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Habeas Corpus

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Processo Penal II
HABEAS CORPUS
Prof. Luiz Gustavo Pujol
1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL-LEGAL
- Art. 5o, LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofre violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”
- Art. 647 e segs. do CPP: “Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.”
2. NATUREZA JURÍDICA
- Ação autônoma e não recurso.
- Pode almejar um provimento declaratório (reconhecimento de extinção da punibilidade) ou constitutivo (anulação de uma sentença transitada em julgado).
- Sempre terá, entretanto, natureza mandamental, na medida em que veicula uma ordem para que a ilegalidade seja imediatamente cessada.
-	 O HC serve para cessar a ilegalidade. 
3. CONCEITO.
“Trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoção”. (NUCCI)
“Ação autônoma de impugnação, de natureza mandamental e com status constitucional”.
“Deve-se defini-la como uma ação, e não como um recurso, e mais especificamente como uma ação mandamental, ou um remédio processual mandamental como prefere PONTES DE MIRANDA. Tal ação está potenciada pela Constituição, e se encaminha a obter um mandado dirigido a outro órgão do Estado, por meio da sentença judicial. Convém salientar que, quando dizemos que tem ‘força mandamental’ predominantemente, não estamos excluindo as demais ‘cargas’ da sentença (declaratória, constitutiva, condenatória e executiva), senão que evidenciamos o predomínio do mandamento sobre todas as demais.” (Aury Lopes Jr.)
Observações:
a) O CPP o trata como recurso, localizando-o no capítulo dos recursos, mas o seu objetivo é mais amplo;
b) O recurso pressupõe a existência de processo e de uma decisão judicial a ser reexaminada na mesma relação processual (GRINOVER, 2005:349)
c) Recursos se prestam a impugnar decisões não definitivas; o HC, por sua vez, serve inclusive para rescisão da coisa julgada.
4. ESPÉCIES:
Liberatório: quando objetiva a cessação de uma ilegalidade já praticada (ex.: alvará de soltura ou trancamento do IPL ou da ação penal) 
Preventivo: quando objetiva que a ilegalidade iminente não se verifique (ex.: depoimentos de testemunhas em CPI’s) – é mais incomum. 
5. MOMENTO PARA IMPETRAÇÃO: 
Pode ser impetrado a qualquer tempo (não há prazo), antes ou após o início da ação penal, desde que haja ilegalidade praticada por autoridade contra o direito de ir e vir. Pode ser usado como substitutivo do recurso cabível ou cumulativamente a ele, e pode ser impetrado mesmo depois de transitada em julgado a decisão condenatória.
6. DILAÇÃO PROBATÓRIA: 
Como requer análise rápida da questão, deve vir instruído com todas as provas das alegações e apreciação da ilegalidade ou abuso de poder. Não é permitida, portanto, a produção de provas. É preciso demonstrar inequivocamente, mediante prova pré-constituída, o direito líquido e certo do impetrante.
- Não há produção de provas, não há tempo para isso, a medida é urgente. 
7. NECESSIDADE DA MEDIDA:
Qualquer lesão ou ameaça de lesão (não apenas em caso de prisão atual) ao direito de locomoção.
- Artigo 659, CPP: “Se o juiz ou tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.”
8. CONSIDERA-SE ILEGAL A COAÇÃO (Art. 648...):
	- É um rol exemplificativo. 
I – quando não houver justa causa: pode ser ausência de motivo para o ato ilegal (ex. ordem de prisão preventiva ilegal) ou para a existência do processo ou investigação contra alguém (ex. ação penal por fato prescrito).
→ “A justa causa significa a existência de uma norma jurídica que determina uma sanção contra a liberdade deambulatória (liberdade de ir e vir). É uma causa que, segundo o Direito, seria suficiente para que a coação não seja ilegal”. 
→ “Quando absolutamente infundado o processo, ou o inquérito, pois a conduta é manifestamente atípica, está evidenciada uma causa de justificação, está extinta a punibilidade pela prescrição ou qualquer outra causa, por exemplo, há uma coação ilegal que pode ser sanada pela via do habeas corpus, geralmente utilizado para o trancamento do processo”. 
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei:
Sumúla 52 do STJ: encerrada a instrução criminal fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.
- O maior problema aqui é a prisão preventiva que não há prazo máximo para medida. 
III – quando quem ordenar a prisão não tiver competência para fazê-lo:
- Incompetência do juízo. 
Art. 5o, LIII – ninguém será processado e nem sentenciado senão pela autoridade judicial competente;
Art. 5o, LXI – ninguém será preso senão por ordem escrita da autoridade competente.
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação
(Ex. quando o réu já cumpriu a pena e continua preso; quando houver desaparecido o requisito cautelar para a prisão processual).
→ “Deve haver uma situação fática que legitime a coação. Portanto, uma vez desaparecido esse suporte fático, cessa o motivo que autorizou e legitimou a coação”. 
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza.
→ “... tendo cabimento o HC no caso em que não é oferecida a fiança (e cabível), mas também nos casos em que o valor arbitrado é excessivo, equivalendo-se ao não oferecimento”. 
VI – quando o processo for manifestamente nulo.
Hipótese extremamente ampla.
VII – quando extinta a punibilidade.
Art. 107 CP.
LEGITIMIDADE ATIVA: impetrante e paciente
	- Impetrante: pessoa que pede a concessão da ordem (subscritor da inicial do HC) 
→ Quem pede o HC. Normalmente um advogado, por conta de seu conteúdo jurídico, mas qualquer pessoa pode impetrar um habeas corpus, até mesmo o próprio paciente.
	
	- Paciente: pessoa que sofre ou pode vir a sofrer constrangimento em sua liberdade (em favor de quem se impetra o HC).
→ Quem sobre o ato coator ou está na iminência de sofrê-lo. 
Observações:
a) A mesma pessoa pode ostentar os predicados de impetrante e paciente, muito embora não seja o usual.
b) Dispensa-se capacidade postulatória para o Habeas Corpus. Isso significa que:
- Se o impetrante for advogado, não há necessidade de procuração;
- Qualquer pessoa pode impetrar (art. 654, 1ª parte, CPP).
Ministério Público pode impetrar HC?
Sim, por expressa disposição do artigo 654 do CPP.
- Até mesmo o juiz de ofício pode conceder HC a quem está sofrendo ou se acha na iminência de sofrer constrangimento em sua liberdade de locomoção (art. 654, §2º, CPP)
LEGIMITIDADE PASSIVA:
	Legitimado passivo: autoridade coatora. Pessoa responsável pelo ato de restrição ou ameaça ao direito de liberdade.
	- Normalmente é um agente público (juiz, delegado...), mas pode ser particular (diretor de hospital psiquiátrico, rufião...)
A petição de Habeas Corpus deve conter (art. 654, §1º, CPP)
Nome da pessoa que sofre a ameaça e o nome de quem a ameaça ou exerce a violência;
A espécie de constrangimento ou ameaça – tudo de maneira fundamentada;
A assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo.
	IMPORTANTE: não se recomenda excessivo formalismo.
COMPETÊNCIA:
	a) Princípios informadores: territorialidade e hierarquia
	b) Territorialidade: (art. 649, CPP): competência do Juiz ou Tribunal em cuja comarca ou circunscrição judiciária estiver ocorrendo a coação ou ameaça.
	c) Hierarquia (leva em consideração a qualidade da autoridade coatora)
	- Regra geral: Em síntese, o Juiz de hierarquia imediatamente superior à autoridade coatora será o competente para fazer cessar a ilegalidade. 
	- Ver hipóteses expressas previstas nos incisos do art. 650, do CPP. – totalmente ultrapassado
	d) Competência do STF:
	- Art. 102, I, d e i, CF;
	e) Competência do STJ:
	- Art. 105, I, c, CF
	f) Competência dos Tribunais de 2ª Grau: 
	- julgar os HC´sem que for paciente ou autoridade coatora sujeitos à sua jurisdição em matéria criminal.
	Ex: se a autoridade coatora for juiz de direito, o TJPR será competente para conhecer e julgar o HC.
	- Isto é assim porque a CF, no art. 125, §1º, determina que a competência dos Tribunais dos Estados deve ser definida na Constituição de cada um deles, de maneira que esta estipulação está então prevista na Constituição de cada Estado membro da Federação.
	g) Competência das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais:
	Conhecer e julgar os HC´s em que a autoridade coatora seja a autoridade judiciária dos Juizados Especiais (1º grau).
	h) Competência do Juiz de 1º grau:
	Quando a coação for atribuída a ato de particular, funcionário ou autoridade não compreendidas nos casos anteriores, isto é, que não tenha privilégio de foro.
Importante entendimento sumulado
Súmula 691 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.
→ Pedido de liminar não está expresso na legislação, mas não há discussão contrária a liminar. 
→ Verossimilhança da alegação: é aparente a ilegalidade.
→ Periculum in mora. 
→ Não cabe embargos infringentes em HC por expressa disposição legal. 
→ Neste caso da súmula é quando o ministro do STJ nega a liminar do HC, se tornando o agente coator. Negar a liminar é o ato coator
→ Crítica a súmula – não tem base legal, e é aplicada. 
- EXCEÇÃO: conhecimento na Hipótese de Flagrante Constrangimento Ilegal – vide HC 85185, HC 86864 MC-DJ de 16/12/2005 e HC 90746-DJ de 11/5/2007)”
→ A súmula se aplica, porém em alguns casos se desconsidera a súmula. 
15. PROCEDIMENTO
Simplicidade e sumariedade;
Concessão de liminar: não está prevista no CPP, mas há ampla tolerância doutrinária e prática; vide a questão da Súm. 691, STF;
Apresentação do preso (656, § único, CPP) vem hoje, na prática, substituída pelo pedido de informações (662, caput, CPP)
Produção de provas: não cabe; prova deve vir pré-constituída.
16. Sentença: CPP equipara a decisão em HC a uma sentença; portanto, necessita de relatório, motivação e dispositivo.
17. RECURSOS CABÍVEIS
- Recurso da sentença, pois não cabe recurso da liminar. 
a) Cabe recurso de ofício (art. 574, I, CPP) quando o Juiz de 1º grau concede a ordem de HC (reexame necessário);
b) Cabe recurso em sentido estrito da decisão do Juiz de 1º primeiro grau que conceder ou negar a ordem de HC – art. 581, X do CPP;
- O MP pode recorrer aqui se o juiz conceder. 
c) Recurso constitucional:
Recurso ordinário: (art. 102, II, a e 105, II, a, ambos da CF – procedimento previsto nos artigos 30 e 31 da Lei 8.038/90).
Hipóteses em que o recurso é cabível da decisão denegatória do HC. Acaba se tornando mais prática a impetração de um novo HC, chamado “HC substitutivo”.

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