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ARTIGO - HISTORIOGRAFIA GUERRA DO PARAGUAI

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Escola de Formação de Professores
Licenciatura em História
Jaime Ramos de Almeida
A GUERRA DO PARAGUAI SOB A PERSPECTIVA DOS MANUAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO (PNLD 2015 E 2018)
Brasília - DF
2018
JAIME RAMOS DE ALMEIDA
A GUERRA DO PARAGUAI SOB A PERSPECTIVA DOS MANUAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO (PNLD 2015 E 2018)
Artigo apresentado ao Centro Universitário Projeção como requisito para obtenção de certificado de conclusão do curso de Licenciatura em História. 
Professor Orientador: Me. Alécio Nunes Fernandes
Brasília - DF
2018
JAIME RAMOS DE ALMEIDA
A GUERRA DO PARAGUAI SOB A PERSPECTIVA DOS MANUAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO (PNLD 2015 E 2018)
A Comissão Examinadora
Mestre, Alécio Fernandes Nunes
Professor-Orientador
______________________________
Mestre, Moisés Lucas dos Santos
Professor-Examinador
______________________________
Brasília, 05 de dezembro de 2018
EPÍGRAFE
‘‘É preciso fé cega e pé atrás. Olho vivo, faro fino e... tanto faz... É preciso saber de tudo e esquecer de tudo: Fé cega e pé atrás.’’ Humberto Gessinger, 1993.
A GUERRA DO PARAGUAI SOB A PERSPECTIVA DOS MANUAIS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO (PNLD 2015 E 2018)
Jaime Ramos de Almeida[1: Graduando em História pelo Centro Universitário Projeção.]
Resumo: Esta pesquisa tem o propósito de analisar de forma comparativa três coleções do segundo ano do Ensino Médio que estão presentes no PNLD de 2015 e de 2018, no que se refere a um tema específico: A Guerra do Paraguai. Busca-se verificar como as edições selecionadas, a bibliografia utilizada e as vertentes historiográficas se relacionam para compor o texto do referido conteúdo. Para além das discussões acadêmicas, é preciso observar se ocorreram mudanças na interpretação e na formulação do material, que estão submetidos, sobretudo, ao autor da literatura escolar. Considerando, assim, a qualidade dos livros de acordo com as alterações nos aspectos básicos, em termos de composição gráfica, do conteúdo histórico e do fator pedagógico. 
Palavras-chave: Guerra do Paraguai. Vertentes historiográficas. Manuais didáticos. 
Introdução
	Este artigo tem o propósito de analisar comparativamente três coleções do segundo ano do Ensino Médio que estão presentes no PNLD de 2015 e de 2018, ao que se refere a um tema específico: A Guerra do Paraguai. Busca-se verificar como as edições selecionadas, a bibliografia utilizada e as vertentes historiográficas se relacionam para compor o texto do referido conteúdo. Sabe-se que existe uma lacuna considerável a respeito das discussões acadêmicas e das produções didáticas, que na maioria das vezes, precisa de adaptação textual e de uma composição gráfica que faça o aluno ter mais interesse sobre o conteúdo. A temática escolhida é apenas um exemplo de como assuntos históricos podem ter pontos de vista diferentes. Porém, quando são apresentados pelos manuais didáticos tendem a simplificação e a indução para que se acredite em uma “verdade”. Dessa forma, procura-se examinar como a literatura escolar narra a Guerra do Paraguai, observando a qualidade do material quanto ao seu conteúdo histórico, gráfico e pedagógico. 
A Guerra do Paraguai (1864-70), também conhecida como ‘‘Guerra Grande’’, na historiografia paraguaia e ‘‘Guerra da Tríplice Aliança’’ na historiografia uruguaia e argentina, foi, possivelmente, o conflito mais sangrento da América do Sul. O litígio ocorreu na região platina, principalmente por problemas fronteiriços e de formação dos Estados Nacionais. O Império do Brasil tentava manter principalmente sua província meridional (Rio Grande do Sul), a República do Uruguai encarava problemas civis e políticos, enquanto a Argentina procurava afastar a chance de um governo uruguaio que servisse como refúgio de seus inimigos, e, por fim, o Paraguai preocupava-se com o equilíbrio diplomático nessa região que interessava a navegação da nação guarani. ‘‘A Guerra do Paraguai explodiu, assim, como um desdobramento dos conflitos uruguaios e por iniciativa do Paraguai, pois nem a Argentina nem o Brasil pareciam preocupados com o Paraguai no início da década de 1860’’ (VAINFAS, 2008, p. 324).
A construção historiográfica da Guerra perpassa três versões principais, que estão submetidas aos contextos dos historiadores, as suas convicções ideológicas, e de forma recente, ao uso de documentação mais ampla que fundamenta a narrativa sobre o conflito. A primeira versão chamada de ‘‘tradicional’’ ou de memorialístico-militar-patriótica, foi construída no pós-guerra, tendo a função de enaltecer heróis e desmoralizar a imagem dos inimigos. A segunda versão intitulada revisionista data de 1960/70, em que acentuava a intervenção britânica e a economia invejável do Paraguai. A terceira teoria surge a partir da década de 1980, conhecida como recente ou neorrevisionista, respaldada em ampla documentação, explicando o confronto bélico a partir de situações singulares de cada país e dos interesses envolvidos na região platina. No decorrer do trabalho esse assunto será esmiuçado. 
O problema central indaga sobre como a Guerra do Paraguai é abordada nos manuais didáticos de História do segundo ano do Ensino Médio. Para tentar responder a esse questionamento há duas hipóteses. A primeira é a de que os autores e outros profissionais que ajudam a compor os livros didáticos fazem escolhas arbitrárias, sendo sempre necessário fazer ajustes, para isso o docente precisa complementar o material utilizado. A segunda hipótese mostra como a visão historiográfica recente pode coadunar com certos aspectos da historiografia “tradicional” e revisionista, pois boa parte dos livros mantêm essa incoerência.
O objetivo geral deste trabalho é analisar de que forma a Guerra do Paraguai é abordada nos manuais didáticos selecionados. Desdobrando-se em três objetivos específicos: Compreender as correntes historiográficas sobre a Guerra do Paraguai e suas abordagens nos manuais didáticos; examinar os manuais didáticos verificando ausências, permanências e atualizações das discussões acadêmicas sobre o conflito; comparar as abordagens dos manuais, observando se destacam a formação do Exército brasileiro e o surgimento do ‘‘sentimento nacional’’ no pós-guerra. 
Esta pesquisa coopera com as discussões acadêmicas e com as análises das produções didáticas. Contribui mostrando a relevância da Guerra do Paraguai para a formação do Brasil e também dos países beligerantes, que inclusive fazem parte hoje do Mercosul, fundado a partir do Tratado de Assunção (1991). Apesar de abordada de inúmeras maneiras, ainda assim não se esgotam as possibilidades de pesquisa, assim sendo, esse trabalho se materializa por duas motivações pessoais: A afinidade com o tema da Guerra do Paraguai e a investigação do surgimento do ‘‘sentimento nacional’’ no pós-guerra. Para José Murilo de Carvalho: 
Nenhum acontecimento político anterior tinha tido caráter tão nacional e envolvido parcelas tão grandes da população, nem a independência, nem as lutas da Regência (todas as provinciais), nem as guerras contra a Argentina em 1828 e 1852 (ambas limitadas e envolvendo poucas tropas, algumas mercenárias). No início da guerra contra o Paraguai, as primeiras vitórias despertaram autêntico entusiasmo cívico. Formaram-se batalhões patrióticos, a bandeira nacional começou a ser reproduzida nos jornais e revistas, em cenas de partida de tropas e de vitória nos campos de batalha. O hino nacional começou a ser executado, o imperador D. Pedro II foi apresentado como o líder da nação, tentando conciliar as divergências dos partidos em benefício da defesa comum (CARVALHO, 2015, p. 84).
Percebe-se então, a dimensão do conflito e suas consequências para a consolidação nacional, algo que antes era apenas um patriotismo regional. Para estudar essas implicações alguns historiadores são indispensáveis, como Francisco Doratioto, Ricardo
Salles, Vitor Izecksohn, e Júlio José Chiavenatto, ainda que numa visão revisionista, pois sua concepção ainda permanece nos manuais didáticos. As fontes primárias são três coleções presentes no PNLD de 2015 e de 2018: 1) História Geral e do Brasil – Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo, 1ª edição de 2012 e a 2ª de 2013; 2) História Global – Gilberto Cotrim, 1ª edição de 2010 e a 3ª de 2016; 3) Por Dentro da História – Pedro Santiago, Célia Cerqueira e Maria Aparecida Pontes, 3ª edição de 2013 e a 4ª de 2016. Há uma exceção nessa seleção, o livro didático Olhares da História (1ª edição de 2017), foi escrito por Cláudio Vicentino e publicado pela mesma editora que lançou o exemplar História Geral e do Brasil, mesmo com títulos e edições diferentes, o exemplar está presente no PNLD de 2018, por isso foi incluído.
Este trabalho está dividido em três momentos, contextualização das correntes historiográficas sobre a Guerra do Paraguai e suas abordagens nos manuais didáticos; verificação nas coleções escolhidas sobre ausências, permanências e atualizações das discussões acadêmicas; comparação das abordagens, observando se destacam a formação do Exército brasileiro e o surgimento do ‘‘sentimento nacional’’ no pós-guerra.
Maldita Guerra
	Disputas regionais, interesses fronteiriços e problemas domésticos dos países na Bacia do Prata, propiciaram a maior guerra da América do Sul. O número de mortos varia, principalmente paraguaios, no conflito varia e não são tão confiáveis, pois havia limitações com os censos da época. No entanto, pode-se afirmar que soldados dos quatro exércitos morreram mais de fome, doenças e exaustão física que propriamente pelos confrontos militares. A Guerra envolveu a Argentina (de Mitre), o Império do Brasil (de D. Pedro II) e Uruguai (de Flores) de um lado, e o Paraguai (de Solano López) de outro. Repercutiu na consolidação dos Estados Nacionais uruguaio e argentino, na reorganização do Exército brasileiro e, simultaneamente, no afloramento das atividades geopolíticas do Paraguai. Apesar de não ser o propósito desse trabalho pormenorizar esse acontecimento, os fatores mais relevantes precisam ser postos[2: ‘‘Esse número deve ser visto com cautela, quer porque o censo de 1870 foi realizado por um Estado desorganizado e com escassos recursos para tal tarefa, quer por não considerar pessoas ainda refugiadas nas matas ou, ademais, a grande migração de paraguaios fugindo da miséria para a Argentina e, com menor escala, para o Mato Grosso’’ (DORATIOTO, 2013, p. 282).]
	O ano era 1864, o Uruguai passava por uma guerra civil – enfrentamentos como esses eram comuns nas recentes repúblicas do Uruguai e da Argentina – entre Blancos (conservadores) que estavam no poder e os Colorados (liberais). A província rio-grandense tinha fronteira com o Uruguai – antiga província Cisplatina, que foi anexada ao território brasileiro de 1816 a 1828 – os estancieiros gaúchos compunham nesse período 10% da população da República Oriental, os quais possuíam terras, milhares de cabeças de gado e muitos escravos (a escravidão já havia sido abolida no território uruguaio). O governo uruguaio, que na ocasião era ocupado pelo partido Blanco, começará a cobrar impostos excessivos dos gaúchos que transportavam seu gado para charqueadas e que também não admitiam o uso de mão de obra escrava em seu território. Tais atitudes levaram os rio-grandenses a pressionar o Império do Brasil a tomar posição junto ao governo uruguaio. 
	O Império temia que a província do Rio Grande do Sul se separasse novamente, como já havia ocorrido (1836-45). O governo brasileiro supostamente coagido pelos gaúchos, enviou uma advertência à República Uruguaia, exigindo a revogação de todas as medidas contra os estancieiros. Entretanto, Solano López, que no ano de 1863 firmara um acordo não oficial com o Uruguai, alegando preocupações com o ‘‘equilíbrio de forças’’ na região platina (interesse no porto de Montevidéu), esperava apenas mais um sinal de intervenção brasileira para retaliar. Foi o que aconteceu, em agosto de 1864 o Exército brasileiro invade o Uruguai, e em novembro desse mesmo ano, Solano López apreende o navio mercante Marquês de Olinda, e em dezembro, soldados paraguaios invadem a província de Mato Grosso, declarando guerra contra o Império do Brasil. Os interesses englobavam também a Argentina, que fora invadida por soldados paraguaios em Corrientes, assim como lembra Átila Fertig:
Do ponto de vista do Império do Brasil era interessante evitar governos hostis a seus interesses na região e assegurar a comunicação do Sudeste com Mato Grosso e Goiás (as principais vias de ligação eram os rios da Bacia do Prata). Para a Argentina era importante estabelecer domínio sobre o antigo Vice-reino do Prata. E, quanto ao Paraguai, estratégico era ter como área de influência a referida região, pois a hegemonia no Rio da Prata permitiria a saída para o mar, imprescindível para a realização do comércio do país (FERTIG, 2010, p. 168).
	O Uruguai de Flores sujeitou-se politicamente várias vezes ao Império e as elites argentinas, situação fortalecida pelas disputas entre Blancos e Colorados, pelos estancieiros e também pela posição estratégica de Montevidéu. Os portenhos conseguiram uma liderança significativa apenas em 1862, mas ainda iria demorar a unificação completa daquele país, as elites oligárquicas disputavam o poder. Já o Paraguai estava com seu Estado unificado, ‘‘portanto, se do ponto de vista global os indicadores econômicos paraguaios apresentavam-se inferiores aos de seus vizinhos, o Estado herdado por Solano López, no início da década de 1860, apresentava uma estabilidade política invejável no cenário platino’’ (IZECKSOHN, 2002, p. 30). Isso significa que, inclusive o poderio militar era superior e mais organizado, o que dificultaria a vitória dos aliados. Sua aproximação com o caudilho Urquiza, governador de Entre Ríos, mostrava a oposição que ambos tinham a Buenos Aires.
	O Tratado da Tríplice Aliança em 1865, sacramentava um acordo militar, político e diplomático inédito entre Brasil e Argentina, havia ‘‘a existência, pela primeira vez, de interesses concretos comuns, pois ambos não viam com bons olhos os Blancos e tinham questões de fronteiras a tratar com o Paraguai’’ (DORATIOTO, 2002, p. 473). Mas essa contenda teria ainda muitas idiossincrasias, pois o exército dos aliados desconhecia a topografia paraguaia, inexistiam mapas sobre o Paraguai, desconheciam o número de habitantes e os recursos bélicos. O maior contingente de soldados da Tríplice Aliança estava no Império do Brasil, mas o exército estava desorganizado e despreparado para aquela ocasião, mesmo com a convocação dos corpos de Voluntários da Pátria, com a participação de libertos, escravos, pobres, mulheres, a duração do conflito iria mostrar a insuficiência militar brasileira e exporia um dos maiores problemas do tecido social, a escravidão. Assim como lembra José Murilo de Carvalho, ‘‘se os primeiros batalhões de voluntários eram fruto de genuíno patriotismo, à medida que a guerra se foi prolongando, o entusiasmo desapareceu, e os batalhões seguintes só tinham de voluntários o nome’’ (CARVALHO, 2015, p. 85).
	Tanto a ‘‘guerra-relâmpago’’ quanto a Batalha Naval do Riachuelo (1865), provariam que Solano López não teria a possibilidade de findar o conflito com a vitória militar, e de que o Império possuía vantagem marítima. Ainda que Caxias sugerisse a D. Pedro II terminar com a Guerra, principalmente pelo desânimo dos soldados, o Imperador negou o pedido, argumentando que ‘‘após tantos sacrifícios feitos pela população brasileira, que, desde 1866, se mostrava descontente com os rumos do conflito, não vencer o ditador paraguaio seria uma derrota’’ (DORATIOTO, 2002, p. 478). E, após várias investidas dos aliados, Solano López foi encontrado e morto, em 1870. As implicações da Guerra do Paraguai, abriram discussões internas no Império sobre a crise do sistema escravocrata, o desenvolvimento do republicanismo e o fortalecimento do Exército. Como afirma
Vítor Izecksohn:
Contrariamente às conclusões comumente aceitas, não foi a escravidão, mas a insatisfação corporativa, o principal motivo do desencanto do militar profissional com o Império. A insatisfação corporativa englobava uma série de questões, mas a escravidão era subjacente a todas elas, porque impedia a constituição de um Exército forte (IZECKSOHN, 2002, p. 157).
	Por outro lado, a Argentina foi beneficiada pelo conflito, conseguindo centralizar e consolidar o Estado, fazendeiros e comerciantes enriqueceram abastecendo o Exército e a Marinha imperiais. O Uruguai emergiu dos anos de conflito com instituições mais fortes, o Paraguai completamente derrotado perdeu os territórios que disputava, e o Brasil, mergulhou na dívida externa. Após a guerra, a Tríplice Aliança foi desfeita, a desconfiança entre argentinos e brasileiros retornou, visto que para a Argentina, o Império faria do país guarani o seu protetorado; e para o Brasil, o governo Sarmiento planejava incorporar o Paraguai. Esses países voltaram a manter relações de cooperação – ainda que com percalços – com o Tratado de Assunção (1991), conhecido como Mercosul, sendo incorporadas posteriormente outras nações.
	A historiografia é um lugar de disputas ideológicas, um espaço de confrontos, contrariedades e, muitas vezes, de seleções arbitrárias de fontes. Quando o assunto envolve militarismo o tratamento, na maioria das vezes, torna-se tendencioso, alguns pesquisadores tendem a enaltecer outras figuras para inferiorizar militares participantes do conflito, ou se valem de ativismos na escrita da narrativa. Segundo Keith Jenkins ‘‘ao fazermos isso, vemos que a história está fadada a ser problemática, pois se trata de um termo e um discurso em litígio, com diferentes significados para diferentes grupos’’ (JENKINS, 2009, p. 11). Desse modo, retornar as teorias historiográficas é sempre importante para uma análise menos passional.	Serão apresentadas três versões sobre a Guerra do Paraguai: a) memorialístico-militar-patriótica; b) revisionista; c) neorrevisionista, para mostrar as mudanças na interpretação desse acontecimento. Na visão historiográfica memorialístico-militar-patriótica há um enaltecimento principalmente a Duque de Caxias e Tamandaré, patrono do Exército e da Marinha, respectivamente. Osório, Conde d’Eu, D. Pedro II, são figuras importantes nessa perspectiva pois representam os feitos heroicos, patrióticos e da herança militar para o país, que ambicionavam gerar na população um sentimento de ‘‘parentesco’’ ou de admiração. ‘‘Como exemplo desse momento histórico, aponto obras conhecidas como as de Tasso Fragoso (1956) e Rocha Pombo (1960)’’ (SQUINELO, 2011, p. 21). Essa vertente buscava engrandecer o Exército brasileiro, os grandes homens e culpar Francisco Solano López pela invasão que iniciou a Guerra. Surgiu também o nacionalismo paraguaio, que exaltava Solano López como um bom líder, apontando o Paraguai como vítima. Essa interpretação ganhou espaço durante as ditaduras que se seguiram, com a finalidade de glorificar os chefes de Estado militares paraguaios. No Brasil, era perceptível ‘‘tanto nos cartuns como nas poesias, a lealdade à pátria aparece como superior à lealdade provincial familiar. A presença da mãe encorajando o filho é particularmente significativa. Ela reconhece a existência de outra mãe maior, a ‘‘mátria’’ (CARVALHO, 2015, p. 85).
	Na versão memorialístico-militar-patriótica (também conhecida como ‘‘tradicional’’), a história era baseada no relato de eventos bélicos e políticos de sujeitos importantes, claramente uma visão do passado para venerar a nação. A narrativa era factual e cronológica, descrevia minuciosamente as batalhas e as etapas da guerra, mostrando como a honra da nação tinha sido ultrajada pelos paraguaios. Vale ressaltar que, essa construção surge também pelos depoimentos de sobreviventes da Guerra. Márcio Rogério Cano faz uma importante ressalva:
A testemunha ocular não deixa de ter o seu ponto de vista e sua interpretação ‘‘limitada’’ sobre aquilo que presencia. Ou seja, em nenhuma circunstância conseguimos desconsiderar o sujeito que vê e narra, o momento em que faz isso e a época. Um indivíduo sempre observará o seu objeto a partir da sua subjetividade, a partir do seu ponto de vista (CANO, 2012, p. 120).
	A historiografia revisionista se opõe a visão nacionalista e saudosista dos heróis. Manifesta-se com historiadores de esquerda, nas décadas de 1960/70, que se opunham à exploração imperialista dos Estados Unidos. O historiador argentino León Pomer escreve a obra ‘‘La Guerra Del Paraguay: Gran negocio!’’ em 1968, inspirando no Brasil o jornalista Júlio José Chiavenatto, que publica o livro ‘‘Genocídio americano: A Guerra do Paraguai em 1979’’. Essa literatura explica os motivos da guerra com base no imperialismo inglês, mostrando o Paraguai como um país desenvolvido e livre da influência externa. A narrativa é mais analítica, porém escassa de fontes, por isso lembra Salles que ‘‘é importante que se diga, ao tentar desconstruir mitos criados pela historiografia precedente, a historiografia revisionista findou por criar novos mitos, como o suposto desenvolvimento paraguaio do pré-guerra.’’ (SALLES, 2017, p. 300). É importante salientar o contexto histórico em que esses autores viviam, segundo Doratioto: 
Tal teoria é resultado do momento histórico das décadas de 1960 e 1970, quando o mundo vivenciava a Guerra Fria e o Cone Sul tinha governos militares. Predominou, então, na análise da Guerra do Paraguai, uma vertente de pensamento marxista que desprezava a democracia (‘‘burguesa’’), por associá-la ao capitalismo, e tinha como referências as ditaduras ‘‘socialistas’’ (União Soviética, China e Cuba) (DORATIOTO, 2013, p. 254).
	O revisionismo, dessa forma, terá forte aceitação, fazendo parte dos livros didáticos e das explicações em sala de aula. Perpetuou-se assim, um Paraguai progressista e moderno, um líder generoso com o seu povo, mas que foi esmagado pela má Inglaterra através de seus títeres: Império do Brasil e as Repúblicas argentina e uruguaia. Sem perceber (ou percebendo), novamente o dualismo aprofundou-se na hermenêutica histórica. Chiavenatto chegou a criticar um pesquisador daquilo que ele mesmo repassou, segundo ele ‘‘o próprio George Thompson diz fartamente ao longo do seu livro que ele é covarde ou sátiro, cruel ou pérfido – tal maniqueísmo histórico formou a guerra numa luta de ‘‘mocinho’’ e bandido’’ (CHIAVENATTO, 1987, p. 69). Contraditoriamente, no capítulo seguinte ele usa o subtítulo ‘‘o leão britânico quer o mundo a seus pés’’ (CHIAVENATTO, 1987, p. 72). Em 2014, o autor publicou o livro ‘’Revisando a Revisão. Genocídio Americano. A Guerra do Paraguai’’, prosseguindo na ideia de denunciar o conflito como enorme crime do Império e de seu Exército contra um pequeno país que destoava nas américas pelo desenvolvimento econômico e social, refém do imperialismo inglês. Portanto, insiste contra os documentos, e como será possível ver, os manuais didáticos também insistem nessa explanação.
	Por fim, a historiografia sobre a Guerra do Paraguai a partir de 1980 começa a questionar a responsabilidade britânica no conflito, refutando com documentações sólidas o desenvolvimento econômico do Paraguai. Chamada de teoria recente ou neorrevisionista, apresentou uma explicação mais consistente, menos ideológica, sem desconsiderar, no entanto, a influência do capitalismo inglês. Sem oferecer uma resposta final, pesquisadores como Luiz Alberto Moniz Bandeira (1982), Ricardo Salles (1990), Francisco Doratioto (1991, 2002), Alfredo da Mota Menezes (1998-2012), Vítor Izecksohn (2002), entre outros, inclusive historiadores paraguaios como o Diego Abente (1999), apresentaram como razões para a Guerra os conflitos e interesses regionais. Reconhecendo também que ‘‘atos de desprendimento pessoal, de bravura, de covardia ou de crueldade ocorreram em ambos os lados da guerra’’ (DORATIOTO, 2002, p. 18). As adjetivações que permeiam o conteúdo do texto histórico, repassa para os manuais
didáticos um mundo dual, sem nuances, sem lacunas, prejudicando uma visita mais interrogativa sobre o passado, por isso, ‘‘um dos grandes problemas, ainda enfrentados em relação aos livros didáticos no Brasil, é que as produções acadêmicas levam demasiado tempo para refletir em suas páginas’’ (JARDIM, 2015, p.17).
	Se existem tantas concepções historiográficas, é necessário verificar se essas novas interpretações estão presentes no material escolar, e se estão, qual a qualidade textual, gráfica e pedagógica para que os alunos tenham acesso a esses conhecimentos. Assim afirma Circe Bittencourt:
Essa abordagem considera a disciplina escolar dependente do conhecimento erudito ou científico, o qual, para chegar à escola e vulgarizar-se, necessita da didática, encarregada de realizar a ‘‘transposição’’. Consequentemente, uma ‘‘boa’’ didática tem por objetivo fundamental evitar o distanciamento entre a produção científica e o que deve ser ensinado, além de criar instrumentos metodológicos para transpor o conhecimento científico para a escola da forma mais adequada possível (BITTENCOURT, 2008, p. 36). 
	O intuito principal dos manuais didáticos é ser um material de consulta, que sendo formulado por profissionais competentes tendem a dar credibilidade, na maioria das vezes, mais do que a própria internet, onde as abordagens podem ser mais superficiais. Porém, o livro didático de História do Ensino Médio tem servido quase que unicamente para o aluno se preparar para o vestibular, reproduzindo ideias imutáveis e resumidas. O formato de alguns materiais dificulta a renovação das narrativas historiográficas, visto que apesar de existir outras visões sobre um determinado assunto, na prova ‘‘cairá’’ a versão cristalizada. E, por isso, o discente não percebe a necessidade de aprofundar os temas, entendendo a História como um amontoado de acontecimentos que nada tem a ver com ele.
A Guerra do Paraguai nos manuais didáticos
O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é destinado a avaliar e a ofertar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa nacional. A convocação de editores é feita de acordo com a demanda anual para atender as etapas da educação básica das instituições públicas. Os livros didáticos são apreciados pelo MEC e pelo FNDE, selecionados e colocados nos Guias didáticos de cada disciplina para que as escolas juntamente com seus profissionais escolham as coleções. Para o que interessa a esse trabalho, foram selecionadas três coleções didáticas do segundo ano do Ensino Médio presentes tanto no PNLD de 2015 quanto no PNLD de 2018, que serão analisadas segundo o planejamento gráfico-visual e o conteúdo textual, como reitera Salles:
Reafirmamos, contudo, que o manual escolar não é somente o texto em si, mas todo o conjunto de recursos nele contidos, como fotos, imagens, mapas, exercícios e sugestões de atividades, boxes diversos e etc. Nesse sentido, a atuação desses profissionais contratados pelas editoras, e, sobretudo a utilização de empresas especializadas, devem sempre ser problematizadas. (SALLES, 2014, p. 38).
	Serão analisados os seguintes componentes: Discussão historiográfica, qualidade do conjunto textual verbal e não verbal, formação do Exército brasileiro e o surgimento do ‘‘patriotismo nacional’’ ao invés do provincianismo no pós-guerra, contrapondo edições anteriores e atualizadas dos mesmos exemplares. A coleção ‘‘História Geral e do Brasil’’, de Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo (1ª edição de 2012), editada pela Scipione, dedica apenas duas páginas para explicar a Guerra do Paraguai, supervalorizando o desenvolvimento econômico paraguaio em detrimento aos outros Estados envolvidos no conflito: 
O Paraguai do século XIX era um país que destoava do conjunto latino-americano por ter alcançado certo progresso econômico autônomo [...] erradicara-se o analfabetismo no país e haviam surgido fábricas [...] as ‘‘estâncias da pátria’’ abasteciam o consumo nacional de produtos agrícolas e garantiam à população nacional emprego e invejável padrão alimentar (VICENTINO, 2012, p. 305).
Constam apenas duas imagens, um mapa com o título ‘‘o imperialismo brasileiro do Prata’’ e o quadro da Batalha do Avaí, pintura de Pedro Américo (1872-1877), servindo como recursos visuais do texto. Os autores acentuam a prática intervencionista do Império e a ação imperialista britânica como os principais inimigos do Paraguai. O texto entra em contradição quando, em um boxe, o autor cita de modo desarticulado e raso algumas versões da Guerra: ‘‘A ideia tão difundida de que a Grã-Bretanha tinha interesse na guerra, dela participou indiretamente e com ela lucrou de maneira expressiva parece carecer de provas concretas, conforme sugere o historiador inglês Leslie Bethell’’ (VICENTINO, 2012, p. 306), mas depois os autores seguem dizendo: ‘‘a Inglaterra forneceu armas e empréstimos, ampliando seus negócios na região e acabando com a experiência peculiar da economia paraguaia’’ (VICENTINO, 2012, p. 306). Entretanto, Doratioto mostra que ‘‘o Paraguai importava produtos manufaturados e técnicos britânicos para operar a única ferrovia do país [...] e para outras construções de caráter militar (arsenal, fundição e obras de defesa)’’ (DORATIOTO, 2013, p. 254). 
Os escritores citam apenas as tendências historiográficas, não constroem diálogo, ignorando também as discussões acadêmicas recentes quando dizem que: ‘‘acredita-se que a Guerra do Paraguai tenha sido responsável pela morte de mais de 90% da população masculina paraguaia com mais de 20 anos’’ (VICENTINO, 2012, p. 306). Em seguida cita o cálculo de 40 mil brasileiros mortos, mas não põe nenhuma referência bibliográfica. Faz menção tímida numa nota de rodapé a Ronaldo Vainfas e a um livro didático paraguaio. Lembram dos ‘‘voluntários a pau e corda’’, citando escravos que foram voluntários e outros que foram obrigados a se apresentar. Para eles, a principal consequência do conflito foi o fortalecimento do exército e de seus interesses ‘‘além disso, seu poder bélico tornava-o uma organização capaz de impor suas ideias à força, caso necessário – o que acrescentou uma dose de instabilidade ao regime imperial’’ (VICENTINO, 2012, p. 307). Não falam sobre nenhum ‘‘sentimento nacional’’ nascente que possa ter havido no início da Guerra, deixando de relacionar também a reorganização do Exército com a escravidão.
	O exemplar ‘‘História Geral e do Brasil’’ em 2013 publica sua 2ª edição, dessa vez com uma página a mais que a 1ª edição, mantendo o texto praticamente inalterado, com as mesmas duas imagens (um mapa e uma pintura) de antes, os números apontados continuaram sem referências bibliográficas, porém com um componente gráfico-visual mais atrativo e organizado. Os dois autores fizeram pequenas inserções, algumas correções gramaticais, entretanto, a interpretação dos fatos continuou extremamente semelhante. Houve o acréscimo de uma citação razoavelmente longa de Francisco Doratioto: 
Contudo, como aponta o historiador Francisco Doratioto, “é equivocada a apresentação do Paraguai como um Estado onde haveria igualdade social e educação avançada. A realidade era outra e havia uma promíscua relação entre os interesses do Estado e os da família López, a qual soube se tornar a maior proprietária ‘privada’ do país enquanto esteve no poder.” Doratioto também destaca que “é fantasiosa a imagem construída por certo revisionismo histórico de que o Paraguai pré-1865 promoveu sua industrialização a partir de ‘dentro’, com seus próprios recursos, sem depender dos centros capitalistas, a ponto de supostamente tornar-se ameaça aos interesses da Inglaterra no Prata. Os projetos de infraestrutura guarani foram atendidos por bens de capital ingleses e a maioria dos especialistas estrangeiros que os implementaram era britânica (VICENTINO, 2012, p. 268). 
Posteriormente dizem: ‘‘Apesar de todas as dificuldades, o Paraguai resistiu perto de cinco anos de guerra, mostrando o grau relativamente alto de desenvolvimento e autossuficiência
que havia obtido, além do engajamento de sua população em defesa do país’’ (VICENTINO, 2013, p. 269). Curiosamente, o desenrolar do texto mostra a ambiguidade interpretativa dos autores. Novamente insere citações da historiografia recente, mantendo o restante do texto praticamente igual. Mais à frente, de forma acertada, põe um novo excerto: 
Como já vimos, a Guarda Nacional cumpria, ainda que mal, as funções normalmente destinadas ao exército. Já em janeiro de 1865, por decreto imperial, foram criados os corpos dos Voluntários da Pátria, com vantagens de soldo e gratificações para cidadãos entre 18 e 50 anos que se alistassem. Enquanto boa parte da elite – representada pela Guarda Nacional – resistia em ir para a guerra, populares engrossaram com entusiasmo as convocações, chegando rapidamente a 10 mil voluntários, total programado pelo governo (VICENTINO, 2013, p. 269). 
	Na 1ª edição os autores mencionavam apenas os ‘‘voluntários a pau e corda’’, deixando de explanar o patriotismo de muitos voluntários, que de fato foi se desgastando com a duração do conflito. Acrescentou-se um boxe sobre a participação de soldados indígenas na Guerra do Paraguai, na tentativa de inserir uma narrativa que represente as minorias: 
Pesquisas já mostraram que gente do povo, mulheres, escravos e ex-escravos também tiveram atuação marcante na Guerra do Paraguai. De todas essas minorias combatentes, a participação dos índios era menos conhecida. Hoje se sabe que eles atuaram no conflito como verdadeiros soldados, e foram considerados “bravos auxiliares” por oficiais do nosso exército. Existem muitos relatos sobre gestos heroicos de soldados indígenas que fazem jus aos elogios, como, por exemplo, o de grupos avançando de peito nu, numa demonstração de extrema coragem, para desalojar soldados paraguaios escondidos nas matas que eles tão bem conheciam. (ALMEIDA, 2008 apud VICENTINO, 2013, p. 269).
	De acordo com esse boxe, os indígenas não eram movidos por patriotismo, mas sim, pelos interesses dos grupos a que pertenciam. De fato, houve participação indígena no exército imperial, segundo Izeckson, ‘‘apesar do concurso inicial de milhares de voluntários, gradativamente as fileiras do Exército brasileiro foram sendo preenchidas por escravos-libertos, índios, criminosos comuns, migrantes rurais e pobres das cidades’’ (IZECKSOHN, 2002, p. 76). Porém, romantizou-se sim a narrativa quando disseram: ‘‘gestos heroicos, grupos avançando de peito nu, numa demonstração de extrema coragem’’, fazendo um aceno à versão memorialístico-militar-patriótico, invertendo personagens militares e adequando os heróis segundo suas concepções. Para além dessas atualizações, todo o resto permaneceu como na 1ª edição do livro.	 
	Como exposto no início deste trabalho, a coleção ‘‘Olhares da História’’ (1ª edição de 2017) foi editada pela Scipione, mesma editora da coleção ‘‘História Geral e do Brasil’’. Todavia, Gianpaolo Dorigo foi substituído por Bruno Vicentino, ficando como autores Cláudio Vicentino e Bruno Vicentino. O texto das duas coleções é muito parecido, tanto que se repetem o quadro de Pedro Américo (1872-77) e o mapa, porém com um título diferente ‘‘conflitos na região do Prata’’, esse detalhe é importante, pois nos livros anteriores o título do mapa era ‘’o imperialismo brasileiro no Prata’’. Foi colocado um quadro de Candido Lopez, o campo de Uruguaia de 1865, realizado durante a Guerra do Paraguai. Acrescentaram glossário e um boxe com o título ‘‘as causas da Guerra: Um tema polêmico’’, que apresenta algumas visões sobre o conflito, mas sem citar o contexto da produção historiográfica e as fontes bibliográficas: ‘‘fatores como a persistência da indefinição das fronteiras, a inabilidade da diplomacia paraguaia, a imposição da hegemonia regional do Brasil e da Argentina, etc., conforme apontam as pesquisas historiográficas mais recentes’’ (VICENTINO, 2017, p. 275).
	Conforme dito, a estrutura textual é bastante similar à coleção “História Geral e do Brasil”, dessa vez utilizando uma página inteira com o mesmo conteúdo para falar sobre os soldados indígenas. No entanto, há uma adição importante da teoria revisionista, segue o trecho: 
Além das mortes em combate, epidemias disseminaram-se, principalmente a de cólera, e atingiram os homens de ambos os lados. Acrescente-se ainda que os governos da Tríplice Aliança adotaram uma política genocida contra a população paraguaia. Acredita-se que a Guerra do Paraguai tenha sido responsável pela morte de mais de 90% da população masculina paraguaia com mais de 20 anos. Entre os sobreviventes predominavam idosos, crianças e mulheres (VICENTINO, 2017, p. 275). 
	A afirmação de que ocorreu uma política genocida mostra de maneira muito clara a inspiração teórica dos autores, segundo Chiavenatto ‘‘é preciso encontrar uma ‘razão justa’ para preparar o povo ao genocídio que se comete contra o Paraguai e em breve vai espantar o mundo’’ (CHIAVENATTO, 1987, p. 131). O Tratado da Tríplice Aliança (1865) ‘‘estabelecia a aliança militar contra o Paraguai, mas afirmava que a guerra era contra Francisco Solano López e não ao povo paraguaio’’ (DORATIOTO, 2002, p. 261). Nota-se que, apesar de se fazer algumas ‘’colagens historiográficas’’ soltas, para dar a impressão de discussão, isso é feito de forma ambígua e tendenciosa. 
	A coleção ‘‘História Global’’ de Gilberto Cotrim (1ª edição de 2010), editada pela Saraiva, dedicou quatro páginas para explicar a Guerra do Paraguai. Diferentemente dos três livros analisados, e de outros dois que serão examinados mais a frente, essa coleção apresenta o conteúdo de forma cuidadosa e fundamentada em diversos autores. Promove uma ‘‘mesa-redonda’’ com as três versões historiográficas: tradicional, revisionista e neorrevisionista, permitindo uma leitura mais dinâmica e reflexiva, contrapondo ideias e sempre fazendo questão de que o leitor entenda que aquela citação não é do autor do livro, mas sim de um determinado pesquisador. Os exercícios estimulam a conexão do texto com perguntas como ‘‘no texto do boxe acima, quantas interpretações distintas para a Guerra do Paraguai você consegue encontrar? Sintetize cada uma delas’’ (COTRIM, 2010, p. 281). Dessa maneira, é possível ver que o texto não está desvinculado de outros elementos que compõe a narrativa. Para o autor o estopim do conflito aconteceu por iniciativa do Império do Brasil e pela aliança político-militar de Solano López com o líder uruguaio Aguirre:
Atendendo às pressões dos fazendeiros gaúchos, o governo brasileiro fez diversas reclamações ao governo do Uruguai. Entretanto, o presidente uruguaio Atanásio Aguirre, do Partido Blanco, deu pouca atenção a essas reclamações. Isso fez com que o governo brasileiro declarasse guerra ao Uruguai, em 1864, aliando-se novamente ao Partido Colorado [...] Aguirre pediu ajuda ao presidente do Paraguai, Solano López, e os dois estabeleceram uma aliança político-militar que levaria ao início da Guerra do Paraguai. (COTRIM, 2010, p. 279).
	O texto segue dizendo que ‘‘as causas da guerra do Paraguai foram interpretadas por alguns historiadores’’, então, cita León Pomer, Francisco Doratioto, Leslie Bethell, e em um boxe separado (versões da Guerra do Paraguai) um texto razoavelmente longo de Boris Fausto, mas faz referência a ele apenas numa nota de rodapé. O autor lembra ao leitor:
Essas novas interpretações enfatizam as motivações geopolíticas específicas dos países beligerantes, como as mais importantes causas da guerra. No caso do Brasil, um dos objetivos era preservar a livre navegação pelo rio Paraguai, garantindo a comunicação marítimo-fluvial entre a província de Mato Grosso e outras áreas do Brasil (COTRIM, 2010, p. 280). 
	Em seguida, o autor vai pontuando cada visão historiográfica, quando diz sobre o número de mortos enfatiza que há divergências entre os estudos históricos que apresentem cálculos seguros, mostrando que ‘‘do lado brasileiro, segundo o historiador Francisco Doratioto, foram enviados para a guerra cerca de 139 mil homens, dos quais morreram,
aproximadamente, 50 mil’’ (COTRIM, 2010, p. 281). Quando fala sobre o número de mortos do lado paraguaio Cotrim reforça:
Do lado paraguaio, muito mais vidas foram sacrificadas. De acordo com um estudo (1999) dos historiadores Thomas Whigham e Barbara Potthast, o Paraguai tinha entre 420 mil e 450 mil habitantes antes da guerra. Essa população sofreu redução de 60% a 69% com a guerra. Na interpretação de outros historiadores, esses números parecem 
exagerados (COTRIM, 2010, p. 282).
	Por fim, salienta os efeitos internos da Guerra do Paraguai no Brasil, no que diz respeito da dívida externa e fortalecimento do exército como instituição, fazendo uma observação interessante sobre o novo papel do exército pós-guerra:
Depois da guerra, o exército viu-se fortalecido e passou a desempenhar papel político, demonstrando simpatia pela causa republicana e posicionando-se contra a escravidão no Brasil. Isso se explica, de certa forma, porque a maior parte das tropas brasileiras era composta de escravos negros e homens livres e pobres (COTRIM, 2010, p. 282).
	 Essa ressalva não havia sido feita nos outros exemplares de forma contundente, segundo Izecksohn ‘‘a visão do Exército como simples executor da vontade dos grupos dominantes, ou como ponta de lança do capital internacional, tolheu a análise das particularidades da corporação, salvo as raras exceções’’ (IZECKSOHN, 2002, p. 18). Apesar de não ter falado sobre os corpos de Voluntários da Pátria e do surgimento, ainda que incipiente, do nacionalismo no Brasil, é um livro muito sólido. 
	A 3ª edição do livro ‘‘História Global’’ foi publicada em 2016, e manteve um conteúdo textual muito semelhante à 1ª edição, sofrendo mudanças na composição gráfica, algumas correções gramaticais, tornando a narrativa mais concisa. Utilizou o mesmo mapa e o mesmo quadro de Vitor Meirelles Lima (final do século XIX) sobre a Batalha Naval do Riachuelo, acrescentando um quadro de Candido López, ‘‘Soldados paraguaios feridos, prisioneiros da batalha de Xatay’’ de 1892. No boxe ‘‘versões da Guerra do Paraguai’’ manteve o mesmo texto, porém fez citação direta ao historiador Boris Fausto. No último boxe sobre o assunto ‘‘desdobramentos da Guerra do Paraguai’’, faz uma longa citação ao historiador inglês Leslie Bethell, esses fragmentos são os mesmos da 1ª edição. A modificação mais significativa foi a inclusão de uma charge publicada em ‘‘Vida Fluminense’’ (1870), em um boxe chamado ‘‘interpretar fonte: Contradições do Segundo Reinado’’: 
O exército brasileiro que lutou na Guerra do Paraguai era formado, em grande parte, por escravos negros e homens livres pobres. Por isso, o fim da guerra e a volta dos soldados para o Brasil acirrou as disputas pela abolição da escravidão no país. A seguir, observe uma charge de Angelo Agostini sobre o assunto. (COTRIM, 2016, p. 227).
	A descrição da charge explica que o soldado negro voltara da Guerra do Paraguai e quando ia chegando, se deparou com a cena em que sua mãe era açoitada. Em seguida, uma pergunta é feita ao leitor ‘‘na sua interpretação, que contradição social foi representada nesta charge?’’. Ou seja, o autor permite e instiga a reflexão do aluno, sem apelar para adjetivações. Toda a composição textual é feita sem adjetivações. Embora tenha deixado de lado algumas questões, a 3ª edição mantém padrão de qualidade acima da média. 
	A coleção ‘‘Por Dentro da História’’ de Pedro Santiago, Célia Cerqueira e Maria Aparecida Pontes (3ª edição de 2013), publicada pela editora Escala Educacional, tem por modelo historiográfico o revisionismo e a teoria recente, porém o livro não cita nenhum autor e não faz referência às fontes. Por exemplo:
Apesar de não existirem números precisos, acredita-se que parte significativa dos paraguaios foi dizimada: algo entre 50% e 75% da população, a maior parte homens. A violência, a fome e a epidemia de cólera foram as principais responsáveis pelas vítimas. (SANTIAGO, 2013, p. 176). 
Os dados demonstram até uma certa coerência, contudo não há referência bibliográfica, tampouco nota de rodapé, o que dificulta uma possível discussão historiográfica, que por sinal, não se realiza. Conquanto nas entrelinhas tenham abordagens revisionistas e neorrevisionistas, não é possibilitado ao leitor um melhor entendimento sobre os embates historiográficos a respeito da Guerra do Paraguai.
	A abordagem é bastante superficial, não apresenta as consequências do conflito para nenhum dos países beligerantes, não explica sobre como a formação do Exército iria provocar problemas para o sistema escravocrata e para a ordem Imperial, ao menos não engrandece o desenvolvimento paraguaio. Os autores priorizaram uma narrativa mais factual e cronológica, pouco se detém nas causas da Guerra do Paraguai, apresentando o conteúdo de forma resumida. Utilizam três imagens, um desenho publicado na revista da Semana Illustrada, onde mostra mulheres voluntárias no conflito que ajudavam os feridos, supriam a alimentação e fabricavam as vestes dos soldados. Há uma fotografia com a legenda ‘‘soldados negros da Guarda de Caxias durante a Guerra do Paraguai – os africanos e seus descendentes foram alguns dos principais combatentes no conflito’’ (SANTIAGO, 2013, p. 176). Por fim, apresenta um mapa sobre o litígio. Não há menção sobre um nascente patriotismo, tampouco sobre como a Guerra se relaciona com a abolição da escravidão. O único diferencial (positivo), dentre todos os outros livros, é um boxe sobre o Mercosul, segue um trecho: 
Os países que participaram da Guerra do Paraguai – Brasil, Argentina e Uruguai – formaram o bloco econômico conhecido como Mercosul, oficializado em março de 1991 pelo Tratado de Assunção. O acordo inicial priorizada a criação de uma área de livre comércio entre os países, com a eliminação das taxas alfandegárias e das restrições de importação de produtos. (SANTIAGO, 2013, p. 177).
	Por fim, a 4ª edição de 2016 da coleção ‘‘Por Dentro da História’’ conserva o conteúdo textual intacto, utilizando as mesmas imagens, porém com destaques diferentes e uma pequena alteração no boxe sobre o Mercosul. O desenho publicado na revista Semana Illustrada sobre as mulheres como voluntárias da pátria ganhou uma página inteira sobre essa participação, segue o trecho:
Com raras exceções, essas figuras femininas foram esquecidas pela história. Suas vidas dissolveram-se na vida dos homens, os guerreiros armados e seus grandes comandantes que ocupam o centro da cena. Às mulheres restam as entrelinhas, um espaço casual nas narrativas das grandes batalhas. Mas nem tudo se perdeu. (SANTIAGO, 2016, p. 213).
	Os autores demonstram assim, que existem novas evidências documentais, como ordens do dia, cartas, diários. E a única referência bibliográfica de fundamento historiográfico está no final do texto dedicado às mulheres, com o título ‘‘as mulheres vão à guerra’’. Segundo Salles, ‘‘muito comuns eram as ofertas de senhoras e costureiras para confeccionar gratuitamente fardas para os que seguiam para a guerra’’ (SALLES, 1990, p. 99). No boxe sobre o Mercosul, houve uma pequena alteração: 
Em 2005, o governo da Venezuela iniciou processo de adesão ao Mercosul como membro pleno do bloco, o que se efetivou em 2012. Em 2013, Guiana e Suriname foram admitidos como Estados associados do bloco [...] especialistas afirmam ser ainda necessário um longo caminho para se obter uma integração maior entre os países (SANTIAGO, 2016, p. 215).
Ainda que tenham feito essas irrisórias modificações, os autores insistiram em não mencionar historiadores e as produções historiográficas acerca do tema, deixando assim, uma contribuição rasa sobre a Guerra do Paraguai, um assunto tão caro à formação do Brasil.
A lacuna entre as discussões acadêmicas e os livros didáticos
	Nota-se que em todos os livros há resquícios da corrente revisionista. No entanto, a coleção ‘‘História Global’’ de Gilberto Cotrim, apresenta um distanciamento maior dessa ‘‘sobrevivência’’ interpretativa. Nenhum livro faz indicação de filme, documentário ou leitura complementar
sobre o tema. A coleção ‘‘História Geral e do Brasil’’ é a única que descreve mais detalhadamente sobre os corpos de Voluntários da Pátria, mas mantem muitos erros. Na questão do conteúdo histórico, o exemplar ‘‘Por Dentro da História’’ foi o mais incoerente, citando um suposto genocídio dos aliados. O fator gráfico-visual foi melhorando a medida que novas edições foram publicadas (principalmente por outros profissionais atuarem na elaboração dos livros didáticos), deixando o conteúdo mais chamativo. Na questão pedagógica, os autores falham na articulação imagens e texto, as imagens são mostradas apenas como um anexo, dificultando a familiaridade que o aluno deve ter com a leitura de diversos tipos de fontes. Alcançar o padrão ideal é impossível, como bem lembra Circe Bittencourt:
As críticas em relação aos livros didáticos apontam para muitas de suas deficiências de conteúdo, suas lacunas e erros conceituais ou informativos. No entanto, o problema de tais análises reside na concepção de que seja possível existir um livro didático ideal, uma obra capaz de solucionar todos os problemas do ensino, um substituto do trabalho do professor (BITTENCOURT, 2009, p. 300).
	Algumas concepções continuam arraigadas nos manuais didáticos, a figura do Exército opressor, a afirmação de que não existiu patriotismo e de que todos os voluntários tenham sido coagidos. As citações desconexas feitas nos manuais didáticos sobre a teoria recente, mantendo um texto majoritariamente revisionista, mostra a ausência de diálogo entre as teorias interpretativas e a permanência de argumentos ultrapassados como o imperialismo britânico, o Paraguai desenvolvido sem o auxílio de outros países, ou até mesmo a afirmação de uma política militar genocida por parte dos aliados. Essas permanências apenas fazem a manutenção de ideias sem fundamento documental, seguindo uma agenda do vestibular, da prova, do teste, e não um compromisso com a ciência histórica que é investigativa. Se a versão tradicional – aquela que enaltece os heróis militares e desmoraliza os adversários – ficou obsoleta, alguns escritores também buscam enaltecer as minorias indígenas, mulheres, negros escravizados e depreciar a figura militar colocando-a sempre como opressora da população e culpada pela Guerra. O receio é de que, ao se falar dos erros que o Paraguai tenha cometido (inclusive o de racismo contra soldados brasileiros), isso ameniza as práticas violentas dos outros países conflitantes. Vítor Izecksohn lembra ainda outros aspectos que os autores ignoram: 
Pouco, é dito, por exemplo, sobre as dimensões patrióticas da mobilização na sociedade, ou mesmo como esta Guerra afetou a vida cotidiana de parcelas significativas da população incorporadas ao Exército através do recrutamento. Menos ainda, são mencionadas as relações conflituosas entre os militares e o sistema político que os comandava durante as etapas mais difíceis desta Guerra (IZECKSOHN, 2002, p. 20).
Os manuais didáticos não são inimigos
	Como era a proposta do trabalho, foi possível verificar e analisar nas coleções que a Guerra do Paraguai é tratada ainda com erros, e que a ação do docente precisa ser de complementaridade e reflexão. Pôde-se compreender as correntes historiográficas que versam sobre o conflito e suas abordagens nos manuais didáticos. Por fim, os livros foram examinados, mostrando permanências, ausências e atualizações com articulações por vezes incoerentes, coadunando caraterísticas da historiografia tradicional, revisionista e da teoria mais recente. Nos livros didáticos pouco foi dito sobre a formação do Exército brasileiro e o patriotismo nascente no pós-guerra, o que dificulta o entendimento sobre a transição política (Império/República) e a mudança social vivida no país naquele período. 
A análise bibliográfica, assim como das produções de materiais didáticos, contribui para a percepção da tendência historiográfica predominante, indicando o nível de atualização dos livros. Há caminhos ainda a serem percorridos e os professores precisam ter uma ação pedagógica crítica diante do livro didático, pois na maioria das vezes é o único recurso em sala de aula. Essa pesquisa não oferece um ponto final na análise entre a discussão historiográfica e a produção de livros didáticos, pelo contrário, abre possibilidades para que outros trabalhos sejam realizados para melhorar a relação entre pesquisa e ensino.
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