
A Saude Publica como Politica
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Coleção Clássica Saúde Coletiva Emerson Merhy Saúde Pública como Política Editora Rede Unida Coleção Clássicos da Saúde Coletiva Emerson Elias Merhy São Paulo de 1920 a 1940 - A Saúde Pública como Política Os movimentos sanitários, os modelos tecnoassistenciais e a formação das políti- cas governamentais Coleção Clássicos da Saúde Coletiva Emerson Elias Merhy São Paulo de 1920 a 1940 A Saúde Pública como Política Os movimentos sanitários, os modelos tecnoassistenciais e a formação das políti- cas governamentais 2ª Edição Porto Alegre, 2014 Editora Rede UNIDA Coordenador Nacional da Rede UNIDA Alcindo Antônio Ferla Coordenação Editorial Alcindo Antônio Ferla Conselho Editorial Alcindo Antônio Ferla Emerson Elias Merhy Ivana Barreto João José Batista de Campos João Henrique Lara do Amaral Julio César Schweickardt Laura Camargo Macruz Feuerwerker Lisiane Böer Possa Mara Lisiane dos Santos Márcia Cardoso Torres Marco Akerman Maria Luiza Jaeger Ricardo Burg Ceccim Maria Rocineide Ferreira da Silva Rossana Baduy Sueli Barrios Vanderléia Laodete Pulga Vera Kadjaoglanian Vera Rocha Comissão Executiva Editorial Janaina Matheus Collar João Beccon de Almeida Neto Arte Gráfica - Capa Fluires Kathleen Tereza da Cruz Blog: saudemicropolitica.blogspot.com.br Diagramação Luciane de Almeida Collar Digitação Deise Aline Stropper Barbosa Fabiano Brufatto Lopes Janaina Matheus Collar João Beccon de Almeida Neto Juliana Porto Luciane de Almeida Collar Rossana Mativi Revisão Niti Merhej Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográ- fico da Língua Portuguesa de 1990, que en- trou em vigor no Brasil em 2009. DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGRAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) M559s Merhy, Emerson Elias. São Paulo de 1920 a 1940 A Saúde Pública como Política: os movimentos sani- tários, os modelos tecnoassitenciais e a formação das políticas governamentais,/ Emerson Elias Merhy. - 2. ed. - Porto Alegre: Rede UNIDA, 2014. 312 p.: il - (Coleção Clássicos da Saúde Coletiva) Bibliografia ISNB 978-85-66659-16-0 1. Saúde Pública 2. Políticas públicas 3. Serviços de Saúde I. Título II. Série NLM WA 100 Catalogação na fonte: Rubens da Costa Silva Filho CRB10/1761 Todos os direitos desta edição reservados à ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA REDE UNIDA Rua São Manoel, nº 498 - CEP: 90620-110 – Porto Alegre – RS Fone: (51) 3391-1252 www.redeunida.org.br “Se um modelo pode ser elucidativo de sua realidade é na guerra que ele pode ser encontrado. Ele é luta afrontamento,re- lação de força, situação estratégica. Não é um lugar que se ocupa, nem um objetivo, que se possui nem um objetivo, que se pos- sui. Ele se exerce, se disputa. E não é uma relação unívoca, unilateral; nesta disputa ou se ganha ou se perde.” Michel Foucault As vitimas dos regimes ditatoriais. Índice Apresentação desta Edição...............................................11 Apresentação Edição anterior..............................................17 Introdução............................................................................21 Capítulo Primeiro A saúde pública como política social, os processos de formulação e decisão das políticas governamentais...............43 Capítulo Segundo Algumas questões metodológicas: A periodização e o material coletado................................................................................75 Capítulo Terceiro A Herança no Campo da Saúde Pública do Pós-30: Os Sanitaristas e as Matrizes Discursivas de 1920 a 1930.........93 Capítulo Quarto A configuração institucional das políticas governamentais de 1930 a 1937: o movimento e suas disputas........................149 Capítulo Quinto Do Estado Novo a 1948: Da consolidação dos serviços verticais especializados a formação da secretaria estadual de saúde..................................................................................227 Conclusão...........................................................................291 Bibliografia.........................................................................299 Apresentação desta Edição A primeira edição do livro “São Paulo de 1929 a 1940: a saúde pública como política”, de 1990, tem apresentação do próprio autor, que destacava então aspectos fundamentais da difícil conjuntura política para a efetivação do SUS, considerando todos os vetos presidenciais a aspectos fundamentais da Lei 8080, a primeira Lei Orgânica da Saúde. Expressava sobretudo a preocupação com o cerceamento das apostas democratizantes contidas na proposta de construção do SUS. Coube-me fazer uma breve apresentação para esta edição. Além da alegria de apresentar o trabalho de um grande amigo e companheiro de inúmeras empreitadas no campo da saúde coletiva, destaco a oportunidade da reedição, pois este estudo permanece relevante por muitas razões. Primeiro, pelo próprio objeto: a saúde pública como política em São Paulo. À época não havia muitos estudos a respeito e atualmente persiste a escassez. A maioria dos estudos sobre os antecedentes das políticas atuais no campo da saúde focaliza o período da chamada reforma sanitária brasileira dos anos 70/80, muitas vezes tomando como referência os acontecimentos e movimentações ocorridos no 12 Emerson Elias Merhy ______________________________ Rio de Janeiro, em que determinados atores (particularmente as universidades) tiveram protagonismo (e não outros, como os trabalhadores da saúde pública e movimentos sociais, muito ativos aqui em São Paulo). Essa construção do início do século teve repercussões importantes nessa produção da reforma sanitária que levou à invenção de certos SUS em São Paulo (e não de outros), como destaca o próprio autor no primeiro capítulo. Segundo, pela interessante abordagem metodológica. Até hoje, a maior parte dos estudos sobre políticas adota o referencial do ciclo de políticas, que endereça de modo estanque as diferentes fases do chamado ciclo – formulação, implementação e avaliação. Neste livro, não! Aqui a produção de políticas já é reconhecida como uma arena de disputas – em que diferentes atores, em todos os momentos, disputam a produção de formulações, sentidos e práticas. O reconhecimento dessa arena de intensas disputas – por diferentes atores, em diferentes momentos e em todos os cenários, inclusive no momento do encontro entre trabalhadores e usuários – é central para se repensar a própria produção das políticas e da gestão em saúde. Desafio esse extremamente atual!!! Todos governam. Todos formulam. Todos disputam. E disputam projetos, sentidos, recursos etc. Claro que aos que ocupam a posição de governo cabem posições privilegiadas na formulação de discursos e na movimentação de recursos, implicando constrangimentos na movimentação de outros atores. Mas, como na saúde impera o trabalho vivo em ato, no encontro entre trabalhadores e usuários em diferentes momentos e locais, fabricam-se na prática milhões de vezes ao dia arranjos tecnoassistenciais. E em cada plano de produção, são múltiplos os vetores operando as definições políticas, 13 Saúde Pública como Política _______________________________ sim, mas também os interesses corporativos, valores ético- políticos, histórias de vida, disputas locais etc. Já aqui neste trabalho, são reconhecidos muitos desses atores – para além das classes sociais – e, importante, reconhece-se que, intensamente, há outros vetores que não somente os saberes científicos (designados como tecnológicos) operando na produção das políticas. Essa é uma questão decisiva,