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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO AULAS DE 1 A 10

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Psicologia da Educação 
Aula 01 - A Psicologia em Discussão: do Senso 
Comum ao Conhecimento Científico 
 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Descrever a relação do senso comum ao conhecimento científico na 
fundamentação da Psicologia como ciência ao longo da história; 
 Definir o campo de aplicação, o objeto de estudo e o conteúdo da 
Psicologia. 
 
Sabe aquele conhecimento intuitivo, baseado em experiências positivas 
e negativas que vamos acumulando no nosso dia a dia e que, inclusive, 
utilizamos para explicar o nosso comportamento e o das outras pessoas? 
 
Esse tipo de conhecimento, é chamado de Psicologia do senso comum. 
 
 A Psicologia, porém, não se fundamenta nesse tipo de análise nem o 
utiliza na sua prática profissional. 
 
Esta aula mostra as relações que envolvem o senso comum e o 
conhecimento científico atribuído ao campo da Psicologia ao longo da 
história. Além dessas questões, discute a instauração da Ciência 
Psicológica a partir do século XIX, seu campo de atuação, os objetos de 
estudos e os conteúdos da Psicologia. 
 
No nosso cotidiano, fazemos uso do termo Psicologia em vários sentidos. 
Muitas vezes, não percebemos que estamos abordando questões de 
senso comum, que tomamos com verdade científica, principalmente pelo 
contexto cultural em que estamos inseridos. 
 
Estou triste com o que aconteceu ... vou conversar com minha amiga, pois 
ela sempre me compreende e me ajuda analisar a situação por outro 
ângulo. 
Inúmeras outras vezes sustentamos opiniões sobre como adquirir controle 
sobre a vida. Esses e outros conhecimentos que acumulamos no nosso 
cotidiano são chamados de Psicologia do Senso Comum. Mas isto não 
quer dizer que esse tipo de conhecimento seja válido, pois não adota os 
critérios da Psicologia Científica. 
 
Opiniões do tipo: Qual a melhor maneira de criar filhos, de fazer amigos, 
de impressionar as pessoas, de controlar a raiva etc. 
 
É fato que o senso comum permite sentir e analisar uma realidade, mas 
uma psicologia construída a partir de observações casuais tem fraquezas 
críticas. 
 
Os autores Lakatos e Marconi ajudam a entender essa questão quando 
analisam as características do senso comum. 
Caráter acrítico: Verdadeiros ou não, a pretensão de que esses 
conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica. 
 
Não necessitando de uma elaboração racional, o senso comum não 
procede a uma crítica dos seus elementos, é um conhecimento passivo, 
em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem 
se preocupa com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento 
da realidade. 
 
Caráter sensitivo: Referente a vivências, estados de ânimo e emoções da 
vida diária. 
 
Caráter assistemático: A organização da experiência não visa a uma 
sistematização das ideias, nem da forma de adquiri-las, nem na tentativa 
de validá-las. 
 
Caráter subjetivo: É o próprio sujeito que organiza suas experiências e 
conhecimentos. 
Em outras palavras, cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando 
as suas opiniões, sem a preocupação de as testar ou de as fundamentar 
em um exame isento e crítico da realidade. 
 
Caráter superficial: Conforma-se com a aparência, com aquilo que se 
pode comprovar simplesmente estando junto das coisas. 
 
O senso comum não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se 
pela superfície, não procurando descobrir as causas dos acontecimentos, 
ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los 
racionalmente. 
 
Como você deve ter percebido, a instauração da Psicologia como ciência 
não pode ser baseada apenas nos conhecimentos cotidianos do senso 
comum. 
Apenas: Isso não quer dizer que a psicologia não pode fazer uso do senso 
comum para compreender a subjetividade do indivíduo, pois o senso 
comum também integra, de modo precário, o conhecimento científico. 
Você mesmo já deve ter utilizado os termos: “rapaz complexado”, 
“menina histérica”, “ficar neurótico”, que são termos definidos pela 
Psicológica Científica. 
 
Para isso, foi preciso delimitar o seu objeto de estudo, e estabelecer 
métodos e técnicas específicas, divulgados em uma linguagem científica. 
 
O marco histórico da Psicologia como área da ciência foi em 1875, 
quando Wilhelm Wundt criou o primeiro Laboratório de Experimentos 
em Psicofisiologia, na Alemanha, o que significou o desligamento das 
idéias psicológicas de idéias abstratas e espiritualistas. 
 
O status de ciência da Psicologia só ocorreu com o seu afastamento do 
campo da Filosofia e quando passou a obedecer aos critérios da 
metodologia científica, tais como: 
- Definir seu objeto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a 
consciência); 
- Definir seu objeto de estudo (diferenciando-o de outras áreas do 
conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia); 
- Formular métodos de estudo desse objeto; 
- Formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimento na 
área. 
 
A partir desses critérios, a Psicologia a comprovar os seus experimentos e 
servir de ponto de partida para outros estudos. 
 
Esta é a letra grega Psi, símbolo da Psicologia. Você sabe o que significa o 
termo “Psicologia”? 
 
PSIQUE: Significa alma. A alma era defendida pelos gregos como a fonte 
da vida, o que animava ou dava vida ao corpo. 
 
LOGOS: Significa estudo. 
 
Etimologicamente, portanto, Psicologia significa o estudo da alma. Hoje, 
a Psicologia é um ramo das Ciências Humanas e, assim como demais 
áreas, tem como objeto de estudo o homem. 
 
Nesta disciplina, iremos conceber a Psicologia como o estudo da 
subjetividade humana. Para compreender melhor o sujeito, a Psicologia 
tem como matéria-prima todas as suas expressões, quer sejam visíveis ou 
invisíveis. 
 
Subjetividade: “A subjetividade é a síntese singular e individual que cada 
um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e 
vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que 
nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de um outro, na 
medida em que os elementos que a constituem são experienciados no 
campo comum da objetividade social” (Bock, Furtado e Teixeira, 
2005, p. 23). 
 
Todas as suas expressões: As formas de expressão humana podem ser 
visíveis, como o comportamento, ou invisíveis, como os pensamentos, as 
singularidades, a maneira particular como cada pessoa se apresenta ao 
mundo, a carga genética. Todos esses aspectos conferem ao homem uma 
maneira particular de ser, de sentir, de se expressar, de se posicionar 
diante dos fatos da vida. 
 
A Psicologia estuda o homem em relação a seus aspectos peculiares e por 
isso tem que se debruçar sobre o estudo da sua mente, mas não pode 
deixar de lado dois aspectos fundamentais: o biológico e o social, pois 
assim poderá compreender as escolhas e as ações do sujeito em 
diferentes espaços. 
 
O objeto específico da Psicologia envolve dois eixos: comportamento e 
inconsciente. 
 
Comportamento: A Psicologia estuda o comportamento humano, uma vez 
que é através do comportamento que expressamos nossas manifestações 
interiores. Quando estamos felizes, expressamos essa felicidade através 
de comportamentos, expressões faciais, gesticulações. Quando estamos 
preocupados ou raivosos, também é através do nosso comportamento 
que manifestamos esses sentimentos. 
Inconsciente: A Psicologia preocupa-se com as manifestações de nosso 
inconsciente, com aqueles comportamentos, lembranças, pensamentos 
que temos e não sabemos explicar por que, nem sabemos exatamente de 
onde vêm. 
Apesar de o comportamento humano ser o principal interesse da 
Psicologia, esta também estuda e atua em outros campos de aplicação, 
que costumamos chamar de pura ou aplicada. 
 
Nosso interesse é pela educação, pelas questões que envolvem os sujeitos 
em uma gama de situações ou atividades educacionais, fazcom que 
coloquemos “a serviço da educação e do ensino o conjunto dos 
conhecimentos psicológicos sobre as bases do desenvolvimento e da 
aprendizagem. Com eles, o professor estará em posição mais favorável 
para planejar a sua ação” (Davis e Oliveira). 
 
Aqui vai uma boa dica de filme. Se você ainda não o assistiu, aproveite 
esta recomendação. 
 
O Homem Bicentenário: Uma família americana compra um novo utensílio 
doméstico: o robô chamado Andrew (Robin Williams), para realizar tarefas 
domésticas simples. Entretanto, aos poucos o robô, por possuir um 
defeito de fabricação, apresenta traços característicos do ser humano, 
como curiosidade, inteligência e personalidade própria. É o início da saga 
de Andrew em busca de liberdade e de se tornar, na medida do possível, 
humano. Após ter sua aparência, suas atividades, sua vida social e familiar 
em tudo igual às das outras pessoas, ele passa a lutar para ser 
reconhecido oficialmente como humano. 
Depois de ver o filme, reflita: Se olharmos pelo senso comum, Andrew 
pode ser considerado um humano? E pelo campo científico? 
 
Revisão: * 
Psicologia Social: Investiga todas as situações em que a conduta humana é 
influenciada e influencia outras pessoas e grupos. 
- 
 Psicologia Clínica : Conhecidas pelas terapias, que podem ser individuais 
ou em grupo. 
- 
 Psicologia Geral: Busca determinar o objeto, os métodos, os princípios 
gerais e as ramificações da ciência. 
- 
Psicologia Educacional:Estuda todas as fases do desenvolvimento humano 
e da aprendizagem. 
- 
Psicologia do Desenvolvimento: Estuda as mudanças que ocorre no ciclo 
vital de um individuo. 
- 
Psicopatologia: Ramo da Psicologia interessado no comportamento 
anormal, como as neuroses e psicoses. 
- 
 A Psicologia estuda o comportamento do homem, levando em conta as 
manifestações de seu inconsciente. 
 - A Psicologia aplicada se subdivide em: Psicologia Clínica, Psicologia 
Educacional, Psicologia Organizacional e Psicologia Jurídica. 
- 
O objeto de estudo da Psicologia: O homem e a sua 
subjetividade. 
- 
 A Psicologia da Educação estuda: Os processos que envolvem o 
desenvolvimento e a aprendizagem. 
 
Síntese da Aula 01 – A Psicologia em Discussão: do Senso Comum ao 
Conhecimento Científico 
Nesta aula, você: atentou para as diferenças entre a Psicologia do senso 
comum e a Psicologia científica, relacionando o campo das ciências 
psicológicas com as questões que influenciam na formação da 
subjetividade de cada indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 02 – A Questão da Inclusão e Exclusão no 
Campo Educacional 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Analisar a produção do fracasso escolar; 
 Comparar o comportamento normal e o patológico no cotidiano 
escolar; 
 Definir as características que envolvem a teoria da carência cultural 
e diferenças linguísticas; 
 Explicar as questões relacionadas à inclusão e à exclusão escolar. 
 
Você se lembra de ter se sentido excluído em alguma situação no espaço 
escolar? Conhece sujeitos que vivenciaram o fracasso escolar? Atire a 
primeira pedra quem não tem conhecimento de alguma situação como 
estas! 
 
Nesta aula, abordaremos a questão da exclusão no campo educacional e 
seus principais motivos. 
 
Motivos: Muitos estudos apontam que os desempenhos de sucesso ou 
fracasso do aluno, na escola ou fora dela, são atribuídos pelos juízos 
alheios, principalmente de adultos significativos, entre os quais 
professores, familiares e colegas. 
Todas essas questões envolvem preconceito, estereótipos, formação da 
identidade e processos de diferenciação enquanto construção social e 
cultural. 
 
A poeta Hilda Hilst nos ajuda a fazer uma reflexão sobre a questão da 
exclusão na escola. 
As freiras, onde eu estudava, ficavam desesperadas. A que ensinava 
aritmética chegava e dizia: 
- Tenho três galinhas. Uma, enquanto estava caminhando se perdeu. A 
outra morreu. Quantas galinhas sobraram? 
Aí eu começava: 
- Mas por que a galinha morreu? E a outra? Como se perdeu? Como é que 
alguém perde uma galinha? Mas quem estava tomando conta delas não 
sabe dar explicações! 
Aí criava uma situação! 
A Freira respondia: 
- Não precisa saber o porquê! 
Eu queria a história desta galinha perdida, morta . 
Rui, aluno de onze anos, que frequentava a 3a. série de uma escola 
pública e residia na favela, ia mal na escola, porque não prestava atenção 
em nada, "não aprendia". Para algumas professoras, era retardado; para 
outras, imaturo; para outras, ainda, era vítima de uma família 
desestruturada. Não tinha mesmo jeito e Rui desistiu da escola. Rui, 
Fabiano, Vanessa, Rose, Eric, Antônio... Imaturidade, fome, pais 
separados, pobreza, falta de estimulação, deficiência mental, problema de 
aprendizagem... Muitos nomes, muitas justificativas, muitos rótulos. 
Diversos rótulos têm sido utilizados frequentemente nos meios escolares 
para justificar os números altamente elevados de retenção, exclusão e 
encaminhamentos (os mais diversos) de alunos. 
Será que, quando criança, Hilda Hilst foi vista como um sujeito que não 
aprende como o Rui? Muitas vezes, o fracasso escolar começa em 
situações como essas, quando não são valorizados os saberes e interesses 
dos alunos. 
 
Muitos de nós vivenciamos situações deste tipo e fomos rotulados por não 
aprender, quando na verdade a nossa capacidade cognitiva estava em 
perfeita condição. Se Hilda se sentiu excluída, imagina como Rui se sentia 
ao longo da sua escolarização, assim como os alunos que não aprendem 
ou até mesmo não entram na escola. 
Pare e pense na realidade brasileira: 
Quais as formas de exclusão? 
Quantos são os excluídos? 
Quem são os excluídos? 
Onde estão os excluídos? 
 
A exclusão pode ocorrer em duas esferas: exclusão da escola e exclusão 
na escola. 
 
Exclusão da escola: Envolve o não-acesso à escola, os alunos evadidos ou 
que tiveram sua matrícula cancelada. 
 
Alunos evadidos: De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), cerca de 5% das crianças entre 7 e 14 anos abandonam 
a escola; se considerarmos os adolescentes com idades de 15 a 17 anos, a 
evasão sobe para quase 20% dos alunos inicialmente matriculados na 
escolas, isto é, são quase dois milhões de alunos fora da escola (O Estado 
de S. Paulo, 2008). 
 
Exclusão na escola: É operada por meio de mecanismos como reprovação 
e repetência, aumentando a defasagem idade-série. 
O número médio de anos de estudo segundo categorias selecionadas no 
Brasil no período 1992–2007 está apresentado na Tabela 1 (anexar 
tabela). Analise os dados e compreenda as taxas de evasão, repetência e 
exclusão escolar. 
 
Durante muito tempo, a tese da carência cultural acabou sendo a resposta 
para o fracasso escolar, ou seja, a pobreza dos alunos (como fator exterior 
à escola) é considerada como a principal causa do seu insucesso escolar. 
 
Carência Cultural: De acordo com Patto (2000), a Teoria da Carência 
Cultural (também conhecida como “deficiência cultural”, “privação 
cultural”) afirmava que, como a maioria das crianças mal-sucedidas na 
escola são de classes populares, as deficiências no desenvolvimento 
psicológico infantil seriam consequência da pobreza de estímulos do 
ambiente cultural desfavorecido do qual provêm. 
Em nome da carência cultural, foram organizados, no Brasil, inúmeros 
projetos de educação compensatória, mas que não apresentaram 
resultados satisfatórios, servindo para marcar ainda mais a discriminação 
e a consequente seletividade social. 
A análise das noções da carência cultural levou Soares a agrupar a teoria 
em duas versões: do déficit e da diferença. Dessa forma, a diferença 
cultural acaba se transformando em deficiências. 
 
Déficit: A versão do déficit baseia-se na ideia de que o ambiente carente 
gera deficiências pessoais, motoras, perceptivas, afetivo-emocionais ou delinguagem. 
 
Diferença: A versão da diferença fundamenta-se no pluralismo cultural. A 
escola seria inadequada à criança que vem com uma cultura diferente. 
 
Em geral, a escola reluta em trabalhar com as diferenças culturais, de 
respeitar os saberes dos alunos e contextualizar a prática pedagógica com 
a realidade do aluno e de sua identidade sociocultural. 
 
Muitas vezes, é forte o preconceito e a discriminação com a linguagem do 
aluno, pela forma como as variações linguísticas vêm sendo tratadas pela 
escola. 
 
Escola: Ao desqualificar a fala do aluno, a escola está endossando e 
repetindo os preconceitos da origem e da identidade sociocultural. 
 
A produção do fracasso escolar é decorrente de uma questão social mais 
ampla, que envolve quatro concepções. Veja quais são. 
 
O fracasso escolar como problema psíquico: a culpabilização das crianças 
e de seus pais: 
Entende-se que a criança é portadora de uma organização psíquica 
imatura, que resulta em ansiedade, dificuldade de atenção, dependência, 
agressividade etc., que causam, por sua vez, problemas psicomotores e 
inibição intelectual que prejudicam a aprendizagem escolar. 
 
O foco muda de lugar: não se localiza nos problemas individuais dos 
alunos, mas na técnica de ensino do professor. Está presente nessa 
concepção o pressuposto de que os alunos possuem dificuldades de 
ordem emocional, cultural etc., que podem ser sanadas pelo professor se 
ele utilizar a técnica de ensino adequada. 
Parte do princípio de que o fracasso escolar é um fenômeno presente 
desde o início da instituição da rede de ensino público no Brasil. Nesse 
sentido, a produção do fracasso deve considerar a escola como instituição 
inserida em uma sociedade de classes regida pelos interesses do capital; a 
própria política pública encontra-se entre os determinantes do fracasso 
escolar. 
A escola como instituição social é regida pela mesma lógica constitutiva da 
sociedade de classes. O foco, entretanto, incide nas relações de poder 
estabelecidas no interior da instituição escolar, mais especificamente na 
violência praticada pela escola ao estruturar-se com base na cultura 
dominante e não reconhecer — e, portanto, desvalorizar — a cultura 
popular. 
 
Será que os supostos culpados devem assumir individualmente a culpa 
pelo fracasso escolar? Ou será que a causa do fracasso não é uma soma de 
procedimentos coletivos que provocam esses problemas e sempre a maior 
vítima e principal culpado é o aluno? 
 
Não basta culpabilizar; é essencial que as escolas e os professores, com 
suas devidas funções de educar, não se eximam dessa responsabilidade. 
Em um trabalho coletivo, o fracasso escolar não terá mais culpados, mas 
sim parceiros que articulam esforços para produzir sucessos. 
 
Não podemos negar que, muitas vezes, o fracasso é decorrente de 
transtornos de comportamento que nossos alunos apresentam e o 
professor não consegue identificar, colocando como falta de limites e de 
educação. 
 
Esses transtornos de comportamento são questões patológicas que 
precisam de diagnóstico e tratamento, de uma atenção psicológica e às 
vezes de um tratamento psiquiátrico, principalmente quando uma 
manifestação psíquica incomoda o sistema sociocultural vigente ou faz 
sofrer o indivíduo. 
 
Conheça, resumidamente, alguns desses transtornos de comportamento 
que interferem no desenvolvimento e na aprendizagem do sujeito. 
 
Bullying: O termo bullying compreende todas as formas de atitudes 
agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação 
evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando 
dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. 
Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de 
poder são as características essenciais que tornam possível a intimidação 
da vítima. 
 
Transtorno desafiador opositivo: A característica essencial do transtorno 
desafiador opositivo é um padrão recorrente de comportamento 
negativista, desafiador, desobediente e hostil para com figuras de 
autoridade, que persiste por pelo menos seis meses e se caracteriza pela 
ocorrência frequente de pelo menos quatro dos seguintes 
comportamentos: perder a paciência, discutir com adultos, desafiar 
ativamente ou recusar-se a obedecer a solicitações ou regras dos adultos, 
deliberadamente fazer coisas que aborreçam outras pessoas, 
responsabilizar outras pessoas por seus próprios erros ou mau 
comportamento, ser suscetível ou facilmente aborrecido pelos outros 
(Critério A6), mostrar-se enraivecido e ressentido, ser rancoroso ou 
vingativo. 
 
Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH): O 
transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um 
transtorno neurobiológico de causas genéticas, que aparece na infância e 
frequentemente acompanha o indivíduo por toda a vida. 
Caracteriza-se por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. É 
chamado às vezes de DDA (distúrbio do déficit de atenção). 
 
Transtorno de conduta: O padrão de comportamento no transtorno de 
conduta, anteriormente (e apropriadamente) chamado delinquência, 
caracteriza-se por um padrão repetitivo e persistente de conduta 
antissocial, agressiva ou desafiadora. 
Esse comportamento pode ser agrupado em quatro tipos principais: 
conduta agressiva que causa ameaça ou danos a outras pessoas e/ou 
animais; conduta não-agressiva, mas que causa perdas ou danos a 
propriedades; defraudação e/ou furto; e violações habituais de regras. 
 
Depressão infantil: O transtorno depressivo infantil é um transtorno do 
humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do 
adolescente e interferir em seu processo de maturidade psicológica e 
social. 
 
Estes são mais alguns dos transtornos de comportamento que interferem 
no desenvolvimento e na aprendizagem do sujeito. 
 
Transtorno bipolar de humor: O transtorno bipolar caracteriza-se pela 
ocorrência de episódios de “mania” (caracterizados por exaltação do 
humor, euforia, hiperatividade, loquacidade exagerada, diminuição da 
necessidade de sono, exacerbação da sexualidade e comprometimento da 
crítica) comumente alternados com períodos de depressão e de 
normalidade. 
Com certa frequência, os episódios maníacos incluem também 
irritabilidade, agressividade e incapacidade de controlar adequadamente 
os impulsos. 
 
Transtorno de ansiedade de separação: A característica essencial do 
transtorno de ansiedade de separação é a ansiedade excessiva 
envolvendo o afastamento de casa ou de figuras importantes de 
vinculação. Esta ansiedade está além daquela esperada para o nível de 
desenvolvimento do indivíduo. 
Normalmente causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no 
funcionamento social, acadêmico (ocupacional) ou outras áreas 
importantes na vida do indivíduo. 
 
Transtorno do pânico: O transtorno do pânico é definido como crises 
recorrentes de forte ansiedade ou medo. 
As crises de pânico são entendidas como intensas, repentinas e 
inesperadas que provocam nas pessoas sensação de mal-estar físico e 
mental juntamente a um comportamento de fuga do local onde se 
encontra, seja indo para um pronto-socorro, seja buscando ajuda de quem 
está próximo. 
 
Baixa autoestima: Crianças pouco incentivadas na infância e que, por isso, 
não aprenderam a lidar com seus erros e acertos são candidatas a sofrer 
de baixa autoestima na vida adulta. 
Essa doença, cada vez mais comum, pode ser diagnosticada quando se 
verifica que a pessoa não consegue enfrentar os problemas, evitando tudo 
e todos, fugindo das situações, dando desculpas e transferindo para os 
outros a responsabilidade por tudo de errado que lhe acontece. Pode 
apresentar: depressões fortíssimas, fobias, incapacidade de buscar saídas 
para os problemas e até dependência química estão na lista dos principais 
sintomas. 
A autoestima baixafaz com que a pessoa, de forma inconsciente, se julgue 
incompetente por não saber administrar sua capacidade, seu poder 
interno. 
 
Problemas causados por violência domestica e abuso sexual: Trata-se de 
um problema que acomete ambos os sexos e não costuma obedecer a 
nenhum nível social, econômico, religioso ou cultural específico, como 
poderiam pensar alguns. A violência doméstica inclui a violência física, 
psicológica e verbal, a negligência precoce e o abuso sexual, que podem 
impedir o bom desenvolvimento físico e mental da vítima. 
 
Dica de filme: Episódio “A coroa do imperador”, da série Cidade dos 
Homens. 
Laranjinha e Acerola estão aprendendo na escola sobre a fuga da corte 
portuguesa para o Brasil e vai haver uma excursão da turma para 
Petrópolis. Eles querem conhecer a coroa do imperador. A condição 
imposta pela professora é que todos passem por uma chamada oral sobre 
o assunto. Para fazer o passeio é preciso pagar uma taxa de R$ 6,50 e, 
para conseguir esse dinheiro, os dois acabam se envolvendo com os 
traficantes do morro onde moram. Para complicar, na véspera da 
excursão o morro é invadido por uma facção inimiga e, em meio à 
confusão, os dois finalmente entendem o que levou Napoleão a atacar a 
Inglaterra e por que D. João VI teve que sair correndo para o Brasil. 
 
Vamos finalizar esta aula fazendo uma reflexão. 
 
Mesmo dentro de uma condição social desfavorável é possível aprender? 
Como articular a realidade do aluno à realidade social? 
 
Revisão: 
O fracasso escolar começa, muitas vezes, em situações nas quais os 
saberes e interesses dos alunos não são valorizados. 
 
A exclusão da escola envolve o não-acesso à escola, os alunos evadidos 
ou que tiveram sua matrícula cancelada. Já a exclusão na escola é operada 
por meio de mecanismos como reprovação e repetência. 
 
O fracasso escolar pode ser visto como um problema psíquico, um 
problema técnico, uma questão institucional ou uma questão política. 
 
Culpabilização das crianças e seus pais: O fracasso escolar como 
problema psíquico. 
 
Culpabilização do professor: O fracasso escolar como problema técnico. 
 
Lógica excludente da educação escolar: O fracasso escolar como questão 
institucional. 
 
Cultura escolar, cultura popular e relação de poder: O fracasso escolar 
como questão política. 
 
Transtorno do pânico: Crises recorrentes de forte ansiedade ou medo, 
intensas e repentinas que provocam sensações de mal-estar físico e 
mental. 
 
Baixa autoestima: A pessoa não consegue enfrentar os problemas e foge 
das situações por se julgar incompetente e não saber administrar o seu 
poder interno. 
 
Depressão infantil: Transtorno do humor capaz de comprometer o 
desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir em seu 
processo de maturidade psicológica e social. 
 
TDAH: Sigla do transtorno neurobiológico de causas genitais, que se 
caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. 
 
Bullying: Atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorre sem 
motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), 
causando dor e angústia, executadas dentro de uma relação de poder. 
 
O fracasso escolar tem sido o grande desafio de políticos e 
educadores, atingindo principalmente as classes sociais menos 
favorecidas, pois, apesar do aparente igualitarismo, o sistema 
escolar acentua as desigualdades sociais. Está concepção está 
atrelada a que abordagem teórica: Teoria da Carência Cultural. 
 
Síntese da Aula 02 – A Questão da Inclusão e Exclusão no Campo 
Educacional 
Nesta aula, você: viu algumas questões que envolvem o fracasso escolar, o 
processo de exclusão, problemas de ordem mental e emocional da própria 
criança, e patológicos que podem gerar dificuldades no desenvolvimento e 
na aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 03 – Concepções de Desenvolvimento 
Humano e Aprendizagem. As Teorias Psicológicas: 
Inatismo e Ambientalismo 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 Nomear os pressupostos teóricos que fundamentam o inatismo e o 
ambientalismo; 
 Definir e contrastar as características do inatismo e do 
ambientalismo. 
 
Nesta aula, trabalharemos as teorias inatistas e ambientalistas do 
desenvolvimento. 
 
Essas teorias psicológicas ajudam a compreender algumas questões 
polêmicas, como a formação de líderes, o desenvolvimento de 
superdotação, entre outras. 
 
Inatismo: Na perspectiva inatista, também conhecida pelos nomes de 
maturacionista, nativista ou apriorista, as capacidades básicas de cada ser 
humano, personalidade, potencial, valores, comportamentos, formas de 
pensar e de conhecer são inatas, ou seja, já se encontram praticamente 
prontas no nascimento do sujeito. 
 
Saiba mais: Com certeza você já deve ter ouvido ou até mesmo falado: 
“Filho de peixe peixinho é”. “Pau que nasce torto morre torto”. “Ih, já dei 
aula para o irmão dele, esse é igualzinho”. “Não adianta fazer nada, mais 
do que isso ele não consegue”. “Burro velho não aprende”. "A Marina é 
tão inteligente! Puxou ao pai!". “Eu nasci assim. A gente é assim”... 
 
Essas frases demonstram um pouco da postura inatista, em que ter ou não 
bom desempenho é explicado pelas características hereditárias do sujeito, 
e não a partir da relação dialética entre condições de ensino e 
oportunidades de aprendizagem. 
 
A discussão sobre o inatismo tem como marco teórico e filosófico a 
concepção de Platão. 
 
Platão: Platão, um dos maiores pensadores da história, inspirado nas 
premissas da filosofia racionalista e idealista, concebia que o único meio 
para se chegar ao conhecimento é por intermédio da razão, já que esta é 
inata, imutável e igual em todos os homens. 
Nesse sentido, foi se construindo a perspectiva que entende o ser humano 
como um sujeito fechado em si mesmo, que nasce com potencialidades, 
dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo com o 
amadurecimento biológico. 
 
Os fatores maturacionais e hereditários são vistos, nessa teoria, como 
definidores da constituição do ser humano e do processo de 
conhecimento. 
 
Exemplo: Poderíamos dizer que uma criança – filha, neta ou sobrinha de 
músicos – apresenta inclinação e facilidade para aprender música porque 
herdou de seus familiares a aptidão, o “dom” para música. Do mesmo 
modo, crianças brancas e negras apresentariam diferenças no 
desempenho de determinadas tarefas em razão da herança genética de 
suas raças, e não de diferenças culturais ou de oportunidades. 
Constatações preconceituosas que ainda existem em nossa sociedade. 
 
Saiba como são considerados o processo de aprendizagem e o papel do 
professor na perspectiva inatista. 
 
Todo o desenvolvimento é baseado no pressuposto de que, ao aprender, 
o ser humano aprimora aquilo que já é inato, avançando no seu 
desenvolvimento (o vir-a-ser). 
 
Nessa acepção, a educação pouco ou quase nada altera as determinações 
inatas, visto que o conhecimento é pré-formado e as estruturas mentais 
se atualizam conforme o ser humano amadurece. 
 
Em outras palavras, os processos de ensino ocorrem na medida em que a 
criança estiver "pronta", madura para desenvolver determinada 
aprendizagem. 
O sujeito reorganiza sua inteligência pelas percepções que tem da 
realidade, tornando-se apto a realizar aprendizagens cada vez mais 
complexas. 
O papel do professor é facilitar que a essência se manifeste, entendendo-
se que quanto menor a interferência, maior será a espontaneidade e a 
criatividade do aluno. 
Essa concepção de homem tem fundamentado pedagogias espontaneístas 
que subestimam a capacidade intelectual do ser humano, na medida em 
que o sucesso ou o fracasso é atribuído, única e exclusivamente, ao 
desempenho do aluno (REGO, 1996). 
 
O professor pode fazer uso de vários artifícios para reforçar positivamente 
os comportamentosesperados: elogios, notas, diplomas etc., premiando 
também a entrega de lições caprichadas e corretas. 
 
Lembra das estrelinhas dourados no seu caderno, dos carimbos com 
parabéns, estude mais ... ? Então, esses mecanismos ajudaram a moldar o 
seu comportamento na escola. 
 
Conheça as características de uma prática pedagógica na abordagem 
inatista. 
 
 Não desafia, não instrumentaliza o desenvolvimento de cada 
indivíduo, pois se restringe àquilo que ele já conquistou. 
 
 Desconfia do valor da educação e do papel interveniente e 
mediador do professor. 
 
 Restringe-se ao respeito às diferenças individuais, aos desejos, aos 
interesses e capacidades manifestadas pelo indivíduo, ao reforço 
das "características inatas" ou ainda à espera de que processos 
maturacionais ocorram 
 
 Considera que as diferenças e dificuldades de aprendizagem não 
são superadas, uma vez que o meio não interfere no 
desenvolvimento da criança. 
 
Saiba Mais: Por exemplo: os testes de prontidão (para a leitura etc.) e os 
testes de inteligência (QI), que historicamente acabaram por impedir que 
inúmeras crianças tivessem acesso ao conhecimento e à própria 
escolarização, pois os indicadores rotulavam sua "imaturidade" ou seus 
"déficits" de inteligência. Há crianças, por exemplo, que foram ou são 
retidas na pré-escola ou permanecem nos exercícios preparatórios por 
"não estarem prontas" para aprender a ler e escrever; muitas, inclusive, 
foram enviadas às classes especiais por "não terem condições" 
intelectuais para seguir a escolaridade em classes regulares. 
 
Curiosidade: No século XIX, o método de Broca - craniometria - 
argumentava que o tamanho da cabeça identificava a quantidade de 
inteligência. No século XX, os estudos se caracterizavam pela medição, 
criando testes para medir o quociente de inteligência do ser humano, os 
famosos testes de QI. Ambas as concepções estavam pautadas no 
determinismo biológico (inatismo) e trouxeram consequências graves para 
a sociedade. 
 Para saber mais, leia GOULD, S. J. A falsa medida do homem. 2. ed. São 
Paulo: Martins Fontes, 1999. 
 
Ambientalismo 
 
Também chamada de associacionista, comportamentalista ou 
behaviorista, esta teoria está inspirada na filosofia empirista e positivista, 
atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das características 
humanas e privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de 
formação de hábitos de comportamentos. 
 
Queria saber porque 4 X 8 = 32, mas a professora só diz “Isto não é 
importante. Você tem mesmo é que decorar a tabuada” 
 
Na perspectiva ambientalista, as características individuais são 
determinadas por fatores externos ao indivíduo. O ambientalismo 
defende a necessidade de medir, comparar, testar, experimentar e 
controlar o comportamento e desenvolvimento do educando e sua 
aprendizagem, objetivando assim, controlar o seu comportamento. 
 
Ao se preocupar em explicar os comportamentos observáveis do 
educando, acaba por desprezar a análise de outros aspectos da conduta 
humana tais como: o raciocínio, o desejo, a imaginação, os sentimentos e 
a fantasia. 
 
Se, de acordo com a abordagem ambientalista, o interesse é controlar o 
comportamento do aluno, pressupõe-se que ele seja um indivíduo passivo 
frente às pressões do meio, que tem seu comportamento moldado, 
manipulado, controlado e determinado pelas definições do ambiente em 
que vive. 
 
O aluno, neste caso, assume uma posição secundária e marcadamente 
passiva, é imaturo e inexperiente. Cabe a ele apenas executar prescrições 
que lhes são fixadas por autoridades exteriores. 
 
Pare um pouco e reflita! 
Será que os alunos de hoje se adaptariam a essa abordagem? 
 
 
Conheça as características de uma prática pedagógica na abordagem 
ambientalista. 
 
 Reconhece o trabalho individual, a atenção, a memória, a 
concentração, o esforço e a disciplina como garantias para a 
apreensão do conhecimento. 
 
 Não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno nem com as 
realidades sociais. Neste paradigma, a aprendizagem é confundida 
com memorização de um conjunto de conteúdos desarticulados, 
conseguida através da repetição de exercícios sistemáticos de 
fixação e cópia e estimulada por reforços positivos (elogios, 
recompensas) ou negativos (notas baixas, castigos etc.). 
 
 Baseia-se na exposição verbal, análise e conclusão do conteúdo por 
parte do professor; ele que monta programas a partir de uma 
progressão de grau de complexidade da matéria; e promove as 
situações propícias para que se processem associações entre 
estímulos e respostas corretas, pois o erro deve ser evitado. 
 
 O controle da aprendizagem se dá através de avaliações regulares, 
que servem como instrumento que verifica a necessidade de 
reformulação das técnicas empregadas. 
 
 O desempenho e as características individuais do aluno são 
resultantes da educação recebida em sua família e do ambiente 
socioeconômico em que vive. Lembra-se da Teoria da Carência 
Cultural? Então, é uma das justificativas utilizadas pelos 
ambientalistas para os sujeitos que não aprendem. 
 
Como você já deve ter percebido, no ambientalismo o que predomina é a 
palavra do professor, as regras impostas e a transmissão verbal do 
conhecimento. O professor é o elemento central e único detentor do 
saber, é quem corrige, avalia e julga as produções e comportamentos dos 
alunos, principalmente seus "erros e dificuldades". 
 
Alguns estudos abordam os mitos que especulam as possíveis origens da 
superdotação, atualmente conhecida como altas habilidades (AHs). 
 
Estes estudos destacam o antagonismo entre as teorias inatistas e as 
ambientalistas na designação de determinados comportamentos que não 
são propriamente hereditários, mas que também estão presentes no 
entorno do sujeito e que podem afetar qualquer pessoa. 
 
 Estudo 1: As altas habilidades são uma característica 
exclusivamente genética. (Extremiana, 2000; Winner, 1998). A ideia 
de que as AHs devem-se exclusivamente a fatores biológicos é 
defendida pelas chamadas teorias geneticistas ou inatistas, 
lideradas principalmente pelos seguidores de Galton, que, em 1869, 
analisou personalidades destacadas da época nas mais diversas 
camadas sociais e, verificando que seus filhos também tinham sido 
eminentes, chegou à conclusão de que a inteligência era herdada. 
As pesquisas ainda não conseguiram comprovar essa tese, embora 
se saiba que, com certeza, há uma carga hereditária. Gardner (2000) 
estima que essa carga esteja entre 30 e 70%; calcular esse índice, 
porém, implicaria a observação in vivo de um cérebro funcionando, 
o que é, por enquanto, totalmente inviável. 
 
 Observações de profissionais que trabalham na área também indicam a 
existência de parentes diretos com AHs em até três gerações anteriores 
àquela do indivíduo com altas habilidades, mas a influência do ambiente 
no desenvolvimento das AHs é hoje amplamente aceita pela maioria dos 
pesquisadores da área. 
 
 Estudo 2: As altas habilidades são uma característica que depende 
exclusivamente do estímulo ambiental (Extremiana, 2000; Winner, 
1998). Em contraposição ao mito anterior, a ideia das AHs como 
resultado exclusivo do estímulo, do esforço e do trabalho duro, ou 
seja, do ambiente, que determinaria um caráter 
comportamentalista (em resposta a um estímulo) dessa 
característica, também não tem sido comprovada. Por outro lado, o 
envolvimento com a tarefa, que é um dos componentes das AHs, é 
uma consequência delas, e não uma causa. As pesquisas tendem a 
mostrar que ambos os aspectos são importantes, já que só a 
predisposição genética para as AHs, sem oportunidades para 
desenvolvê-las, não garante a manifestação do comportamento de 
superdotação, assim como a estimulação e os ambientes favoráveis 
ao desenvolvimento das inteligências tambémnão resultam na 
manifestação de AHs sem que haja elevada “capacidade acima da 
média” e elevado índice de criatividade, como define Renzulli 
(1986). 
 
Para saber mais, leia Mitos e crenças sobre as pessoas com altas 
habilidades: alguns aspectos que dificultam o seu atendimento. 
 
As questões sobre inatismo e ambientalismo repercutem diretamente no 
conceito de liderança. Por exemplo, você é um líder nato? Muitas pessoas 
que possuem perfil de liderança foram ao longo da história chamadas 
assim. É claro, porém, que ninguém nasce com DNA para liderança. 
 
Algumas pessoas apresentam características pessoais que são necessárias 
para o exercício da liderança, como carisma, ser um bom ouvinte e grande 
capacidade de discernimento em meio aos conflitos entre grupos de 
pessoas. A liderança pode ser trabalhada em cada pessoa, mas algumas 
realmente já apresentam as características necessárias mais evoluídas em 
relação a outras. 
 
De 1950 pra cá, o conceito de liderança evoluiu no mundo todo. Clique 
aqui para conhecer as características do antigo líder e as do atual e analise 
se você está mais para um líder nato ou um líder completo. 
 
1950 – 1970 Líder nato: Nessa época, acreditava-se que alguns 
profissionais nasciam com o dom de liderar. Suas características são: 
ambição, integridade, autoconfiança e profundo conhecimento técnico. 
Embora há, ainda, quem acredite nisso, os especialistas dizem que esse 
conceito é um mito. 
 
1970 – 1980 Líder comportamental: Aqui surgem os líderes voltados para 
resultados e os para pessoas. Essa teoria deu origem ao Managerial Gride 
(Grade Gerencial), que classifica as pessoas em eixos (produção x 
pessoas). Daí nasceram rótulos como 9/9 (nota máxima em resultado e 
em gestão de equipes). Já o 1/1 era o fracasso total. 
 
1980 – 1990 Líder situacional: Detectaram-se falhas no modelo anterior. 
Um líder 9/9 acabou levando uma empresa à ruína, enquanto o 1/1 
levantou um negócio de forma brilhante. O que fez a diferença? A 
situação. O líder situacional surge porque traz resultados em um 
cenário específico, desenvolvendo pessoas. 
 
Anos 2000 Líder completo: Agora, o conceito e liderança exige nova 
postura profissional. O líder traz resultados, constrói relação com clientes 
e mercado, fala a língua do acionista, é exemplo na gestão de pessoas 
(subordinados, chefes, pares e colegas de outras áreas). E é líder de si 
mesmo. 
 
 
Revisão: 
 
 Privilegia a experiência como fonte de conhecimento e de 
formação de hábitos de comportamento: Ambientalismo. 
 
 O controle da aprendizagem se dá através de avaliações regulares, 
que serve como instrumento que verifica a necessidade de 
reformulação das técnicas empregadas: Ambientalismo. 
 
 O desempenho e as características individuais do aluno são 
resultantes da educação recebida em sua família e do ambiente 
socioeconômico em que vive: Ambientalismo. 
 
 
 As características individuais são determinadas por fatores externos 
ao individuo: Ambientalismo. 
 
 Desconfia do valor da educação e do papel interveniente e 
mediador do professor: Inatismo. 
 
 Não desafia, não instrumentaliza o desenvolvimento de cada 
individuo, pois se restringe aquilo que ele já conquistou: Inatismo. 
 
 A aprendizagem é confundida com memorização de um conjunto de 
conteúdos desarticulados, conseguida através de repetição de 
exercícios sistemáticos de fixação e cópia e estimulada por reforços 
positivos: Ambientalismo. 
 
 Considera que as diferenças e dificuldades de aprendizagem não 
são superadas, uma vez que o meio não interfere no 
desenvolvimento da criança: Inatismo. 
 
 Considera que as características básicas, a personalidade, as formas 
de pensar e de conhecer já se encontram praticamente prontas no 
nascimento do sujeito: Inatismo. 
 
 O professor monta programas a partir de uma progressão de grau 
de complexidade da matéria e promove as situações propícias para 
que se processem associações entre estímulos e respostas corretas, 
pois o erro deve ser evitado: Ambientalismo. 
 
 Os processos do ensino ocorrem na medida em que a criança 
estiver “pronta”, madura para desenvolver determinada 
aprendizagem: Inatismo. 
 
 O líder situacional surge em um grupo porque traz resultados em 
um cenário especifico, desenvolvendo pessoas. 
 O líder completo traz resultados, constrói relação com clientes e 
mercado, fala a língua do acionista, é exemplo na gestão de pessoas 
e é líder de si mesmo. 
 
 A liderança pode ser trabalhada em cada pessoa, porém, algumas 
possuem as características necessárias ao exercício da liderança 
mais evoluídas do que outras. 
 
 Apriorismo ou inatismo é a denominação da corrente 
filosófica/epistemológica que muito influenciou a Educação. 
Essa abordagem defende a ideia de que: Existe ago pré-
formado no sujeito, por isso o ser humano já nasce com 
conhecimento programado em sua herança genética. 
 
Síntese da Aula 03 – Concepções de Desenvolvimento Humano e 
Aprendizagem. As Teorias Psicológicas: Inatismo e Ambientalismo 
 
Nesta aula, você: avaliou a importância das abordagens do inatismo e do 
ambientalismo, buscando relacioná-las com uma série de práticas 
pedagógicas presentes no cotidiano escolar. 
 
 
Aula 4 – Construtivismo e Sociointeracionismo 
 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 identificar a Epistemologia Genética como uma teoria que 
fundamenta os processos de construção do conhecimento; 
 analisar as contribuições das abordagens sociointeracionistas para a 
prática educativa, valorizando o papel do professor como mediador 
do processo educativo. 
 
CONHECIMENTO: 
Conforme você estudou na aula 3, o indivíduo não nasce pronto e nem é 
cópia do ambiente externo. Mas, então, como será que ele aprende? 
 
As teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygostky afirmam que o 
aprendizado ocorre por interação entre estruturas internas e contextos 
externos, em um processo contínuo de construção de conhecimento. 
Construção?!? 
Isso mesmo, o conhecimento é construído por cada um de nós e nesta 
aula você vai ficar sabendo como esse processo acontece. 
 
A epistemologia psicogenética de Jean Piaget 
 
Piaget investigou o processo de desenvolvimento da inteligência e da 
construção do conhecimento, o que chamou de teoria de Epistemologia 
Genética. 
 
Epistemologia Genética: 
 
A Epistemologia é definida como uma reflexão sobre os métodos 
empregados nas Ciências: Epistêmê (ciência) + logos (estudo). Portanto, a 
primeira preocupação de Piaget diz respeito à forma como o 
conhecimento surge no ser humano. Em segundo lugar, a Epistemologia 
Genética objetiva explicar a continuidade entre processos biológicos e 
cognitivos, sem tentar reduzir os últimos aos primeiros (por isso o uso do 
termo genético). 
 
Considera que o conhecimento não pode ser visto como centrado, a priori, 
no sujeito e nas suas estruturas mentais, visto que é resultado de uma 
construção contínua. Também não pode ser centrado no objeto, pois a 
construção do conhecimento é resultado da interação sujeito-objeto. 
 
interação sujeito-objeto: 
 
A interação está pautada na ideia de que o homem não nasce inteligente e 
também não é passivo sob a influência do meio; ele responde aos 
estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu 
próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada. 
Para Piaget, o processo de construção do conhecimento envolve três 
questões: 
 
1) o interacionismo, 
2) o construtivismo sequencial e 
3) os fatores que interferem no desenvolvimento. 
 
Saiba mais 
Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça no dia 9 de agosto de 1896 e 
faleceu em Genebra em 17 de setembro de 1980, com 83 anos. Estudou a 
evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os 
mecanismos mentaisque o indivíduo utiliza para captar o mundo. 
 
Interacionismo: Segundo Piaget, a questão central é a interação 
organismo-meio. 
 
É nessa interação que ocorrem dois aspectos fundamentais para a 
construção do conhecimento: a organização interna e a adaptação ao 
meio. 
 
Organização Interna: Forma como o sujeito, à medida que aumenta o nível 
de maturação, passa a organizar os padrões físicos ou esquemas mentais 
em sistemas mais complexos. 
 
Adaptação ao meio: Capacidade do sujeito adaptar as suas estruturas 
mentais ou comportamento para se adaptar as exigências do meio. 
 
A seguir você vai conhecer os dois procedimentos que, de acordo com 
Piaget, o ser humano adota na aquisição de novos conhecimentos: a 
assimilação e a acomodação. 
 
Na aquisição de novos conhecimentos, o ser humano passa pelos 
processos de assimilação e acomodação buscando reestabelecer um 
equilíbrio mental perturbado pelo contato com um dado incompatível 
com aquilo que conhece até então. Ele passa, então, por um processo de 
adaptação, que Piaget chamou de princípio de equilibração. 
 
Assimilação: É o processo de integração de novos conhecimentos em 
estruturas já existentes. 
 
Nesse processo, o que ocorre é uma ação do sujeito sobre os objetos que 
o rodeiam, incorporando assim a realidade aos esquemas de ação do 
indivíduo e transformando o meio para satisfazer suas necessidades. Mas, 
trata-se de um esquema concreto, ainda bruto, sem modificação dos 
processos mentais. 
 
Acomodação: É o mecanismo de reformulação das estruturas em relação 
aos novos conteúdos incorporados, é o processo de busca e ajustamento a 
condições novas e mutáveis no ambiente, de tal forma que os padrões 
comportamentais preexistentes são modificados. Na medida em que a 
acomodação implica a reestruturação dos esquemas anteriores, entende-
se que tenha ocorrido a produção ou construção da aprendizagem. 
 
Equilibração: É a adaptação decorrente do equilíbrio entre assimilação e 
acomodação. 
A partir de agora quando alguém falar que você é um sujeito 
desequilibrado, pode dizer: “Sou sim, mas na acepção de Piaget”. 
 
Ao desequilibrar, o sujeito tem muito mais chance de aprender. Assim, 
ensinar significa promover desequilíbrios e envolve a relação entre os 
esquemas de assimilação do professor, com os conteúdos que deseja 
ensinar e os esquemas de assimilação dos alunos que, por sua vez, devem 
influenciar os esquemas do professor. O ensino torna-se eficiente quando 
a argumentação do professor se aproxima dos esquemas de assimilação 
dos alunos. 
 
Construtivismo seqüencial: Piaget afirma que a construção da inteligência 
ocorre em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas 
umas às outras. 
Sensório-motor (do nascimento aos dois anos): Desenvolvimento da 
consciência do próprio corpo, diferenciado do restante do mundo físico. 
Desenvolvimento da inteligência em três estágios: reflexos de fundo 
hereditário, organização das percepções e hábitos e inteligência prática. 
 
Pré-operatório (2 a 7 anos): Desenvolvimento da linguagem com três 
consequências para a vida mental: a) socialização da ação, com trocas 
entre os indivíduos; b) desenvolvimento do pensamento, a partir do 
pensamento verbal: finalismo (porquês), animismo e artificialismo; c) 
desenvolvimento da intuição. 
 
Operações concretas (7 a 11 anos): Desenvolvimento do pensamento 
lógico sobre coisas concretas; compreensão das relações entre coisas e 
capacidade para classificar objetos; superação do egocentrismo da 
linguagem; aparecimento das noções de conservação de substância, peso 
e volume. 
 
Operações formais (11 anos em diante): Desenvolvimento da capacidade 
para construir sistemas e teorias abstratos, para formar e entender 
conceitos abstratos, como os conceitos de amor, justiça, democracia etc.; 
do pensamento concreto sobre coisas passando para o pensamento 
abstrato, “hipotético-dedutivo”, isto é, o indivíduo se torna capaz de 
chegar a conclusões a partir de hipóteses: se A é maior que B e B é maior 
que C, A é maior que C. (PILETTI, 1999). 
 
Fatores que influenciam o processo de desenvolvimento: Piaget destaca 
os seguintes fatores que influenciam o processo de desenvolvimento: 
 
maturação - crescimento biológico dos órgãos; 
 
exercitação - funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na 
formação de hábitos; 
 
aprendizagem social - aquisição de valores, linguagem, costumes e 
padrões culturais e sociais; 
 
equilibração - processo de autorregulação do organismo, que se constitui 
na busca sucessiva de reequilíbrio após cada desequilíbrio sofrido. 
 
Você conheceu as três questões que estão envolvidas no processo de 
construção do conhecimento. 
Veja a seguir quais são as implicações dessa teoria de Piaget para a 
Educação. 
Implicações educacionais da Teoria de Piaget: 
 
O construtivismo não é um método didático; é uma teoria que procurou 
compreender como os sujeitos desenvolvem a inteligência e constrói o 
conhecimento. 
 
O professor deve abordar a aprendizagem como um processo construído 
internamente, que depende do nível de desenvolvimento do sujeito e 
envolve a reorganização cognitiva. 
 
Reorganização: A inteligência não aumenta por acréscimo, mas sim por 
reorganização 
 
Uma instituição escolar fundamentada na teoria piagetiana, deve ter sua 
prática pedagógica orientada por alguns princípios básicos. 
Ação: As crianças conhecem os objetos usando-os. Um esquema é 
aplicado a vários objetos e vários esquemas são aplicados ao mesmo 
objeto. Por isso, é preciso que o aluno participe ativamente do próprio 
aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o 
estímulo à dúvida, a resolução do problema e o desenvolvimento do 
raciocínio, entre outros procedimentos. 
 
Representação: Toda atividade deve ser representada, de modo a 
permitir que a criança manifeste o seu simbolismo. 
 
Organização: É adquirida através da atividade. É fazendo a atividade que a 
criança se organiza. 
 
Professor problematizador: O professor é o desafiador da criança, ele cria 
dificuldades e problemas. Em instituições com essa fundamentação, a 
escola não é um passatempo, e sim, um espaço que permite a 
diversificação e ampliação das experiências das crianças, promovendo a 
sua autonomia. 
 
Lev Vygotsky e o desenvolvimento sócio-histórico-cultural: 
 
Vygotsky passou a ter um grande destaque no campo educacional ao 
revelar o papel da cultura e do social na formação do sujeito. 
 
Papel da cultura e do social: O referencial sócio-histórico-cultural adotado 
envolve um novo olhar sobre a relação entre sujeito e objeto, onde o 
sujeito é visto não apenas como ativo, mas como interativo como aquele 
que constitui conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e 
interpessoais. 
 
Na troca do sujeito com outros sujeitos e consigo próprio, conhecimentos, 
papéis e funções sociais são internalizados. 
 
Trata-se de um processo que caminha do plano social para o plano 
individual e vice-versa, por isso, Vygotsky é chamado de 
sociointeracionista 
 
Saiba mais: Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e pesquisador foi 
contemporâneo de Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da 
Bielorrusia em 17 de novembro de 1896, viveu na Rússia, quando morreu, 
de tuberculose, tinha 37 anos. Construiu sua teoria tendo por base o 
desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-
histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem no 
desenvolvimento do sujeito. 
 
Vamos conhecer alguns aspectos importantes do pensamento de 
Vygotsky. 
 
O processo de mediação: a importância da intervenção do professor no 
processo ensino-aprendizagem 
 
O processo de mediação: a importância da intervenção do professor no 
processo ensino-aprendizagem 
 
Instrumentos: Os instrumentos são os elementos interposto entre o 
homem e o objetode seu trabalho, ampliando as possibilidades de ação 
sobre a natureza. O instrumento é criado para uma finalidade específica, 
carregando consigo a função para a qual foi desenvolvido e o modo de 
utilização que lhe foi atribuído por meio do trabalho coletivo. O machado 
é um instrumento criado pelo homem com o objetivo de cortar. Mesmo 
que durante a história da humanidade tenham sido utilizados diferentes 
materiais para produzi-lo (pedra, cobre, ferro), a sua função foi preservada 
e transmitida a outros membros do grupo social, caracterizando um 
processo histórico-cultural. (KRETZSCHMAR JOENK, 2007, p. 4) 
 
Signos: Os signos são formas posteriores de mediação, que fazem uma 
interposição entre o sujeito e o objeto do conhecimento, entre o 
psiquismo e o mundo, podem ser definidos como elementos que 
representam ou expressam outros objetos, eventos, situações. 
Inicialmente, os signos aparecem como marcas externas, que fornecem 
um suporte concreto para a ação do homem no mundo. Aos poucos, a 
utilização de marcas externas vai se transformando em processos internos 
de mediação. Esse processo é denominado, por Vygotsky, de processo de 
internalização. Em um segundo momento, são desenvolvidos sistemas 
simbólicos que organizam os signos em estruturas complementares. Os 
signos passam a ser compartilhados pelo conjunto dos membros do grupo 
social, permitindo a comunicação entre os indivíduos e o aprimoramento 
da intervenção social. (KRETZSCHMAR JOENK, 2007, p. 5) 
 
Funções psicológicas superiores: É por meio da mediação que a criança 
vai progressivamente desenvolvendo as funções psicológicas, que podem 
ser inferiores e superiores. 
 
Inferiores: Reações diretas e imediatas a uma determinada situação, são 
de origem natural e biológica, portanto, são controladas pelo meio físico e 
social, consequentemente, são inconscientes e involuntárias. 
 
Superiores: Controle consciente do comportamento, atenção e lembrança 
voluntária, memorização ativa, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, 
capacidade de planejamento etc. 
 
A linguagem humana tem função fundamental para a mediação entre o 
sujeito e o objeto de conhecimento e para o desenvolvimento das funções 
psicológicas superiores. Além da característica mais comum – a 
comunicação –, a linguagem expressa 
o pensamento e age como organizadora e mediadora do processo de 
internalização e ação dos indivíduos. 
 
Pensamento: Para Vygotsky, existe uma estreita relação entre 
pensamento e linguagem, visto que a linguagem (verbal, gestual e escrita) 
é o principal instrumento de relação com os outros, tornando-se 
importantíssima para a constituição dos sujeitos (RIBEIRO, 2005). 
 
Você já deve ter percebido quanto é importante o papel do outro e da 
interação na teoria vygotskyana. 
 
Foi fazendo observações de como a mediação e interação podem ser 
enriquecedoras para a construção do conhecimento que Vygotsky 
identificou três estágios de desenvolvimento na criança. 
 
Interação social: Orientação de um adulto ou de um semelhante. 
 
Nível de desenvolvimento potencial: Determinado por meio da solução 
de atividades realizadas sob a orientação de uma outra pessoa mais capaz 
ou cooperação com colegas mais capazes. 
Zona de desenvolvimento proximal: Considerada como um nível 
intermediário entre o nível de desenvolvimento real e o nível de 
desenvolvimento potencial. 
 
Vygotsky (2000), define a Zona de Desenvolvimento Proximal como 
essencial no processo de mediação para construção do conhecimento. 
Nesse contexto, o professor “assume a responsabilidade de proporcionar 
situações de aprendizagem que promovam o desenvolvimento das 
potencialidades dos educandos, considerando o que ele já construiu e 
focalizando no que está emergindo” (p.113). 
 
Nível de desenvolvimento real: Determinado pela capacidade do 
indivíduo solucionar sozinho as atividades que lhe são propostas. 
 
Aprendizagem Individual: Desenvolvimento cognitivo e habilidades 
básicas. 
Implicações educacionais da Teoria de Vygotsky 
 
Para Vygotsky, a aprendizagem é um processo de reestruturação 
conceitual que ocorre a partir das conexões interativas entre os 
conhecimentos espontâneos e científicos. 
 
Conhecimentos espontâneos: O conceito espontâneo é desenvolvido 
naturalmente pela criança, fora do contexto escolar, a partir das suas 
reflexões sobre as suas experiências cotidianas. Cabe destacar que esses 
conceitos não podem ser vistos como campos separados, eles se 
relacionam em tempo integral, fazendo com que a criança internalize 
melhor os significados. 
 
Conhecimentos científicos: A construção do conceito científico ocorre na 
sistematização dos processos de ensino, nas atividades estruturadas com 
a mediação dos professores, que promovem ao aluno estruturas 
conceituais mais formais do que os construídos espontaneamente 
(SCHROEDER, 2007). 
 
Outra questão fundamental para o campo educacional, segundo a teoria 
sociointeracionista, é que o desenvolvimento se produz não apenas por 
meio da soma de experiências, mas principalmente pelas vivências das 
diferenças. 
 
O aluno aprende ao imitar, ao concordar, ao fazer oposição, ao 
estabelecer analogias, ao internalizar símbolos e significados, desde que 
tudo ocorra num ambiente social e historicamente localizado. 
 
 
 
Diferenças: 
A escola deve valorizar, sobretudo, as interações entre os diferentes. 
Sendo assim, a concepção de que salas de aula heterogêneas são 
preocupantes também se desfaz, pois interações heterogêneas implicam 
indivíduos com diferentes zonas de desenvolvimento proximal, 
interatuando uns na ZDP dos outros. O aluno menos experiente beneficia-
se dessa interação, pois o outro pode ajudá-lo em elaborações que ele não 
consegue realizar individualmente; como também o mais experiente 
beneficia-se, pois, no momento em que ele procura ajudar o outro a 
desenvolver novos conceitos, isso implica uma organização e estruturação 
de suas próprias ideias, a fim de sistematizá-las e compartilhá-las com o 
outro, reestruturando e consolidando, assim, suas antigas concepções. 
(LIMA, 2000, p. 225) 
 
 
 
 
 
 
Para concluir, vamos ver resumidamente, as principais diferenças entre 
Piaget e Vygotsky. 
 PIAGET VYGOTSKY 
Fundamento filosófico Estruturalismo Materialismo dialético 
Principais conceitos Equilibração 
Adaptação 
Assimilação 
Zona 
Desenvolvimento 
Proximal 
Mediação simbólica 
internalização 
Desenvolvimento 
cognitivo 
Desenvolvimento 
cognitivo é Individual 
e espontâneo 
Privilegia maturação 
biológica 
Mediatizado através 
do social. 
Processo de 
apropriação dinâmica 
e dialética 
Relação 
desenvolvimento-
aprendizagem 
Aprendizagem 
subordina-se ao 
desenvolvimento 
Desenvolvimento e 
aprendizagem são 
recíprocos 
Relação linguagem- 
pensamento 
Pensamento organiza 
a 
linguagem 
Linguagem organiza o 
pensamento 
Inteligência Psicogênese da 
inteligência tem base 
biológica. Explicada 
em termos de re-
equilibração 
Inteligência como 
habilidade 
para aprender e 
resolver problemas. A 
partir do social 
Escolarização Escolarização tem 
impacto reduzido no 
desenvolvimento 
intelectual 
Escolarização tem 
forte impacto no 
desenvolvimento 
intelectual 
Outros pontos Desenvolvimento tem 
sequência fixa e 
universal dos 
estágios. Construção 
a partir da interação 
sujeito-objeto. 
Não aceita visão 
universal do 
desenvolvimento. 
Interacionismo sócio-
histórico. 
Construção 
cooperativa. 
Interação sujeito-
meio-sujeito 
 
Síntese da Aula 04 – Construtivismo e Sociointeracionismo: 
Nesta aula, com base nas teorias piagetianas e vygostskyana, 
respectivamente, você: 
identificou as diferenças entre o construtivismo e o sociointeracionismo; 
ficou sabendo que Piaget privilegia a maturação biológica e Vygotsky, o 
ambiente social;aprendeu que na perspectiva piagetiana o conhecimento se dá a partir da 
ação do sujeito sobre a realidade, enquanto que para Vygotsky, esse 
mesmo sujeito não só age sobre a realidade, mas interage com ela, 
construindo seus conhecimentos a partir das relações intra e 
interpessoais. 
 
Revisão: 
- 
Operações concretas: Desenvolvimento do pensamento lógico sobre 
coisas concretas; compreensão das relações entre coisas e capacidade 
para classificar o objetos; superação do egocentrismo da linguagem; 
aparecimento das noções de conservação de substância, peso e volume. 
 
- Sensório-motor: Desenvolvimento da consciência do próprio corpo, 
diferenciado do restante do mundo físico. Desenvolvimento da 
inteligência em três estágios; reflexos de fundo hereditário, organização 
das percepções e hábitos e inteligência prática. 
- Operações formais: Desenvolvimento da capacidade para construir 
sistemas e teorias abstratos, para formar e entender conceitos abstratos; 
do pensamento concreto sobre coisas passando para o pensamento 
abstrato, “hipotético-dedutivo”, isto é, o individuo se torna capaz de 
chegar a conclusões a partir de hipóteses. 
 
- Pré-operatório: Desenvolvimento da língua com três seqüências para a 
vida mental; a) socialização da ação, com trocas entre os indivíduos; b) 
desenvolvimento do pensamento, a partir do pensamento verbal, 
finalismo (porquês), animismo e artificialismo; c) desenvolvimento da 
intuição. 
 
- Nível de desenvolvimento potencial: Determinado por meio de solução 
de atividades realizadas sob a orientação de uma outra pessoa mais capaz 
ou cooperação com colegas mais capazes. 
- 
Nível de desenvolvimento real: Determinado pela capacidade do 
individuo solucionar sozinho as atividades que lhe são propostas. 
- 
 Zona de desenvolvimento proximal: Considerada como um nível 
intermediário entre o nível de desenvolvimento real e o nível de 
desenvolvimento potencial. 
- 
 Seqüência correta, com base na teoria piagetiana. 
 Funcionamento dos esquemas e órgãos que implica a formação 
de hábitos; 
 Processo de auto-regulação interna do organismo; 
 Crescimento biológico dos órgãos; 
 Aquisição de valores, linguagens, costumes e padrões culturais e 
sociais. 
 
- Segundo Piaget, a criança nasce com um conjunto de 
mecanismos sensório-motores, os quais comportam funções e 
estruturas. As funções consistem nos modos biologicamente 
herdados de interação do indivíduo com o ambiente, e, entre elas, 
duas são básicas: a função de organização e a função de 
adaptação. Ao longo do desenvolvimento, enquanto as funções 
permanecem inalteradas, as estruturas se inserem num movimento 
ininterrupto de mudanças. Esse movimento de passagem é 
designado como processo: Equilibração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 5 –O Behaviorismo e a Educação 
 
 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
 definir e contrastar as bases filosóficas, históricas e teóricas do 
behaviorismo radical, clássico e cognitivista. 
 
Durante muito tempo, para ganhar status de ciência, a Psicologia 
acreditou que precisava atuar na área experimental. 
 
Acreditava-se que um tipo de comportamento poderia ser induzido 
quando se expunha o organismo a dois estímulos próximos, de modo que 
o indivíduo pudesse fazer a associação de que sua intervenção no meio 
havia produzido a resposta que satisfazia a sua necessidade. 
 
O exemplo mais conhecido é aquele em que um rato, colocado em uma 
caixa de experimentos, “descobre” que, se tocar em uma determinada 
barra, recebe alimento. Quer saber como ocorre o processo de 
modelagem de comportamento que faz com que o ratinho modifique suas 
ações até conseguir receber alimento? Esse é um dos assuntos que será 
abordado nesta aula. 
 
Na aula 3 falamos do ambientalismo, nesta aula iremos abordar a Teoria 
do Behaviorismo, que é decorrente daquela abordagem de 
desenvolvimento, cujo objeto de estudo é o comportamento. 
1 - Behaviorismo clássico ou metodológico, de John Broadus Watson e 
Ivan Pavlov. 
2 - Behaviorismo radical, de Burrhus Frederic Skinner. 
3 - Behaviorismo cognitivista, de Albert Bandura. 
 
Albert Bandura: Mais contemporâneo, que compreende o 
comportamento humano por um viés cognitivo e social. 
 
A seguir, falaremos de cada um desses autores, começando por John 
Watson e Ivan Pavlov. 
 
O termo behaviorismo foi inaugurado pelo americano John Watson em 
1913; para esse pesquisador, o objetivo maior era chegar a leis que 
relacionassem determinados estímulos a determinadas consequências 
comportamentais. 
 
John Watson: Watson (1878-1958) ficou reconhecido mundialmente pelo 
experimento "Little Albert", que abordava experiências com bebês 
envolvendo medo, raiva e amor, confirmando que o conjunto de sons, 
imagens e palavras que utilizamos gera sempre um elenco de respostas 
condicionadas em quem recebe a mensagem. 
 
As descobertas de Ivan Pavlov geraram fortalecimento da investigação 
empírica da relação entre o organismo e o meio. A clássica experiência 
com o cão de Pavlov, que marcou a descoberta do condicionamento 
reflexo. 
Ivan Pavlov: Pavlov (1849-1936), a partir de um experimento com cães, 
descobriu que eles não salivavam apenas ao ver comida, mas também 
quando associavam algum som ou gesto à "chegada de comida". 
 
A partir dos experimentos de Watson e Pavlov, foi possível argumentar 
que o comportamento humano é passível de mudança resultante de 
treino ou experiência. 
 
Mudança: Mas como modificar o comportamento dos sujeitos? 
Pare e pense: você já mudou as suas atitudes em decorrência de “bela 
bronca” dos seus pais ou do seu chefe? Já salivou ao ver pratos sobre a 
mesa antes da sua refeição, principalmente quando se está com fome e 
sente aquele cheirinho de comida fresquinha? Isso quer dizer que você já 
passou pelo processo de condicionamento. 
 
Para Skinner a aprendizagem por condicionamento operante apóia-se em 
respostas do tipo instrumental, ou seja, respostas emitidas a partir de um 
reforço específico, que aumenta a probabilidade de sua emissão. 
 
Condicionamento operante: O condicionamento operante é um 
mecanismo que premia uma determinada resposta de um indivíduo até 
ele ficar condicionado a associar a necessidade à ação. É o caso do rato 
que, em uma experiência, percebe que o acionamento de uma alavanca 
levará ao recebimento de água ou comida. 
 
Podemos dizer que o desenvolvimento da teoria behaviorista está 
pautado na relação entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o 
ambiente (suas estimulações). De certa forma, nós damos respostas a 
qualquer estímulo. 
 
O condicionamento operante age diferentemente do respondente, pois 
precisa de um estímulo reforçador. Em outras palavras, o 
condicionamento operante permite modelar um determinado 
comportamento pretendido através da administração dos reforços. 
 
Respostas a qualquer estímulo: Por exemplo: a contração das pupilas 
quando uma luz forte incide sobre os olhos; a salivação quando uma gota 
de limão é colocada na ponta da nossa língua; o arrepio da pele quando 
um ar frio nos atinge; ou as famosas "lágrimas de cebola". 
 
Essas respostas são o que chamamos condicionamento respondente, ou 
seja, um comportamento involuntário (reflexo); inclui as respostas que 
são eliciadas (produzidas) por modificações especiais de estímulos do 
ambiente, mas onde o sujeito não é condicionado a ter essa resposta; ela 
ocorre sempre de maneira involuntária. 
 
Na visão de Skinner, a utilização sistemática de um reforço, privando ou 
não o sujeito do mesmo, conforme um comportamento rigorosamente 
pretendido, pode gerar uma resposta desejada. 
 
Reforço: Para cada reforço teremos uma reposta desejada; para isso, é 
importante – e nisso consiste o processo da educação ou treinamento 
social – aumentar as contingências de reforço e sua frequência, utilizando-se de sistemas organizados, pragmáticos, que lançam mão de reforços a 
fim de serem obtidos certos produtos preestabelecidos, com maior ou 
menor rigor. 
 
O behaviorismo teve adesão da linha de pensamento pedagógico do 
tecnicismo, que se desenvolveu acentuadamente nos anos 1970; para ela, 
a estruturação dos meios supera a discussão das finalidades educacionais. 
A grande contribuição dos comportamentalistas para o tecnicismo foi o 
fornecimento de conceitos e métodos para converter as finalidades da 
educação em objetivos operacionais. 
 
Positivo - É aquele que, quando apresentado, atua para fortalecer o 
comportamento que o precede. O reforço positivo oferece alguma coisa 
ao organismo. 
 
Negativo - É aquele que fortalece a resposta que o remove. O reforço 
negativo permite a retirada de algo indesejável. 
 
Punição - É usada quando é preciso eliminar um comportamento muito 
inadequado e que possa trazer perigo ao próprio organismo. 
 
Extinção - É usada para a eliminação dos comportamentos indesejáveis ou 
inadequados. Assim como podemos instalar comportamentos, podemos 
"descondicionar uma resposta". 
 
Segundo Skinner, a escola não é vista como espaço de real aprendizagem, 
mas sim como agente direcionador do comportamento humano, que tem 
por finalidade moldar o sujeito para que este se “encaixe” no contexto 
sociocultural que rege uma determinada cultura. 
 
Busca-se formar um sujeito social, e não um sujeito com ideias próprias e 
com competência de desenvolver sua individualidade, suas características 
pessoais. Nessa abordagem, a ênfase da proposta de aprendizagem se 
encontra na organização/estruturação de ferramentas pedagógicas que 
direcionem os alunos pelos caminhos que deverão ser percorridos, para 
que a aprendizagem seja atingida. 
 
 O importante é transformar o conteúdo pessoal em conteúdo aceito 
socialmente. 
Para atingir os objetivos em termos comportamentais, o ensino deve 
optar por metodologias que possam determinar se o desempenho está de 
acordo com os níveis desejados, a quais condições o aluno deve 
responder, fornecendo uma ou mais formas de ensino pertinentes aos 
objetivos. 
 
Atingir os objetivos: Para isso, o professor deve ter conhecimento pleno 
dos objetivos, critérios, formas de atingi-los, assim como atividades 
alternativas para melhor atingir o proposto. Acredita-se que um conjunto 
de atividades bem organizadas pode facilitar a aquisição dos objetivos 
(lembra dos seus cadernos lotados de atividades de fixação?) 
 
A mais conhecida aplicação educacional do trabalho de Skinner é a 
instrução programada, em que a matéria deve ser apresentada 
fragmentada e seguida de uma atividade cujo acerto ou erro é 
imediatamente verificado; o estudo é individual, "mas auxiliado pelo 
professor"; sendo assim, o aluno progride em sua própria velocidade. 
 
Outra aplicabilidade educativa é a Máquina de Ensinar, que funciona 
como um professor particular, por haver constante intercâmbio entre o 
programa e o estudante. 
Intercâmbio entre o programa e o estudante: Isso não é mera semelhança, 
a Educação a 
 
Distância, que hoje lhe oferece uma gama de oportunidades, tem como 
base a abordagem behaviorista com inúmeras modificações. 
 
Atualmente, os comportamentalistas ampliaram seus estudos, atrelando à 
lógica comportamental as teorias de aprendizagem social e cognitivista. 
 
Nesse sentido, o autor Albert Bandura acredita que aprendemos 
observando os outros sujeitos, e é por meio de modelos exteriores que a 
aprendizagem é produzida. 
 
A aprendizagem social se desenvolve, ao longo de toda a vida, através do 
processo de socialização, que envolve observação, identificação e imitação 
de um modelo. 
 
Fatores ambientais: Recursos, conseqüência de ações e ambiente físico. 
 
Fatores pessoais: Crenças, expectativas, atitudes e conhecimento. 
 
Fatores comportamentais: Atos individuais, escolhas e declarações 
verbais. 
 
A aprendizagem por observação envolve os seguintes processos: atenção, 
retenção, reprodução e motivação e interesses. 
 
Atenção: Se refere à seleção daquilo a que prestamos atenção. 
 
Retenção: A informação observada é codificada, traduzida e armazenada 
no mesmo cérebro, a partir das construções verbais somos capazes de 
fazer uma repetição imagética e pratica dos procedimentos observados. 
 
Reprodução: Consiste em traduzir as concepções simbólicas do 
comportamento armazenado na memória das ações correspondentes. 
 
Motivação e Interesse: Para que um determinado comportamento 
aprendido seja executado, deve-se estar motivado para fazê-lo, o que 
pode ser alcançado através de reforços. 
 
Na teoria de Bandura são identificados três tipos de reforços: reforços 
diretos, reforços indiretos e autorreforços. 
 
Reforços diretos: O observador é reforçado a reproduzir o que observou. 
 
Reforços indiretos: O modelo é reforçado: os resultados observados no 
comportamento dos outros pode modificar nosso comportamento da 
mesma forma que os resultados obtidos da experiência direta. 
 
Autorreforços: O sujeito assume o controle dos seus próprios reforços. 
 
Curiosidade: Bandura (1973) desenvolveu experimentos que hoje são 
considerados clássicos. Um deles foi realizado com crianças na pré-escola 
e consistia na observação de um modelo adulto agressivo que atuava ao 
vivo e em um filme. Um terceiro grupo assistia a um desenho animado 
com cenas agressivas. Um quarto grupo não assistiu a nenhum filme. 
 
Os resultados da pesquisa demonstraram que, se um agressor em um 
filme é punido pelos seus atos, há uma consequente inibição de 
comportamento agressivo de quem assiste, mesmo se o comportamento 
tivesse sido aprendido. Por outro lado, quando o agressor observado não 
é punido ou é recompensado, as inibições contra a agressão diminuem e o 
observador tende a atacar, conforme aprendeu com o modelo, um alvo 
disponível. 
Fonte: BANDURA, A. Aggression: a social learning analysis. New Jersey: 
Englewood Clifs, Prentice Hall, 1973. 
 
Exemplo: As aplicações mais conhecidas de situações de aprendizado 
social são os comerciais de televisão. Os comerciais sugerem que, ao 
consumir certa bebida, ou usar uma determinada roupa, vamos nos tornar 
populares e ganhar a admiração de pessoas atraentes. Dependendo dos 
processos dos componentes envolvidos, como atenção ou motivação, 
podemos fazer um modelo do comportamento mostrado no comercial e 
comprar o produto que está sendo anunciado. A teoria do aprendizado 
social foi muito aplicada para a compreensão das desordens agressivas e 
nas análises e críticas aos jogos eletrônicos. 
 
Revisão: 
 
- Para Skinner a aprendizagem por condicionamento operante apóia-se 
em resposta do tipo instrumental, ou seja, respostas emitidas a partir de 
um reforço especifico, que aumenta a probabilidade de sua emissão. 
 
- O desenvolvimento da teoria behaviorista está pautado na relação entre 
as ações do individuo (suas respostas)e o ambiente (suas estimulações). 
De certa forma, nós damos respostas a qualquer estímulos. 
 
- O condicionamento operante é um mecanismo que premia uma 
determinada resposta de um individuo até ele ficar condicionado a 
associar a necessidade de à ação. É o caso do rato que, numa experiência, 
percebe que o acionamento de uma alavanca levará ao recebimento de 
água ou comida. 
 
- Ivan Pavlov: Suas descobertas geraram fortalecimento da investigação 
empírica da relação entre o organismo e o meio. 
 
- John Watson: Inaugurou o termo em 1913. Para esse autor, o objetivo 
maior era chegar a leis que relacionassem determinados estímulos a 
determinadas conseqüências comportamentais. 
 
- Burrhus Frederic Skinner: Abordou enfaticamente que as mudanças no 
comportamento são resultado de uma resposta individual a eventos 
(estímulos) que ocorrem no meio. 
 
- Albert Bandura: Acredito que aprendemos observando os outros sujeitos

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