, e tomando atitudes adequadas para evitar litigação, perda de reputação ou dano”. CONTROLADORIA II 49 Robillard (2001) apud Padoveze e Bertolucci (2008) entende que “o gerenciamento do risco é uma abordagem sistêmica para determinar o melhor curso de ação sob incerteza, pela identificação, avaliação, compreensão, ação e comunicação
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