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Abuso Sexual- Pequenos sinais, grandes descobertas, o olhar do Pedagogo

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE
AMANDA ROBERTA DARO
CAMILA SOUZA DOS SANTOS
CLEUZA DA CONCEIÇÃO
DÉBORA MARIA DE CARVALHO
JANAINA TEODORO
JOSIANE REIS
LAURA BISPO
SORAIA JUNIOR NEVES
TATIANE GERALDA FERREIRA
COTIDIANO DA SALA DE AULA
Belo Horizonte
2013
AMANDA ROBERTA DARO
CAMILA SOUZA DOS SANTOS
CLEUZA DA CONCEIÇÃO
DÉBORA MARIA DE CARVALHO
JANAINA TEODORO
JOSIANE REIS
LAURA BISPO
SORAIA JUNIOR NEVES
TATIANE GERALDA FERREIRA
ABUSO SEXUAL: pequenos sinais, grandes descobertas, o olhar do 
Pedagogo.
Trabalho apresentado ao Centro Universitário de 
Belo Horizonte como exigência parcial da 
disciplina TIG- Trabalho Interdisciplinar de 
Graduação, do 2º Ciclo, Módulo A, do Curso de 
Pedagogia.
Professora orientadora: Maria da Conceição 
Passos Silva
Belo Horizonte
2013
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------03
2 Cotidiano escolar--------------------------------------------------------------------------04
3 Abuso sexual-------------------------------------------------------------------------------06
4 Consequências do abuso sexual------------------------------------------------------10
5 Papel do pedagogo----------------------------------------------------------------------12
6 Atitude da escola diante do abuso sexual da criança e do adolescente------15
7 Orientação sexual------------------------------------------------------------------------18
8 CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------22
Referências----------------------------------------------------------------------------------24
Anexos----------------------------------------------------------------------------------------26
1 INTRODUÇÃO
O Abuso Sexual vem sendo discutido atualmente em todos os países, por ser um 
dos grandes problemas da atualidade. Muito se fala sobre o abuso sexual e suas 
diversas formas e nomes que o diferenciam. Agora este tema começa a ser 
abordado também em salas de aula de forma mais aberta e clara, com o intuito de 
alertar crianças e adolescentes. 
Este trabalho busca compreender as consequências que o abuso sexual pode 
causar em suas vitimas e qual o papel do pedagogo diante da violência sofrida por 
seus alunos, pois se identificado, pode diminuir os males causados durante toda a 
vida do individuo. 
Outro grande norteador deste trabalho é traçar características que possam 
demonstrar que uma criança sofre ou já sofreu qualquer tipo de violência sexual, e 
examinar o papel do profissional da educação para amenizar tais violências. 
A metodologia utilizada foi fundamentada, através de leitura de livros, pesquisas 
encontradas em artigos retirados da internet e também da coleta de dados através 
de entrevistas.
Este estudo justifica-se pelo fato de que os profissionais da educação devem ter 
uma preparação teórica para atuar frente ao combate e identificação dos casos 
relacionados à violência sexual envolvendo alunos.
2 Cotidiano Escolar
Administrar e organizar o cotidiano da sala de aula, tornou-se um grande desafio 
para o professor. Indisciplina, dispersão, confusões e dificuldades de todos os tipos 
são enfrentadas pelo professor e também pelos alunos que acabam sendo os mais 
impactados por estes problemas. 
 Se por um lado há profissionais que reconhecem que hoje, a escola tornou-se um 
espaço mais democrático e com maior autonomia, por outro há educadores que 
reclamam da falta de cooperação e participação de muitos de seus alunos e 
membros da comunidade. 
Além do abandono e falta de interesse do Estado as escolas vêm enfrentando faltas 
constantes de pessoal administrativo e péssimas condições para a realização de 
atividades com os alunos dentro da escola, com deterioração de equipamentos, má 
condição salarial dos professores, entre outros problemas.
O trabalho na educação escolar possui uma natureza tal que, sem a adesão 
consciente e verdadeira dos envolvidos, resulta em aparência de mudança. 
Mudanças que contribuem para a melhoria da educação, portanto para a 
melhoria da qualidade de vida das pessoas e da sociedade, exigem a 
reumanização das ações. Exigem que cada trabalhador seja sujeito 
responsável e participativo, podendo opinar no âmbito de sua 
responsabilidade (MILITÃO, 2000,p.46).
A importância da relação professor-aluno para o sucesso é fundamental, neste 
momento onde ele deve tomar uma postura de autoridade dentro de sala de aula, 
mas sem que haja autoritarismo, pois agindo de forma que venha a expressar o seu 
interesse com o crescimento dos alunos, e assim respeitando suas individualidades, 
ele cria possibilidade para que a sala de aula se torne um ambiente mais agradável 
facilitando o processo de ensino-aprendizagem.
 
O desafio do professor é trazer estes alunos que constantemente vem se afastando 
do ambiente escolar, por diversos motivos, e usar o diálogo como fundamental na 
relação com o aluno, contribuindo assim para o seu crescimento.
O professor deve manter uma relação feita com vínculos com seus alunos, que não 
se maternos e paternos, mais sim, vínculos que tragam ao aluno a sua aproximação 
atenção, compreensão, acolhimento e cordialidade, valores que se tornam 
extremamente fundamentais para o desenvolvimento do aluno para a utilização 
durante toda a sua vida.
Segundo MILITÃO (2000),
o viver em grupo lhes permite escutar e ser escutados pelos parceiros, o 
que significa atuar livremente, sem dissimulação. O grupo significa um lugar 
onde elas podem tomar iniciativas, assumir responsabilidades, brilhar. O 
grupo desperta-lhes o sentimento de “ter o seu lugar”, possibilitando que se 
sintam “reconhecidas” (p.26).
Um dos problemas que dificultam aos professores, o resgate dos alunos que se 
afastam do ambiente escolar, é devido as grandes mudanças que a sociedade 
enfrenta nos últimos anos. Esse problema é a inversão de papéis e valores, que a 
família passa à escola a responsabilidade que deveriam ser realizadas por elas.
 
A escola que antes tinha somente a responsabilidade de auxiliar a criança a 
conhecer o que o mundo do trabalho iria cobrar do individuo, passa a ter a função de 
educar para a vida, tendo que incluir ensinamentos que já deveriam ter sido 
passados pela família. 
Com a realização do trabalho conjunto entre comunidade e escola, ambos poderão 
ajudar para as atividades escolares fluírem de forma tranquila, auxiliando a criança 
no seu desenvolvimento, podendo auxiliar a escola no resgate de educandos de 
dentro e fora do ambiente escolar com a realização de atividades como 
comemorações, palestras, confraternizações e programas que tenham relação com 
sua vida cotidiana e suas culturas.
MILITÃO (2000), afirma que:
[...] ao deixar aflorar essas representações, [o educador] começa a ter 
clareza sobre seu pensar, sentir, querer e agir no cotidiano escolar e a partir 
daí, poderá implementar um significativo processo, revendo alguns 
comportamentos, princípios e preconceitos, construindo experiências 
alternativas, numa relação de trocas (MILITÃO,2000, p.72). 
3 Abuso sexual
Entre os problemas do cotidiano da sala de aula, o abuso escolar foi o escolhido 
para estudo. Este trabalho mostra que os maiores responsáveis por abuso sexual 
são pessoas adultas. 
Pires Filho (2009) afirma que abuso sexual é:
 todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual, entre um 
ou mais adultos e uma criança menor de 18 anos, tendo por finalidade 
estimular sexualmente a criança ou utilizá-lapara obter uma estimulação 
sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa (PIRES FILHO, 2009,p.45).
Compreende-se como abuso sexual a criança ou adolescente que é submetida ao 
ato sexual, do qual a mesma não tem conhecimento, sendo seduzidas ou sobre 
força física, para prazer somente do abusador.
A lei n.10.224, de 15 de maio de 2001, introduziu no Código Penal o crime 
de assédio sexual no art.216-A, com a seguinte definição: “ Constranger 
alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, 
prevalecendo-se o agente da sua condição hierárquico ou ascendência 
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”(DAMÁSIO, 2002, 
p.45).
Dependendo do grau, o abuso se classifica em:
1 Abuso sensoriais: como por exemplo, pornografia, exibicionismo, linguagem 
sexualizada....
2 Abuso por estimulação: carícias inapropriadas em partes considerada intimas, 
masturbação, contatos genitais incompletos.
3 Abuso por realização: tentativas de violação ou penetração oral, anal ou genital.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Eca - Lei 8069/90 | de 13 de julho de 1990 
declara que:
para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão "cena de sexo 
explícito ou pornográfica" compreende qualquer situação que envolva 
criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, 
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins 
primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - 
reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 
2008) (BRASIL,1990,art.214).
Os abusos sexuais podem acontecer com pessoas da própria família ou 
extrafamiliares. É muito comum pais abusarem das filhas, esse pai tem 
características de autoritário, controlador, principalmente com as vestes da filha. A 
mãe é uma pessoa fraca que não sabe se impor com o autoritarismo do marido, a 
filha na maiorias das vezes na adolescência, com características que deixam 
transpor uma certa sedução. O pai abusará das filhas quando elas atingirem uma 
certa idade. Esse tipo de abuso é conhecido como incesto.
Quando ele acontece no meio familiar é mantido em segredo, a sociedade por achar 
tão absurdo tende a fechar os olhos para esse tipo de agressão. São conhecidos 
cinco tipos de relações incestuosas: pai-filha, irmão-irmã, mãe-filho, pai-filho, mãe-
filho. Existem três tipos de relações incestuosas envolvendo pai e filho referidos na 
literatura: tipo intrafamiliar, tipo multiproblemático e tipo acidental.
 Decreto Lei 2848/40 - Art. 228 do Código Penal
Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, 
facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela 
Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, 
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou 
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de 
cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 
12.015, de 2009)(BRASIL,1940,art.228).
Tipo intrafamiliar: é o mais comum, difícil de ser diagnosticado, pois a família leva 
uma vida normal, o pai tem uma personalidade passiva, e a vida do casal é pobre, 
sendo assim o abuso aceito pela mulher, acreditando ser melhor do que uma relação 
extraconjugal, que implicaria na separação da família. Muitas vezes o pai não 
procura o sexo, e sim uma falta de carinho e atenção que esta em falta no seu 
casamento. E as crianças que são vitimas de incesto frequentemente se tornam 
pequenas mães, assumindo deveres domésticos que seriam tarefas da sua mãe. 
(PIRES,2009,P.51,tradução nossa).
Tipo multiproblemático: neste tipo o incesto é mais fácil de ser identificado, porque a 
família é mais desorganizada, envolve o alcoolismo, doenças mentais e violência 
física. A criança neste tipo de violência pode sofrer abuso sexual ou físico. E a mãe 
sabendo desse incesto, procura ignorá-lo, porque tem medo de apanhar do 
marido(PIRES,2009,P.51,tradução nossa).
Tanto no primeiro tipo quanto no segundo o incesto é realizado com a filha mais 
velha, e a mesma se ausentado, seja, por abandonar a casa ou quando terminar a 
relação, as outras irmãs serão envolvidas assim que atingirem uma certa 
idade(PIRES,2009,P.51,tradução nossa).
Tipo acidental: esse tipo geralmente sofre influência do álcool. A relação entre pai e 
filha é boa, esse ato restringe-se a episódios únicos, onde o pai sente culpa e 
remorso. Sendo extrafamiliar os episódios também são únicos não havendo 
violência física, os pais procuram rapidamente atendimento médico e contam a 
história clara do abuso (PIRES,2009,P.51,tradução nossa).
Pode-se também falar sobre os vários outros tipos de violências que atingem muitas 
crianças no nosso pais, são eles: assedio sexual, estupros, exploração sexual, e 
pedofilia. 
Muito se fala também sobre o assedio sexual e o abuso sexual, mas entre eles 
existe uma diferença já que o assedio sexual é baseada na sedução e o abuso 
sexual é feito através da violência. 
Enfim, o abuso sexual não se confunde com assedio sexual embora os dois 
fenômenos, com frequência, andem juntos. Nos dois casos há uso de 
abusivo do poder de uma das partes em relação à outra. No caso do 
assedio, isso se dá predominantemente pela via do controle 
comportamental, enquanto que, no caso do abuso, o fenômeno ocorre 
principalmente pelo uso do controle fatal (PASTORE, 1998, p. 5).
O assedio sexual em algumas culturas era visto como algo bom e permitido e não 
como ele é visto nos dias de hoje. Por isto, é difícil comparar as práticas em cada 
país.
Conforme Pastore (1998),
O assédio sexual tem fortes condicionantes culturais. O que é assédio em 
cultura pode ser galanteio em outra e vice-versa. O conceito sofreu muitas 
modificações ao longo do tempo. O que era prática aceitável nos tempos da 
escravidão tornou-se uma conduta abominável nos dias atuais [...].(1998, 
p.5) 
Muito se fala que o estupro só é praticado, a partir da violência ou agressão, mas na 
realidade pode ocorrer também através de ameaças verbais. De acordo com o 
Código Penal Brasileiro, (CPB) alterado em 2009, “o estupro só é configurado 
quando o suspeito constrange alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato 
libidinoso”.
Muitas vezes o estupro pode ser praticado, por parentes, amigos, pais, padrastos, 
ou pessoas de que menos se suspeita. Mas que convivem diariamente na casa junto 
à família. A exploração sexual é caracterizada e compreendida contra crianças por 
adultos. É praticada em troca de dinheiro ou quaisquer outros favores. Mas que 
sempre tem como beneficiado um adulto, que lucra com tal exploração.
Para (MARQUES, NEVES E NETO, 2002), 
A exploração sexual não é sinônimo de abuso sexual. Este último significa 
ato ou jogo sexual em que o adulto submete a criança ou ao adolescente 
(relação de poder desigual) para se estimular ou satisfazer sexualmente, 
impondo-se pela força física, pela ameaça ou pela sedução, com palavras 
ou com oferta de presentes. Outra diferença importante é que o abuso 
sexual não implica em relações comerciais, não trazendo beneficio do ponto 
de vista material. (p. 222).
A pedofilia é uma ocorrência sexual praticada entre um individuo maior de 16 anos e 
uma criança. Geralmente é um desvio ocasionado pela atração e vontade de fazer 
algo obsceno. 
O Código Penal, emseu art. 217, afirma:
Não possui o tipo penal "pedofilia". Entende-se, a grosso modo, que 
pedofilia é contato sexual entre crianças e adultos, e enquadra-se 
juridicamente no crime de ESTUPRO DE VULNERÁVEL, previsto no art. 
217-A do Código Penal, com pena de oito a quinze anos de reclusão e 
considerados Crimes hediondos. (BRASIL,1990,p.23).
Atualmente houve uma modificação no Código Penal,
Na Lei 12.015, de 07 de agosto de 2009, foi dado um tratamento mais 
rigoroso aos agora chamados Crimes contra a Dignidade Sexual, com 
agravamento de penas e medidas processuais (sigilo e facilitação da 
iniciativa da ação penal), especialmente aos crimes cometidos contra 
menores de idade.(BRASIL,2009,p. 41).
4 Consequências do Abuso sexual
O abuso e a negligencia podem ter consequências graves não apenas 
físicas , mas também emocionais mais graves geralmente ocorre quando 
um genitor não abusivo não acredita no relato de abuso de uma criança e 
não tenta protegê-la , quando a criança é afastada de casa, ou quando 
sofre mais de um tipo de abuso (PAPALIA, 2000,p.234). 
Segundo (COSTER,1989, p.234 ) “As crianças que sofrem abuso muitas vezes têm 
atraso de linguagem”. Tem maior probabilidade de repetir de série, ter resultados 
fracos em teste cognitivos e problemas de disciplina na escola .Tendem a serem 
agressivas e não - cooperantes e consequentemente são menos estimadas do que 
as outras crianças. 
Adolescentes que sofrem abusos quando eram crianças, podem reagir fugindo, o 
que pode ser uma medida de autoproteção, ou podem abusar de drogas, se tornem 
delinquentes ou criminosas quando adultas, o abuso aumenta essa probabilidade. 
As consequências de abuso sexual variam com a idade. Crianças que sofreram 
abuso tendem a ter medo, baixa autoestima, problemas de comportamento e de 
desempenho escolar e tornam–se preocupadas com o sexo.
Browne (1986) cita, 
O medo e a baixa autoestima muitas vezes continuam até a idade adulta 
.Os adultos que sofreram abuso sexual quando crianças tendem a ser 
ansiosas, deprimidas, raivosas ou hostis; a não confiar nas pessoas; a 
sentirem-se isoladas e estigmatizados; e ser sexualmente mal ajustados 
(BROWNE -FINKELHOR,1986, p.134 ).
Kendall (1993), afirma que:
Os efeitos do abuso sexual são mais pronunciados quando o agressor é 
alguém próximo a criança, quando o contado sexual é frequente e persiste 
por um longo período de tempo, quando é feito uso de força quando há 
penetração oral, anal, vaginal, ou quando a criança tem uma atitude ou 
estilo de enfretamento negativo(KENDALL-TACKETT,1993,p.134). 
Os maus-tratos emocional são mais sutis do que os físicos e seus efeitos podem 
ser mais difíceis de definir com exatidão. Eles tem sido ligado a mentira, roubo, 
baixa autoestima, desajeitamento social, dependência, mau desempenho, 
depressão, agressão, distúrbios de aprendizagem, homicídio e suicídio, bem como 
problemas psicológico posteriormente na vida.
A criança quando abusada enfrentará várias dificuldades na sua vida adulta, que 
muitas vezes vai refletir no convívio social, nos seus relacionamentos pessoais, no 
seu ambiente de trabalho. Ela poderá desenvolver vários tipos de sentimentos e 
levando a algumas consequências como mostra (SILVA,1990).
Sentimento de culpa; sentimento de isolamento, de ser diferente; sentimento 
de “estar marcado” por toda a vida; depressão; falta de amor próprio (baixa 
auto estima); dificuldade de manter relações saudáveis com outras pessoas; 
comportamentos autodestrutivos: uso imoderado de álcool, abuso de 
drogas, tentativa de suicídio, promiscuidade; tendência no abuso de 
relações sexuais; dificuldade de expressar raiva; dificuldade no 
relacionamento sexual, como impotência e frigidez. (p.79-80).
5 Papel do pedagogo 
Que o abuso sexual tem um impacto mórbido na criança é algo inquestionável. Ela é 
afetada em vários aspectos, tais como: sexual, psicológico, emocional, cognitivo, e 
social. Pfeiffer e Salvagni (2005, p.197) ressaltam, ”O abuso sexual tem um impacto 
muito grande na saúde física e mental da criança e do adolescente, deixando 
marcas em seu desenvolvimento, com danos que podem persistir por toda vida”.
A proximidade e o convívio diário do pedagogo tem um papel primordial já que no 
seu exercício profissional, na maioria das vezes, passa mais tempo com as crianças 
do que qualquer outra pessoa da família. 
Em média, os professores passam mais tempo com crianças do que 
quaisquer outros adultos, até mesmo os pais. Isso os coloca em uma 
posição única para conhecer a criança e acompanhar suas mudanças de 
comportamento. Se tiverem um conhecimento correto sobre o Abuso Sexual 
de Crianças (ASC), eles poderão ser essenciais para a identificação de 
crianças que eventualmente estejam sofrendo o abuso, proporcionando-lhes 
um ambiente seguro no qual a criança tenha condições de revelá-lo. Além 
disso, escolas e professores podem desempenhar um papel central na 
educação de crianças a respeito dos perigos do ASC e de como podem se 
proteger da melhor forma. (FURNISS E KNUSTSON, 1995 apud 
AMAZARRAY; KOLLER, 1998, p. 280).
Os profissionais da educação devem estar atentos para a exploração e o abuso 
sexual. É fundamental que saibam, por exemplo, reconhecer sinais de maus-tratos 
nas crianças e nos adolescentes. E não se trata apenas de observar as marcas 
físicas. Quando uma criança sofre esse tipo de violência, ela de alguma maneira, 
conta o que aconteceu. 
Nem sempre as crianças e adolescentes expressam com palavras, às vezes, 
apenas com gestos, comportamentos diferenciados, ou por meio de desenhos. O 
educador deve estar atento a estes sinais, porque ninguém melhor do que ele, que 
passa longos períodos com a garotada, para perceber tais mudanças. 
Além de estarem preparados para captar essas pistas, nem sempre tão óbvias, os 
educadores precisam estar capacitados para lidar com a criança e suas famílias. 
Estabelecer uma relação de confiança com a criança ou o adolescente, sem 
preconceitos e moralismos, isso constitui um desafio para esses profissionais.
Conforme Sanderson (2005):
Para manter as crianças seguras e protegê-las, é de extrema importância 
que, professores invistam em conhecimento e lhes proporcionem um 
relacionamento aberto e de confiança, a fim de que possam se comunicar 
de maneira eficiente. (SANDERSON, 2005, p. 252).
É fundamental que os profissionais que têm contato diário e próximo com crianças e 
adolescentes estejam atentos para este grave problema social e possam trabalhar 
no sentido de preveni-lo e identificá-lo e, também caso haja alguma suspeita saibam 
tomar medidas cabíveis.
 É importante que os educadores não se calem diante de suspeitas ou de 
confirmações de casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes. Infelizmente, 
em muitas ocasiões, os profissionais acabam adotando uma postura silenciosa por 
causa das ameaças dos agressores, que se voltam não apenas contra as vítimas e 
seus familiares, mas contra toda a comunidade.
 Após identificar o abuso sexual em crianças ou adolescentes, o professor deve 
denunciar, pois se não o fizer poderá ser punido na forma da lei conforme 
estabelece o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA):
Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção 
à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à 
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo 
suspeita ou confirmação de maus tratos contra crianças ou adolescente: 
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro emcaso de reincidência. (BRASIL, 2005, art. 229, p. 47).
De acordo com o ECA no artigo 18, (p. 4):” É dever de todos velar pela dignidade da 
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, 
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor." 
Na visão de Sanderson (2005) a respeito do abuso sexual na formação de 
professores:
[...] é fundamentalmente importante que todos os professores sejam 
treinados de maneira adequada quanto a um entendimento do ASC [...] Só 
tendo um adequado entendimento da criança sexualmente abusada é que 
professores podem ter esperanças de identificar as crianças que correm 
risco ou as que estão sendo abusadas. (SANDERSON, 2005, p. 281).
Os pedagogos têm um papel muito importante na identificação do abuso sexual, pois 
tem mais chances de conhecer melhor essas crianças e serem os primeiros a notar 
mudanças de comportamento referente a tal processo.
Na maioria dos casos de ASC são diversas as mudanças de comportamento das 
crianças que poderão ser observadas pelos pedagogos. De acordo com Sanderson 
(2005), a falta de concentração é mais evidente na sala de aula:
Uma criança que está sempre preocupada, com medo, terror, confusão ou 
antecipa o próximo acesso sexual não vai conseguir prestar atenção no que 
se espera que aprenda na escola. Essas crianças se comportam como se 
estivessem em um mundo de sonho e parecem aéreas na classe, quase 
rudes em suas respostas. (SANDERSON, 2005, p. 220).
Fica claro que o abuso sexual além de trazer vários problemas emocionais, 
psicológicos, traz também a falta de concentração na vida escolar dessa criança, 
apresentando um desempenho insuficiente na escola. A maioria das crianças se 
sente mais seguras na escola, lá elas encontram um refúgio do abuso sexual sofrido 
em casa. 
Pais e pedagogos precisam estar conscientes de que podem ensinar de várias 
maneiras, as crianças sobre o perigo do abuso sexual em crianças e do aliciamento, 
sem descrever detalhes sexuais. Embora tais orientações não garantam que essas 
crianças nunca correrão risco, mas asseguram que crianças tenham acesso ao 
conhecimento e às informações referentes ao abuso sexual, que podem minimizar 
os riscos. 
O pedagogo deve trabalhar no desenvolvimento de projetos para o enfrentamento 
da questão tematizada, a formação do pedagogo precisa contemplar esta 
possibilidade de aprofundamento ainda dentro de sua formação inicial.
6 Atitudes da escola diante do abuso sexual da criança ou adolescente
 A escola como espaço educacional deve-se trabalhar a educação sexual, e de 
grande importância na discussão do tema sexualidade e gênero, de forma natural 
com participação da família. Com orientações recebidas, crianças e adolescentes 
podem perceber se está sendo abusado, e conta com ajuda de adulto que ele 
confia.
 Segundo Freud (1987),
Se a internalizarão das interdições morais pelas quais a sociedade 
assegura a repressão da sexualidade se efetua por intermédio da educação, 
esta demonstra ser a responsável direta pelas neuroses. É por meio da 
educação que a família se assegura, segundo as exigências da sociedade. 
(MILLORT,1987,p.38).
De acordo com Pires Filho (2009 p. 38),” Na identificação destes casos, a escola 
tem um papel imprescindível, já que as crianças passam por lá boa parte do seu 
dia”. O problema é que, muito dos professores ainda não estão preparados para 
reconhecer estes casos e auxiliar os alunos.
 Art.15. criança e o adolescente têm à liberdade, ao respeito e à dignidade como 
pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos 
civis, humano e social garantido na constituição e nas leis.Art.17. O direito ao 
respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral 
da criança e do adolescente, abrangendo a prevenção da imagem, da 
identidade, da autonomia, dos valores, ideais e crenças dos espaços e 
objetos pessoais. Art.18. É dever de todos velarem pela dignidade da criança 
e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, 
vexatório ou constrangedor(BRASIL,1990).
De acordo com Pires filho (2009, p.39) ”independente do arranjo família ou forma 
como vem se estruturando, as famílias mantém, a sua importância”. Ela 
desempenha papel fundamental, importância para a educação, como um todo, da 
criança, seja no lar (informal) e na escola (formal). Na relação família/escola são 
absorvidos os valores éticos, humanitário e se aprofundam os laços de 
solidariedade. As mudanças são observadas, tanto na família quanto na escola.
Conforme (MILLIOT,1987),
É à escola que cabe fornecer as explicações sexuais, e isto no contexto do 
ensino sobre o, mundo animal. A sexualidade deve no mesmo plano que as 
outras matérias de maneira que a criança não tenha o sentimento de que se 
dá um lugar diferente a essas questões. Mas se é preferível que seja a 
escola a assumir esta tarefa, isto se deve em parte, à imperícia que os pais 
geralmente demonstram na forma sexual de seus filhos. A educação sexual 
deveria ter um valor preventivo quanto às neuroses, e preservar o bom 
funcionamento intelectual da criança (p.45-44).
Segundo Costa, (2013)
 Quando o professor percebe essa mudança de comportamento da criança 
ou do adolescente e suspeita de alguma violência através da aparência 
física, ou dos comentários dos coleguinhas, através de desenhos ou das 
atitudes ao relacionar, deve-se encaminhar para gerência da educação, que 
fará o contato com os pais ou encaminhar para o conselho tutelar. 
(Entrevista verbal com o Conselheiro Tutelar).
Em caso de suspeita é importante ter um olhar cuidadoso e atento para identificar o 
comportamento de crianças ou adolescentes. 
A identificação precoce da ocorrência da violência é um fator fundamental para a 
transformação da situação e atenção às pessoas envolvidas. Lembrar-se que é 
de extrema importância o cuidado ao se levantar estas suspeitas, devendo sempre 
considerar um contexto amplo em que aparecem alguns sinais, que podem ser 
físicos, comportamentais ou sociais.
Importante frisar que este é um fenômeno presente em todas as classes sociais e 
composições familiares, de que a violência doméstica e sexual não ocorre apenas 
em famílias pobres e desestruturadas. 
Uma proposta de educação para a paz, deve sensibilizar os educadores para novas 
formas de convivência baseadas na solidariedade e no respeito às diferenças, 
valores essenciais na formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres , 
sensíveis para rejeitar toda a forma de opressão e violência. Ministério da Educação, 
Brasil (Educação Inclusiva: fundamentação filosófica, 2004).
A excitação não elaborada, a culpa e a ansiedade agravadas pela dor física, pela 
impotência, pelo desamparo e pelo medo da morte, podem ser mais prejudiciais que 
o ato sexual em si.
 Conforme Pires Filho (2009),
Os danos são maiores quando a família, escola, médicos e agentes legais 
ignoram os apelos da criança, duvidam de sua palavra, responsabilizam-na 
pelas agressões ou obrigam-na a passar por exames mal conduzidos e até 
dolorosos, depoimentos sem fim e acareações com aquele que a abusou.
( p.57).
A estigmatizarão social no processo individual,são danos secundários, sofridos pela 
criança, objeto de abuso sexual.
Pires Filho (2009), destaca que:
As crianças que sofreram abuso sexual e suas famílias podem se tornar 
socialmente estigmatizadas pela reação dos vizinhos, escola e 
companheiros. A criança muitas vezes também é vitima pelas 
consequências da separação familiar (p.57).
Diante de qualquer casode abuso, suspeito ou confirmado, profissionais de saúde e 
professores devem denunciar. 
Segundo o Conselheiro tutelar entrevistado (COSTA, 2013) orienta,
 Quando uma criança sofre abuso sexual o responsável legal deve ouvir a 
criança, tem que acreditar no primeiro momento que é verdade. Nos casos 
de abuso intrafamiliar para ela falar sobre isso e muito difícil, quando ela 
começar expressar ou mudar o comportamento os pais ou responsável tem 
que acreditar, confirmando essa suspeita ele vai tomar as providencias 
cabíveis que são: levar em atendimento da saúde e deve encaminhar para 
uma delegacia especializada da criança e do adolescente onde vai haver a 
responsabilização desse abusador e informar ao conselho tutela para que 
as medidas sejam aplicadas.(Entrevista verbal).
Aliás, é uma obrigação legal. Assim que se der conta de casos de violência, 
denunciem por meio do Disque-Denúncia, e no caso das escolas, acionem 
imediatamente o conselho tutelar
7 Orientação sexual
A temática sexualidade tem sido um tabu para a família e ,consequentemente, para 
os educadores. Esse é um assunto cheio de mitos criados por nossa sociedade, por 
isso ao se deparar com perguntas das crianças sobre sexo os adultos preferem 
ignorar ou responder com mentiras, não que seja certo ou errado, porém vivemos 
em uma sociedade, na qual, os meios de comunicação se expandiram e por toda 
parte vemos propagandas e anúncios sensuais, novelas com cenas provocantes[...].
As manifestações de sexualidade surgem em todas as faixas etárias, por isso é 
importante explicar para a criança sobre o funcionamento de seu corpo, mas essa 
explicação deve ser de acordo com a idade, contudo o mais importante é ensinar à 
criança a se amar e respeitar seu corpo e do outro.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Orientação sexual:
Baseado em alguns princípios devemos esquecer nossa própria educação 
sexual, pois os tempos mudaram, temos que viver a nossa época. O melhor 
é ensinar as crianças e armá-las convenientemente para a vida do que 
procurar preservá-la, mantendo-as na ignorância. É importante que a 
criança seja educada segundo o seu sexo. Esta situação frequentemente 
continua em toda a fase de crescimento da criança, sendo mais positivo e 
saudável fazer essa educação a dois, pai e mãe. Devemos responder a 
todas as perguntas das crianças, qualquer que seja o momento em que elas 
forem feitas. (BRASIL, PCN, 1998, p. 20)
A curiosidade sobre sexo e sobre seu próprio corpo é um processo natural, pois o 
prazer está na criança desde o seu nascimento,por isso, é um processo de 
aprendizagem natural da vida, assim à criança não vê motivos para esconder e nem 
ter vergonha de se tocar em público.
Dessa forma, não podemos xingar, gritar e dizer que está errado, mas devemos 
ensiná-los que não podemos nos tocar em todos os lugares, que na escola não é 
lugar dessa atitude, assim à criança não sentirá medo ou vergonha do seu próprio 
corpo. Para compreender essas manifestações na infância é de fundamental 
importância o educador ter como base o conhecimento sobre o desenvolvimento 
humano, assim saberá identificar o que é normal ou anormal em determinada idade.
Segundo orientações do PCN:
[...] as curiosidades das crianças a respeito da sexualidade são questões 
muito significativas para a subjetividade na medida em que se relacionam 
com o conhecimento das origens de cada um e com o desejo de saber. A 
satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja 
impulsionado ao longo da vida, enquanto a não satisfação gera ansiedade e 
tensão. A oferta, por parte da escola, de um espaço em que as crianças 
possam esclarecer suas dúvidas e continuar formulando novas questões 
contribui para o alívio das ansiedades que muitas vezes interferem no 
aprendizado dos conteúdos escolares.(BRASIL, PCN, 1998, p. 20).
A orientação sexual na educação infantil e ensino fundamental não precisa ser 
trabalhada como uma disciplina específica, porém deve ter um diálogo maior entre 
família e escola, para que a escola não ultrapasse a parte que cabe a família e a 
família compreenda como deve lidar com determinadas manifestações na infância.
O PCN, sobre orientação sexual, descreve que um trabalho sistematizado e 
integralizado à família possibilitará um desenvolvimento prático da orientação sexual 
ligada à vida, à saúde, ao prazer e ao bem estar, que integra as diversas dimensões 
do ser humano envolvidas nesse aspecto.
Sobre o pontos de vistas do assunto o PCN orienta:
De forma diferente, cabe à escola abordar os diversos pontos de vista, 
valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a encontrar 
um ponto de auto referência por meio da reflexão. Nesse sentido, o trabalho 
realizado pela escola, denominado aqui de Orientação Sexual, não substitui 
nem concorre com a função da família, mas antes a complementa. Constitui 
um processo formal e sistematizado que acontece dentro da instituição 
escolar, exige planejamento e propõe uma intervenção por parte dos 
profissionais da educação. (BRASIL, PCN, 1998, p. 20).
O papel da escola é de problematizar e levantar questionamentos sobre o assunto, 
propiciando informações cientificamente comprovada e atualizada, dessa forma a 
escola possibilitará o aluno desenvolver atitudes coerentes que ele próprio elegeu 
como seus. Portanto, não cabe à escola fazer atendimentos individuais a aluno, o 
trabalho deve ser estritamente de cunho pedagógico e coletivo.
Ao discutir certos assuntos, os educadores devem se distanciar do pessoal e 
respeitando a opinião de seus alunos, buscando desenvolver a discussão de 
diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes em nossa sociedade.
 A ação da escola é de complementar à educação da família, a abordagem dessa 
temática deve ser oferecida de forma pluralista, além disso, a escola não deve julgar 
os preceitos familiares certos ou errados, entretanto, se houver violação dos direitos 
das crianças e dos jovens a escola tem o deve de comunicar ao Conselho Tutelar.
O PCN relata:
Experiência bem-sucedida com Orientação Sexual em escolas que realizam 
esse trabalho para alguns resultados importantes: aumento do rendimento 
escolar (devido ao alívio de tensão e preocupação com questões da 
sexualidade) e aumento da solidariedade e do respeito entre os alunos. 
Quanto às crianças menores, os professores relatam que informações 
corretas ajudam a diminuir a angústia e a agitação em sala de aula. 
(BRASIL, PCN, 1998, p. 20).
O trabalho com a educação sexual a partir do quinto ano deve ter um espaço 
reservado para se trabalhar as questões sobre a sexualidade, o professor utilizará 
das orientações específicas dos blocos temáticos contidos no PCN. A partir dessa 
série o aluno apresenta condições de canalizar suas dúvidas e questões sobre a 
sexualidade, muitos temas podem ser propostos como: puberdade, doenças 
sexualmente transmitidas, gravidez [...].
Nos anos iniciais as manifestações mais frequentes são sobre a curiosidade dos 
genitais e brincadeiras que envolvem o corpo, o educador nesse caso deve agir de 
forma a levar seus alunos a compreender as normas de convívio escolar para que 
eles aprendam os limites. O que não se deve fazer nesse caso é julgar as 
manifestações das crianças, os pais só devem ser chamados se determinadas 
manifestações se repetirem comprometendo o rendimento escolar da criança.
A PCN traz a orientação sexual como um tema transversal que não se deve ser 
trabalhado apenas no aspecto biológico, mas tambémsocial, cultural, político, 
econômico e psíquico. Dessa forma, cada área de conhecimento poderá abordar 
essa temática na prática educativa. Para que o trabalho seja desenvolvido de forma 
a atender a grande multiplicidade de valores, a escola deve abrir espaço para se 
trabalhar a temática com toda sociedade, possibilitando uma reflexão aberta a 
diálogos.
8 CONCLUSÃO
Evidenciou-se através deste estudo a importância do Pedagogo, no processo de 
descoberta de quaisquer tipos de abuso sexual, pois o profissional da educação 
passa longo tempo com as crianças e é a partir deste momento que ele poderá 
observar os sinais que geralmente são fornecidos pelas vítimas do abuso sexual.
A criança abusada, normalmente não consegue relatar o ocorrido para os familiares, 
por vergonha, já que acreditam que são culpadas por ter sido abusadas, ou até 
mesmo devido às ameaças sofridas pelo abusador.
Contudo mesmo com a vergonha e o medo existente na criança, demonstrar através 
de gestos ou ações que algo aconteceu com elas. Crianças que foram abusadas 
sexualmente podem desenvolver vários tipos de reações, como; ficar agressiva, não 
aceitar ser tocada, chora com frequência, se isola, não consegue se comunicar 
como as outras crianças e até mesmo através de desenhos.
Foi possível observar que o abuso sexual pode ocorrer em diversos lugares e serem 
praticado por pessoas da família, como, pais, irmão, tio e avô, ou por alguém que 
possua algum tipo de vinculo com os familiares; padrasto, vizinhos e amigos.
Constatou-se então, que o Pedagogo deve estar atento aos pequenos sinais e 
gestos que as crianças possuem ou demonstram em sala de aula, e não permitir que 
seus olhos estejam vendados, diante de um fato tão polêmico, para assim prevenir e 
auxiliar no processo de descoberta sobre o abuso sexual, ou quaisquer outros tipos 
de violência.
Por outro lado muitas escolas tem essa deficiência em capacitar seus professores e 
funcionários, para a identificação de um possível abuso. Vimos que há muitos casos 
de abuso sexual de crianças, e se houvesse um melhor preparo dos educadores, 
mais conhecimento sobre o assunto, daríamos a várias crianças a oportunidade de 
ter sua infância resgatada, e tiraríamos da sociedade esses delinquentes que devem 
ficar presos.
Ao suspeitar de um abuso não feche seus olhos, denuncie, pense que estaremos 
perdendo o nosso futuro ao não nos pronunciarmos diante desse crime que 
infelizmente, ainda é muito comum na nossa sociedade. Vamos formar cidadãos 
autônomos, pensantes, que não se calem diante de tal agressão a nossos 
pequenos.
Referências
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l12015.htm. Acesso em: 17 de março de 2013.
BRASIL. 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de Julho 
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 OLIVEIRA, Maria da Consolação Azevedo. Pedagoga e Psicóloga.Belo 
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Criança Feliz.Belo Horizonte,2013. Entrevista concedida ao grupo do 
trabalho interdisciplinar de Graduação.
SILVA, José Raimundo da .Abuso e negligência na infância. Prevenção e Direitos. 
Rio de Janeiro: Editora Científica Nacional, 1990. 
Anexos
ANEXO A- Entrevista com conselheiro tutelar- Belo Horizonte
1. O que é e para que Server o conselho tutelar?
Conselho tutelar é um órgão criado para garantir os direitos das crianças e do 
adolescente para cumprimento da lei 8.069 formado após muitas pesquisas e 
pressão da sociedade que viu a violência contra crianças e adolescentes e 
descriminação entre as próprias crianças adolescentes. 
2. Como saber que uma criança foi vitima de abuso sexual?
Existem vários tipos de violência. Na violência sexual, geralmente quando acontece, 
a criança passa a se expressar de forma diferente do seu dia-a-dia. Os pais são os 
primeiros a ver essa mudança de comportamento, os professores também 
identificam muito a situação e a própria comunidade quando a criança se mostra de 
uma forma diferente. Algumas diferenças são, quando a criança na escola é 
desinibida, faz o dever corretamente, é participativa e de uma hora para outra passa 
a ter um comportamento diferenciado, a criança chora muito. Através de um 
desenho e possível identificar se houve essa violação ou esse abuso sexual ou 
quando própria criança fala. Geralmente são as meninas que falam mais os meninos 
que sofrem essa violência são os que menos falam 
3. É possível orientar a criança sobre o que um abuso sexual?
Sim é possível, tem que haver um mecanismo pedagógico de forma que vá alcançar 
cada faixa etária. A criança esta em fase de desenvolvimento mostra a sua 
sexualidade no dia a dia, até mesmo brincando, temos que prepara-las e orienta-las 
para que não sofram nenhum tipo de abuso sexual.
4. Se uma criança sofre abuso sexual o que deve ser feito?
Quando uma criança sofre abuso sexual o responsável legal deve ouvir a criança, 
tem que acreditar no primeiro momento que é verdade. Nos casos de abuso 
intrafamiliar para ela falar sobre isso e muito difícil , quando ela começar expressar 
ou mudar o comportamento os pais ou responsável tem que acreditar, confirmando 
essa suspeita ele vai tomar as providencias cabíveis que são: levar em atendimento 
da saúde e deve encaminha para uma delegacia especializada da criança e do 
adolescente onde vai haver a responsabilização desse abusador e informar ao 
conselho tutela para que as medidas sejam aplicadas.
5. O conselho tutelar ele pode contribuir com o educador? Vocês tem algum 
programa que possa ajudar o educador? E como funciona em relaçãoa isso?
O conselho tutelar é um órgão que não executa, mas aplicam medidas, é um órgão 
que vai garantir os direitos, vai fazer os encaminhamentos e fiscalizar para que 
essas redes especializadas trabalhem e resolvam a situação, é claro que o conselho 
tutelar pode fazer palestra, orientar sobre os direitos, mas existe uma rede que vai 
falar explicitamente sobre a violência sexual, como tem programa que faz no 
trabalho infantil, em áreas da saúde. 
6. Como o conselho tutelar pode atuar no caso de uma criança que sofreu abuso?
o caso quando chega aqui no conselho chega de várias formas: quando a mãe traz 
a criança ou adolescente e o caso já sofreu a sua responsabilização, já foi ao centro 
de saúde, existem casos que chegam por denúncia, que é feito pelo disque 
denúncia 0800031119 que é do estado ou disque 100 que vai direto para Brasília e 
ambos tanto Brasília com estado enviam a denúncia para o conselho que notifica 
essa família, notificação é um documento endereçado, como se fosse uma 
intimação, para que a família compareça juntamente com a criança. o conselho tem 
uma forma de atendimento cada caso é um caso, dependendo da idade da criança, 
do que foi falado, primeiro ouve-se a criança sozinho as vezes dois conselheiros 
atendem aquela criança, depois atendem o pai, é feito uma avaliação, se houver 
uma suspeita ou o fato, orienta-se os responsáveis para que tomem as providências. 
E o conselho vai tomar as devidas providencia de responsabilização, como de 
saúde, acompanhamento psicológico, acompanhamento familiar, para que não 
acontece mais a violação e a criança tenha superação do fato.
7. Como é o atendimento as crianças vitimas de abuso sexual?
 
Cada caso é um caso, por exemplo, se eu tiver um caso aqui que a mãe não 
acreditou na criança, mesmo a criança falando que houve a violação, o abuso pelo 
padrasto, nessa situação o conselho tomou a providência, porque a mãe não quis 
tomar as providência, nós obrigamos a mãe a levar a criança ao atendimento 
médico, pode ser levada, por exemplo para o Hospital Odilon Bheres, é um hospital 
muito referente na área de saúde, ele vai fazer o atendimento irá tomar as 
providencias, podemos encaminhar para um centro de saúde através do PSF, núcleo 
de atendimento da saúde da família também vai acolher e fazer um atendimento de 
saúde em geral , e possivelmente encaminhar para um atendimento psicológico, 
encaminhamos também para delegacia que a DEPCA que exigirá que o responsável 
tome as devidas providencia, se ele não fizer, nós tomamos todas as providencias e 
também responsabilizamos o responsável por não ter agido de acordo.
8. A frequência do abuso sexual pode acontecer dentro ou fora da família?
as estatística mostram que é mais dentro de casa, o abuso intrafamiliar, acontece 
como tio, vizinhos, padrasto, pai, acontece com frequência porque a criança tem 
confiança nessas pessoas, ela se entrega, tem um vinculo. Geralmente fora 
acontece a exploração sexual, pedofilia, tirar foto de uma criança para exploração 
comercial, é diferente mas entra nesse fenômeno da exploração sexual que também 
é abuso sexual. 
9. Quais as Consequências do abuso sexual para uma criança na escola e no meio 
familiar?
Na pratica os conselheiros não são psicólogos, não são assistente sociais, eles são 
aquele no momento os técnicos que vão fazer as avaliações. o que a gente de uma 
forma geral percebe é que a criança quando é abusada sexualmente sofre muito, 
muitas crianças mudam a forma ser, se prende no seu dia a dia, umas passam a 
fazer xixi na cama, ter o seu comportamento diferenciado, chora muito, não acredita 
em ninguém, não querem falar da situação, por isso a gente não deve revitima-la, vê 
também que ela não quer contar o fato muita vezes, mas que papo o que a gente 
ver também que toda atitude que ela tem é porque esta procurando socorro, as 
vezes fica nervosa quer ser o centro das atenções da família, ou seja, a criança tem 
consequência psicológica que vai ter que ser avaliada pelo técnico e ser 
acompanha, existe situação que os pais são encaminhados para psicólogo, se a 
criança não for ajudada e acompanhada nós vamos perder essa criança.
10. Quais são as dificuldades para lidar com o abuso sexual numa sala de aula? 
Quando o professor percebe essa mudança de comportamento da criança ou do 
adolescente e suspeita de alguma violência através da aparência física, ou dos 
comentários dos coleguinhas, através de desenhos ou das atitudes ao relacionar, 
deve-se encaminhar para gerência da educação, que fará o contato com os pais ou 
encaminhar para o conselho tutelar. 
11. Qual o histórico das famílias que tem uma criança que sofreu abuso sexual? 
De uma forma geral essas famílias supostamente o pai ou mãe sofreram abuso 
sexual quando criança ou adolescente acham aquilo normal, viveram aquilo. “Olha 
aconteceu isso comigo quando era criança é normal continuei vivendo, não foi nada 
de mais”. Colocam a culpa sobre a criança, a criança que é assanhada, a menina e 
assanhada tem 6 anos e é assanhada, já tive caso de menina 3 anos para 4 anos 
que a mãe falou que estava assanhando com o padrasto acha que aquilo era normal 
que a criança é culpada como uma criança de três anos para quatro anos ela vai ter 
uma consciência de seduzir. Geralmente tem uma dificuldade de entender isso que é 
uma violação dos direitos, vai trazer para criança consequência psicológica. Muitos 
casos de família que em situação vulnerabilidade social e risco, expõe eles num 
abandono intelectual e material, famílias que por exemplo a mãe tem quatro ou cinco 
filhos, tem que sair para trabalhar, deixa um cuidando do outro, as vezes eles não 
tem recursos financeiros adequado ali, os meninos passam a pedir, vão para o 
trabalho infantil, frequentam casas de pessoas inadequadas buscando proteção e 
acabam sofrendo. tem que haver um cuidado principalmente da família em relação a 
seus filhos, a família deve garantir essa proteção dos filhos.
ANEXO B- Entrevista com Diretora pedagoga - Belo Horizonte
1. Quais providenciam os pedagogos devem tomar de imediato, ao se deparar com 
a suspeita de abuso sexual envolvendo aluno(s)? 
É um assunto muito complexo, porque geralmente o aluno ou a criança quando ele 
sofre este tipo de violência ele não aborda o assunto por medo e ameaça. Mas se 
dedequitar as medidas são passar observa bem o comportamento desse aluno, até 
conquista a confiança dele para que ele possa realmente nos contar o que esta 
acontecendo. 
2. Como as escolas deveriam trabalhar para a prevenção do abuso sexual? 
Através de projeto, o Estado tem um projeto do PEAS, Programa de Educação 
Afetivo sexual que envolve um trabalho de interdisciplinaridade, este ano vai ser 
desenvolvido aqui na escola. 
3. Enquanto pedagogos o que se pode fazer para prevenir tais violências? 
É através do projeto, passar para os alunos todas as informações necessárias e 
quais as medidas que ele precisa esta tomando, a quem ele recorre caso ele sofre 
este tipo de violência. 
4. Os temas transversais propostos pelo MEC abordam a necessidade do docente 
trabalhar a questão sexual como forma de quebrar os tabus que a envolve e orientar 
os alunos quanto a sua sexualidade. Como trabalhar esse assunto em sala com 
alunos da educação infantil e ensino fundamental (1º ao 5º ano). 
Eu principalmente enquanto pedagoga não me sente preparada para trabalhar esta 
questão, então todos nós professores precisamos passar por uma capacitação e 
adquirir planejamento projetos, porque é um assunto realmente muito complexo praidade dos alunos 6 a 11 anos até 15 anos. Então precisamos preparar muito para 
esta passando esse assunto, porque pode vira como antigamente o sexo era 
considerada uma coisa banal, mas não é tem que ser na hora certa. Então como 
pedagoga eu não me sinto capacitada, agente precisa capacitar, procurar programas 
atividades para que possamos abordando de uma forma bem light da questão da 
sexualidade dos alunos nessa faixa etária. 
5. Como o trabalho de orientação sexual e prevenção da violência sexual no 
cotidiano escolar podem contribuir para o desenvolvimento da criança? 
Precisamos trabalhar com projetos para cada idade, hoje nós temos muitos livros 
que pode nos capacitar, e de uma forma bem adequada passar para os alunos. Eu 
acho que a família também precisa esta informada, pois muitos pais que tem a 
concepção como antigamente não aceita.
6. Como identificar uma criança vitima de abuso sexual? 
Crianças que foram abusadas sexualmente sofrem mudanças em seu 
comportamento como agressividade, dificuldades de relacionamento e isolamento. 
7. Como trabalhar com a criança de forma a evitar constrangimentos?
Deve ser realizado um trabalho com um relacionamento de apoio demonstrando 
confiança para que a criança diga a verdade e fale com liberdade. Não a julgue, nem 
a faça sentir-se culpada. 
8. Qual o papel do pedagogo em relação do acolhimento familiar em relação ao 
abuso? 
Quando o abuso ocorre entre alunos da escola o papel do professor e conversar 
tanto com a família do abusador quanto a do abusado, para que seja realizado um 
trabalho com os dois indivíduos. Mas, quando o abusador esta do lado de fora da 
escola o trabalho se torna mais difícil, pois é necessário que se tenha certeza do que 
esta acontecendo e a família seja alertada para que os órgãos competentes tomem 
todas às providencias para que seja realizada a defesa da criança. 
9. As escolas possuem auxilio de algum órgão competente? 
A escola pode solicitar o auxilio do conselho tutelar e juizado de infância e juventude, 
como a escola nunca solicitou o auxilio para este tipo de caso os órgãos que 
cuidariam do caso seriam estes. 
10. Em sua opinião os profissionais que atuam nas instituições de ensino se 
encontram preparados para trabalhar com crianças que sofrem com este tipo de 
violência? 
Não, nós não estamos preparados, precisamos de auxilio para a realização de 
trabalhos com estes objetivos. Futuramente poderemos receber um auxilio deste 
projeto que será realizado na escola para que possamos trabalhar com estes temas 
mais tranquilamente. 
11. Em sua opinião seria viável ter esta disciplina? 
Sim, acho porque hoje esta comum esse assunto, incentiva os alunos para que seja 
denunciado esse caso. As outras pessoas também precisam quebrar este tabu e 
denunciar para o bem das nossas crianças. 
ANEXO C- Entrevista com Psicóloga - Belo Horizonte
1. Quais manifestações aparente à criança abusada demonstra?
É muito importante que o educador aprenda a observar, essa observação deve ser 
feita a partir de referencias. Ele tem que conhecer muito bem o que se espera das 
crianças de acordo com a faixa etária. Como por exemplo: quando falamos de uma 
criança de cinco anos, temos que verificar que nessa idade a criança é muito ativa, 
pois precisa de movimentos, constantemente quer brincar, está sempre explorando o 
ambiente, é indagadora[...] O que será que vai mostrar de diferente? Então, para 
cada faixa etária se espera algumas características. De um modo geral, quando 
falamos de abuso sexual, precisamos compreender que isso pode ocorrer no nível 
físico e psicológico Esse tipo de constrangimento que a criança é submetida é uma 
violência, dessa forma, cabe ao educador verificar se ela teve uma queda no 
rendimento escolar, pode apresentar depressão, insônia, medo do escuro[...]vai 
depender muito da faixa etária. No caso de adolescentes, se ele ficar muito fechado 
no seu quarto, não podemos nos assustar com essa atitude, pois nessa idade é 
normal o momento de solidão, ele faz de seu quarto o seu casulo. Cabe ao 
educador, essencialmente, conhecer muito bem o desenvolvimento físico, 
emocional, social, intelectual de uma criança e a partir desse ponto analisar a 
situação.
2. A criança pode fantasiar uma situação?
As características da criança ,na faixa de 4 e 5 anos, é a imaginação, fantasiar é 
saudável , mas como podemos diferenciar? A criança sempre pode aumentar ou 
diminuir, mas não criar uma situação. Primeiro, estabelecer uma confiança , que ela 
se sinta a vontade para se abrir mais , se levantar uma suspeita pode utilizar vários 
recursos inicialmente: como o diálogo, aproximação de cunho não intimidativo como 
investigador. O educador dever perguntar como é o dia da criança, brincar com ela, 
perguntar quais as coisa que gosta de brincar . Além disso, pode utilizar o desenho, 
pois à criança e criativa nos seus desenhos ,por isso, e importante conhecer as 
fases do grafismo às etapas que a criança passa, pode-se utilizar também de 
marionetes, brincar de dramatizações, ela vai falar através de outras linguagens. 
Após isso, o educador terá uma sustentação para levantar uma hipótese.
3. Como deve ser feita a entrevista com os pais?
Na entrevistas com os responsáveis, deve ser ter muita cautela, pois essa e uma 
questão muito seria .Quem são esses abusadores? As pessoas pensam que 
abusadores estão longe e geralmente é quem está próximo. Ao chamar os pais para 
conversar tem que se ter muito cuidado. Na entrevista não se pode colocar as 
suspeitas, mas uma entrevista para conhecer o espaço extra escolar, como: quem 
fica com a criança, se eles tem percebido algo que os preocupam. Por essa, 
entrevista pode-se ver se os pais estão conectados com a criança ou não e um tipo 
de abordagem que precisa ter delicadeza.
4. Como o professor deve agir se suspeitar que seu aluno sofreu abuso?
o professor precisa de orientações se ele não estudou sobre isso ele tem que buscar 
ajuda, seja na escola, com outro profissional ou órgãos que dão sustentação, como 
a vara da infância. A prefeitura tem o Paic que faz palestras. Se tem suspeita não 
pode ser cúmplice, isso é crime, na medida que compactua o educador se torna um 
abusador. O professor deve buscar na escola a coordenação e às vezes é 
necessário o conselho tutelar, a primeira providência e buscar orientação e 
sustentação para que o educador não seja o denunciante , mas que o conselho 
tutelar tome essa iniciativa para o professor se sentir seguro e apoiado, pois ha 
medo de represaria. É preciso que o professor saiba que ele pode contribuir e a 
escola também tem a responsabilidade de dar o apoio ao professor.
5. Por que a primeira reação da vítima é esconder o ocorrido da família?
De um modo geral o abusador proibir a criança de falar usando ameaças, ele diz 
que é um segredo deles e seu contar para a mãe ela vai achar que ela é errada. Já 
tem um discurso de sedução, às vezes são pessoas de dentro de casa, às crianças 
se sentem culpabilizadas e pensam que se falar vai acontecer algo com mãe, acha 
que a mãe não vai gostar mais de dela e se acha culpada. Muitos abusadores dizem 
que a criança estava se insinuando e provocando , mas na verdade à criança numa 
linguagem pede aconchego e amparo, mas isso para uma pessoa com transtorno de 
personalidade como os pedófilos é visto de forma diferente. A criança se sente 
inibida ,por isso, é importante o professor criar um vínculo de confiança, pois a 
criança só abrirá um diálogo com quem confie. Na construção do desenvolvimento 
moral da criança , ela acha que o adulto tem sempre razão , ela fica submetida a fala 
do adulto. O pai é quem sabe, a professora que falou, mesmo que seja algo errado, 
mas ela delega ao adulto essa autoridade , até que chega na adolescência muitos 
não alcançam o grau da autonomia, ou seja, ser capaz de posicionar.
6. Como podemos definir a masturbação infantil?
A criança vai passar pela a exploração do corpo ela vai descobrir o que da prazer . O 
que cabe aos professores nesse enfrentamento, primeiro á as escolar se abrirem 
mais para a família ter reuniões com os pais para alertar a importância da criança ter 
um conhecimento sobre o corpo e a criança precisa ser cuidada. Os pais devem ser 
alertados, orientados quem será colocado dentro de casa, as vezes um simples 
banho que a babá vai dar na criança pode se utilizar toques que pode erotizar. E 
preciso que haja uma conscientização dos pais e trabalhar na criança a diferença 
dela com o outro. Da mesma forma que ensina cordialidade deve ensinar a criança 
que No seu corpo ninguém pode tocar se você não autorizar, os pais devem ensinar 
responder as curiosidades da criança. Os pais devem estar atentos, pois a criança é 
indefesa e a perversidade do adulto e grande, ele sabe como conduzir, vai seduzir 
conforme a vítima, pega o ponto fraco da criança, os pais devem ficar atentos para 
as mudanças de comportamento e os tipos brincadeiras pode nos dá uma boa pista . 
A criança vê uma relação sexual dos pais e pode achar que estão brigando, então 
ela vai querer brigar. Não colocar a criança para dormir com os pais , eles devem ter 
bom senso e manter uma certa vigilância .
ANEXO D- Entrevista com Psicólogo - Belo Horizonte
1. Quais providências os pedagogos devem tomar de imediato, ao se deparar com a 
suspeita de abuso sexual envolvendo aluno(s)?
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, lei 8.069 de 1990), 
conforme descrito no artigo 56, cabe aos dirigentes do estabelecimento de ensino a 
comunicação ao Conselho Tutelar - CT dos casos de maus-tratos envolvendo os 
alunos. Também, no artigo 13, obriga as unidades de saúde a comunicar o CT os 
casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra a criança ou adolescente, o 
que vale também, de forma análoga, à todos os serviços e equipamentos que 
atendem criança e adolescente, sob pena de responsabilização. 
O pedagogo, então, precisa entender sobre o tema maus-tratos e compreender seu 
papel como garantidor dos direitos referentes a dignidade e ao desenvolvimento da 
criança e do adolescente, conforme descrito nos artigos 3º , 4º e 5º do ECA, 
desenvolvendo uma capacidade de escuta e observação atentas.
2. Como as escolas deveriam trabalhar para a prevenção do abuso sexual?
Capacitando todos os profissionais da escola sobre o tema, a fim de dar subsídios 
para uma observação atenta e qualificada, de acordo com a função desenvolvida.E 
preciso também desenvolver atividades de orientação e apoio aos alunos, bem 
como estabelecer ações integradas com a unidade de saúde, serviços de 
assistência social na região e parcerias com instituições sociais da região. 
3. Enquanto pedagogos o que se pode fazer para prevenir tais violências?
Inicialmente, o Pedagogo deve se capacitar sobre o tema, buscando compreender 
melhor o fenômeno da violência contra a criança e o adolescente e as possibilidades 
de intervenção, bem como sua responsabilidade profissional em relação a 
prevenção e proteção, a qual existe. Posteriormente, é preciso estabelecer 
processos continuados de intervenção junto aos alunos, orientando e trabalhando 
fatores de proteção importantes na prevenção.
4. Os temas transversais propostos pelo MEC abordam a necessidade do docente 
trabalhar a questão sexual como forma de quebrar os tabus que a envolve e orientar 
os alunos quanto a sua sexualidade. Como trabalhar esse assunto em sala com 
alunos da educação infantil e ensino fundamental (1º ao 5º ano).
É possível trabalhar com crianças a partir de 04 anos de idade. Mas, uma questão 
importante, e a definição que se tem do conceito de sexualidade, que pode ser muito 
diferenciado e alterar o enfoque pedagógico da ação. A partir da concepção de 
desenvolvimento saudável e da sexualidade centrado no afeto, na relação com o 
outro, dentre outros aspectos, atividades lúdicas que promovam a reflexão são 
ótimos instrumentos para o Pedagogo. 
5. Como o trabalho de orientação sexual e prevenção da violência sexual no 
cotidiano escolar pode contribuir para o desenvolvimento da criança?
Antes de trabalhar a questão da orientação sexual, é preciso resgatar o conceito de 
sexualidade que comecei a falar na pergunta anterior, pois, para falar de sexo ou 
orientação sexual, precisamos verificar alguns aspectos do desenvolvimento da 
criança que proporcionarão o estabelecimento de fatores de proteção e ações de 
formação pessoal, necessárias para a formação da criança e do adolescente. 
6. Como identificar uma criança vítima de abuso sexual?
Alguns sinais são importantes de se observar, como mudança repentina de humor e 
comportamentos; sexualidade precoce, por meio de atitudes não compatíveis com a 
faixa etária; marcas e sinais no corpo; fala e discursos que podem apontar o 
sofrimento de algum tipo de violência no âmbito domestico ou fora de casa
7. Como trabalhar com a criança de forma a evitar constrangimento?
A partir de identificar uma situação de abuso ou suspeita de maus tratos, o assunto 
deve ser tratado em particular, devendo a escola ter protocolos claros na condução 
de casos, bem como contar com profissionais capacitados para proceder a escuta 
da criança e do adolescente.É preciso saber também quais os caminhos de 
denuncia e estabelecimento de apoio devem ser buscados em tais situações.
8. Qual o papel do pedagogo em relação ao acolhimento família/aluno vítima de 
violência?
O Pedagogo tem um papel importante na escuta e observação, mas não compete a 
ele prestar atendimento a família ou ao aluno em tal situação, salvo no aspecto da 
orientação, de acordo com os protocolos já acordados. 
 
 9. As escolas possuem alguma ajuda de algum órgão competente? 
É preciso definir o que você define como “ajuda”. A escola deve conhecer os 
serviços e ações públicas de atendimento e proteção a criança e ao adolescente, 
estabelecendo um trabalho articulados com tais órgãos e equipamentos sociais.
10. Em sua opinião, os profissionais que atuam nas instituições de ensino estão 
preparados a orientar os alunos que sofreram algum tipo de violência?
Não posso generalizar e dizer que sim ou não, visto que não tenho uma analise mais 
abrangente para fazer uma afirmativa. A princípio ,penso que a escola tem muitas 
dificuldades em manejo de casos e articulação, muito em função de não aprofundar 
este tema ou buscar capacitação para seus profissionais.

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