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A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA COMO ALICERCE PARA A SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

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A PRÁTICA PSICOPEDAGÓGICA COMO ALICERCE PARA A SUPERAÇÃO DAS
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM1
LEILIANA CABRAL DE OLIVEIRA CRUVINEL2
“Nada é fixo para aquele que alternadamente pensa e sonha.”
Bachelard
RESUMO: Esse artigo tem como objetivo apresentar aos profissionais da psicopedagogia as
possibilidades de um trabalho psicopedagógico direcionado a desenvolver a competência e
habilidade dos alunos, visto que os mesmos trazem consigo um desejo inerente do ser
humano, que é aprender e dialogar.
PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogo. Prevenção. Diagnóstico. Devolutiva.
ABSTRACT: This article has as objective to present to the professionals of the
psicopedagogia the possibilities of a psicopedagógico work directed to develop the ability and
ability of the pupils, since the same ones bring obtain an inherent desire of the human being,
that is to learn and to dialogue.
KEYWORS: Psicopedagogo. Prevention. Diagnosis. Returnable.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de auxiliar profissio nais que atuam
na área da psicopedagogia a desmitificarem os problemas de aprendizagem através da
psicopedagogia, desenvolvendo um olhar , uma escuta para cada sujeito de forma única,
possibilitando-se encontrar ferramentas de trabalho nas funções c omo um psicopedagogo.
1
 Artigo elaborado com o intuito de conclusão do curso de Especialização em Psicopedagogia pelo Instituto
Educacional Pinheiros, no ano de 2009, sendo or ientado pelas Prof. Ms. Emília Borges e Ms. Andréa Kochhann.
2
 Normalista formada pela Faculdade Montes Belos, professora da Educação Básica na rede pública estadual e
particular em Paraúna. Contatos: (64) 3556 1745 E-mail: leilianacruvinel@hotmail.com
2
Durante as leituras, os trabalhos, estágios e os estudos realiz ados, no decorrer do curso
da psicopedagogia, sentiu-se grande necessidade de abordar e compreender a função, a
competência e a habilidade na atuação como profissional da psicoped agogia, tendo como
objetivo principal utilizar os conhecimentos para desenvolver um novo saber a respeito da
singularidade dos alunos enquanto sujeito construtor do conhecimento.
Assim, a proposta deste estudo é de compreender que o sujeito é um ser humano único
que traz consigo uma constituição, o organismo o corpo, a est rutura cognitiva e a estrutura
simbólica. A psicopedagogia possui característica a ambigüidade tanto da palavra como ao
que se reporta. sistematiza um corpo teórico, definindo seu objeto d e estudo e delimitando seu
campo de atuação
Lançando um olhar psicopedagógico para a contribuição como psicopedagogo na
aprendizagem, foi elaborado um discurso sobre constituição o momento da constituição na
psicopedagogia em nosso pais, desde seu surgimento até os dias atuais, bem como a influência
do psicopedagogo no processo ensino -aprendizagem.
A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: uma análise importante para a compreensão do
processo ensino-aprendizagem
A Psicopedagogia é uma área de atuação profissional que , busca da identidade e que
requer uma formação de nível interdisciplinar, o que já é sugerido no próprio termo
Psicopedagogia, ou seja, a psicopedagogia refere-se a um saber existencial, às condições
subjetivas e relacionais, especialmente à família e à escola.
Dessa forma, o conhecimento psicopedagógico avalia as possibilidades do sujeito, sua
disponibilidade afetiva de saber, ser e de fazer, reconhecendo que esse saber é inerente ao
saber humano e aprofundando conhecimento que lhe contribu i aprendizagem e também, em
nível mais amplo, na melhoria da qualidade de ensino.
A Psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem nos setores psicopedagó gicos
transformando a realidade escolar, vivencia ndo momentos históricos atuai s em busca de
adequar a escola às demandas da sociedade, incentivando a implantação de projetos que
3
estimulem a autonomia de professores, alunos; bem como o trabalho do psicopedagogo na
instituição escolar enquanto prevenção e socialização dos conhecimentos.
A psicopedagogia visa trabalhar com a aprendizagem humana. O tema aprendizagem
é bastante complexo e é de grande importância lembrar que a concepção do termo é resultado
de uma visão de homem e, em razão disso, acontece a práxis psicopedagógica. Tem por objeto
de estudo as características da aprendizagem humana, principalmente o aprendizado, bem
como o tratamento e prevenção das dificuldades na aprendizagem.
No tocante a prevenção ou ao tratamento das dificuldades de aprendizagem, é
possível alegar que o psicopedagogo pode atuar de maneira preventiva ou curativa. Como
preventiva esta se apresenta com o compromisso de evitar dificuldade de aprendizagem, ou
seja, ensinar e aprender.
Já no tocante a forma de atuação curativa é conduzir um método que favorece a
readaptação pedagógica do sujeito, uma vez que auxilia rá o mesmo a adquirir conhecimento,
desenvolvendo a sua personalidade enfatiza ndo a relação que ele possa ter com a
aprendizagem.
A psicopedagogia tem como área de atuação a clínica e as instituições como os
hospitais, as empresas e as escolas. Na clínica, acontece a relação do sujeito com sua história
pessoal e o tipo de aprendizagem. Na prevenção são avaliados os procedimen tos que
interferem no processo de aprendizagem, onde há a participação bi ológica – afetiva –
intelectual.
Na psicopedagogia institucional o sujeito são os envolvidos com a instituição e sua
complexa rede de relações. O psicopedagogo trabalha na construção de conhecimento do
sujeito que, neste caso, é a instituição, com sua filosofia, valores e ideologia. Enquanto
institucional a psicopedagogia pode manifestar suas contribuições nas empresas, hospitais e
escolas. Neste momento será enfocado a instituição esc olar.
Na instituição escolar o trabalho psicopedagógico deve ser pensado no campo da
socialização de conhecimentos disponíveis, na promoção do desenvolvimento cognitivo e na
construção de regras de conduta, num projeto social mais amplo. A escola, vista co mo
agregadora dos sujeitos, é também participante do processo de aprendizagem , sendo estes as
preocupações dos psicopedagogos na ação preventiva e até mesmo na ação curativa .
4
O psicopedagogo tem que distinguir as teorias que lhe permitam conhecer de que
modo se dá a aprendizagem, o que é ensinar e aprender. Essa sabedoria se estabelece através
da prática clínica, da constituição teórica e do tratamento psicopedagógico -didático. E para
isso, uma reflexão sobre as origens teóricas é fundamental.
Ao realizar trabalho de clínica e de prevenção, o profissional deve ter como base um
referencial teórico. Como prevenção, deve detectar possíveis perturbações na aprendizagem,
participar ativamente do grupo educativo e desempenhar orientação individual e em grupo,
fazendo com que a criança encare a escola de hoje, ampliando sua personalidade, favorecendo
iniciativas pessoais, respeitando interesses e sugerindo atividades.
No trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo utiliza diagnósticos para
compreender a falha na aprendizagem. Por este motivo, a psicopedagogia possui um caráter
clínico e seu campo de atuação refere -se ao espaço físico e epistemológico. A forma de
abordar o objeto de estudo assume características próprias, dependendo da modalidade clínica,
preventiva e teórica, interagindo-se.
O trabalho psicopedagógico implica na compreensão da situação de aprendizagem do
sujeito, o que requer uma modalidade particular de ação para cada caso no que diz respeito à
abordagem, tratamento e forma de atuação. Assim, o t rabalho adquire um desenho clínico
próprio e o psicopedagogo deve buscar o significado de informações que lhe permitirá dar
sentido ao sujeito observado, objetivando a aprendizagem do conteúdo escolar e trabalhando a
abordagem preventiva.
Para isso, o psicopedagogo deve tomar uma atitude de investigador e interventor.
Existe várias formas de intervenção do psicopedagogo tanto na clínicaquanto na
instituicional. Uma das formas é o diagnóstico. Por meio deste o psicopedagogo poderá obter
informações que serão analisadas, podendo assim escolher as melhores formas de tratamento e
proporcionar um processo de apre ndizagem ao aluno.
Assim, ressalta-se que a psicopedagogia no Brasil analisa o processo de
aprendizagem e suas dificuldades e, de forma profissional, engloba campo de conhecimento.
Na questão da formação, acentua o caráter interdisciplinar. De acordo com Visca (apud
BOSSA, 2000, p. 21)
5
[...]a psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da medicina e da
psicologia, perfilando - se posteriormente com um conhecimento independente e
complementar possuída de um objeto, denominado de processo de aprendizagem, e
de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios .
Como já citado o tratamento psicopedagógico visa eliminar sintomas. Deste modo , a
relação do psicopedagogo com seu paciente tê m como objetivo solucionar os efeitos nocivos
do sintoma para, após, dedicar -se a garantir os recursos cognitivos. Pressões internas e
externas podem conduzir o profissional a desviar-se de seu propósito esquecendo-se de
trabalhar o sujeito de modo que ele atinja situação de autonomia frente ao processo de
aprendizagem.
Assim, pode-se dizer que os sintomas podem diminuir ou aumentar dependendo da
forma que se estabelecem os vínculos, sejam com o psicopedagogo, com a família, colegas,
professores e toda a sociedade em geral. Pois, as contribuições são baseadas na concepção
histórica, cultural, social e na compreensão, do objeto e suas ações.
Pode-se afirmar que não será nenhuma abordagem da ciência psicológica q ue
complementa todos os anseios e necessidade s do sujeito. Mas sim um saber psicopedagógico
oriundo da psicopedagogia, que precisa ser considerado como uma influê ncia para detectar a
dificuldade que leva o sujeito a não aprender. Na visão de Piaget (apud ANDRADE, 2002, p.
62)
Piaget refere-se a um sistema cognitivo interno biológico , mas não hereditário
constituído enquanto uma totalidade. Esse sistema é composto por um conjunto de
estrutura que supõe um conjunto de elementos que se relacionam de uma maneir a
estável, móvel e auto-regulada, isto é dessa relação não resultam elementos
estranhos ao conjunto, essa relação é constante e uma estrutura não precisa de outra
para regulá-la. Mas sim, uma estrutura, segundo Piaget, é composta por conjunto de
esquemas, que são mapas de ação, por meio do qual o sujeito assimila o objeto às
suas estruturas.
A psicopedagogia iniciou-se através da pedagogia. Mas é na filosofia, neurologia,
sociologia, lingüística e psicanálise que ela encontra a compreensão deste processo. Essas
áreas fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico ,
caracterizando-se principalmente por uma área de confluência do psicológico e do
educacional.
Entretando, ela surgiu na Europa no final do século XIX e no inicio do século XX,
pelos teóricos franceses Janine Mery e George Mauco os quais ap ontaram as articulações
6
teóricas. Após surge na Argentina, em meados do século XX, sendo que a cidade de Buenos
Aires sediou a primeira faculdade de psicopedagogia. Neste período pode-se destacar a ênfase
na formação filosófica e psicológica, tendo influência da psicologia experimental e da
inclusão das disciplinas clínicas na formação do psicopedagogo, durante a graduação.
Equipes de psicopedagogos faziam diagnóstico s e tratamentos em centros de saúde
mental, com resultados no campo da aprendizagem, mas com o aparecimento de graves
distúrbios de personalidade, advém uma mudança na abordagem psicopedagógica, realçando a
atuação nas áreas de educação e saúde. A psicopedagogia foi introduzida no Brasil baseada
nos modelos de atuação e concepção de problemas de aprendizagem que se inicia a partir de
1970, os cursos de formação eram em Porto Alegre os quais tinham a duração de dois anos.
A formação do psicopedagogo é indício para a formaçã o da identidade deste
profissional. Deste modo, regulamentar a profissão de psicopedagogo efetivaria sua existência
e seu reconhecimento, com base em leis. Questões como tipo de curso, formação e
conhecimento prévio, criação de órgãos de classe, espaço ocu pado pela psicopedagogia, entre
outros, proporcionaria base para este reconhecimento e delimitaria a atuação da
psicopedagogia clínica, institucional e a participação em pesquisa científica.
Perante a regulamentação a Psicopedagogia ainda não está reconhec ida como
profissão, mas, têm seu código de ética e uma associação em ação. A ABPp continua lutando
para a regulamentação da profissão e da criação de Conselhos Federa is e Regionais de
Psicopedagogia, através da aprovação do Projeto de Lei nº 3.124/97, onde constam as
justificativas para o reconhecimento destes profissionais, considerando três aspectos: os
conhecimentos necessários para uma prática consistente – objeto de estudo da psicopedagogia;
a formação que os habilita a exercer a profissão e as condições para uma prática consistente.
Mesmo tendo a Deputada Raquel Teixeira ter conseguido uma aprovação sobre o
reconhecimento deste profissional, ainda há muito que lutar.
Segundo Mendes (1998, p. 44)
Em meio a deste processo do surgimento dos cursos, há qu e se destacar o papel da
Associação Brasileira do Psicopedagogia, constituída em 1980 sob a denominação
de associação dos psicopedagogos de São Paulo, graças à iniciativa de um grupo
profissionais formados pelo curso da sedes [ ....] O pioneirismo destas pessoas
estava fundamentado um discurso daqueles que ao se apropriarem de um função
teórica, embasavam sua pratica em referencial ( a partir de então) denominado
psicopedagogo.
7
Contudo o psicopedagogo é o profissional o qual está capacitado para lidar com a
dificuldade de aprendizagem, podendo atuar em suas áreas com ética, responsabilidade
conquistando o carisma e confiança para não expor suas opiniões e emoções registradas nos
trabalhos executados durante as sessões.
A INFLUÊNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM
Baseado no conceito da psicopedagogia e na função do psicopedagogo permite
observar a importância de buscar sabedoria e teoria o qual estabelece a pr ática clínica, estudo
do sujeito e processo de aprendizagem e seu desenvolvimento perante múltiplos fatores que
interferem para que um aprendiz tenha sucesso.
Os psicopedagogos, na função de educador, ou seja, todos aqueles que são
responsáveis na formação de outro ser humano, tê m um olhar clínico para complexidade da
dimensão do processo de aprendizagem podendo levar o sujeito a posição e condições às
mudanças em sua dificuldade.
Nesse sentido, Bossa (1994, p.06) diz que
Penso que a psicopedagogia com área aplicação, antecede status de área de estudos,
o qual tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu objeto de
estudo, demiliar, seu campo de atuação, e para isso recorrer à psicologia,
psicanálise, lingüística, fonoaudiólogo, medicina, pedagogia.
Os psicopedagogos são profissionais preparados p ara estar diante do sujeito com
intuito de interagir com o objeto de conhecimento. É na prevenção que o psicopedagogo pode
avaliar os processos e os procedimentos que interferem no processo de aprendizagem, onde
ocorre uma relação com o sujeito estudado e sua história de vida e a participação biológica –
afetiva – intelectual.
Uma vez que a preocupação está voltada para uma compreensão que leva em conta a
multiciplicidade e a complexidade dos fatores envolvidos considera ndos os aspectos
8
psicológicos, cognitivos de natureza psico lingüística, culturais, e sociais implicadas nos
quadros das dificuldades apresentas na aprendizagem. Cabe ao psicopedadogogo buscar
parcerias com outros profissionais e sabedoria p ara compreender os obstáculos existentes.
Assim poderá ser possível a intervenção promovendo a dissolução. Contudopode
ressaltar que o psicopedagogo tem uma visão holística epistêmica, ou seja, é capaz de
compreender um sujeito cognoscente. Segundo Rubinstein (1993, p. 38) a “[...] intervenção
psicopedagógica pode, também propiciar ao aprendiz experiências que adota uma ‘ pendura’
postura esta usada pelo artista que ao distanciar - se da obra pode recupera-lá.”.
Uma das funções do psicopedagogo é definir e caracterizar seu trabalho de forma
dinâmica levando em consideração o proc esso ensino/aprendizagem, portanto a meta é poder
ajudar aquele que por diferentes razões não pode nem consegue aprende r formal ou informal.
Uma vez que o psicopedagogo pode trabalhar por meio da intervenção, ou seja, ultrapassar a
reeducação, considerando o dinamismo da psicopedagogia , justificando as propostas de
trabalho mediando a relação terapêutica, as escolhas das propostas ou instrumentos
diagnósticos serão de forma que dependerá de cada situ ação do sujeito sem atendida que
provocarão as mudanças pretendidas.
No entanto esses processos são de f orma modificada na construção conceitual,
direcionada para a objetividade, também voltado para o plano da subjetividade, ou seja,
relacional, que tem a ver com a posição em que o sujeito se coloca diante da rea lidade interna
e externa. O psicopedagogo em seu processo interventivo precisa desenvolver um estilo
interrogativo que possa indicar ao sujeito um caminho, mediado para poder inici ar na
habilidade de questionar e perguntar, para conhecer a realidade. Visto que o estilo
interrogatório utilizado na mediação beneficia o processo da construção conceitual , na visão
de Betran (1993).
Como já dito o psicopedagogo pode atuar nas escolas, empresas, hospitais, ou seja,
institucional e clínica. Ora, na clínica a prática psicopedagógica apresenta um olhar clínico,
observador, os quais dão condições as pesquisas que podem produzir a aprendizagem,
identificando os obstáculos e os elementos facilitadores para conceder uma abordagem
preventiva e curativa, ou seja, atitudes de investigação e intervenção.
9
Segundo Bossa (2000) a psicopedagogia preventiva se baseia principalmente na
observação e análise profunda de uma situação concreta, de forma que podemos considerar
clinico o seu trabalho.
Enquanto a atuação do psicopedagogo na instituição seja nas empresas, hospitais,
creches, escolas ou organizações assistenciais manifesta um sistema particular onde o sujeito é
visto como a instituição, como rede de relações e cabe ao psicopedagogo em sua função
caracterizar-se com sua filosofia, valores e ideologia para construção do conhecimento e
percepção sobre o processo de aprendizagem. Com isso pode -se reafirmar que o objeto de
estudo para psicopedagogo é o processo de aprendizagem humana.
Na visão de Gasparin (1999) toda queixa constitui um sintoma, a função então da
Psicopedagogia na clínica é investigar a que ixa. Sendo necessário trabalhar com a pessoa do
profissional que está atuando com indivíduos que não estão conseguindo aprender, os quais
estão com dificuldades de aprender. Assim, a atuação do psicopedagogo não se resume em
analisar matrizes curriculares e planejamentos, mas, trabalhar com a pessoa deste profissional
em ativa relação com o seu saber adquirido no decorrer da sua v ida, dando significado a sua
prática pedagógica.
Ressalta-se que o psicopedagogo tem um comprom isso com a prevenção e
minimização dos obstáculos e fracasso do sujeito na aprendizagem. Isto significa que o
psicopedagogo precisa cada vez mais envolver-se no processo de aprendizagem, ou seja, ter
um olhar específico para cada sujeito de aprendizagem .
E para isso faz-se necessário buscar correntes teóricas para que possa ter inúmeras
práticas psicopedagógicas, resultando em metodologias diferenciadas, recursos, para
desenvolver em seu trabalho, bem como domínio e conhecimento d a psicologia clínica e
psicanalítica, que aponta os conteúdos inconscientes e de origem na dinâmica familiar na
explicação dos problemas de aprendizagem.
Uma vez faz necessário o domínio também das teorias como o Behaviorismo – que se
entende a aprendizagem como oriunda das contingências do meio externo através do
condicionamento. Bem como a Psicrométrica que aponta uma orientação baseada nos testes
(psicológicos). Assim como a Piagetiana que aponta e explica o processo da aquisição do
conhecimento, considerando o aprendiz como um ser cognoscente.
10
Outra corrente teórica importante é a Epistemologia que aponta as propostas teóricas
de Jorge Visca, a qual se encontra alicerçada na psicanálise, na psicogênese de Piaget e na
psicologia social, principalmente em Bleger e Riviére, além de se endereçarem nos estágios de
desenvolvimento piagetianos no diagnóstico dos problemas de aprendizagem, também
identificam as origens emocionais e de vínculos afetivos e sociais existentes nas inter -relações
dos processos ensino- aprendizagem.
Todavia, é fundamental que o psicopedagogo bus que suportes teóricos das ciências
psicológicas, com fortes linhas piagetianas e da epistemologia convergente, persistindo na
compreensão do sujeito de forma genérica e psicologizante.
A identidade da psicopedagogia está ou deve ser buscada ou encontrada no seu próprio
nome. Nesse sentido, toda vez que um profissional da pedagogia realiza esta ação lev ando
encontra aspectos psicológicos nela envolvidos comporta-se como um psicopedagogo. Por
outro lado, toda vez que um profissional da psicopedagogia realiza esta ação levando em conta
aspectos pedagógicos nela envolvidos, comporta-se como um psicopedagogo, conforme
afirma Scoz (1992).
Então, os psicopedagogos são adeptos de uma linha que tem uma abordagem de uma
psicologia mais voltada para psimotricidade, ou seja, corporal, isto é resultado de uma
metodologia diferenciada, a qual o psicopedagogo busca uma corrente teórica para sua pratica
pedagógica a qual se indetifica mais.
Para ser um psicopedagogo requer grande habilidade técnica e criatividade, objetivo
em sua atuação, uma das grandes habilidades desse profissional é o diagnóstico que é um
processo de investigação, sua meta f undamental para a investigação para entender a
constituição da dificuldade de aprendizagem, durante o processo do diagnostico deverá
ocorrer vários níveis e com os diferentes participantes do processo investigatório: a família, a
escola, e o cliente.
Uma das características do diagnóstico é como interventivo, entendendo que poderão
ocorrer mudanças durante o processo, sendo assim durante ou após , os diagnósticos serão
construídos um conhecimento de uma compreensão a respeito do processo de aprendizagem.
Com conseqüência advirá maior clareza a respeito dos objetivos a serem alcançados durante o
tratamento.
11
O psicopedagogo tem como meta esclarecer a respeito das dificuldades especificas
indicando a relação entre os aspectos da aprendizagem seja ela: ortográfica, linguagem escrita,
biológica, emocional, cognitiva.
Conceituando aprendizagem para construção do diagn óstico o qual é de caráter
investigatório, interventivo e cont ínuo, é fundamental na psicometria clássica testes -
aprendizagem, teste, onde se aprendeu: a calcular o potencial de aprendizagem do sujeito em
razão das novas aquisições que faz durante o processo.
O diagnóstico pedagógico é instrumento formalizado, o qual foi criado para ser um
protocolo de aplicação e correção , no intuito de diagnosticar as causas psicopedagógicas de
forma simples, com a meta de investigar o cotidiano do sujeito como se comporta diante do
objeto de conhecimento.
Alguns instrumentos realizados no diagnóstico são as entrevistas, fotografias do sujeito
ao longo da vida, realização de desenhos, aplicação de provas pedagógicas, elaboração de
instrumentos específicos para aquele sujeito em função do tipo de problema que ele vem
apresentando. Assim, o psicopedagogo preocupa em aperfeiçoar as técnicas de diagnósticos,
mediante a intervençãosistemática do meio sócio – econômico, do ambiente familiar, do nível
de adaptação do aluno ou sujeito.
O objetivo do diagnóstico é então estabelecer as causas qu e provocam as determinadas
queixas da dificuldade de aprendizagem . Ou seja, para um diagnóstico bem sucedido e eficaz
é necessário, visando os conhecimentos das causas usuais das dificuldades mais freq uentes,
relacionadas com as diversas capacidades e aptidões ligadas aos processos desenvolvidos pela
escola e a família, capacidade de obse rvação, experiências suficientes e treinamento seguro
para interpretar normas de comportamento e atitudes como efeito de causas conhecidas,
método adequados que possibilitem pesquisar condições in tercorrentes ou outras e,
conhecimento satisfatório de medidas a serem prescritas durante um determinado diagnóstico.
Fernández (1990) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a mesma função
que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo
para que este faça o encaminhamento necessário.
É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias
que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos
12
práticos e teóricos. Esta investigação permanece durant e todo o trabalho diagnóstico através
de intervenções e da escuta psicopedagógica , para que se possa decifrar os processos que dão
sentido ao observado e norteiam a intervenção, segundo Bossa (2000).
O psicopedagogo por meio do diagnóstico poderá verifica r a hipótese a qual
estabelecerá a dificuldade de aprendizagem ou v ínculo. A partir do diagnóstico pode-se
construir um programa o qual é conhecido como tratamento, ou seja, entrevista devolutiva e
do contrato de tratamento, ou seja, envolvendo todos respon sáveis o qual era envolvido, sejam
pais, professores, pacientes.
Ora, para que o psicopedagogo possa enxergar todo contexto se faz necessário o
momento de investigação por meio do diagnóstico assim um dos processos utilizado é a
queixa o que leva a iniciar o diagnóstico ou buscar resposta analisando a vida do sujeito seja
familiar ou escolar que por meio destas circunstâncias no consultório o psicopedagogo poderá
analisar a causa problemática que leva a queixa.
Por meio da entrevista de queixa livre com os pais, da anamnese, do contato com o
sujeito de forma integral, levando -se em conta todas as facetas que a compõem, com seu
material e da relação com outros profissionais que estejam envo lvidos com o sujeito, busca-se
analisar sua integração com a aprendiza gem, seu funcionamento em situações especificas, em
brincadeiras jogos, histórias e desenhos incluindo-se nesse momento, avaliação das
capacidades cognitivas para aprender.
Finalmente a devolução dos dados deve permear positivos para depois citar os
aspectos comprometidos, o estabelecimento de relações entre dados e o levantamento de
hipóteses e prognósticos, juntamente com a explicação do diagnóstico.
Ora, todo processo de diagnóstico compreende a série de instrumentos o quais são
utilizados no momento do estudo. A anamnese é uma das peças fundamentais deste quebra -
cabeça que é o diagnóstico. Através dela ser á revelada informações do passado e presente do
sujeito, juntamente com as variáveis existentes em seu meio.
Observar-se a visão da família sobre a h istória da criança, seus preconceitos,
expectativas, afetos, conhecimentos e tudo aquilo que é depositado sobre o sujeito . Segundo
Weiss (2003, p.61), o objetivo da anamnese é “ [...] colher dados significativos sobre a história
de vida do paciente.”.
13
Antes de se iniciar as sessões com o sujeito é preciso fazer uma entrevista contratual
com a mãe e/ou o pai e/ou responsável, objetivando colher informações como a identificação
da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome da pessoa que cuida da
criança, escola que freqüenta, série, turma, horário, nome da professora, irmãos, escolaridades
dos irmãos, idade dos irmãos , motivo da consulta, procura do Psicopedagogo para indicação,
atendimento anterior, expectativa da família e da criança, e sclarecimento sobre o trabalho
psicopedagógico, definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários.
A entrevista com os pais oferece ao psicopedagogo oportunidade de observar o casal:
se demonstram ou não aproximação, ou seja, o ví nculo com o sujeito. Utiliza-se também a
hora do jogo no intuito de poder observar o sujeito: como lida e como constrói um espaço de
experimentação, de transição entre o mundo inter no e externo. Na hora do jogo, o
psicopedagogo tem informações importantes sobre a relação do sujeito com o objeto de
conhecimento. Tais atividades permanecem durante todo o tratamento psicopedagógico, por
seres significativos e porque brincar é aprender.
Os objetivos relacionados à hora do jogo possibilitam o desenvolvimento das análises,
das significações para a criança, compreender alguns process os de construção do símbolo e a
aptidão da criança para criar, refletir, imaginar, fazer notar e produzir um objeto, observar
processo de assimilação e de acomodação, analisar a modalidade de aprendizagem e ver a
capacitação da criança para argumentar e em qual medida sua cognição põe -se a serviço de
organizar seu mundo simbólico, conforme alega Fernandes (1991).
As provas projetivas cuja aplicação tem como objetivo de investigar os vínculos que o
sujeito pode estabelecer em três grandes domínios: a escolar, o familiar e consigo mesmo,
através dos quais é possível reconhecer três níveis em re lação ao grau de consciência dos
distintos aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem .
Sobre as provas projetivas Weiss (2003, p. 117) diz que
O principio básico é de que a maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar a
matéria ou situação reflete os aspectos fu ndamentais do seu psiquismo. È possível,
desse, modo buscar relações com a apreensão do conhecimento como procurar,
evitar, distorcer, omitir, esquecer algo que lhe é apresentado. Podem-se detectar
assim obstáculos afetivos existentes nesse processo de apr endizagem de nível geral
especificamente escolar.
14
A partir deste ponto construir-se um programa de trabalho para superação das causas, e
conseqüentemente, do sintoma. Cabe ao psicopedagogo trata-se da entrevista devolutiva e do
contrato de tratamento. Em relação ao diagnóstico, de maneira clara, breve, sem explicações
desnecessárias, mas tendo-se o cuidado de incluir o paciente nas decisões possíveis. Este
deverá ser informado, inclusive, da entrevista com pais e professores e de seu objetivo,
tornando-o participante de todo o processo de modo simples rotineiro e discreto.
Tendo colocado enfim, de maneira geral o diagnóstico e prognóstico, isto é o plano do
trabalho terapêutico para os pais, torna -se necessário deixar muito claro o que se espera deles,
pais e paciente para o sucesso da empreitada e qual é a contribuição do psicopedagogo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Estágio supervisionado foi realizado em uma escola municipal, que atende uma
clientela de crianças de classe média e média -baixa. Buscou-se a escola para indicação de
uma criança com dificuldade de aprendizagem. Foi encaminhado um garoto que será
chamado neste trabalho pelo nome fictício de João.
Os atendimentos aconteceram na sala dos professores, porém este ambiente foi
preparado a cada sessão para que desse conforto e aconchego ao aluno. As sessões realizadas
com a criança totalizaram cinco encontros de uma hora cada, que ocorreram no período de 30
de março a 07 de abril. Neste intervalo foram realizadas as entrevistas com a professora e a
família.
Para realização do trabalho vários materiais foram utilizados; incluindo: materiais
pedagógicos, jogos, revistas, materiais para pintura, recorte e montagem. Os procedimentos
utilizados tiveram como objetivo investigar as causas da dificuldade de aprendiza gemde
João. Iniciou-se o trabalho com a entrevista com a família que possibilitou esclarecer sobre a
história de vida para compreender como surgiram as dificuldades de aprendizagem de João.
Foi realizada uma entrevista com a professora com a meta de inves tigar qual sua
visão sobre a queixa, como é o rendimento acadêmico, dificuldades apresentadas e seu
relacionamento com os colegas. Weiss (1992) fala que a informação da escola é de suma
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importância, por trazer dados que não são permitidos investigar na ava liação individual. Na
escola, junto do grupo o aluno mostra uma faceta diferenciada daquela apresentada em
família e nas sessões terapêuticas.
A primeira sessão com a criança destinou -se a uma entrevista com João a qual
ocorreu de maneira informal durante a realização de um jogo escolhido pela criança, com o
objetivo de observar como o paciente lida e constrói um espaço de experimentações, colher
informações importantes sobre a relação do sujeito com o objeto de conhecimento.
Fernandez (1991) diz que no br incar e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou
adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o
indivíduo se descobre.
Utilizou-se da prova projetiva e par educativo com o objetivo de observar o vín culo
que a criança tem com a aprendizagem. Visca (199 5) afirma que o desenho projetivo do par
educativo indica sobre as três unidades de relação envolvidas na aprendizagem sistemática,
ou seja, o vínculo com o ensinante, com o objeto do conhecimento e cons igo mesmo
enquanto aprendente.
Outra prova projetiva utilizada foi o desenho da família educativa , esta prova visa
investigar os vínculos com os membros da família. “Os símbolos expressos, consciente ou
inconscientemente, apenas terão significado na his tória pessoal do paciente, de sua família
nuclear e de seus ancestrais. Por esta razão, não se pode interpretar desenhos dentro de regras
rígidas. Pré estabelecidas ou tabeladas” , como aponta Weiss (1992, p.116).
Foram realizadas várias situações para investigar o nível pedagógico em relação à
leitura, escrita e matemática. Estas provas pedagógicas possibilitam observar a relação entre
o aprendente e objeto de estudo. A observação do material escolar foi também um
procedimento utilizado por acreditar q ue isto favorece esclarecer em que grau de
aprendizagem encontra se o aluno.
Durante todo o período de diagn óstico vários jogos foram utilizados com intuito de
analisar a modalidade de aprendizagem do João. Constou também do procedimento o
trabalho teórico na produção escrita dos relatórios e análise dos dados, feitos sobre a
supervisão do professor responsável pelo estágio supervisionado.
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ANÁLISE DADOS
João trata-se de um garoto de sete anos, meigo, carinhoso, mimado, alegre, carente,
que cursa pela segunda vez o 1º ano do ensino fundamental. Traz como característica uma
grande dificuldade de alfabetização, apesar de mostrar potencial suficiente para tal. Portanto
justifica-se investigar quais as causas deste não aprender.
Na entrevista com a avó, que o cria desde os três anos, constatou -se que a mãe teve
uma gestação sem problemas físicos, mas com muitas brigas entre o casal. A criança não
sofreu nenhuma doença infecto contagiosa, e só esteve internada algumas vezes por anemia.
A avó relatou que o primei ro contato da criança com a escola foi tranqüila, que João não
reclamou da separação da mãe, mas sentiu quando o pai iniciou um novo relacionamento
conjugal. João tem mais dois irmãos pelo lado materno e era muito apegado a um deles;
porém a mãe entregou o menino para adoção, e perderam o contato.
O sujeito no primeiro momento segurava com muita força o lápis demonstrando
insegurança, tenso. Mantinha os braços cruzados inicialmente como se estivesse fechado para
o contato, durante as perguntas demonstrou - se calmo, mas respondia somente aquilo que o
interessava, à vezes demorava a responder, seus olhos demonstrava curiosidade e desejo para
desenhar, brincar, mal esperava a hora deste momento. Com essa atitude percebe -se que é
desatento e só faz o que realmente lhe interessa, muitas vezes respondia de qualquer forma
sem coerência.
Desvinculado da família cria irmãos imaginários, acredita que a professora é irmã da
mãe, gosta de desafios, mas perante as dificuldades desiste. E positivo acredita nas suas
afirmações, mas reconhece quando está errado; é observador e curioso apresenta desinteresse
pelo desconhecido quando se trata de letras e palavras.
Observando-se todos estes dados pode-se supor que as dificuldades da crian ça tenha
sofrido influência de problemas familiares, perdas sofrida e acomodação ao modo de vida
que leva: familiares analfabetos que vivem e trabalha em u ma fazenda, que ele gosta muito
de animais, etc. Talvez a criança não se permita alfabetizar. Portanto, cabe aos ensinantes
estimular e promover mudanças deste pensamento e conduzi -lo a nova situação, resgatando
este desejo pelo aprender.
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Na hora do jogo observou-se que, por não saber ler, inventa nomes de letras, quando
lhe é proposto o jogo com letras. Fez o comentário que não importava com as perguntas, mas
que não gostava de escrever o próprio nome. Durante a prova pedagógica observou -se que a
criança tem boa coordenação motora, consegue executar o desenho livre sem amassar a folha
e é criativo, não reconhece seu nome em ficha com letra de imprensa, mas depois o
reconheceu e copiou razoavelmente em letra cursiva.
Sabe o valor das moedas apesar de confundir -se com o nome dos números e sua
sequência. Na observação de uma pintura (casa beira do lago) cri a uma história de um
monstro que come gente e João possui uma espada branca que pode destruir, pois ele é
dotado de poder. Na entrevista com a professora, esta relatou que João é desatento e
desinteressado, não faz o que é proposto, mas tem possibilidade de aprender .
Participa das atividades lúdicas, menos leitura e contagem; não se incomoda diante de
fracassos, às vezes progride, outras vezes não. Não segue regras, termina ndo as atividades
rapidamente. Convive bem com os colegas, mas agride oralmente, ensina o que sabe sobre
sexo. João não tem iniciativa de começar as atividades, alguns dias faz tudo, outros não, ex:
em um dia escreveu a palavra: pal ito, no dia seguinte já não sabia como escrever a mesma
palavra.
Ao analisar o desenho do par educativo observou -se que João tem os números como
objeto de conhecimento, a professora está perto do aprendiz, sugerindo que busque contato
com o ensinante. O desenho mostra uma perspectiva próxima da realidade e está
centralizado, não deu titulo ao desenho. Não desenha detalhes do rosto e mãos, aparece um
quatro, não desenha o grupo, mas desenha a escola.
Apresentada uma ficha com seu nome desconheceu, e propondo a ele para escrever
seu nome após sua leitura tentou sair da situação, precisou ser incentivado com autoridade
para realizar a atividade. Foi entregue a ele uma ficha com seu nome para que a levasse para
casa e cuidasse como se fosse o seu coração. Na sessão seguinte ele a devolveu em perfeito
estado. Neste dia ele reconheceu seu nome escrito de várias cores.
Na prova da família educativa , João usou duas folhas em uma desenhou a si mesmo
fazendo que mais gosta, que é andar a cavalo, o capim alto e o solo , isto mostra que sente
segurança naquela atividade. O restante da família e o único amigo que vai esporadicamente
à fazenda, aparecem em outra folha; o amigo fora da casa brincando; e a família dormindo.
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Insistindo para que desenhasse o restante da família negou - se, dizendo que o avô levanta
muito cedo para tirar leite e todos estavam dormindo. Esta negativa indica vínculo de
aprendizagem fraturado com o grupo familiar.
Fernandez (1991) afirma que, a relação com os primeiros ensinantes são primordiais
para a construção da modalidade de aprendizagem, que inicia suas basesno núcleo familiar.
Portanto, vínculos familiares que não possibilitam a const rução do sujeito autor de
conhecimentos interferem no desenvolvimento do sujeito como um todo.
CONSIDERAÇÕES
A psicopedagogia surgiu da necessidade de compreensão do processo de
aprendizagem, de caráter interdisciplinar, uma vez que possui seu próprio objeto. Possui como
característica a ambigüidade tanto da palavra como ao que se reporta. Sistematiza um corpo
teórico, definindo seu objeto de estudo e delimitando seu campo de atuação.
A psicopedagogia tem por objetivo compreender, estudar e pesquisar a aprendizagem e
as dificuldades humanas. Na concepção do termo busca -se o resultado de uma investigação
sobre o homem e suas multifaces: biológica, afetiva –intelectual, como objeto de estudo da
Psicopedagogia.
Bem como suas características relacionais com a aprendizagem, tendo ainda como
meta compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo. Uma vez
que a aprendizagem é entendida como decorrente de uma construção, processo o qual leva ao
questionamento, pesquisas e a diagnóstico, p odendo levar ao tratamento e prevenção das
dificuldades na aprendizagem.
Dessa forma ao se desenvolver um olhar e uma escuta para com a singularidade do
sujeito, é preciso que este seja acompanhado em seu movimento de construção de
conhecimento, podendo se r observado a emergência de questões referente ao processo de
aprendizagem, visando trabalhar nas dificuldades que permeia esse processo e demandas,
principalmente, resgatar a relação com o conhecimento. Apresentando a prevenção e
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devolutiva, ou seja, o gênio do conhecimento, percorrendo os movimentos de construção da
inteligência enquanto sujeito.
Como se sabe, existem números meios de se detectar problemas de aprendizagem e
instrumentos para se prevenir tais percalços na tr ajetória escolar. Para que isso ocorra, é
essencial como psicopedagoga desenvolver uma compreensão acerca de João enquanto sujeito
singular, desvencilhando-o de rótulos e patologias.
Ou seja, ver João realmente como ele se apresenta, único em sua totalidade,
compreendendo que ele traz uma história de vida enquanto ser humano, assim poderá entender
a grande maioria das dificuldades que ele apresenta, seja elas de aprendizagem, de conduta,
afetiva, motora, e alfabetização.
Campos aponta (2001, p.211) que
Ao psicopedagogo não interessam as questões de estrutura da personalidade,
enquanto estas não afetam de forma que manifesta o vínculo do individuo com a
aprendizagem. Da mesma forma, o psicopedagogo não trabalha específica e
unicamente com conteúdos escolares e formas. Mas antes com situ ações cognitivas,
com o próprio processo de pensamento, de construção do conhecimento e solução
de problemas. Procura-se o resgate do prazer em aprender, não para a escola, ou
para a família, mas para a vida da criança.
Concluído uma vez o sujeito mencionado nesse artigo tendo oportunidade a um
vínculo com um psicopedagogo poderá ter a oportunidade de compreender de forma única e
integral e vencer seus obstáculos na dificuldade de aprendizagem, ou seja, resgatar suas
questões relacionadas à aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. S. Psicopedagogia Clínica – Manual de Aplicação Prática para Diagnóstico
de Distúrbios do Aprendizado. São Paulo: Polus, 2002.
BELTRAN, J.M. et al. Metodología de la medicanción en em P.E.I. Bruno, Madrid.
20
BOSSA. N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre:
Arte Médica, 1994.
EDITH R. Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo : Caso do Psicólogo,
1993.
MENDES M. Psicopedagogia: uma identidade em construção. Dissertação (mestrado em
psicopedagogia) Universidade de São Marcos. São Paulo, 1998. (111f).
VISCA, Jorge. Técnicas Proyetivas psicopedagogica . Buenos Aires – A. G, Sevicios
gráficos – 1995.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica : uma visão diagnóstica dos problemas de
aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.
WEISS, M. L. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica. Porto Alegre: Artes Médicas,
1992.
CAMPOS, W. C. M Psicopedagogo: um generalista especialista em problemas,
aprendizagem- IN: Bossa, N.A (org.); oliveira. B(org.). Avaliação psicopedagógica da
criança zero a seis anos. 11 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
CASTRO, Maria Cecília. Psicopedagogia institucional. São Paulo. Psicopedagogia one-line
1999.9p.

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