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"O que faz do brasil, Brasil?" Roberto Damatta (Resumo)

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Roberto DaMatta traz em “O que faz do brasil, Brasil?” uma visão a partir da 
cultura brasileira na construção de identidade nacional, caracterizando o que faz do “brasil 
= coisa” um “Brasil = povo”. De forma relacional “a casa” e “a rua” em certo momento 
se encontram, por vezes parece que a casa quer invadir a rua, e até certo ponto a rua a 
acolhe. Casa e rua, portanto se completam: “São também espaços de onde se pode julgar, 
classificar, medir, avaliar e decidir sobre ações, pessoas, relações e moralidades. 
Compensando-se mutuamente e sendo ambas complementadas pelo espaço do “outro 
mundo”. 
Ele coloca que “A casa e a rua interagem e se complementam”, mostra a questão da 
mobilidade das pessoas na rua em direção e casa e vice-versa, uns o fazem de bicicleta, 
outros de ônibus, moto, carro, a pé ou de trem. A rua transmite movimento, enquanto a 
casa, a calma. No sentido de identidade social a casa irá estabelecer uma ideia de valores, 
tradições e honra, quando nos referimos a casa “estamos nos referindo a um espaço 
profundamente totalizado numa forte moral”. A rua em seu papel de fluxo, luta, massa, 
contradições, durezas e surpresas, em certo modo na rua não existe o amor, o calor e 
conforto que a casa transmite, mas sim a insegurança e a maldade. 
DaMatta exemplifica o termo “mulheres da vida” que faz também a referência a rua, 
ao que está fora do que é tido como um lar. A comida da rua, é tida como uma comida 
venenosa, que não faz bem à saúde. Na rua em oposição a casa, quem governa são as leis 
e não mais o pai, mãe ou irmão mais velho, quem representa a ordem na rua, será o estado. 
Porém a rua expressa trabalho, honestidade, “pegar no batente”, enriquecer e dignidade. 
Ele relaciona o trabalho, o patrão-funcionário, num âmbito econômico, são relações 
complexas pois existe a diferenciação entre o empregador e o empregado, afirma que na 
sociedade as relações econômicas não se confundem com as relações pessoais, e 
principalmente quando diz respeitos as “chamadas empregadas domésticas”. Esses fatos 
demonstram a segregação das camadas sociais, mesmo quando o trabalho está no lar. 
Observamos, por exemplo, a maneira do brasileiro se referir ao centro da cidade, 
chamando o local de “rua” quando do interior, e de “cidade” quando da capital, ou seja, 
nos interiores ir ao centro da cidade é “ir na rua” e nas capitais ir ao centro da cidade é “ir 
na cidade”. Neste sentido, a necessidade de estar utilizando de algum serviço, precisando 
sair de sua casa protegida, no interior, ir a rua expressa o que Damata expõe sobre o papel 
de fluxos que a rua exerce, assim como ir à “cidade” nas capitais expõe o fluxo, agilidade 
da movimentação das pessoas sempre apressadas. 
Ananda Moraes 
Graduada em Licenciatura em Geografia 
Graduanda em Bacharelado em Ciências Sociais

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