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CASOS CLÍNICOS- PSICOPATOLOGIA I

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CASO CLÍNICO
Paciente F., do sexo masculino, solteiro, completou quarenta e cinco anos no ano de 2007. É o quarto de seis filhos, sendo todos homens. Mora em apartamento próprio, conseguido como herança deixada pela mãe, falecida quando o paciente tinha vinte e oito anos. O pai morrera dez anos antes. Desde a morte do pai, o paciente passou a viver sozinho com a mãe, pois os irmãos começaram a trabalhar cedo e saíram de casa para morar na casa de um tio, fora do estado onde viviam.
            O único filho que não foi morar com o tio, que tradicionalmente dava oportunidades para os adolescentes da família, foi F., O paciente relata que não queria sair de perto da mãe e que sua mãe também não permitiria que ele o fizesse.
            A relação de proximidade e aparente dependência da companhia materna era explicada pelo irmão mais velho do paciente como sendo fruto de um cuidado maior com F., por ele ser portador de um “ligeiro atraso no desenvolvimento”. FUNÇÃO: INTELIGENCIA ALTERAÇÃO: RETARDO LEVE 
            Apesar de seu atraso flagrante, F. conseguiu estudar até a quinta série, sendo reprovado repetidas vezes e conseguindo concluir na época curso primário, com quinze anos. Após a quinta série, F. resolveu não mais estudar. Sua família não exigiu que ele continuasse, nem procurou qualquer tipo de tratamento para sua dificuldade de aprendizagem.
            Na adolescência, F. começou a fazer uso de álcool e de maconha com frequência. Aos vinte anos começou a ser tratado como alcoolista pela família. Passou os próximos anos, até a morte da mãe vivendo com ela. Com a morte do pai, o patrimônio da família era suficiente para que ele vivesse de forma independente.
            F. relata que, desde adolescente, sempre brigou muito com os irmãos e que eles o abandonaram. Com isso, F., já não reconhecia qual o estado afetivo no qual se encontrava com relação a eles. A relação continuou estremecida, mas a mãe mantinha o controle e mantinha F. como uma espécie de escudeiro seu. FUNÇÃO: AFETIVIDADE; ALTERAÇÃO: DISTIMIA HIPOTÍMICA
            Com a morte da mãe, F. se viu cercado de problemas e sem nenhuma referência. Continuou morando no apartamento de sua mãe, só que sozinho. Foi aí que apareceram suas limitações cognitivas e emocionais de forma inexorável. O consumo de bebida e maconha aumentou exponencialmente, culminando em internações seguidas em clínicas para tratamento de dependência química. Na internação apresentou um quadro de síndrome confusional. FUNÇÃO: CONSCIÊNCIA ALTERAÇÃO: DELIRIUM 
            F. nunca trabalhou, nunca namorou e não tem filhos. Viveu o sexo sempre de forma irresponsável na companhia frequente de prostitutas que segundo ele, roubavam seguidamente o seu dinheiro. Já esteve em situações de risco por causa da bebida. O consumo de maconha foi reduzido à zero com o passar dos anos.
 Após sua terceira internação, a pior delas, em clínica especializada para tratamento de dependentes químicos, a família procurou um tratamento que tivesse como objetivo evitar novas internações. Enquanto estava sobre efeito do álcool, F., apresentou comportamentos como linguagem estranha ou sem sentido; irritabilidade e comportamento agressivo e preso a ideia de que estava em um lugar no qual iriam lhe fazer mal e que precisava sair dali. Esse foi o momento de maior dedicação para afasta-lo de vez da bebida.
            Desde o início do tratamento, apenas uma regra foi imposta pela equipe: a de que não seria negociável ao de beber. Fora isso, o que fosse da vontade do paciente, poderia e deveria ser negociado.  Com o objetivo de resgatar a autonomia e a autoestima do paciente, iniciou-se o trabalho.
            O paciente começou a se acostumar com a nossa presença. Apresentava-se sempre bem arrumado e cooperativo. Apesar de incontestável, o déficit cognitivo não impedia que ele exercesse suas funções sociais ou suas atividades de vida prática e diária. O que geralmente acontecia era ele precisar de auxílio para executar tarefas complexas ou que exigissem maior nível de abstração. Entendia piadas além de gostar de contá-las, sedo que não compreende as mais subjetivas ou sutis. Apresenta alto nível de interação social e senso de adequação, demonstrando capacidade de receber pessoas em sua casa e de organizar pequenos eventos quando assessorado.
            A limitação cognitiva de F. aparece principalmente em momentos de tensão e ansiedade. Quando se sentia sozinho e estava ansioso, demonstrava não possuir recursos para elaborar estratégias de resolução de problemas. A sua condição de dependência aparece nesses momentos. Percebeu-se uma influência da vida afetiva, o estado de humor rebaixado, baixa autoestima e isolamento social. FUNÇÃO: AFETIVIDADE; ALTERAÇÃO: DISTIMIA HIPOTÍMICA
             A estratégia vem sendo a de conferir e construir o máximo de autonomia que se avalia possível e coerente a cada momento da vida do paciente, ele se mostra cada vez mais potente diante de desafios e o tratamento continua em seu curso, contando com a mesma empolgação e cooperação por parte de F.
Fonte: Borges e cols., 2010. http://www.polbr.med.br/ano11/pcl0311.php.
 Diante do relato no caso 1, responda:
Quais as três funções psíquicas alteradas que F., apresenta? Justifique cada uma delas. 
Função 1 – Inteligência
Alteração – Retardo leve
Justificativa: ligeiro atraso no desenvolvimento
Função 2 – Afetividade
Alteração – Distimia hipotímica 
Justificativa: não reconhecia qual o estado afetivo no qual se encontrava; Percebeu-se uma influência da vida afetiva, o estado de humor rebaixado, baixa autoestima e isolamento social.
Função 3 – Consciência	
Alteração – Delirium
Justificativa- Na internação apresentou um quadro de síndrome confusional.
Caso Clínico 
R. tinha 22 anos quando chegou ao consultório, encaminhado pela irmã psicóloga. R. estudava agronomia, em seu último ano. Aluno razoável, de desempenho mediano, preparava-se para assumir a administração da fazenda do pai após a graduação. Gostava de freqüentar um centro espírita de orientação umbandista e era muito afeiçoado ao médium orientador desse centro. Certa noite, voltando da sessão religiosa, na véspera de seu aniversário de 22 anos, apresentou mal-estar súbito. Apoiou-se a uma árvore e teve uma visão que descreve assim:
Ficou tudo escuro e por um instante eu não vi nada, aí olhei para cima da árvore e vi Jesus Cristo crucificado no tronco desta. Estava nu e olhava para mim. Eu o via de baixo para cima e assim seu pênis balançava em minha direção. Fixando o olhar, percebi que o pênis crescia e alongava-se e curvando-se para trás penetrava o ânus até formar uma curva estranha, como uma tromba de elefante quando este se alimenta. Fiquei olhando um tempão e aí acho que desmaiei. Só acordei de madrugada quando um guarda me sacudia e me levou para a república em que eu morava, e lá meus amigos chamaram minha mãe, que veio buscar-me. FUNÇÃO: SENSOPERCEPÇÃO; ALTERAÇÃO: ALUCINAÇÃO VISUAL
Estes fatos ocorreram cerca de 10 dias antes da primeira entrevista conosco. Do momento da visão em
diante, R. percebia-se obrigado a realizar certos rituais: fugir de pessoas de branco – como os médiuns do
centro –, rezar ajoelhado horas a fio, beber a própria urina para purificar-se, jejuar e não dormir em camas
para penitenciar-se. Esses atos eram observados pela família sem que houvesse quaisquer explicações por
parte de R. Conta, então, que tudo começara após um abortamento ao qual a namorada submetera-se. O
“espírito” do bebê obrigava-o a fazer certas coisas que não queria. Sofria com esse fato, mas sabia-o
irreversível; assim, teria de fazer penitências pelo resto da vida. FUNÇÃO: VONTADE; ALTERAÇÃO: COMPULSÃO
Iniciamos medicação antipsicótica, Sulpiride, 600 mg ao dia, havendo melhoras do sono e do comportamento hostil desde os primeiros dias. Mais tranqüilo, é capaz de contar-nos o que lhe ocorreu:
Ia ao centro espírita e ficava ouvindo o orientador falar sobre pecados que se pagamvia reencarnações.
Então comecei a ouvir vozes que me revelaram o meu passado: eu era Deus, o que havia criado o Deus que todo mundo conhece. Havia feito um plano em que toda a violência e mal-estar no mundo terminariam, era só plantar mais mandioca e acabar com os metais! A mandioca alimentaria a todos, e sem metais, dinheiro e armas não mais existiriam. Os anjos e arcanjos ficaram tão felizes com suas revelações que depuseram o velho Deus e me elegeram no lugar dele! FUNÇÃO: PENSAMENTO; ALTERAÇÃO: DELÍRIO
Ele então se “lembrou” que, como Deus, deveria ser assexuado ou bissexual, ocasião em que tivera a visão de Jesus Cristo e o colapso. R. nasceu em casa de família de classe média alta, sendo criado em boas condições de informação e estudo universitário. Entre os 13 e 14 anos, iniciou atividade homossexual com um primo próximo, de quem gostava muito. Sempre no papel submisso, o que o agradava. Aos 19 anos, a namorada de 17 anos engravidou e teve a gestação interrompida contra a vontade de R. Descreve-se e era visto como jovem sensível e amoroso, o que explicaria seu enorme sucesso com as mulheres. O interesse religioso surgiu aos 21 anos, pouco antes do quadro agudo,iniciando orações quando soube que provavelmente o casamento de seus pais seria desfeito. Frequentava um centro espírita quase diariamente, fazia promessas para que os pais ficassem juntos. Começou a desenvolver certos rituais que considerava seguros para atingir sua finalidade. Juntava o “choro” de uma vela num papel limpo e, após esfriar, devia moldar uma cruz, beijá-la e lambêla, depois derretê-la de novo misturando-a com fezes e urina para purificação. Nesse estado, a cruz era jogada na privada. Tinha que fazer isso nove vezes por dia, pois “só novenas” funcionariam. Jejuar e orar eram outras maneiras de fazer os espíritos obedecerem: comia uma folha de alface com um pouquinho de terra, assim honrava a mãe natureza; bebia urina para “limpar por dentro” e dormia no chão ao lado da cama. Falava a todos com muita paz e serenidade, no objetivo de fazê-los compreender sua nova condição divina; sabia que era escolhido, pois ele mesmo se escolhera para salvar a humanidade. Não podia masturbar-se: assim desenvolveria força de milagre. Postulava a castidade prazerosa como saída para as perversões sexuais da humanidade. Os espíritos o orientavam e diziam exatamente o que fazer, ele só tinha que obedecer
CASO 1
FUNÇÃO – SENSOPERCEPÇÃO
ALTERAÇÃO – ALUCINAÇÃO
JUSTIFICATIVA – ELE DIZ QUE VIU DEUS
FUNÇÃO –- VONTADE
ALTERAÇÃO – OBSSESSÃO 
JUSTIFICATIVA – REALIZAVA ROTINAS
FUNÇÃO – PENSAMENTO
ALTERAÇÃO – DELÍRIO
JUSTIFICATIVA – ELE PENSA QUE É DEUS

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