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Aula Manejo Reprodutivo dos Suínos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA 
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA 
 
 
 
 
 
SUINOCULTURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANEJO REPRODUTIVO 
 
 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
 
 
 
 
 
 
Campo Grande - MS 
2005 
 
 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
2 
 
 
 
 
Introdução 
A suinocultura vem, ao longo dos tempos, desenvolvendo-se e buscando um 
mercado cada vez mais especializado. Isto ocorre devido à grande demanda de 
carne suína, que por ser a mais consumida no mundo, tem um papel fundamental no 
crescimento acelerado da população mundial. Hoje, o mundo conta com uma 
população de mais de 6 bilhões de pessoas, podendo dobrar nos próximos 100 
anos. Para atender à crescente necessidade da população mundial no que se refere 
à proteína animal de alta qualidade, a suinocultura é uma das principais atividades a 
ser considerada. 
Segundo ROPPA (2003) desde 1977 a produção mundial cresceu à razão de 
2,07% ao ano. Nesta época, a produção era de 42,9 milhões de toneladas de carne 
suína, já em 1987 era de 62,3 milhões de toneladas e em 2003 a produção atingiu a 
marca de 95,8 milhões de toneladas. O Brasil tem o 3° maior rebanho de matrizes 
do mundo com 3,03 milhões de cabeças, sendo o 5° maior produtor mundial, 
produzindo 2,69 milhões de toneladas em 2003, perfazendo 2,80% da produção 
mundial. Nestes últimos 13 anos, a produção brasileira cresceu 158%, enquanto que 
a produção mundial cresceu apenas 37,1%. 
Por ser um grande produtor de milho e soja, insumos básicos, e por dispor de 
áreas para o crescimento do plantio e da implantação de novos projetos, o Brasil 
tem fortes condições para se manter como um grande produtor mundial e para 
aumentar a sua participação no mercado mundial. Contudo, é necessário que 
aprimoremos cada vez mais as técnicas de manejo e de nutrição, uma vez que 
podem afetar negativamente o desempenho reprodutivo da matriz. Um dos 
principais objetivos da suinocultura tecnificada é produzir sempre o maior número 
possível de cevados, na qualidade desejada e através dos meios mais eficientes. 
Durante as últimas três décadas, ocorreu um considerável aumento na 
produtividade da matriz obtida a partir de programas de melhoramento genético 
(devido à eficiência de seleção genética), ao mesmo tempo em que essa mesma 
matriz passou a iniciar sua vida reprodutiva cada vez mais jovem. Entretanto, a 
produtividade máxima de uma matriz somente é alcançada no momento em que 
todos os elementos de manejo forem adequadamente atendidos. 
Tem-se constatado, por exemplo, que um dos aspectos que mais restringem 
a produtividade da matriz geneticamente melhorada é o manejo inadequado que é 
dispensado às marrãs. Por isso, torna-se cada vez mais necessária à adoção de 
programas adequados de manejo para maximizar a utilização de seu alto potencial 
genético. A preparação da marrã geneticamente melhorada é um passo decisivo 
para a definição da sua produtividade quando adulta e durante toda a sua vida útil. 
Neste curso serão abordados os principais aspectos relacionados ao correto 
manejo alimentar e reprodutivo de marrãs e matrizes geneticamente melhoradas 
para a obtenção da máxima expressão do vigor genético desses animais e para 
obtenção de maiores índices de produtividade em todo o sistema de produção. 
 
A importância da reprodução 
O fator de maior impacto na produção de suínos é o fluxo de 
coberturas/parições. Matrizes vazias, improdutivas, com instalações ociosas 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
3 
 
reduzem o número de leitões/matriz/ano e afetam direta e negativamente o sistema 
de produção. 
Na Tabela 1 podemos verificar uma simulação simples de como o número de 
leitões/matriz/ano pode afetar a lucratividade na suinocultura. 
 
TABELA 1: Fatores que influenciam a lucratividade de uma granja de suínos 
Parâmetros 
 
Leitões/matriz/ano 
22 20 
Custo médio da ração (R$) 0,27 0,27 
Conversão alimentar do rebanho 2,80:1 2,80:1 
Custo do alimento (%) 70 70 
Outros custos (%) 30 30 
Custo do terminado (R$) 104 104 
Despesa total (R$) 2288 2288 
Valor recebido/kg (R$) 1,35 1,35 
Kg de carne vendida/ano 2200 2000 
Receita total/matriz (R$) 2970 2700 
Resultado (R$) 682 412 
 
Os pilares da produção de suínos 
A genética; a sanidade/biossegurança; instalações/manejo/ambiência e a 
nutrição formam a base da produção de suínos. Embora a genética e a sanidade 
não sejam temas deste curso, vale fazer uma pequena inferência com relação a 
estes fatores demonstrando sua importância na produção como um todo. 
 
Genética 
Com a evolução genética das fêmeas nos últimos 30 anos (Tabela 2) a 
produção e o manejo alimentar das marrãs tem chamado a atenção tanto para se 
obter o maior desempenho possível em número de terminados porca/ano, como 
também buscar a redução dos níveis de reposição que em algumas situações 
chegam a ser superior a 50%. Como resultado observamos que as fêmeas atuais 
são muito sensíveis a erros de manejo. E esse quadro é o causador das altas taxas 
de descarte e queda do desempenho reprodutivo do rebanho. 
 
TABELA 2: Mudanças na performance das porcas durante os últimos 30 anos 
 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 
Partos/porca/ano 1,9 2,0 2,18 2,25 2,23 2,25 2,35 
Nativivos/leitegada 10,3 10,4 10,3 10,4 10,7 10,8 11,0 
Suínos/porca/ano 16,3 17,5 19,8 20,9 21,1 21,6 22,0 
Taxa de reposição - 33,9 35,9 38,1 40,0 42,6 42,0 
P2 100 kg - 22,0 19,0 14,5 13,0 11,5 11,0 
CA rebanho 3,8 3,4 2,9 2,8 2,7 2,6 2,58 
Fonte: Adaptado de Close e Cole (2000) 
 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
4 
 
Sanidade/biossegurança 
Os impactos negativos da sanidade e biossegurança sobre a produção são 
bem conhecidos, porém só recentemente é que se tem procurado quantificá-los. 
Sauber & Sthaly (1996) desafiaram matrizes no 2° e 10° dia de lactação com 
injeções de LPS (lipopolissacarídio), componente da parede celular de algumas 
bactérias gram-negativas que injetados no corpo do animal geram resposta 
imunológica semelhante àquela causada por infecções bacterianas ou virais, isto é 
geram anticorpos. Compararam o desempenho de matrizes injetadas com LPS (alta 
estimulação) e não injetadas (baixa estimulação) em lactações de 18 dias. Ambos os 
grupos de matrizes tiveram suas leitegadas equalizadas em 13 leitões e verificaram 
que as matrizes que sofreram estimulação crônica apresentaram maior perda de 
gordura corporal (-25,0%) e menor consumo de ração (-10,0%); tiveram também 
menor ganho de peso das leitegadas (-12,7%) e produziram menos leite (-13,0%). O 
mesmo aconteceu para os parâmetros de produção total de energia (-12,0%) e 
proteína do leite (-10,5%), conforme Tabela 3. Os autores concluíram que a 
estimulação crônica do sistema imune das matrizes prejudicou o desempenho na 
lactação e que estratégias para reduzir os desafios imunológicos devem ser 
adotadas para que as matrizes expressem todo seu potencial produtivo na lactação. 
Assim, as condições de boa sanidade devem ser mantidas com rigor para o melhor 
desempenho produtivo do plantel. 
 
TABELA 3: Desempenho lactacional de matrizes do 2º ao 18º dia de lactação 
 --------------- Status imunológico --------------- 
Item Baixa estimulação Alta estimulação P = 
Parâmetros da matriz 
Consumo, kg/dia 5,36 4,81 (-10,0%) 0,17 
Perda de peso, kg/dia -0,73 -0,68 0,83 
Perda de gordura, kg/dia -0,29 -0,37 (+25,0%) 0,14 
Parâmetros da leitegada 
Desmamados 12,60 12,60 1,00 
GP leitegada, kg/dia 2,60 2,27 (-12,7%) 0,01 
Composição do Leite 
Energia, kcal/kg 259 262 0,23 
Proteína, % 5,90 6,00 0,48 
Gordura, % 6,30 6,70 0,16Produção de leite 
Leite/dia, kg/dia 11,50 10,00 (-13,0%) 0,01 
Energia/dia, Mcal/dia 14,40 12,70 (-12,0%) 0,01 
Proteína/dia, g/dia 683 612 (-10,5%) 0,01 
Gordura/dia, g/dia 726 675 0,27 
Fonte: Adaptado de Sauber & Sthaly (1996) 
 
Reposição de matrizes e reprodutores 
 A reposição é uma prática necessária na criação de suínos à medida que se 
dispõem de outros animais geneticamente superiores ou que os animais do plantel 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
5 
 
tenham atingido certa idade ou ainda que indiquem, pelo seu desempenho 
reprodutivo, que estão abaixo do esperado. 
 As principais causas de descarte de matrizes são: morte, danos de aprumos 
(mecânicos), ausência de cio, falhas de concepção, dificuldades no parto, baixo 
número de leitões nascidos, tamanho excessivamente grande e velhas em demasia. 
A taxa de descarte de matrizes é de aproximadamente 30-40%, isto significa que 
aproximadamente 1/3 do plantel é composto por primíparas, e como a produtividade 
dessas fêmeas, principalmente em relação ao tamanho de leitegada, é inferior ao de 
pluríparas, o sucesso no manejo de reposição é fundamental para a viabilidade 
econômica. Portanto o período de introdução da fêmea no plantel até a primeira 
concepção deverá ser reduzido ao máximo sem, no entanto, alterar o desempenho 
reprodutivo posterior (Luna, 1993). 
 Quanto aos reprodutores, o período de vida produtiva pode oscilar de 15 
meses até 3 anos. Em média, os rebanhos necessitam uma taxa de reposição de 25 
a 50% ao ano. A maioria dos machos são descartados por excesso de peso ou 
idade, problemas de aprumos e problemas reprodutivos (baixa libido). Devemos 
manter o plantel com maior número possível de machos para atender 
adequadamente as necessidades de coberturas, estimulação das fêmeas e 
diagnóstico de cio. 
 
Planejamento da reposição 
A reposição genética regular é, sem dúvida, um dos fatores mais interligados 
ao resultado reprodutivo da granja, pois é através dela que asseguramos a 
manutenção de uma alta frequência de matrizes nas fases de maior produtividade, 
ou seja, entre o 3° e o 7° parto. 
Ao chegar à granja a marrã de reposição deve ser bem manejada, pois à 
adoção de práticas corretas de manejo terá um impacto significativo no seu 
desempenho, durante toda a sua vida útil. Adaptar adequadamente a marrã ao 
rebanho é, portanto, fator vital para o sucesso das granjas tecnificadas. 
 
Recebimento e adaptação 
O principal objetivo desta fase é conseguir que todas as marrãs de reposição 
estejam totalmente adaptadas à granja, antes de atingirem o peso e à idade de 
cobertura adequados. 
A expressão do potencial genético da matriz acontecerá até o ponto em que a 
sanidade, a nutrição e a reprodução passem a ser limitantes. Estes fatores são 
extremamente críticos na fase de adaptação das marrãs à granja e podem 
determinar o sucesso ou fracasso reprodutivo das mesmas, por toda a vida útil. 
 
Pontos críticos para uma boa adaptação 
Isolamento 
Recomenda-se que as marrãs recém chegadas à granja sejam isoladas do 
resto do rebanho, por pelo menos 30 dias. Nesse período, elas devem ficar em 
instalação vazia e limpa (quarentenário), distante no mínimo 300 metros das outras 
instalações da granja. O quarentenário deve ser, ainda, muito bem isolado quanto ao 
fluxo de pessoas e de veículos que mantêm contato com a granja de destino. O 
quarentenário é uma ferramenta importantíssima para o suinocultor, pois previne 
com eficácia a entrada de doenças no rebanho, via animais de reposição. 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
6 
 
Até o 3° dia da chegada das marrãs ao quarentenário, deve-se coletar sangue 
de 10% do total de animais. O soro coletado deve, então, ser guardado até o final da 
quarentena. No 30° dia após a chegada deverá ser feita nova coleta de sangue dos 
mesmos animais da primeira coleta. Daí os soros das duas coletas devem ser 
enviados para um laboratório, a fim de realizar-se pesquisa sorológica para as 
principais doenças de importância econômica, que não estejam presentes na granja. 
Caso seja diagnosticada a existência de alguma doença, os animais recebidos não 
devem ser introduzidos no plantel. 
Durante o isolamento, vários cuidados de biosseguridade devem ser tomados, 
tais como: 
 O tratador, caso também trabalhe na granja, não deve entrar na mesma 
enquanto estiver cuidando dos animais do quarentenário, exceto após 
cumprir um período de vazio sanitário; 
 Equipamentos e materiais do quarentenário não devem ser 
compartilhados com a granja; 
 Veículos devem passar primeiro na granja e por último no quarentenário; 
 O fluxo dos animais no quarentenário deve ser "todos dentro - todos fora"; 
 Deve haver banho e troca de roupas para entrar no quarentenário. A 
roupa nele utilizada não pode ir para a granja, sem antes ser lavada. 
 
Adaptação 
Recomenda-se que as marrãs, ao serem introduzidas na granja, após o 
período de quarentena, passem por um período de adaptação de pelo menos 30 
dias. Esta fase serve, principalmente, para que elas tenham um primeiro contato 
com os microorganismos da granja (bactérias, vírus etc), de forma controlada, para 
que produzam anticorpos, adquiram imunidade e não adoeçam. 
Animais da granja devem ser colocados em contato direto com as marrãs. 
Pode ser utilizado, por exemplo, porcas de descarte e também varrões, que irão 
inclusive auxiliar no estímulo ao cio. 
Nesta fase, também deve ser oferecido diariamente às marrãs placentas e 
leitões mumificados. Este fornecimento deve ser feito no período compreendido 
entre a primeira e a segunda dose da vacinação contra parvovirose. Não se 
recomenda este manejo nas granjas que não possuem um controle rigoroso das 
doenças do rebanho, uma vez que este tipo de manejo pode levar a contaminação 
das fêmeas de reposição. 
 
Alojamento 
O ideal é que as marrãs sejam alojadas em grupos pequenos, de até 10 por 
baia, para permitir um bom desenvolvimento corporal. Com isso, conseguimos 
minimizar os efeitos provocados pelos grandes agrupamentos e pela competitividade 
entre os animais de um mesmo grupo. 
É necessário que existam instalações suficientes para atender ao programa 
de reposição da granja. Recomenda-se uma área de 2,0 a 2,2 m2 por marrã. 
 
Medicação 
É recomendável que as marrãs recebam ração medicada (com antibióticos 
em doses sub-terapêutica) por pelo menos 15 dias após serem introduzidas na 
granja. Se alguma marrã adoecer deve receber medicação injetável (antibióticos, 
antiinflamatórios etc). 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
7 
 
 
Preparação da marrã para a vida reprodutiva 
Manejo de indução do cio das marrãs 
A puberdade da fêmea suína é caracterizada pelo primeiro cio fértil, que 
poderá ocorrer entre 165 e 195 dias de idade, podendo ter variações devido a 
fatores ambientais, genótipo, nutrição, etc. 
É possível manipular alguns fatores para que a idade da fêmea por ocasião 
da primeira cobertura seja reduzida, possibilitando um aumento de sua vida útil e de 
seu número total de leitões, reduzindo consequentemente o seu custo (Hughes & 
Varley, 1980). É possível realizar mudanças no manejo e no ambiente, submetendo 
as fêmeas a uma série de estímulos. Os principais estímulos empregados são: o 
transporte da granja multiplicadora à granja de destino, associado ao novo ambiente 
e manejo faz com que 28% das leitoas, em torno de 150 dias de idade, apresentem 
cio dentro de uma semana; alojamento (leitoas alojadas em celas individuais 
retardam em até 35 dias a sua entrada em cio); a troca de alojamento, a mistura de 
lotes e a técnica que tem apresentado os melhores resultados, consiste no contato 
físico "focinho a focinho" com machos de boa libido, de acordo com a Figuras 1 e 2 
(Broks & Cole, 1970; Hughes & Varley, 1980). 
 
FIGURA 1: Influência do contato do cachaço 
sobre a induçãoda puberdade. 
FIGURA 2: Percentual de leitoas que atingem a 
puberdade quando expostas ao 
cachaço com 165 e 190 dias de idade. 
 
De acordo com Wentz et al. (1990), leitoas com contato com o cachaço 
despendem menor número de dias para início da puberdade e um maior percentual 
apresenta cio até 20 dias após início de manejo (Tabela 4). Além disso, cachaços 
mais velhos (com libido melhor) estimulam mais as leitoas reduzindo a idade à 
puberdade, conforme Figura 3. 
 
TABELA 4: Efeito da utilização do cachaço na indução da puberdade em leitoas* 
Manejo Intervalo entre 1º contato e 
puberdade (dias) 
Surgimento da puberdade 
(dias) 
Sem contato com macho 39 203 
Contato com macho de 6,5m 42 206 
Contato com macho de 11m 18 182 
Contato com macho de 24m 19 182 
*164 dias de idade média das leitoas por ocasião do primeiro contato com o macho 
Fonte: Wentz et al. (1990) 
 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
8 
 
 
FIGURA 3: Influência da exposição a machos de diferentes graus de libido sobre a idade 
das marrãs à puberdade 
 
 Como fazer o manejo de indução a puberdade com o uso do cachaço: 
 Passar um macho sexualmente maduro e de boa libido na baia das marrãs 
diariamente, por pelo menos 10 minutos; 
 O macho utilizado não deve ficar alojado em local que permita contato 
constante com as marrãs, ou mesmo em local em que as marrãs sintam 
freqüentemente sua presença e seu cheiro. O ideal é que seja alojado em 
uma instalação separada, de onde virá apenas para executar o manejo de 
estímulo ao cio; 
 Recomenda-se um macho (rufião) para cada grupo de 350 marrãs; 
 O ideal é realizar um rodízio de machos, ou seja, não utilizar sempre o 
mesmo macho; 
 Recomenda-se que as marrãs não tenham nenhum contato direto ou 
indireto com os machos antes dos 140 dias de idade; 
 As marrãs devem ter idade mínima de 150 dias no momento da primeira 
exposição ao macho; 
 Descartar machos de baixa libido (que não provocam as marrãs), 
independente da idade; 
 Fazer reposição regular dos machos rufiões, para ter uma boa distribuição 
de idade; 
 Reagrupar as marrãs quando elas entrarem em cio, para se ter baias de 
marrãs ciclando juntas, o que facilita a detecção de cio; 
 Marrãs que não apresentam cio junto com as demais do grupo também 
devem ser reagrupadas para que depois recebam novos estímulos; 
 Fazer ficha de cada baia com a identificação das marrãs e datas de cio e 
cobertura/inseminação; 
 Se possível, alojar as marrãs em gaiolas logo após o cio anterior ao da 
cobertura, de modo que haja um melhor controle da alimentação e um 
menor estresse no período pós-cobertura. 
 
 Ambiente 
Estresse e produtividade 
O desempenho de um animal (sua capacidade produtiva, reprodutiva e até 
mesmo de sobrevivência) está sempre relacionada aos diversos componentes 
ambientais. Por isso, devemos submeter às fêmeas a ambientes o menos 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
9 
 
estressantes possíveis. O estresse pode reduzir a resistência a doenças, ativar o 
sistema imune e reduzir a produtividade da matriz. 
Deve-se dar atenção ao conforto das fêmeas, evitar situações indesejáveis 
como brigas, calor, frio, sede, fome, doenças, piso inadequado, instalações 
impróprias, ventilação insuficiente etc. 
A ventilação apropriada e a qualidade do ar são essenciais para um 
adequado conforto da fêmea suína dentro dos barracões de reposição, gestação e 
maternidade. Na Tabela 5 são apresentadas as recomendações de temperatura 
ambiente ideal. 
 
TABELA 5: Recomendações de temperatura ambiente (°C) 
 Limite crítico 
 Temperatura ideal Frio Calor 
Leitão/maternidade 30 a 34 27 36 
Porca/maternidade 16 a 21 12 25 
Gestação 18 a 25 10 27 
 
Manejo alimentar das marrãs 
Na produção de suínos, muitos fatores contribuem para a eficiência 
zootécnica e econômica. Mas não há dúvida de que a nutrição e o manejo alimentar 
das marrãs tem enorme impacto no desempenho reprodutivo do plantel. 
A seleção genética vem produzindo marrãs com elevado ganho de peso, alto 
conteúdo de carne magra na carcaça, baixa espessura de toucinho, maior 
prolificidade e um baixo apetite. Este novo perfil genético passa a exigir um 
programa nutricional diferenciado, que atenda completamente estas características. 
É fato que as marrãs continuam crescendo durante grande parte da sua vida 
reprodutiva. Desse modo, precisam de dietas que atendam todas as suas exigências 
nutricionais, tanto para reprodução, como para crescimento. Quando a oferta diária 
de nutrientes é insuficiente, elas passam a utilizar as reservas dos tecidos corporais 
para suprir suas necessidades de manutenção, crescimento e produção, o que 
acarretará perda da condição física da marrã, tanto em carne (proteína) como 
gordura. Por isso é essencial que as fêmeas de reposição estejam em condição 
fisiológica adequada na primeira cobertura, para que possam ter uma alta 
produtividade e uma longa vida reprodutiva. 
Um manejo nutricional moderno requer um preciso monitoramento da 
condição corporal das fêmeas. Recomenda-se, como ideal, o uso de equipamento 
de ultra-sonografia para medir a espessura de toucinho na posição denominada P2 
(6,5 cm afastado da linha dorso-lombar entre a última e a antepenúltima costela) e 
determinar o status corpóreo das fêmeas. O objetivo é conseguir uma reserva 
corporal adequada, através de ajustes na alimentação nas fases de gestação e 
lactação. 
O peso da leitoa à primeira cobertura é fator de grande influência no 
desempenho posterior da matriz. Ludke et al. (1998) recomendam que a 
alimentação durante a fase inicial até os 70kg deve ser à vontade. Após os 70kg de 
peso é comum introduzir um manejo alimentar que varia desde a alimentação à 
vontade até uma restrição de 85% do consumo aos 100kg. O manejo alimentar deve 
levar em consideração a genética, sendo que a restrição alimentar é recomendada 
para animais com alta deposição de gordura. A restrição alimentar, quando adotada, 
Prof. PD Charles Kiefer 
 
10 
 
pode iniciar aos 90kg e deve ser programada para que as fêmeas apresentem peso 
de 115 a 120kg aos 180–190 dias. Deve haver cuidado para que a restrição não seja 
muito severa. 
Já, nas granjas que possuem animais com alto potencial genético a restrição 
alimentar é desaconselhável, pois aos 110kg de peso as fêmeas ainda não terão 
atingido as reservas corporais necessárias para uma longevidade que permita um 
adequado retorno econômico (Close, 1995). 
 
A primeira cobertura da marrã 
 A fase em que a leitoa é coberta pela primeira vez pode ter importantes 
implicações na sua vida reprodutiva. Economicamente, justifica-se que ela seja 
coberta o mais cedo possível, uma vez que se reduz seu período improdutivo no 
rebanho. Entretanto, a colocação precoce em reprodução exige condições de 
alimentação, de instalações e de manejo adequadas, tanto durante o período de 
crescimento como durante a primeira gestação. 
 O número médio de óvulos liberados aumenta do primeiro para o terceiro cio, 
de tal forma que, realizando a primeira cobertura, por ocasião do terceiro cio, 
melhora-se a prolificidade da leitoa. Isto está relacionado com o manejo alimentar, 
pois ocorre quando se realiza a restrição alimentar, já em leitoas com alimentação à 
vontade o efeito de ovulação do primeiro para o terceiro cio desaparece, o que é 
explicado pelo peso corporal, pois as leitoas são maiores na puberdade e nesta 
condição podem ser cobertas no segundo cio sem afetar a vida útil e a eficiência 
reprodutiva (Institut Technique du Porc, 1993). 
Existem recomendações clássicas de que a 1ª cobertura deve ocorrer quando 
a marrã atingir 210 dias ou mais de idade, com 125-130kg de peso, com 20mm de 
espessura de toucinho no P2 e no 3° cio. Entretanto, essas recomendações têm 
grandes variações, devido, principalmenteas diferentes genéticas (Levis, 1999). De 
acordo com Foxcrof et al. (1996), deve-se realizar a 1ª cobertura por ocasião do 2° 
cio, com um peso ao redor de 125kg e 15mm ou mais de espessura de toucinho, 
sendo que as leitoas devem receber alimentação à vontade por pelo menos dez dias 
antes da cobertura. 
Silveira et al. (1998) observou que fêmeas cobertas com 193 e 232 dias de 
idade pariram 9,6 e 10,2 leitões vivos, respectivamente, e concluiu que é 
economicamente mais rentável cobrir a fêmea aos 193 dias de idade, uma vez que 
0,6 leitão produzido a mais pelas fêmeas mais velhas não cobrem os gastos de 
manutenção por seis semanas. Freitas (1999), por sua vez avaliando diferentes 
idades a 1ª cobertura verificou que entre 211 e 220 dias as marrãs apresentavam o 
maior número de leitões nascidos vivos ao 1° parto e maior número médio entre o 1° 
e o 3° parto (Tabela 6). 
Em geral, quanto maior o número de cios que a marrã tiver até 180 dias de 
idade, maior será o número de leitões nascidos por parto durante sua vida útil 
(Figura 4). Além disso, as fêmeas que têm leitegada pequena no primeiro parto terão 
um número menor de leitões nascidos vivos nos partos subseqüentes (Figura 5). 
Pesquisas demonstram que as marrãs geneticamente melhoradas 
apresentam maior número de leitões nascidos por parto quando cobertas no 3° ou 4° 
cio, apresentando maior produtividade ao longo da vida útil (Figura 6), entretanto, 
seguindo-se os requisitos mínimos para a 1ª cobertura (Tabela 7). 
 
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11 
 
TABELA 6: Relação entre idade a cobertura e número de leitões nascidos vivos no 1° parto 
e do 1° ao 3° parto em 8 granjas na Inglaterra 
Idade a cobertura N° de marrãs Nativivos (1° parto) Nativivos (1–3° parto) 
Abaixo 200 93 10,6 11,2 
201 – 210 126 10,8 11,1 
211 – 220 313 11,7 12,2 
221 – 230 152 10,7 11,1 
Acima 231 93 11,0 11,6 
Fonte: Freitas (1999) 
 
 
FIGURA 4: Nascidos vivos x número de cios antes de 180 dias de idade 
 
 
FIGURA 5: Nascidos vivos por parto 
 
 
FIGURA 6: Produção média de leitões de acordo com o número de cios no momento da 
primeira cobertura 
 
 
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12 
 
TABELA 7: Requisitos mínimos para marrãs à 1ª cobertura 
Cio 3° ou 4° 
Idade 210 a 230 dias 
Peso 130 a 150kg 
Espessura de toucinho (P2) 16 a 18 mm 
 
A espessura de toucinho tem-se mostrado importante sobre o tamanho da 
leitegada subseqüente. Trabalhos técnicos comprovam que existe alta correlação 
entre a espessura de toucinho no momento da cobertura e o índice de produtividade 
da fêmea suína (Figura 7). 
 
FIGURA 7: Espessura de toucinho na cobertura x tamanho da leitegada subsequente 
 
Se por um lado é defensável a argumentação de que a idade mais avançada 
da matriz a 1ª cobertura permitirá uma melhor adaptação ao ambiente, inclusive aos 
desafios sanitários, por outro lado essa matriz será mais pesada e terá uma 
exigência de manutenção maior que àquela coberta a uma idade mais precoce e 
com menor peso e ainda o produtor terá um custo de alimentação adicional. 
Some-se a isso o fato que matrizes pesadas tem risco aumentado de 
problemas do aparelho locomotor, importante causa de descartes de matrizes. 
Levando em consideração estes argumentos, a melhor decisão é comprar animais 
de reposição cuja genética oferece mais precocidade sexual a um menor peso, sem 
prejuízos à sua vida produtiva (Rozeboom, 1996). 
 
Diagnóstico do cio 
 O ciclo estral (período de um cio ao próximo) em leitoas e porcas está em 
torno de 21 dias, podendo variar de 18-24 dias. O ciclo estral pode ser dividido em 
pró-estro, estro ou cio, metaestro e diestro. O momento para a realização da 
cobertura e/ou inseminação artificial está baseado nos sintomas de cio, tidos como 
melhores preditores para o momento da ovulação. 
Os sinais de cio mais comuns são: 
 Orelhas levantadas; 
 Perda de apetite; 
 Reflexo de tolerância ao macho; 
 Lombo arqueado; 
 Tremores 
 Olhar brilhante 
 Descarga vulvar de muco branco; 
 Vulva com coloração avermelhada e levemente inchada; 
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13 
 
 Resposta positiva ao teste de pressão. 
 
Como deve ser o manejo de detecção de cio: 
 Fazer a detecção de cio duas vezes ao dia, com a presença de macho 
sexualmente maduro e de boa libido, a um intervalo ideal de 12 horas; 
 O intervalo ideal entre os dois contatos é de 12 horas. Mas se algum 
fator impedir isto, é importante que o espaço de tempo entre os 
contatos seja de no mínimo 8 horas; 
 O macho ideal deve ter pelo menos 10 meses de idade, boa libido e 
ser "sociável"; 
 A exposição da fêmea ao macho deve ser intensa, para maximizar 
seus reflexos de tolerância ao reprodutor; 
 O contato "focinho a focinho" é essencial para uma detecção de cio 
eficaz; 
 É necessário fazer pressão com as mãos na parte dorsal da fêmea 
quando na presença do macho. Também convém massagear os 
flancos e a linha de tetas. 
Os sintomas mais comumente utilizados para a definição do momento ótimo 
de cobertura são o reflexo de imobilização frente ao cachaço e o reflexo de 
tolerância ao teste de monta feito pelo homem. 
 
Duração do cio 
O cio dura em média 2 a 3 dias, sendo que pode haver uma variação grande. 
Leitoas, por exemplo, apresentam uma duração média de 2 dias, sendo observadas 
leitoas com cio de 1 e 3 dias. Nas fêmeas mais velhas, a duração varia entre 2 a 3 
dias. No entanto, pesquisadores relatam durações de cio que variam entre 16 horas 
a 5 dias (Figura 8). 
 
FIGURA 8: Variação da duração do cio em horas (Castagna et al., 2000) 
 
Diversos fatores são capazes de influenciar a duração do cio, entre eles 
podem ser citados a genética, a ordem de parto, a temperatura ambiente, o estresse 
crônico e o intervalo desmame-cio. Desses fatores, o intervalo desmame-cio e a 
ordem de parto são os fatores que mais influenciam sob ponto de vista prático e, 
mesmo assim, não sendo observada em todas as granjas. Estudos demonstram que 
as fêmeas que entram em cio até o quarto dia após o desmame tem duração de cio 
significativamente maior (±71 horas) quando comparadas àquelas com intervalo 
desmame-cio superior (49-58 horas). As porcas geralmente apresentam maior 
duração de cio em relação às marrãs. 
 
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Ovulação 
O rompimento dos folículos seguido da liberação dos óvulos (oócitos) é 
denominado ovulação. Os primeiros estudos da ovulação foram realizados através 
de cirurgias, onde os animais eram anestesiados e observados. Com o 
desenvolvimento da ultra-sonografia, uma técnica menos trabalhosa e mais precisa, 
a determinação do momento da ovulação pôde ser mais bem estudada. Pode-se 
afirmar que, geralmente, a ovulação ocorre no início do terço final do cio. Isto 
significa que, em uma fêmea cujo cio dura 3 dias, a ovulação provavelmente ocorre 
entre o fim do 2º e começo do 3º dia. Os estudos mais recentes demonstram que a 
ovulação pode acontecer entre 10 e 96 horas após o início do cio, sendo que a 
grande maioria, ocorre entre 36 e 48 horas (Figura 9). As leitoas, em média, ovulam 
após 30 horas do início do cio, enquanto que as porcas, entre 40 e 50 horas. Alguns 
autores relatam casos em que a ovulação ocorre após o final do cio. 
 
FIGURA 9: Variação do momento da ovulação em horas (Castagna et al., 2000) 
 
Diversos estudos foram realizados com o objetivo de encontrar fatores 
associados à ovulação e que pudessem ser utilizados para se prever o momento da 
ovulação no dia a dia das granjas. De todos os fatores estudados, a duração do cio 
mostrou ser o mais importante. No entanto, trata-se de uma medida retrospectiva, ou 
seja, só pode ser determinada após o final do cio, quando a ovulação já ocorreu e, 
portanto, não pode ser utilizado em termos práticos. 
 
Momentoideal para a realização da cobertura 
 Durante as primeiras 10-12 horas de cio, o homem não consegue provocar o 
reflexo de tolerância pela pressão lombar, entretanto o macho consegue provocar o 
reflexo de imobilização. Transcorridas as 10-12 horas iniciais o homem consegue 
provocar o reflexo de tolerância sem a presença do macho por um período que varia 
de 12-24 horas. Finalmente, durante o transcorrer das últimas 10–12 horas do cio, 
somente o macho consegue provocar a imobilização (Figura 10). 
Muitas vezes a fêmea apresenta o reflexo de imobilização ao macho, mas não 
apresenta reflexo de tolerância ao homem. Apesar de estarem em cio 
aproximadamente 50-60% das nulíparas e 20-30% das multíparas não se imobilizam 
quando o homem realiza o teste de pressão lombar. Essas fêmeas necessitam do 
estímulo do macho (“boar priming”) 5-10 minutos antes da detecção do cio pelo 
homem sem a presença do macho. 
A máxima estimulação das fêmeas ocorre quando expostas a altas 
concentrações de feromônios presentes na saliva do macho, por isso é necessário o 
contato físico direto ao qual devem ser submetidas às leitoas aptas, fêmeas vazias e 
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15 
 
fêmeas desmamadas que são alojadas no mesmo galpão onde permanecem os 
machos. 
 A escolha do momento de cobertura é decisiva para obtenção de bons 
resultados. Em geral, recomenda-se que a primeira cobertura seja realizada 12 
horas após o diagnóstico de cio para as fêmeas pluríparas e no momento do 
diagnóstico de cio para as marrãs (desde que apresente os requisitos mínimos para 
a cobertura, de acordo com o descrito anteriormente). 
 
FIGURA 10: Esquema de controle de cio e momento ótimo de cobertura 
 
Cobertura 
Monta natural 
 Os principais cuidados no manejo da monta natural são: 
 O macho deve ter tamanho semelhante ao da fêmea para não 
machucá-la; 
 De preferência conduza a fêmea até a baia do macho; 
 Deve-se auxiliar o macho no momento de introdução do pênis; 
 Deve-se realizar duas a três montas por cio da fêmea; 
 Às fêmeas devem ser conduzidas com calma, pois o estresse pode 
provocar perdas embrionárias. 
 A frequência de monta utilizada varia de acordo com a idade do macho, 
sendo que para machos entre 7 e 9 meses deve ser em torno de 2 montas por 
semana, entre 9 e 12 meses deve ser entre 3 a 5 e para reprodutores com mais de 
12 meses a frequência não deve ser superior a 6 montas semanais (Wentz et al., 
1998). 
 
Inseminação artificial 
 Ao realizar a inseminação artificial é necessário estimular a fêmea através da 
pressão lombar ou com o auxílio de um macho. No momento da inseminação deve-
se limpar a seco a vulva com papel higiênico ou papel toalha, verificar o estado do 
sêmen (apresentando-se aglutinado deve ser misturado com a ponta do frasco 
virada para baixo mexendo levemente em círculos); após corta-se a ponta do 
adaptador do frasco; retira-se a pipeta do plástico; umedece-se a pipeta com 
algumas gotas de sêmen com objetivo de lubrificação; abre-se os lábios vulvares e 
introduz-se a pipeta levemente dirigida para cima e para frente (evita-se assim lesão 
no orifício uretral externo), com leves movimentos de rotação para esquerda até ser 
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16 
 
fixada pela cérvix, adaptar o frasco à pipeta e introduzir o sêmen, promovendo leve 
pressão sobre o frasco, durante no mínimo 4 minutos para evitar o refluxo de sêmen 
(Bortolozzo & Wentz, 1995). 
Uma boa detecção de cio é o ponto chave para se ter sucesso na 
inseminação artificial. O esquema mais utilizado é o de três inseminações, sendo 
que para marrãs, a primeira inseminação deve ocorrer imediatamente após a 
detecção do cio e para porcas, deve ocorrer 12 horas após a detecção. 
 
Vantagens da inseminação artificial 
 Menor número de machos destinados à reprodução (relação de 1 
macho para 100-200 matrizes); 
 Redução de custos de produção (o custo por fêmea fecundada na 
monta natural é de R$ 23,00, por sua vez na inseminação varia entre 
R$ 17,00 a 23,00, conforme o valor estimado dos machos); 
 Ganho genético (qualidade de carcaça); 
 Segurança sanitária; 
 Maior higiene na cobertura; 
 Eliminação de ejaculados impróprios; 
 Qualificação dos funcionários. 
 
Limitações da inseminação artificial 
 Necessidade de estrutura laboratorial; 
 Necessidade de mão-de-obra qualificada; 
 Vida útil do sêmen (aproximadamente 72 horas, embora existam 
diluentes capazes de conservar as doses por 5 dias ou mais). 
 
Fecundação 
Cerca de 1 a 2 horas após a inseminação ou monta natural, ocorre à 
formação do reservatório espermático, localizado na junção útero-tubárica (entre os 
cornos uterinos e os ovidutos). Após a ovulação, ocorrem alterações hormonais que 
fazem com que estes espermatozóides sejam transportados massivamente em 
direção aos oócitos e ocorra a fecundação em um local denominado ampola uterina. 
O gameta feminino entra em processo de degeneração 6-8 horas após a 
ovulação o que permite a penetração espermática. O espermatozóide por sua vez 
sobrevive no aparelho genital feminino por aproximadamente 36 horas, necessita de 
2 horas para deslocar-se ao istmo e de uma adaptação de 6 horas para fecundação. 
 
Gestação 
A fêmea suína passa em torno de dois terços de sua vida útil em gestação, 
assim deve-se tomar cuidados para potencializar a produtividade e com isso obter 
sucesso na produção. A gestação dura, em média, 114 dias (±3 dias). Para que se 
dê o reconhecimento e a manutenção da prenhez são necessários, no mínimo, 4 
embriões, que fazem com que ocorra alterações hormonais que impedem que a 
fêmea inicie um novo cio. O hormônio responsável pela manutenção da prenhez é a 
progesterona e este reconhecimento ocorre por volta do 12º dia após a fecundação. 
O período mais crítico em relação à morte dos embriões vai até o 35º dia, a partir 
daí, ocorre à formação do esqueleto e o embrião passa a ser chamado de feto 
(Institut Technique du Porc, 1993). 
 
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17 
 
Diagnóstico de gestação 
 O diagnóstico precoce da gestação tem grande importância dentro de um 
sistema de produção de suínos, pois é através do resultado do diagnóstico que 
separamos as fêmeas gestantes das vazias a fim de adotar manejos diferenciados 
para estas categorias. 
 O diagnóstico de gestação baseia-se no controle do retorno ao cio através do 
comportamento e sintomas apresentados pelas fêmeas. Sabe-se que a duração do 
ciclo estral é de 21 dias (±3 dias), portanto decorrentes 21 ou 42 dias, em média, da 
cobertura e a fêmea não manifestar cio é considerada prenhe. Recomenda-se, 
entretanto, que o retorno ao cio deve ser verificado entre 17 e 35 dias e novamente 
entre 50 e 60 dias após a cobertura. O controle do retorno ao cio das fêmeas deve 
ser realizado 2 vezes ao dia (manhã e tarde), preferencialmente, com auxílio de um 
macho adulto e de boa libido. 
Em unidades de produção maiores, o uso do aparelho de ultra-sonografia, 
sendo que a confirmação da prenhez pode ser realizada com o uso de ultra-
sonografia entre 21 e 42 dias após a cobertura. O custo desse aparelho é diluído, 
quando diminui o número de dias não produtivos, em função da detecção das 
fêmeas vazias no início da suposta prenhez. 
 
Alojamento e meio ambiente na gestação 
O primeiro mês é a fase mais crítica da gestação, sendo que poderá ocorrer 
mortalidade embrionária devido ao mau manejo, como transporte, mistura de lotes, 
estresse térmico e nutricional, consequentemente obteremos parições de leitegadas 
pequenas ou alto índice de retorno. 
As fêmeas cobertas não devem ser removidas de suas baias/gaiolas ou 
misturadas com outros grupos durante a fase de implantação embrionária, que 
ocorre até o 35° dia de gestação, período em que qualquer estresse deve ser 
reduzido ao mínimo. 
Recomenda-se ainda que durante o primeiromês de gestação cada fêmea 
tenha alojamento individual, evitando-se brigas e disputas pela ração, que são 
consideradas as maiores causas de estresse. Desta forma consegue-se diminuir as 
perdas embrionárias. O uso de gaiolas também tem a vantagem de melhorar o 
controle individual da alimentação. 
Quando as marrãs cobertas são mantidas em baias, recomenda-se alojá-las 
em gaiolas a partir de 80 dias de gestação, para que elas se acostumem com este 
tipo de instalação e não sofram estresse quando forem transferidas para as gaiolas 
de maternidade. 
 
Manejo alimentar na gestação 
A nutrição da matriz gestante tem que ser individual, não interessando 
quantas matrizes existam no plantel. Com essa consideração em mente é que se 
deve estabelecer o plano de nutrição das matrizes. 
Um plano de nutrição e alimentação de uma matriz gestante deve contemplar 
os seguintes objetivos: 
 Aumento da sobrevivência embrionária; 
 Desenvolvimento das glândulas mamárias; 
 Desenvolvimento dos fetos (peso ao nascer); 
 Crescimento corporal (marrãs); 
 Controle preciso do ganho de peso corporal (matrizes); 
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 Controle da condição corporal; 
 Recomposição das reservas corporais (matrizes). 
 
Para obter esses objetivos, recomenda-se que a matriz gestante receba nas 
primeiras 3 a 4 semanas 2,0kg de ração de gestação (6,0 Mcal de EM). De 28-30 
até os 60 dias de gestação é o chamado período de acerto corporal. Neste período o 
criador deve permitir que matrizes mais magras recebam um pouco mais de ração 
(2,2kg) e que as mais gordas possam sofrer uma pequena restrição (1,8Kg). 
Atingida a condição corporal adequada basta mantê-la com 2,0kg diários até 85 
dias. Entre 85 aos 95 dias, a glândula mamária estará multiplicando suas células 
produtoras de leite, aumentando a exigência nutricional. Deve-se aumentar 
ligeiramente a quantidade de ração diária, para 2,3 a 2,4kg de uma ração de pré-
lactação, mais rica em nutrientes. A partir daí deve-se aumentar ligeiramente a 
oferta de ração pré-lactação chegando ao parto com no máximo 2,6kg/dia, 
dependendo do tamanho do animal. Com um plano nutricional como este, as 
matrizes estarão perfeitamente aptas a uma vida produtiva ótima. 
 Outro programa nutricional é o de Sesti & Passos (1994) que recomendam o 
fornecimento de 2kg de ração ao dia a partir da cobertura até os 30 dias; 2,2kg de 
ração por dia dos 30 aos 85 dias e 3kg de ração por dia até as imediações do parto. 
Existe um consenso de que 1,8 até 2,7kg de ração gestação (entre 20 até 33 
MJ/dia de energia) é suficiente para atender as necessidades de mantença e 
produção (crescimento fetal). Aumentar o consumo de ração na gestação além do 
limite das necessidades é de pouco ou nenhum benefício. Não aumenta 
significativamente o número de leitões nascidos nem o peso ao nascer. 
Muitos criadores, no entanto, acreditam que oferecendo mais ração às 
matrizes estarão produzindo mais e melhor. Tal prática, na verdade, tem efeito 
reverso, pois ao se aumentar o nível de alimentação na gestação, acima dos 
requerimentos ocorrerá aumento do peso e do metabolismo da fêmea, aumentando 
a possibilidade de perdas embrionárias e redução do número de leitões nascidos. 
Outra consequência é que durante a lactação, esta matriz gorda ou super 
condicionada, comerá menos, produzirá menos leite e irá desmamar leitões mais 
leves. Além disso, ao comer menos perderá reservas corporais afetando o retorno 
ao cio e sua vida produtiva. Os efeitos de se alimentar as matrizes com mais ração 
que o necessário são apresentados na Tabela 8. 
De uma maneira geral, deve haver um aumento gradativo do consumo de 
ração durante a gestação, uma vez que no terço final de gestação ocorre maior 
crescimento fetal e desenvolvimento do complexo mamário, obtendo-se assim maior 
produção de leite, leitões mais pesados e consequentemente maior taxa de 
sobrevivência. 
 
TABELA 8: Efeito do consumo de ração na gestação sobre o consumo na lactação 
Parâmetro 
Consumo de ração na gestação (kg/dia) 
1,80 2,25 2,70 
Ganho de peso, kg 55,3 70,4 82,7 
Consumo ração lactação, kg 4,76 4,70 3,98 
Variação de peso, kg -12,2 -19,6 -24,6 
Fonte: Dourmad (1991) 
 
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Condição corporal na gestação 
Uma vez que existem tantos fatores afetando o nível de alimentação das 
matrizes os produtores necessitam de algum sistema para avaliar se o plano de 
nutrição das matrizes está ou não adequado. O ideal é a pesagem periódica das 
matrizes, tendo seu peso sob controle e ainda, tenham a sua espessura de toucinho 
medidas sistematicamente com auxílio de um aparelho de ultra-sonografia. Isso nem 
sempre é possível, mas nem por isso deixa de ser ideal. 
Outra alternativa é usar o escore de condição corporal, um método que 
combina a avaliação visual e a estimativa das reservas corporais de gordura (Figura 
11). Este método subjetivo é até certo ponto, uma alternativa de algum valor, 
principalmente na falta da balança e do aparelho de ultra-som. 
 
 FIGURA 11: Escore corporal visual da fêmea suína 
 
No entanto, o que interessa ao nutricionista e deve interessar também ao 
produtor, é que a matriz tenha, não apenas um bom escore de condição corporal, 
mas mais que isso, tenha um ótimo "status" metabólico, este sim, o melhor critério, 
capaz de permiti-la expressar todo o seu potencial produtivo. 
Podemos nos assegurar que a matriz está num ótimo "status" metabólico, 
quando ela está sendo alimentada corretamente, tendo sua exigência nutricional 
atendida, sob condições de poucos desafios quer do ambiente quer da sanidade e 
esteja produzindo de acordo com seu potencial genético e que seu desempenho não 
mereça reparos. 
Mas o escore da condição corporal também nos permite algumas definições 
úteis acerca das possibilidades produtivas da matriz. Por exemplo, sabemos que a 
matriz em má condição corporal tende a aumentar o número de descartes do plantel, 
reduzir o número de leitões/matriz/ano, diminuir as taxas de concepção, alongar o 
tempo para o retorno ao cio pós-desmama (IDC), aumentar a susceptibilidade à 
osteoporose e outras afecções do sistema locomotor, como fraturas de membros e 
coluna vertebral. 
Sabemos também, por outro lado, que matrizes muito gordas ou super 
condicionadas tendem a ter maior mortalidade embrionária, parto mais difícil 
(distócito), menor consumo na lactação, menor produção de leite e leitegadas de 
pesos inferiores. 
Assim sendo, o escore de condição corporal não é decisivo acerca da melhor 
condição metabólica da matriz, mas pode ser usado como um indicativo dessa 
condição se todas as necessidades nutricionais e de ambiente estiverem cumpridas 
e se a produtividade estiver adequada. Recomenda-se que ao parto as fêmeas 
devem apresentar condição corporal entre 3,5 a 4,0 pelo escore visual. 
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Fatores que afetam o consumo de ração na gestação 
Evidentemente a restrição alimentar da gestação é vantajosa, mas deve 
seguir alguns critérios como: tipo de alojamento, tipo de piso, temperatura, peso da 
matriz, desafios sanitários, etc. 
Matrizes alojadas em grupo, em baias coletivas, requerem aproximadamente 
15% a mais de ração do que aquelas alojadas em gaiolas individuais. Nas condições 
de baixas temperaturas (abaixo de 16ºC), matrizes magras que têm baixo 
isolamento térmico (pouca gordura corporal), necessitam de mais 3 a 4% de ração 
para cada grau abaixo de 16ºC, para se manterem aquecidas e produzirem 
satisfatoriamente, comparado às matrizes mais gordas. Matrizes mais pesadas têm 
exigência de mantença superior (estima-se que sejam necessários 5% a mais de 
alimento para cada 10kg de peso acima da condição ideal). E matrizes com desafios 
sanitários como parasitos (interna e externa), por exemplo, necessitam maisnutrientes para enfrentar os parasitas e não perderem peso e nem prejudicar o peso 
dos leitões ao nascer. Além disso, necessitam ser tratadas para a eliminação dos 
parasitas. 
 
MATERNIDADE 
Pré parto 
As fêmeas devem ser transferidas de 3 a 7 dias antes da data provável do 
parto do setor de gestação para a maternidade, permitindo a adaptação ao novo 
ambiente. Previamente à transferência as fêmeas devem ser devidamente lavadas 
com água e sabão com auxílio de escova e serem desinfetadas com uso de 
desinfetante apropriado. A transferência deve ser realiza nas horas mais frescas do 
dia. 
 Aproximadamente uma semana antes do parto, as fêmeas apresentam sinais 
mais evidentes da aproximação do mesmo. Dentre os mais frequentes são o 
aumento da sensibilidade das glândulas mamárias e o edema da vulva. Em torno de 
três dias antes do parto, pode-se observar ainda uma mudança no comportamento 
das fêmeas, caracterizada, principalmente, por inquietação e em alguns casos é 
possível observar a tentativa da fêmea em preparar um ninho para os leitões. 
 É comum se observar constipação no momento do parto, associada à 
diminuição na produção de leite na fase inicial da lactação. Para evitar esse 
problema deve haver uma redução no fornecimento de ração antes do parto, sendo 
que, no dia do parto deve-se fornecer apenas água para a fêmea. Também é 
recomendado o fornecimento de dieta laxativa (Institute Technique du Porc, 1993). 
 
Parto 
Por volta dos dois últimos dias de gestação, começam a ocorrer alterações 
hormonais que darão início ao parto. Um hormônio produzido no útero, chamado 
prostaglandina, é responsável pela redução da progesterona e, ao mesmo tempo, 
estimula a liberação de ocitocina, que provoca as contrações uterinas para o 
nascimento do leitão. Outro hormônio importante durante o parto é a relaxina, que 
provoca a dilatação da cérvix, necessária para a passagem do leitão. Na Tabela 9 
são descritos alguns acontecimentos associados ao parto. O sintoma que permite 
maior precisão para determinar o momento do parto é a secreção láctea, sendo que, 
quando ocorre secreção leitosa em gotas, em 70% dos casos, o parto ocorre dentro 
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de 12 horas e quando ocorre secreção leitosa em jatos, em 94% dos casos, o parto 
ocorre dentro de 6 horas. 
 
TABELA 9: Acontecimentos relacionados ao parto com respectiva duração 
Acontecimento Duração média (mín – max) 
Duração do parto 3 hs (25min – 8 hs) 
Intervalo de expulsão dos leitões 15 min (1 – 23 min) 
Apresentação anterior 65% (55 – 75%) 
Parto com cordão umbilical intacto 65% (60 – 75%) 
Rompimento do cordão umbilical 4 min (1 – 30 min) 
Ressecamento do cordão umbilical 12 hs 
Primeira mamada 20 min (3 – 150 min) 
Expulsão da placenta após o último leitão 4 hs (0 – 12 hs) 
Fonte: Plonait & Bickhardt (1998) 
 
Manejo nutricional das fêmeas em lactação 
Objetivos da Nutrição durante o período de Lactação 
 Aumentar a produção de leite da porca e da marrã; 
 Reduzir a perda de peso e a perda da reserva de gordura corporal; 
 Aumentar a taxa de crescimento dos leitões; 
 Diminuir a taxa de mortalidade dos leitões. 
 Garantir uma taxa de ovulação subseqüente adequada; 
 Reduzir o intervalo desmame-cio; 
 Promover a longevidade da fêmea. 
O maior problema das fêmeas em lactação é a limitada capacidade de 
ingestão frente a grande demanda de nutrientes. No verão, durante a fase de 
lactação, ocorre a síndrome do estresse calórico (SEC). A SEC ocorre quando as 
fêmeas são alojadas em instalações inapropriadas, sem controle de temperatura, 
umidade e ventilação, consequentemente ocorre aumento da temperatura ambiente 
e como não conseguem dissipar eficientemente o calor as fêmeas reduzem o 
metabolismo, reduzem a ingestão de alimento resultando num balanço nutricional 
negativo, ou seja, o consumo de nutrientes é muito menor que a exigência. Então a 
fêmea mobiliza reservas corporais para produção de leite, de forma ineficiente, pois 
a fêmea não consegue manter a produção em nível normal. A produção de leite cai, 
reduzindo o peso dos leitões ao desmame, além disso, prejudica a condição corporal 
da fêmea predispondo-a futuros problemas de desempenho reprodutivo, como maior 
intervalo desmame-cio, menor taxa de ovulação, maior mortalidade embrionária, 
maior suscetibilidade a doenças e descarte antecipado. 
A base do plano nutricional das matrizes em lactação é a alimentação à 
vontade, ou seja, nesta fase, o consumo deve ser livre. E mais ainda, o consumo 
não só deve ser livre como necessita ser estimulado de todas a formas possíveis. 
Existem vários fatores que influenciam negativamente o consumo. A ambiência, no 
caso brasileiro é um dos mais importantes. 
A temperatura ambiente e a umidade relativa afetam as matrizes reduzindo o 
consumo de alimento; atrasando o retorno ao cio e na própria manifestação deste 
cio, pois aumentam as incidências de cios silenciosos e aumentam a mortalidade 
embrionária diminuindo o tamanho das leitegadas. 
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Na Tabela 10, Lundeen (2000) demonstra os efeitos da estação do ano na 
performance reprodutiva de matrizes suínas. As altas temperaturas, comuns no 
verão brasileiro, mas também presentes nas outras estações do ano, tem os 
mesmos efeitos sobre o consumo de ração pela matriz suína. Consumo apropriado 
na lactação é a chave para o bom desempenho produtivo de uma matriz. 
 
TABELA 10: Estação do ano sobre o desempenho reprodutivo das matrizes 
PARÂMETROS Inverno Verão 
Peso a desmama, kg 6,50 5,50 
IDC, dias 5,50 7,80 
% em cio aos em 7 dias 90,00 78,00 
Taxa de parição, % 87,00 82,00 
Tamanho da leitegada 10,50 10,20 
Fonte: Lundeen (2000) 
 
Segundo Dial & Koketsu (1996), o consumo de ração tem grande influência 
no intervalo desmama-cio. Os resultados destes pesquisadores sugerem, que as 
matrizes altamente produtivas e que não consomem nutrientes suficientes na 
lactação (menos que 4,2kg/dia) o intervalo desmama-cio pode ser influenciado 
negativamente, pois as matrizes não atingem suas demandas metabólicas. 
Koketsu et al. (1998) demonstram na Tabela 11 os efeitos do consumo de 
ração durante a lactação sobre o intervalo desmama-cio e sobre o número de leitões 
nascidos por parto. Infelizmente a seleção genética do suíno moderno, com maior 
capacidade para deposição de carne magra, tem produzido como consequência um 
animal com baixa reserva de gordura e de menor apetite, o que impede as matrizes 
de consumir as quantidades necessárias de nutrientes para uma vida reprodutiva 
adequada (Pettigrew, 1998). 
A reprodução na lista de prioridades do animal está abaixo, é claro, da 
manutenção da atividade celular, quer dizer, da manutenção da própria vida. Está 
abaixo ainda da termorregulação e até mesmo do crescimento. Se este animal sofrer 
alguma privação nutricional o crescimento vai ser prejudicado, assim como a 
fertilidade/reprodução também será afetada negativamente (Cosgrove et al., 1996). 
 
TABELA 11: Intervalo desmama-cio (IDC) e tamanho da leitegada subsequente de acordo 
com o consumo de ração durante a lactação 
Consumo, kg Nº fêmeas IDC Leitões nascidos/parto 
3 1.052 6,73 10,85 
4 3.055 6,44 10,80 
5 7.127 6,12 11,00 
6 7.208 5,94 11,03 
> 6 6.555 5,90 11,17 
Fonte: Koketsu et al. (1996) 
 
Se associarmos essas informações à temperatura ambiente elevada, acima 
da temperatura crítica máxima, tolerada pela matriz, que é de 20ºC, podemos inferir 
que a ingestão de alimento pode diminuir. E é isso que acontece. A estimativa é de 
que a redução do consumo esteja entre 150 a 160 gramas por cada grau acima dos 
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20. Na Tabela 12 são apresentados os efeitos do baixo e alto consumo de ração 
durante a lactação sobre o desempenho reprodutivo de matrizes.TABELA 12: Efeitos do consumo de alimento na lactação sobre o desempenho reprodutivo 
Parâmetros Baixo consumo Alto consumo 
Peso a desmama, kg 5,5 6,5 
Intervalo desmama-cio, dias 9,0 4,5 
Percentagem em cio, % 70,0 93,0 
Taxa de parto, % 70,0 89,0 
Tamanho da leitegada 10,0 11,0 
Fonte: Lundeen (2000) 
 
Martineau & Martin Rillo (2000) consideram que a matriz moderna tem 
características contraditórias no sentido de que a seleção para se produzir animais 
magros, de pouca gordura, para atender o mercado consumidor, criou também uma 
matriz de maior fecundidade. Essas posições de seleção são conflituosas na medida 
que o apetite também diminuiu dificultando assim o atendimento das exigências 
nutricionais. 
Aherne (1995) propõe algumas exigências importantes para a matriz que 
deveriam ser atendidos durante a lactação (Tabela 13). De maneira simplificada os 
dados nos mostram que com uma formulação normal, capaz de atender essas 
exigências, ainda assim dependeríamos do consumo adequado de ração, que nesse 
caso deveria atender uma média de 6,9kg/dia. Com o material genético disponível 
no Brasil, teríamos dificuldade em fazer com que uma matriz de 150kg de peso 
consuma 6,9kg de ração em média durante a lactação. Para isso teríamos que 
adensar as dietas, para que o animal, mesmo consumindo menor quantidade em kg, 
consiga ingerir o que necessita. Assim as dietas devem conter alto teor de proteína, 
energia e lisina, para atenderem os requerimentos das matrizes lactantes, 
principalmente sob condições de altas temperaturas ambientais. 
 
TABELA 13: Exigência prevista de consumo de ração, energia, proteína, lisina, para uma 
matriz de 150kg de peso com 10 leitões 
Semanas de Lactação 1ª. Sem. 2ª. Sem. 3ª. Sem. 4ª. Sem. Média 
Peso dos leitões, kg 2,50 4,00 6,00 8,00 
GPMD, g/dia 180 214 285 285 236 
Produção de leite, kg/dia 6,40 8,80 11,20 11,20 9,40 
Exigência 
Mcal, ED/Dia 6,40 6,40 11,20 11,20 9,40 
Proteína, g/dia 780 1020 1260 1260 1080 
Lisina, g/dia 45 59 74 63 63 
Ração, kg/dia 5,1 6,6 8,0 8,9 6,9 
Déficit, kg/dia 0,7 1,1 2,0 2,1 1,4 
Perda de peso, kg/semana 2,6 4,1 7,4 7,8 Total 21,9 
Fonte: Aherne (1995) 
 
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Manejo alimentar na lactação 
O manejo alimentar na lactação é muito importante, principalmente na 1ª 
lactação, uma vez que a fêmea continua em fase de crescimento e ao mesmo tempo 
fornece leite na maioria das vezes a grandes leitegadas. O ideal é conseguirmos 
manter o estado corporal e se possível que as fêmeas não percam mais que 2mm 
de espessura de toucinho no P2 e não mais que 15kg do seu peso corporal. Esse 
padrão não é importante apenas para o desempenho da leitegada na primeira 
lactação, mas também afeta a fertilidade no próximo ciclo reprodutivo. 
Os resultados da Tabela 14 sugerem que um baixo consumo na fase de 
lactação pode causar um impacto negativo no desempenho reprodutivo subsequente 
das matrizes, levando a maior perda de peso e alta mobilização de gordura corporal, 
reduzindo o número de óvulos e a sobrevivência embrionária e aumentando o 
intervalo desmama-cio. 
 
TABELA 14: Influência do padrão de consumo em 28 dias de lactação sobre a fertilidade 
das porcas no primeiro parto 
Parâmetros Á vontade Restrito Restrito/Á vontade 
Perda de peso (kg) 11,0 21,2 24,8 
Perda ET P2 (mm) 2,19 4,61 5,38 
Número de óvulos 19,86 15,44 14,43 
Sobrev. Embrionária% 28 dias 87,53 64,43 86,50 
Intervalo desmama/cio 3,7 5,1 5,6 
Fonte: Zack et al. (1997) 
 
Estratégias nutricionais para aumentar o consumo na fase de lactação 
 Aumentar gradativamente o consumo de forma que seja de 2,0kg/dia a 
partir do primeiro dia após parto, aumentando 0,5kg/dia até o quinto dia, 
quando começamos a fornecer a vontade; 
 Alimentar várias vezes ao dia, uma vez que as fêmeas têm baixa 
capacidade estomacal e o aumento do número de refeições favorecerá o 
aumento do consumo de ração/dia; 
 Alimentar nas horas mais frescas do dia; 
 No verão oferecer a ração de forma úmida; 
 O uso de rações com alta porcentagem de fibra deve ser evitado, 
enquanto que o uso de amido e de óleo é benéfico, uma vez que são mais 
digestíveis e possuem menor incremento calórico, além de estimular os 
níveis de insulina, hormônio metabólico com grande relação na produção 
dos hormônios da reprodução. 
 
Manejo alimentar dos cachaços 
 A nutrição de machos inteiros para reprodução é diferenciada da nutrição de 
suínos para o abate, pois a partir dos 50kg apresentam maior potencial de 
crescimento e necessitam formar uma estrutura corporal adequada para a futura 
atividade reprodutiva. 
Nos machos adultos a alimentação deve ser adaptada com restrição no 
consumo de energia permitindo o máximo desempenho reprodutivo e moderados 
ganhos de peso sem que ocorram problemas de aprumos e excesso de peso. A 
restrição alimentar severa em cachaços adultos pode alterar a secreção hormonal e 
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reduzir a quantidade de sêmen, mas a função reprodutiva é restaurada após a 
normalização do nível alimentar e a qualidade do sêmen não é afetada. 
 Deve-se reduzir o nível de energia da dieta dos cachaços por meio da 
inclusão de alimentos fibrosos, podendo-se desta forma aumentar a quantidade 
fornecida, aumentando assim a sensação de saciedade e garantindo maior bem-
estar ao animal (Louis, 1995). Na Tabela 16 são apresentas algumas sugestões de 
valores de consumo de acordo com o peso do macho. 
 
TABELA 16: Sugestão de fornecimento de ração para cachaços de acordo com o peso 
Peso corporal, kg 105 150 200 250 300 350 
Ração, kg/dia 2,05 2,25 2,4 2,63 2,86 3,09 
Fonte: MANUAL DE INSEMINAÇÃO DE SUÍNOS (1996) 
 
Programa de vacinação e vermifugação 
 Na Tabela 17 é apresentada uma sugestão de programa de vacinação e 
vermifugação. 
 
TABELA 17: Sugestão de um programa de vacinação 
Vacina Marrãs Porcas Cachaços 
Parvovirose 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto Semestral 
Leptospirose 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto Semestral 
Erisipela 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto Semestral 
Rinite 24 dias pré-parto 24 dias antes do parto Semestral 
Pneumonia micoplasma 21 e 42 dias pré-cobertura 24 dias antes do parto Semestral 
Vermifugação Após a chegada na granja e 
novamente antes da 
cobertura 
14 dias antes do parto 6 vezes 
por ano 
 
 
Considerações finais 
A matriz suína é onde tudo começa na suinocultura e todo investimento 
possível deve ser feito para que elas possam produzir e exibir seu máximo potencial 
genético. 
Investimentos em genética, biosseguridade, ambiência, manejo e nutrição são 
fundamentais para que se obtenha máxima produtividade. Deve-se preferir matrizes 
de genéticas mais precoces sexualmente e de peso menor no início da atividade 
reprodutiva. 
Na fase de gestação, as matrizes devem ser alimentadas com base no 
desenvolvimento corporal, que pode ser controlado por pesagens periódicas 
acompanhadas de medições da espessura de toucinho com ultra-som, ou mesmo 
pela avaliação do escore da condição corporal. 
Na lactação, o consumo de ração é a chave para otimizar o desempenho 
subsequente. Baixo consumo de ração na fase de lactação eleva o intervalo 
desmama-cio, prejudica a taxa de fertilidade e reduz o número de leitões nascidos 
no parto subsequente.

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