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Princípio da Legalidade Parte III e Intervenção Mínima

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4) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa)
- Princípio da taxatividade.
- O princípio da legalidade compreende a obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal
e, principalmente, na elaboração de seu conteúdo normativo.
- Exemplo de violação do princípio da taxatividade:
Art. 9 da Lei de Segurança Nacional: Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à
soberania de outro país.
- Para parte da doutrina: Na LEP - art. 50, I – “incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a
disciplina”.
Obs- Prevalece que os tipos penais abertos não violam o princípio da taxatividade.
Normas penais em branco X princípio da legalidade
1ª corrente: defende a inconstitucionalidade das normas penais em branco próprias, em sentido estrito ou
heterogêneas, uma vez que o complemento decorre de ato normativo distinto da lei. Logo, como o complemento
integra o tipo, haveria violação ao princípio da legalidade.
2ª corrente (amplamente majoritária): as normas penais em branco heterogêneas são constitucionais, desde que a
lei ordinária descreva o núcleo essencial da proibição. A Constituição e o Código Penal não impõem a definição de
todos os elementos, mas apenas dos mais relevantes.
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É possível leis delegadas sobre matéria de direito penal?
Não. A CF/88, em seu artigo 68, § 1º, proíbe a edição de lei delegada sobre direitos
individuais. Considerando que toda norma penal sempre repercute no direito individual, é
possível concluir pela inadmissibilidade de lei delegada sobre matéria penal.
É possível que tratados internacionais criem crimes e cominem penas?
Não. Ainda que sejam incorporados com status de lei ordinária ou com caráter supralegal
(de direitos humanos), não podem promover incriminação, sob pena de violação do
princípio da legalidade na vertente da garantia da Lex Populi, que exige lei emanada do
Poder Legislativo.
Não podem criar crimes e cominar sanções para o direito penal interno, mas apenas no
âmbito do direito internacional.
Ex: Antes do advento das Leis nº 12.694/12 e 12.850/13, o STF não admitiu a utilização do
conceito de organização criminosa previsto na Convenção de Palermo. (HC 96007)
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Princípio da Intervenção Mínima
Origem:
- Movimento do Iluminismo.
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789).
Artigo 8º- A Lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias, e
ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada antes do
delito e legalmente aplicada.
• Concepção de pena como ultima ratio.
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Noção conceitual
- O direito penal só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens
jurídicos mais importantes, sendo que as perturbações mais leves da ordem jurídica
são objetos de outros ramos do direito (Muñoz Conde).
Vertentes ou características do princípio da intervenção mínima
- Fragmentariedade
- Subsidiariedade
- Obs- Parte da doutrina entende trata o princípio da intervenção mínima como
sinônimo de princípio da subsidiariedade.
Destinatários:
- Legislador
- Intérprete do Direito
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Fragmentariedade
* Concepção inicial
Concepção penal absolutista de Karl Binding: valorava negativamente o caráter fragmentário
do direito penal, preocupando-se com as lacunas daí decorrentes e com possíveis falhas na
proteção de bens jurídicos.
* Concepção moderna
Concepção relativista e minimalista
- o Direito Penal não constitui um sistema exaustivo de proteção de bens jurídicos, de sorte a
abranger todos os bens que constituem o universo de bens do indivíduo, mas representa um
sistema descontínuo de seleção de ilícitos decorrentes da necessidade de criminalizá-los ante
a indispensabilidade da proteção jurídico-penal. (caiu no TJ-SC)
- “Este se apresenta por meio de pequenos flashs, que são pontos de luz na escuridão do
universo. Trata-se de um gigantesco oceano de irrelevância, ponteado por ilhas de tipicidade,
enquanto o crime é um náufrago à deriva, procurando uma porção de terra na qual se possa
achegar.” (Luigi Ferrajoli)
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• O direito penal só se preocupa com pequenos fragmentos de ilicitude.
• Parte da doutrina identifica a incidência da vertente da fragmentariedade no plano
abstrato, relacionando-se à atividade legislativa.
Tríplice forma da fragmentariedade
1) Defesa do bem jurídico só contra ataques de especial gravidade; 2) Só deve existir
tipificação de parte do que os demais ramos do direito estimam como antijurídico; 3) Deixa
sem castigo, em princípio, ações meramente imorais.
• Fragmentariedade às avessas
- Ocorre quando comportamentos inicialmente típicos deixam de interessar ao direito penal,
continuando tutelados por outros ramos do direito.
- Exemplo: Adultério
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• Subsidiariedade
- O direito penal é visto como “um remédio sancionador extremo.”
- Condiciona a intervenção do direito penal à incapacidade dos demais ramos do direito em
tutelar adequadamente os bens jurídicos mais relevantes.
- Sugere a utilização limitada do direito penal, precisamente porque o Estado de Direito
dispõe de outros meios eficazes e de menor custo social.
- Parte da doutrina identifica a incidência da vertente da subsidiariedade no plano
concreto, relacionando-se com a aplicação da lei penal.
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