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ZOO 433 – Avaliação 1 meet.google.com/gii-qbcs-svf Aula 02/09/2020 Alta produção de carne de qualidade; Geração de emprego e renda (componente social); Geração de divisas via mercado externo – quanto é exportado da produção? (exportação é sempre maior que a importação); Viabiliza o produtor de grãos – milho e farelo de soja; Transforma subprodutos, resíduos de indústria de alimento e alimentos convencionais em proteína animal de alta qualidade – exemplos: iogurte, farinha de bolacha, chocolate etc. utilizados para animais nas fases finais da terminação; e alimentos convencionais humanos utilizados nas fases de creche; Modelo biológico para a medicina e nutrição humana em função da semelhança da fisiologia. 1. Alta produção de carne Em função de: o Número de partos por porca/ano – média de 2,35; o Hiperprolificidade das matrizes modernas – genótipos que parem um grande número de leitões/parto; o Elevada velocidade de crescimento da progênie – fruto da seleção de melhoramento genético para maior deposição muscular e redução da espessura de toucinho. Mais de um parto por ano + Muitos leitões por parto + Alta capacidade de crescimento dos leitões a) Índices que avaliam a eficiência reprodutiva Número de parto/porca/ano (PPA) 365 (dias ano) / IEP IEP = número médio de dias que decorrem entre um parto e o seguinte Inclui período de gestação (em média 3 meses, 3 semanas e 3 dias) + período de lactação (média de 21 dias em sistemas intensivos) + intervalo desmame-cio (média de 5 dias). Exemplo: Observações: o O IEP é influenciado pelo período da lactação, o intervalo desmame-cio e possíveis falhas reprodutivas como abortamento; o IEP é um índice muito importante porque impacta o número de leitões produzidos pelo sistema. Número de nascidos vivos/parto (MNV) Observação: o Menor nas matrizes (~16 leitões) devido a ainda se encontrar crescendo e a taxa de ovulação ainda em desenvolvimento. Estes animais alcançam o pico de produção de leitões no 3º/4º parto (~18 leitões) e espera-se que o mantenham até o 6º parto (por volta de 3 anos), além de manter o desmame de leitões pesados para que a taxa de longevidade esteja adequada. Grande número de leitões = Maiores desafios para o sistema na fase de maternidade Importante: não necessariamente matrizes que chegam ao 6º parto precisam ser descartadas. Deve-se avaliar as condições do animal, taxa de descarte e tamanho do plantel de reposição antes da tomada de decisão! Taxa de descarte/reposição de fêmeas elevada = Maior número de fêmeas jovens (marrãs) = Menor capacidade de produção de leitões por leitegada Por isso, busca- se sempre maior taxa de longevidade (maior % de animais de 3º, 4º e 5º partos dentro da granja) Média de desmamados/porca (MD) Observações: o Matrizes selecionadas para maior número de tetos e produção de leite para tentar suprir o desafio. o O objetivo na maternidade é manter o manejo visando a redução de mortalidade e maior número de leitões desmamados/porca. Maior número de nascidos vivos/parto (maior leitegada) = Maiores desafios para os leitões (maior mortalidade) e matrizes (dificuldade para desmamar leitões de maneira uniforme, pois estes animais possuem de 6 a 8 glândulas mamárias e pode haver excedente de leitões/fêmea) Número de leitões/desmamados/fêmea/ano (DFA) Observações: o Considerando uma média de 30 leitões x 100 kg/peso vivo (média) = 3 toneladas/ano. 2. Evolução da capacidade de produção de leite (kg/dia) Observações: o Animais selecionados para maior número de glândulas mamárias (14-16) e produção de leite (~12 kg/dia). Observações: Maior número de leitões por leitegada + Desmame de leitões mais pesados + Maior capacidade de produção = o Maior encargo metabólico, maior mobilização de reserva corporal e menor ganho de peso da porca (g/dia) na maternidade, pois a quantidade consumida não é suficiente para atender a demanda por energia Desmamar uma porca magra pode comprometer os partos subsequentes Coleta de informações: pesar fêmeas na entrada e na saída da maternidade para avaliar a eficiência do manejo e a condição corporal das matrizes visando tomar decisões técnicas; o Apesar da seleção para maior número de tetos, estes podem não ser suficientes para suprir o tamanho da leitegada. 3. Tamanho de leitegada e peso de leitões ao nascimento Realidade atual: o Porcas produzindo muito mais leitões menores Leitegadas menos homogêneas (de pior qualidade); o Desafio maior na maternidade, pois os animais menores possuem menor capacidade termorregulatória e sofrem com a disputa por tetos com outros leitões mais pesados, o que aumenta as chances de morrerem esmagados Assistência após o nascimento com fornecimento rápido do colostro visando evitar que entrem em processo de tremor devido ao frio e tendam a ficar encolhidos no posterior da fêmea. Observações: o “Superlotação uterina” reduz o peso médio ao nascimento dos leitões devido a redução do fluxo sanguíneo e disponibilidade de nutrientes; o O peso médio ao nascimento sozinho não é um bom indicador devido a hiperprolificidade Necessário associar uma medida de dispersão (coeficiente de variação do peso médio) para saber se a discrepância de pesos está diminuindo e, consequentemente, a qualidade de leitegada melhorando; o O coeficiente de variação é obtido a partir do peso dos leitões ao nascimento e ao desmame, e auxilia na avaliação dos partos subsequentes. 4. Elevada velocidade de crescimento Observações: o GPD ~1,2 kg/dia: animal nasce com ~1,3 kg e 160 dias depois é entregue no frigorífico com ~110 kg; o A maior reserva de gordura dos suínos é a subcutânea, refletida na espessura de toucinho (ET) Um dos objetivos do programa de seleção é reduzir esse índice e aumentar a taxa de deposição muscular para aumentar a qualidade da carne. Observações: o Tendência atual: abater os animais com 140-150 kg sem comprometer qualidade de carcaça levando-se em consideração a quantidade de carne e deposição de gordura Alto rendimento de carcaça (+80%) de qualidade. Maior taxa de ganho de peso = Maior geração de calor = Animais mais sensíveis Seleção para redução da espessura de toucinho e deposição de gordura na carcaça e aumento da deposição de massa magra visando não comprometer a capacidade de ganho de peso e rendimento de carcaça dos animais Importante: Os trabalhos demonstram o potencial genético dos animais, porém, na prática os resultados dependem da adequação da ambiência, nutrição, manejo e desafio sanitário dos animais na granja, focando em pontos como densidade adequada, vazio sanitário e bem-estar animal. 5. Outras possibilidades econômicas Produção do biogás em biodigestores a partir do tratamento de excretas e conversão em energia elétrica a ser utilizada no sistema Independência em energia e destino adequado dos dejetos. 6. Modelos biológicos na nutrição e saúde humana Unidade de terapia intensiva neonatal para leitões Leitão prematuro (nascem com menos de 95 dias) como modelo em gastroenterologia pediátrica (imaturidade do sistema digestivo); Pâncreas Produção de insulina; Pele Transplante; Coração Válvulas cardíacas; Intestino Heparina; Hipófise ACTH; Tireoide Hormônio; Pulmão Surfactante. Suinocultura intensiva tecnificada (produção industrial): A produção de subsistência possui importância social para quem produz para consumo próprio. Porém, gera problemas quando seu excedente chega à população sem inspeção e, consequentemente, sem certeza da qualidade e segurança do produto Tem diminuído ano após ano em função da maior fiscalização; Alojamento de matrizes industriais (unidade): ~2 milhões de fêmeas Noçãodo tamanho do sistema; Região Sul corresponde a 68% da produção (ppt SC), Sudeste por 17%, Centro-Oeste por 14% e Norte e Nordeste sem muita expressão (questões culturais: consumo preferencial de ovino, caprino e pescado); Produção brasileira de carne suína: ~4 milhões de toneladas/ano Ocupa o lugar de 4º maior produtor de carne suína do mundo Grande distância dos EUA (~12 milhões toneladas/ano, porém alto potencial para crescimento; Destino da produção brasileira de carne suína: ~81% para mercado interno e ~19% para exportação; Exportações de carne suína: ~600/700 mil toneladas (2019: 750 mil toneladas; recorde de exportação devido a grande exportação para Ásia em função da Peste Suína Africada) 4º maior exportador; Receita das exportações: ~1,5-2 milhões US$ Grande contribuição para o agronegócio e para o saldo positivo do setor na balança comercial; Estados exportadores: estados do Sul (SC ~55%, maior produtora e exportadora devido a maior consumo por tradição; RS 22%; PR 15%). Principais países para onde o Brasil exporta: Ásia (ppt 2019) e Europa Muito concentrado, o que é ruim. Consumo mundial de carne suína (milhões de toneladas): 4º/5º consumidor Mais interessante comparar o consumo per capta mundial (kg/habitante/ano), onde o Brasil ocupa a 23º posição (~16 kg/carne/habitante/ano) Sempre menor que o consumo de frango (45 kg) e boi (38 kg – preferência nacional, porém, quando o preço aumenta escolhe-se a carne de frango). Estudo sobre a percepção da carne suína: o Principais pontos fortes da carne suína Sabor (92% dos entrevistados). o Principais pontos fracos da carne suína Alto teor de gordura e colesterol (55% dos entrevistados); Faz mal ou é perigosa para a saúde (35% dos entrevistados). o Carnes responsáveis por doenças de acordo com os consumidores 60% dos entrevistados responderam que era a carne suína. Cisticercose: Forma mais grave da infecção (neurocisticercose). Observações: o O suíno não causa cisticercose no homem. O homem é que causa cisticercose no suíno! o Uma pessoa com teníase é uma importante fonte de transmissão de cisticercose e teníase; o O homem não adquire cisticercose ao ingerir carne suína crua ou mal passada, mas pode adquirir teníase se não tomar os devidos cuidados (origem do produto, selo de inspeção) – depois de passar pelo HI (suíno), o cisticerco se desenvolve em verme adulto, que não causa a cisticercose; o Os suínos não possuem a tênia ou solitária, apenas o homem possui a fase adulta; o Se não houver pessoas com teníase, não haverá cisticercose nos suínos e bovinos. o Depois de passar pelo HI (suíno), o cisticerco se desenvolve em verme adulto, que não causa a doença, mas sim teníase. “A carne suína é uma carne gorda”: ET: 8,0-10,0 cm Alta concentração de calorias na carne devido ao maior depósito de gordura subcutânea desses animais (animal “tipo banha”) Melhoramento e seleção para redução da deposição de gordura (espessura de toucinho) e aumento da deposição de músculo (maior área de lombo). ET: 1,0-1,5 cm Concentração de gordura saturada: o Relacionada com a ocorrência de Arterioesclerose em humanos; o A carne suína corresponde a apenas 10% do consumo diário permitido para humanos de acordo com a tabelas nutricionais, quantidade parecida com a presente nas outras carnes Carne saudável! Quantidade de caloria, gordura, colesterol e gordura saturada dos cortes: Valores não variam muito em relação a outras carnes. Quantidade de vitaminas e minerais: Importante: Carne rica em vitaminas do complexo B. Resumo dos mitos e verdades Mito: A carne suína é uma carne gorda. Verdade: A carne suína apresenta baixo teor de gordura, resultado dos programas de melhoramento genético praticado nas últimas décadas. Mito: A carne suína tem muito colesterol. Verdade: A carne suína tem nível de colesterol igual ou menor ao de outras carnes (variação em função do corte). Mito: A carne suína tem baixo valor nutricional. Verdade: A carne suína é uma fonte importante de proteína de alto valor biológico e de vitaminas do complexo B, com menor teor de sódio. Mito: A carne suína causa cisticercose no homem. Verdade: O homem causa cisticercose no suíno. Mito: O suíno é criado em ambiente sujo e alimentado com restos de comida. Verdade: A produção é feita de forma tecnificada, com todos os animais sobre piso e sob cobertura e com rígido controle reprodutivo, sanitário e nutricional. A desinformação ainda é um obstáculo para o consumo da carne! Aula 03/09/2020 Atividade 1. Aula 08/09/2020 Assuntos: Caracterizar o sistema de produção intensivo confinado (SISCON); Classificar o SISCON quanto à localização da produção – na mesma área geográfica ou não; Classificar a produção com relação ao tipo de vínculo – independente, integrada etc.; Efeitos do estresse por calor nos suínos – muito importante no Brasil, país de clima intertropical com temperaturas elevadas na maioria das regiões brasileiras na maior parte do ano. Cadeia produtiva de suínos no Brasil Observações: Variáveis dissociáveis e interligadas formando a cadeia produtiva. Nosso foco ao longo do curso é o sistema de produção (granja) que conta com um conjunto interrelacionado de fatores e processos para cumprir seu objetivo básico, que é a produção de suínos: o Os macroelementos do sistema de produção devem estar intimamente relacionados (funcionando como dentes de uma engrenagem) para que se obtenha sucesso na produção de carne de qualidade; o Uma equipe (ppt funcionários e gerentes) altamente eficiente, comprometida e frequentemente treinada e capacitada (mesmo que já tenham passado por outras granjas o ou sistemas de produção, para retirar possíveis vícios) é fundamental para que a granja obtenha sucesso – os colaboradores precisam saber com clareza as responsabilidades e os limites de suas atribuições para que trabalhem com o mesmo objetivo, que é a produção de carne de qualidade; o A distribuição de funções é uma maneira excelente de garantir que a rotina e os manejos sejam cumpridos de forma eficiente dentre dos prazos estabelecidos na granja. Também facilita a identificação dos colaboradores que não estão cumprindo suas funções, além daqueles que mais se destacam em suas atribuições o Outro ponto fundamental é que a granja trabalhe com motivação da equipe – quase sempre associada a bom salário, porém, fazer com que os colaboradores percebam a relevância do seu trabalho e o impacto positivo que ele possui nos resultados do sistema. Outros motivadores: política de benefícios, perspectiva de crescimento (promoção de cargo/função), treinamento constante de forma interna e externa (participação em congressos e cursos), sistema de premiação (por produtividade, por exemplo), condições de trabalho adequadas (ambiente sério e amigável) e condições de moradia e lazer quando o funcionário residir na propriedade. O conceito de sistema na suinocultura está relacionado a maneira como se organiza a produção No Brasil, a imensa variedade de modelos de produção de suínos: o Dificulta a padronização de manejo dos animais; o Não há padronização de fluxo de produção; o Não há padronização de instalações e equipamentos. De acordo com o grau de controle da produção, a mesma por ser classificada em extensiva ou intensiva. Sistema extensivo Características da produção extensiva de suínos: Extrativista e de subsistência – visa o consumo próprio (diminui ano após ano); Animais rústicos e com alta porcentagem de gordura na carcaça – geralmente raças naturalizadas brasileiras; Animais criados à solta; Não há separação dos animais de acordo com a fase da produção; Todos os animais de todas as fasesdisputam o mesmo alimento e permanecem juntos na mesma área; Alimentação baseada principalmente em restos de cultura – não há a preocupação com ração balanceada; Não há controle técnico e sanitário da criação; Baixos índices de produtividade. Não há preocupação com produtividade ou economicidade! Sistemas intensivos Preocupação com produtividade e economicidade! Classificados em: Sistema de criação intensivo confinado ou confinado – SISCON; Sistema de criação de suínos ao ar livre – SISCAL (algumas categorias possuem acesso a piquetes); Sistema de criação de suínos em cama sobreposta. Sistema de criação confinado (SISCON) Todas as categorias estão sobre piso e sob cobertura; As fases de criação são desenvolvidas em diferentes instalações, específicas para cada categoria; Demanda alto investimento em instalações – instalações de gestação, maternidade, creche, galpões de recria e terminação; Demanda mão de obra especializada; Alto controle sanitário (biosseguridade da granja) e reprodutivo – animais selecionados, melhorados em criação intensiva em confinamento; Instalações, manejo e nutrição específicos para cada fase da criação/categoria animal; A necessidade de área é mínima em função da intensificação e do confinamento; Permite automação do fornecimento de ração, com economia de mão de obra, em função da produção ser feita dentro de instalações; Os resultados podem ser variados em função do nível de tecnologia do sistema (alta, média ou baixa tecnologia). Quanto à localização dos sítios, os sistemas de produção podem ser classificados em ciclo completo em sítio único ou produção distribuída em diversos sítios Quatro modelos diferentes: Ciclo completo em único sítio; Sistema de dois sítios; Sistema de três sítios; Sistema de quatro sítios. Classificação quanto à localização da produção: 1. Sistema de produção em sítio único Engloba todas as fases da produção em local geográfico único A mesma propriedade contempla desde as leitoas de reposição até o fim da fase de terminação dos animais. Vantagens: concentração da mão de obra e menor custo com frete de animais (mesma área geográfica); Desvantagens: menor eficiência relacionada à biosseguridade dos animais (mesma área geográfica para animais de idades e categorias diferentes = maior possibilidade de contaminação cruzada de doenças aspecto sanitário um pouco comprometido). Categorias animais de um sistema produção de suínos de ciclo completo: o Varrões ou reprodutores; o Leitoas/marrãs de reposição (futuras matrizes); o Porcas vazias (desmamadas); o Porcas gestantes; o Porcas em lactação; o Leitões lactentes; o Leitões na creche; o Animais em crescimento e terminação. 2. Sistema de produção em dois sítios A produção é realizada em dois locais independentes (separados): 1º sítio (UPL): unidade produtora de leitões, envolve as fases de cobrição, gestação, maternidade, desmame e creche; 2º sítio (UT): onde é realizada as fases de crescimento e terminação dos animais. Observação: o Recria e terminação são as fases onde há maior número de animais e as mais longas do sistema de produção. Vantagens: melhor condição sanitária do plantel (quebra-se a possibilidade de transmissão de doenças no sistema); Desvantagens: manutenção de duas estruturas e maior custo com frete/transferência de animais. 3. Sistema de produção em três sítios Existem três locais de produção independentes: 1º sítio (UPD): ficam alojadas as matrizes da cobrição até o final da maternidade (incluindo gestação e maternidade), quando os leitões serão desmamados; 2º sítio: unidade que recebe os leitões desmamados do sítio 1 (crechários) para criá- los; 3º sítio: onde é realizada as fases de crescimento e terminação dos animais. Observação: o Há um afastamento das diferentes fases da produção. Vantagens: benefícios sanitários são ainda maiores em comparação ao sistema de dois sítios e há especialização da mão de obra; Desvantagens: manutenção de estruturas administrativas e maior custo com frete/transferência dos animais. 4. Sistema de produção em quatro sítios As leitoas de reposição são alojadas e preparadas em local específico (quarto sítio) e, com 35 a 40 dias após a cobertura ou inseminação, confirmada a gestação, são enviadas para o sítio 1 tradicional. Observação: o Permite um trabalho específico, com mais eficiência em todos os manejos relacionados a leitoas de reposição, como quarentena, adaptação sanitária indução precoce da puberdade, cobertura, protocolos de inseminação e diagnóstico de gestação. Qual é o melhor sistema? A decisão sobre o melhor sistema de produção a ser implantado depende de um conjunto de variáveis: Biosseguridade regional; Escala de produção; Perfil dos produtores; Logística e viabilidade operacional – em função principalmente do transporte dos animais entre sítios; Custos associados; Disponibilidade de mão de obra. A produção de suínos também pode ser classificada pelo tipo de vínculo de produção, com diferente distribuição e predominância de acordo com a região do país Independente; Integrada; Cooperada. 1. Produtores independentes Não possuem vínculos contratuais formais com as empresas agroindustriais ou frigoríficos; Geralmente operam no sistema de granja de ciclo completo ou UPL (unidade produtora de leitões); Realiza internamente as principais operações técnicas da produção: o Preparação das marrãs e primeira gestação; o Fabricação da ração; o Criação das matrizes e reprodutores; o Recria e terminação. Responsabilidades dos produtores independentes: Decisões técnicas; Investimentos em instalações, equipamentos, reprodutores e matrizes – aquisição e negociação no mercado; Compra de ingredientes ou ração – insumos, principalmente milho e farelo de soja; Compra de medicamentos, vacinas e suprimentos em geral; Manejo/tratamento dos dejetos; Mão de obra, água, energia elétrica, manutenção das instalações; Venda dos animais (escoamento da produção) – sujeito as variações de preço das commodities. Responsáveis por todas as etapas do processo, ficando mais a mercê da conjuntura econômica e dos preços das commodities (ppt carne, milho e farelo de soja) que são ditados pelo mercado internacional. Arranjo organizacional: Relacionam-se com as empresas fornecedoras de genéticas por meio de contratos tácitos (informais, porém pode haver fidelidade em relação a genética utilizada em alguns casos) ou mercado; Relacionam-se da mesma forma com as empresas fornecedoras de insumos (vacinas, medicamentos, suprimentos em geral); A seleção de fornecedores é feita com base em análise de custo-benefício (não há contratos de exclusividade); Pode haver ou não contratos com empresas de genética e de nutrição; Relacionam-se com os frigoríficos ou agroindústrias (contratos tácitos) via mercado spot (instantâneo: o preço é o principal parâmetro na tomada de decisão). Observações: O produtor internaliza as etapas 2, 3, 4 e 5 (legenda). 2. Produtores integrados Forma predominante de organização no Brasil, abrangendo quase 2/3 dos estabelecimentos suinícolas. Existem 3 tipos básicos de contrato: Contrato de compra e venda – geralmente feito com as UPLs; Contrato de parceria – geralmente feito com as UTs; Contratos de comodato – geralmente feito com as UPLs. a) Contrato de compra e venda x Contrato de comodato – Produtores UPL Observações: o As operações realizadas são as mesmas independentemente do tipo de contrato; o Contrato de comodato: empresa integradora adquire genética e repassa os animais em regime de comodato para o suinocultor. b) Contrato de parceria – ProdutoresUT A integradora adquire os leitões produzidos pela UPL e os repassa ao suinocultor UT; Suinocultor UT realiza a engorda dos animais e repassa para a integradora; A integradora fornece a ração para os animais. Observações: o O suinocultor adquire diretamente o material genético das empresas produtoras de genética, internaliza as etapas 2 e 4 (legenda); o Nos casos dos contratos de comodato é a agroindústria ou empresa integradora que faz a aquisição do material genético e repassa para a UPL O produtor é fiel depositário quando a compra é direta, ou seja, passa a ser dono do plantel No final do processo, sempre via contratos de integração (CI), a integradora adquires os leitões da UPL e os repassa para o terminador juntamente com a ração para os animais. Produtor independente Opera em um mercado mais especulativo; Sem garantias do escoamento da produção; Sujeito a conjuntura econômica; É um tomador de riscos – a responsabilidade do processo produtivo é toda sua; Preços voláteis (carne, milho e soja) resultam em instabilidade da rentabilidade Ficam por conta do mercado internacional de commodities; Períodos de crise: forte redução de produtores independentes. Produtor integrado Sofre menor influência das condições do mercado devido aos contratos e questão do escoamento da produção já estar ajustado com a agroindústria/integradora; Custos mais estáveis; Grande variabilidade na rentabilidade entre produtores em função da produtividade; Garantia do escoamento da produção – ajustado com a agroindústria/integradora; Corre menos riscos: preços das commodities ficam por conta da integradora; Acesso à assistência técnica e tecnológica via agroindústria/integradora; É um prestador de serviços. 09/09/2020 O Brasil é um país de clima intertropical onde a maioria das regiões possuem temperatura média elevada e alta umidade relativa do ar na maior parte do ano. Devido a íntima relação do ambiente térmico com a produção animal, estes fatores possuem efeitos principalmente sobre a eficiência produtiva e reprodutiva dos animais. A maior preocupação é com a temperatura elevada (estresse calórico), porém, não significa que não se deve preocupar com as categorias mais jovens (maiores riscos de estresse por frio). Observações: o Aumento da temperatura retal associado a aumento da taxa respiratória (ofegação) nos animais em estresse por calor; o Redução do consumo de ração pelos animais em estresse por calor culminando em redução do ganho de peso e desempenho – primeira estratégia que os animais lançam mão para reduzir seu metabolismo e produção de calor; o Redução do peso devido ao menor ganho de peso, afetando o desempenho animal; o Redução da deposição muscular (ppt suínos em crescimento) e outros processos culminam em redução da eficiência dos animais. Processos geradores de calor Produção de sucos digestivos; Movimentos de tubo digestivo; Processos químicos da digestão; Absorção de produtos da digestão; Atividade glandular; Metabolismo de nutrientes. Todo processo produtivo é gerador de calor, por isso, em situações de estresse, onde o animal precisa não só aumentar a dissipação, mas também reduzir a produção de calor, este não consegue expressar o máximo do seu potencial. O estresse por calor é intensidade dependente (assim como o frio): Redução do consumo de ração Observações: o Maior redução do consumo para animais mais pesados (impacto mais intenso da temperatura elevada) – isso ocorre, pois, a medida que o animal cresce/se desenvolve apresenta maior massa muscular, maior tamanho de vísceras e maior deposição de gordura subcutânea (isolante), que são tecidos produtores de calor, o que faz com que estes sejam menos eficientes na eliminação do calor produzido e, por consequência, mais sensíveis a variações de calor. Observação: o A medida em que a temperatura aumenta o consumo reduz como forma de reduzir a produção de calor pelos processos associados a digestão e ao metabolismo de nutrientes. Redução do ganho de peso (g/dia) Observações: o Redução do consumo = Redução do GMD – intensidade de redução maior de acordo com a categoria animal (maior peso = maior sensibilidade); o Garantir um ambiente de termoneutralidade em função da categoria animal e do estágio fisiológico dos animais dentro de cada categoria é fundamental para explorar o ótimo potencial das genéticas – diferentes categorias = diferentes faixas de temperatura; Porcas em lactação Estágio fisiológico diferente da fêmea gestante ou vazia Outra produção de calor. Observações: o Impacto no consumo de ração, na capacidade de produção de leite (devido ao menor consumo) e no ganho de peso da leitegada (leitões desmamados mais leves); o A maior perda de peso das porcas em estresse (animais em condição depauperada) devido a maior mobilização das reservas corporais visando manter a produção de leite pode levar a maior intervalo desmame- cio e comprometer o próximo com menor número de nascidos. Menor produção de leite = Menor peso dos leitões desmamados Efeitos do estresse por calor em porcas: Reduz a taxa de parto – o estresse afeta não só o desempenho produtivo, mas a eficiência reprodutiva também; Reduz o número de leitões nascidos totais por leitegada; Reduz o número de leitões nascidos vivos por leitegada; Reduz o consumo de ração; Reduz a produção de leite – todo processo produtivo é gerador de calor em condições de alta temperatura o animal não aumenta a PL; Compromete o ganho de peso dos leitões; Aumento o intervalo desmame-cio, comprometendo o IEP; Falha em manifestar cio – aumento do número de fêmeas em anestro; Alta mortalidade embrionária (se no início da gestação); Aumento do número de natimortos (se no final da gestação); Falha em manter a gestação; Aumento da mortalidade de matrizes (principalmente no periparto). Estresse por calor afeta a morfologia intestinal Observações: o A redução da altura de vilosidades compromete a capacidade digestiva e absortiva dos animais devido ao menor contato dos enterócitos presentes nas microvilosidades com o alimento; o A redução da profundidade da cripta compromete a renovação dos enterócitos. Estresse por calor afeta a excreção de nutrientes Observações: o Os animais em estresse têm redução da utilização e aumento da excreção de nutrientes – a maior excreção destes para as estações de tratamento ou lagoas de armazenamento aumenta o poder poluente ou o impacto ambiental causado pelos dejetos; o A capacidade de ganho dos animais fica comprometida, pois o processo produtivo é gerador de calor Os nutrientes da ração calculados para atender a exigência da dieta específica são jogados fora, pois, a condição térmica não permite que o animal expresse o máximo/ótimo do seu potencial. Estresse por calor afeta a barreira intestinal Observação: o A redução da resistência elétrica transepitelial no íleo e cólon implica em aumento da permeabilidade paracelular (entre as células) devido a danos nas junções de oclusão – maior facilidade de entrada para endotoxinas e agentes patogênicos. Categorias jovens Pela condição climática brasileira e pela dificuldade termorregulatória dos suínos, a criação no Brasil inspira mais cuidado com o estresse por calor do que por frio. Porém, não se deve esquecer das categorias jovens durante a fase de maternidade e também no período de creche, onde a demanda térmica ainda é alta e temperaturas entre 25-26ºC são muito frias (ppt primeiros 6 dias). Além disso, maior atenção deve ser dada para os leitões de baixo peso ao nascer (< 1,0- 1,1 kg), que representam maior desafio e demandam manejo maisespecífico na maternidade. Observações: o Redução do consumo de colostro, pois, devido ao frio, o animal não tem estímulo para procurar complexo mamário – dependendo da intensidade do frio o animal pode entrar em processo de tremor e se amontoar em um canto; Consequências do estresse por calor nos suínos Afeta o consumo de ração; Compromete o ganho de peso; Altera a composição de carcaça; Compromete a produção de leite; Danifica a morfologia do epitélio intestinal comprometendo a capacidade digestiva e absortiva; Aumenta a excreção de nutrientes; Compromete a função da barreira intestinal; Compromete a eficiência reprodutiva. Estresse por calor x Animais adultos a) Alta taxa metabólica nos animais adultos Observação: Alta produção de calor devido a seleção para maior deposição muscular/de proteína (massa geradora de calor). b) Limitada capacidade de perda de calor por sudorese Possui poucas glândulas sudoríparas afuncionais devido a camada de queratina que obstrui os poros: o Dificuldade de perda de calor por sudorese (processo eficiente de dissipação de calor, desde que a pressão de vapor favoreça o processo), comprometendo a termorregulação A troca evaporativa é feita por evaporação. c) Limitada capacidade de eliminar o calor corporal Observações: o A deposição de gordura subcutânea funciona como isolante, pois o tecido não é irrigado. o A medida que o animal cresce, a taxa de calor produzido aumenta juntamente com a deposição de tecido subcutâneo dificultando a dissipação do mesmo. d) Alta densidade de alojamento (produção intensiva) Limites da termorregulação A faixa de conforto térmico varia para as categorias em função do estágio fisiológico! Faixa de termoneutralidade x Faixa de conforto Faixa de conforto: o Estreita – difícil conseguir produzir nessa faixa! o Temperatura ambiente na qual a produção de calor metabólico é igual a perda de calor para o ambiente; o Não são necessários ajustes/respostas termorregulatórias para manutenção da homeotermia. Produção de calor = Dissipação de calor para o meio Faixa de termoneutralidade: o Determinada pelas temperaturas críticas inferior e superior; o Engloba a faixa de conforto térmico (estreita); o Temperatura ambiente na qual o animal mantém a homeotermia por meio de ajustes/respostas termorregulatória rápidas, que não alteram a taxa de metabolismo basal; o Essencialmente através de ajustes comportamentais, isolamento térmico etc. para retenção ou perda de calor metabólico em função da temperatura; o Dentro da faixa de termoneutralidade o gasto de energia para manutenção é mínimo. Consequentemente, a quantidade de energia disponível para os processos produtivos e reprodutivos é máxima; Faixa térmica ideal para melhor desempenho dos animais! Instalações e ambiente térmico As instalações devem atuar no sentido de amenizar as adversidades climáticas inerentes ao meio ambiente onde vai se produzir, oferendo maior conforto aos animais e ao funcionário. Planejamento das instalações: Importante conhecer e levar em conta os elementos climáticos da região: o Temperatura do ar; o Umidade relativa do ar (*); o Radiação térmica (*); o Movimentação do ar (*). (*) Modificam a sensação térmica. Estes elementos estão associados ou podem comprometer a função vital mais importante, que é a manutenção da homeotermia (manutenção da temperatura corporal dentro de limites estreitos de variação). Levar em consideração os elementos do acondicionamento térmico natural da região: o Localização geográfica e das instalações em relação ao terro (meio encosta, fundo de um vale, alto de um morro etc.); o Orientação dos galpões; o Material de cobertura; o Ventilação natural; o Ambiente circundante. Definem a arquitetura dos galpões! Uma vez pronta a instalação para determinada categoria, a mesma deve fornecer ambiente térmico favorável para que não seja necessário lançar mão de outras estratégias, ou modificações secundárias, como o uso de ventiladores, nebulizadores, resfriamento de nuca etc. para minimizar os efeitos do estresse térmico, pois envolvem gasto de energia elétrica e aumentam o custo de produção. Obviamente que, em função da região da produção, será necessário além de trabalhar os fatores de acondicionamento térmico natural, utilizar modificações secundárias, mas o sistema deve visar minimizá-las. Orientação Observação: Nas horas mais quentes do dia não há incidência de radiação solar direta na instalação Quando construído de forma inadequada é necessário lançar mão de paliativos para minimizar os efeitos negativos, como cortinas. Observação: o Ambiente satisfatório para os leitões, porém, desconfortável para as fêmeas Os esforços de manejo nas instalações da maternidade são altos, já que deve se adequar a temperatura para duas categorias com estágios fisiológicos diferentes, a porca lactante o leitão lactente. 15/09/2020 Atualmente o tema possui grande relevância, principalmente quando se entra na discussão do uso de antimicrobianos nas dietas em função da proibição e banimento desses agentes promotores em vários países devido à pressão mundial para que o setor reduza significativamente o uso dessas substâncias no controle de doenças. O que criou uma barreira não tarifária a exportação. Em 2019, o PIB do agronegócio representou em torno de 21% do PIB brasileiro e nesse cenário a contribuição da suinocultura foi de recorde de exportação (~750 mil toneladas de carne receita de ~1,6 milhões de dólares). O aumento da produção ao longo dos anos vem associado a uma maior concentração de animais dentro dos sistemas, dessa forma o sistema de produção deve se preocupar cada vez mais em garantir a sanidade desses animais, o que implica no sucesso da produção e no oferecimento de produto de qualidade para o consumidor final. Diante desse cenário, nenhuma ferramenta vai ser tão eficiente quanto a adoção de medidas de biosseguridade nas granjas, que se baseiam principalmente em prevenção. O que é biosseguridade? De acordo com a IN nº 19 de 15 de fevereiro de 2002 do MAPA: o Biosseguridade implica no “desenvolvimento e implementação de normas rígidas de segurança para proteger o rebanho de suínos contra a introdução e disseminação de agentes infecciosos/patogênicos na granja.” Biosseguridade x Biossegurança Biosseguridade: Conjunto de procedimentos ou normas operacionais que visam prevenir, controlar e limitar a exposição de animais a agentes causadores de doenças. Biossegurança: Prevenção à exposição a agentes patogênicos e/ou produtos biológicos, químicos ou radioativos capazes de produzirem injúrias em humanos. A biosseguridade pode ser dividida em: Biosseguridade externa: Objetiva prevenir o risco de introdução e disseminação de qualquer agente infeccioso ou patogênico (que não estejam presentes) dentro do sistema de produção. Biosseguridade interna: Visa reduzir e controlar a expressão de agentes patogênicos e infecciosos que já existam no sistema de produção e com isso não comprometer o desempenho/performance dos animais dentro da granja. Plano de biosseguridade Documento escrito que precisa ser bem elaborado de forma granja-específico, de forma a conhecer os desafios individuais de casa unidade de produção. Não existe um plano de biosseguridade polivalente, ou seja, que poderia ser adotado por várias granjas sem nenhuma modificação, pois existem enormes variações de localização, instalação, manejo, nutrição, material genético, ambiência, assistência técnica etc. Precisa ser um processo dinâmico e adaptado para cada granja a partir de avaliação de riscos e resultados esperados. Além disso, precisa ser flexível, já que será revisado sempre que haja alteraçõesde desafios, surgimento de novas doenças ou questões orçamentárias. Levantamento de desafios e riscos: Quais são os agentes que devem ser prevenidos e/ou controlados para: o Evitar perdas de produtividade e lucratividade; o Atender a legislação vigente; o Atender clientes estrangeiros importadores; o Atender clientes nacionais. Quais os agentes presentes no plantel (bacterianos ou virais)? Quais as possíveis formas de entrada e perpetuação desses agentes? Qual a fonte de infecção dentro do plantel para cada agente de interesse? Quais são as principais falhas presentes no sistema de produção que podem não só permitir a entrada de novos agentes como também a disseminação e aumento de patógenos dentro da granja? Possibilidades de entrada de doenças no sistema de produção: Através de animais doentes ou animais saudáveis que estejam incubando doenças; Reposição de animais do plantel de reprodução (matrizes e reprodutores); Animais de companhia (cães e gatos), pássaros e animais selvagens – potenciais disseminadores; Roupas e calçados de visitantes e funcionários que transitam pela granja; Funcionários ou visitantes que estiveram em contato recente com outros animais – apresentam risco potencial; Funcionários que não seguem todos os procedimentos de biosseguridade – fatores de risco precisa haver formação continuada; Ração e ingredientes contaminados; Água contaminada; Equipamentos e veículos contaminados usados na granja – troca de equipamentos entre instalações com categorias diferentes; Veículo comerciais contaminados; Entrega de ração – contaminação do caminhão e, ppt, do motorista. Como microrganismos entram no sistema de produção? Observações: O que se espera do plano de biosseguridade é proteger o sistema, minimizando ao máximo o risco de entrada e disseminação de agentes patogênicos dentro da granja. O programa de biosseguridade contempla diversos componentes operacionais e sua abrangência dependerá de vários fatores: Nível de risco que a granja está disposta a aceitar – muitas vezes está relacionado a questão financeira/orçamentária de implementação); Tipo de produção – granja núcleo, importadora de material genético, que mantém avós e bisavós, e granjas multiplicadoras exigem um maior nível de biosseguridade. Componentes de um programa de biosseguridade Isolamento geográfico da granja: Evitar regiões com alta densidade de suínos – na medida do possível, já que as granjas tendem a se concentrar numa determinada região próxima de frigoríficos; Longe de frigoríficos e abatedouros de suínos ou outras espécies; Avaliar o tipo de produção das granjas próximas, principalmente se foram unidades de terminação (maior concentração de animai); Estar distantes de estradas (mínimo de 1 km); Estar distante de outras unidades de produção da mesma espécie pelo menos 3 km; Distância mínima de 300 m de outros tipos de exploração animal. Isolamento da granja em si: o Cercas perimetrais o A propriedade deve dispor de cerca periférica a +/- 20-30 m das instalações com entrada única e sistema de desinfecção para ingresso de pessoas e veículos, caso seja necessária a entrada; o Devem possuir pelo menos 1,50 m de altura, podendo ser os primeiros de 80 cm com tela e o restante com arame farpado – interessante que se possível a base da cerca seja de concreto para evitar que animais silvestres e/ou cães escavem e consigam entrar no sistema. o Placas de advertência No local de acesso de funcionários e gerente à granja devem existir placas de advertência com os dizeres “ENTRADA PROIBIDA” ou “SÓ ENTRE SE FOR AUTORIZADO”. o Barreiras vegetais Cinturão verde ao redor do sistema a +/- 50 m a partir da cerca perimetral Ajuda a proteger a chegada de agentes patogênicos via correntes de ar o Controle de tráfego – Pessoas o Como regra básica, não se deve permitir nenhuma visita social – riscos potenciais de introdução de doenças no sistema; o Somente visita técnica que realmente seja necessária para agregar valor à produção; o O visitante deve comunicar com antecedência sobre a visita e seu histórico; o A granja deve informa-lo sobre o período de vazio sanitário e outras condições a serem cumpridas. Responsabilidade da granja: Manter o registro de todos os visitantes; Impor o tempo necessário sem contato com suínos, aves, fábricas de ração, encontros técnicos, frigoríficos e outras atividades relacionadas com contato animal Período de vazio antes de ser autorizado a entrar na granja. Responsabilidade do visitante: Nos últimos 7 dias: Não deve ter estado clinicamente doente; Não deve ter retornado de viagem internacional; Deve seguir o protocolo de higienização estipulado pela propriedade de acordo com o plano de biosseguridade específico. Importante: O escritório deve localizar-se o mais distante possível das instalações dos animais (próximo à entrada, na cerca perimetral), pelo fato de que este é o local onde ocorre o primeiro contato entre o cliente, técnicos etc. com o sistema de produção; Deve-se ter muita atenção ao receber visitas de vendedores de medicamentos, nutrição ou equipamentos, pois normalmente essas pessoas entram em contato com várias granjas no mesmo dia, sendo, portanto, potenciais disseminadores de agentes patogênicos em potencial. Livro de visitas: Garante a rastreabilidade das visitas ocorridas no sistema. Diretrizes para avaliação de risco de visitantes no sistema: o Higienização – Pessoas O visitante que for autorizado a entrar na granja deve realizar a correta higienização (banho e troca completa de roupa): I. O visitante deverá entrar no local de banho somente com as vestimentas do corpo Observações: Em granjas com plano de biosseguridade mais abrangente que prevê o banho, todos os funcionários, gerentes e proprietário vão passar pelo mesmo procedimento Banho na entrada e na saída para evitar que agentes patogênicos entrem ou saiam do sistema. II. Higiene pessoal Observações: o Atenção a limpeza de mucosas; o Deixar os acessórios na área suja; o Área limpa: uniforme e botas limpas fornecidas pelo sistema; o Falhas: uniformes e botas colocados na área suja (banco no escritório) ou lavados na casa dos funcionários. Funcionários: o Banho e uso de uniformes; o Exames de saúde periódicos; o Uso de EPIs; o Nunca transitar entre os setores, salvo em situações extremas – o fluxo de pessoas contribui para a transferência horizontal de doenças. o Controle de tráfego – Veículos Os veículos de transportes correspondem a um grande meio de contaminação, principalmente os de transporte de material genético, como futuras matrizes ou reprodutores, e os de entrega de ingredientes e rações; A entrada de veículos externos à granja deve ser proibida; Equipamentos não devem ser transferidos entre galpões; Funcionários não devem transitar entre galpões com animais de categorias diferentes. Em granjas de alta biosseguridade: Os veículos externos não devem entrar no perímetro interno das granjas; Motoristas sem atividade dentro das granjas não podem entrar em contato direto com os animais e funcionários do sistema; O ideal é que durante atividades de descarregamento os motoristas permaneçam dentro dos veículos. Importante: Todos os veículos transportando máquinas e equipamentos que necessitem entrar na granja devem passar por um processo de desinfecção antes da entrada, assim como o condutor e técnico deve passar pelo processo de higienização pessoal (banho e troca completa de roupa); Em granjas onde é necessário a entrada do caminhão de ração ou de embarque de animais deve se atentar para o arco de desinfecção A velocidadede tráfego deve ser de 3 km/h e deve esperar 5 minutos após a desinfecção para seguir o destino dentro da granja; O correto, sempre que possível, é que os caminhões que transportam ração (ou animais) nunca entrem na granja Os silos de armazenamento devem ser instalados próximo à cerca perimetral e os caminhões devem acessá-lo pelo lado de fora; O recebimento ou a expedição de animais deve ser feito através de carregadores (expedição) ou embarcadouros (recebimento(, e o caminhão deve ficar do lado externo da cerca perimetral Funcionários nunca devem entrar no caminhão e o motorista nunca deve entrar na granja. Os caminhões devem ser lavados e desinfetados obrigatoriamente sempre que forem ao frigorífico e de uma granja para outra. o Higienização - Instalações a. Destino dos animais mortos ao longo do sistema de produção, placentas, natimortos e leitões mumificados; b. Limpeza e desinfecção dos galpões; c. Controle de roedores e moscas. a. Destino dos animais mortos Fossas sépticas; Valas para enterramento; Compostagem (*); Incineração (*). (*) Os suínos mortos ou eliminados devem ser unicamente destinados a compostagem ou a incineração (ABPA, 2014). Todos os processos apresentam pontos positivos e negativos: Observações: o Compostagem é a que apresenta mais pontos positivos e melhor atende o sistema; o Incineração possui custo de investimento elevado, além do gasto com combustível para execução do processo devido ao alto grau de umidade das carcaças. Compostagem Processo em que microrganismos comensais degradam a matéria orgânica. Se conduzido corretamente: não gera poluição, evita mau cheiro, destrói agentes patogênicos e fornece como produto final o composto orgânico, portanto, recicla nutrientes. Câmaras de compostagem: o Devem ser construídas de forma simples, com blocos e telas para evitar a entrada de animais (ppt gatos); o Facilitam a formação das pilhas com carcaças e fontes de carbono (maravalha, casca de arroz etc.); o Protegem a pilha de serragem ou maravalha da chuva; o A umidade é mantida apenas com a água colocada no momento de formação das camadas; o Facilitam a retirada do material decomposto, garantindo fluxo contínuo. Abastecimento e retirada do material das câmaras de compostagem: Quando localizadas na cerca de isolamento (perimetral): A colocação de animais mortos ou resíduos de parto deverá ser feita pelo lado interno e a retirada do composto pelo lado externo da cerca de isolamento. Quando localizada fora da cerca de isolamento: Animais mortos ou resíduos de parto deverão ser deslocados até a cerca de isolamento por um veículo/carrinho de uso interno da granja e da cerca até a compostagem, por outro veículo/carrinho de uso externo. Método para compostagem de carcaça e restos de parição: I. Primeira camada de maravalha com 15 a 20 cm de altura; II. Distribuir os animais mortos ou restos de parição, mantendo uma distância de 15 cm das paredes e da porta das câmaras – partes encostadas não serão decompostas devido à falta de aeração; o Leitões: abrir ventralmente e perfurar as vísceras para acelerar o processo; o Animais com mais de 30 kg: esquartejar e cortar em fatias grossas; III. Cobrir com maravalha em camada suficiente para ainda se enxergar as carcaças; IV. Acrescentar água e logo em seguida cobrir com mais uma camada de 15 cm de maravalha; V. Continuar colocando animais mortos na mesma sequência até atingir 1,5 m de altura – mais do que isso dificulta a formação de camadas; VI. Após atingir 1,5 m, fechar a câmara e deixar compostar por 120 dias após o fechamento final. b. Limpeza, lavagem e desinfecção das instalações Processos extremamente importantes, a medida que objetivam reduzir a quantidade de microrganismos patogênicos no ambiente de criação, melhorando a condição sanitária da baia dos animais. A ocorrência de doenças está diretamente associada com o desafio sanitário do ambiente. Benefícios da adoção do PLLD: Melhora do desempenho produtivo e reprodutivo dos animais; Reduz gastos com medicamentos; Diminui a incidência de leitões refugos; Reduz a prevalência de doenças bacterianas, de pele, parasitárias e respiratórias – em função do ambiente com baixo desafio. Importante: Para a higienização eficiente das instalações, as mesmas devem estar vazias É recomendado esvaziar comedouros e silos, assim como desmontar partes móveis dos equipamentos (gaiolas, escamoteadores etc.) dentro das instalações para que todos sejam lavados. Limpeza Seca: o É fundamental – quando bem feita pode ajudar a reduzir em até 90% a carga microbiana das instalações; o Se caracteriza pela retirada de restos de ração, do esterco e da sujeita impregnada no piso e nas paredes das baias via processo de raspagem; o Antes da retirada da sujeira impregnada, pode-se umedecer as diferentes partes da instalação com água ou com uma solução detergente para favorecer a raspagem; o É necessária para que o processo de lavagem atinja a superfície e para garantir a eficácia da ação dos desinfetantes (muitos são inativados na presença de matéria orgânica). Úmida: I. Lavar com água (de preferência quente maior retirada da gordura, favorecendo a ação do desinfetante) sob pressão – máquinas de alta pressão e baixa vazão promovem a eficiência do processo; II. Desmontar partes móveis (grades, comedouros, bebedouros etc.) e lavá- las; III. Preparar e aplicar detergente; IV. Aguardar uma hora; V. Enxaguar com água sob pressão; VI. Montar as partes retiradas; VII. Deixar secar – importante para não diluir a dose do desinfetante; VIII. Preparar e aplicar desinfetante; IX. Vazio sanitário; X. Segunda desinfecção (24 horas antes do alojamento). Fatores a serem considerados: Desinfetante: o Ação rápida, porém, durável; o Não ser corrosivo, não deixar odor – biossegurança dos funcionários; o Ser atóxico e não causar irritações cutâneas; o Ser biodegradável, solúvel e estável na água; o Elevado poder de penetração nas superfícies dos materiais. Desinfecção: o Cálculo da quantidade de desinfetante a ser utilizada de acordo com a superfície onde será aplicado; o Diluição: seguir a recomendação do fabricante; o Volume de calda a ser aplicado (paredes, pisos, muretas, cortinado etc.); o Rotação de princípios ativos para aumentar a eficiência. 16/09/2020 Observações: o Redução linear da pressão de infecção/patógenos dentro das instalações após a saída dos animais para limpeza e desinfecção; o Objetivo: levar as instalações, em termos sanitários, para o nível de uma instalação nova, como se nunca tivesse sido utilizada. Observações: o Limpeza, lavagem de desinfecção bem feitas levam a qualidade sanitária da baia para um nível de uma instalação nunca utilizada. Já quando são mal feitas podem levar a um aumento da concentração de patógenos, que ultrapasse o limiar para desencadeamento de doenças, causando diarreias etc. Sempre trabalhar com check lists: Observações: o Ajudam o funcionário a se orientar e não pular nenhuma etapa, ou seja, no cumprimento das atividades da maneira correta O plano de biosseguridade estabelece uma série de check lists para auxiliar no cumprimento das atividades. Limpeza e Desinfecção – Principais falhas Remoção incompleta dos dejetos antes dos procedimentos – muitos desinfetantes não vão ter ação adequada sobre matéria orgânica; Mão de obra desqualificada ou não treinada adequadamente; Lavagem insuficiente com quantidade e pressão de água inadequada; Falta de desinfecção de paredes, tetos, cortinados, equipamentos etc.; Falta de limpeza e desinfecção nas áreas externas; Falta de limpeza e desinfecção de veículos que circulam dentro da propriedade; Não deixar ainstalação secar após a lavação e/ou após a desinfecção; Tempo de vazio sanitário insuficiente. Tipos de manejo das instalações Forma como os animais de diferentes idades e fases são mantidos e transitam nas instalações. Sistema de manejo contínuo (SMC): Fluxo contínuo (entra e sai de animais): suínos de diferentes idades mantidos na mesma instalação e a transferência de lotes ocorre sem limpeza e desinfecção prévia. Sistema de manejo “todos dentro todos fora” (all in – all out): o Formação de lotes de animais que são transferidos de uma instalação a outra dentro da granja todos ao mesmo tempo; o Permite a limpeza, desinfecção adequada das instalações (que estarão vazias) e o correto período de vazio sanitário (só consegue ser feito nesse sistema), quebrando o ciclo patogênico que possa estar instalado no ambiente. O sistema de manejo adotado pode influenciar na higienização das salas e consequentemente prejudicar a biosseguridade da granja. Correto período de vazio sanitário O vazio sanitário é uma ação complementar: Corresponde ao período em que a instalação permanece vazia após a limpeza e desinfecção; O que se recomenta é algo em torno de 7-10 dias, que só terão validade se o local for fechado ao trânsito de pessoas; É o período entre a higienização da granja e o alojamento do lote seguinte. Objetivo: reduzir a carga de microrganismos patogênicos (deixar a instalação descansar antes da entrada de um novo lote) e, consequentemente, os desafios microbiológicos ao qual os suínos são expostos durante o período de produção. Período de vazio inadequado pode aumentar a incidência de doenças no sistema, afetando negativamente o desempenho dos animais e resultando em aumento dos custos de produção. Importante: o 7 dias não é a realidade para maternidades e creches nos sistemas de produção, onde acaba sendo comprometido devido ao maior fluxo de animais. Evolução da concentração de agentes patogênicos na maternidade de acordo com o manejo adotado: Observações: Exemplo: maternidade Manejo contínuo: Ocorrência de partos o tempo todo dentro da instalação, promovendo simultaneidade entre porcas com leitões recém-nascidos e fêmeas com leitões mais velhos. A medida em que se desmama algumas fêmeas a pressão de infecção cai (2) indicando que algumas gaiolas foram lavadas e desinfetadas. Porém, chega a um ponto em que a concentração de agentes patogênicos ultrapassa o limiar de infecção, devido a não ser possível realizar o manejo de limpeza e desinfecção da instalação, e permite a ocorrência de patologias como diarreia, pneumonia, etc. aumentando a taxa de mortalidade, principalmente dos leitões. Todos dentro-todos fora: As fêmeas são alojadas e desmamadas juntas, permitindo que a sala fique vazia para a limpeza e desinfecção. Por isso, há redução do nível de infecção, sempre mantendo o limiar patogênico o mais baixo possível. Excepcionalmente, em alguns momentos a concentração de patógenos pode ultrapassar o limiar para surgimento de doenças, porém, uma vez que o procedimento de limpeza e desinfecção é aplicado novamente a qualidade sanitária da instalação é reestabelecida. Comparação entre sistemas de manejo de suínos no desempenho Observação: o Animal doente com o sistema imune ativado (desafiado por exposição a patógenos) deixa de ter o consumo e, consequentemente, o ganho de peso (deposição muscular) como prioridade metabólica e apresenta pior desempenho pior Mais tempo ocupando as instalações, demandando mais mão de obra e uso de medicamentos, e maior consumo de ração e produção de dejetos. O animal passa a ter como prioridade metabólica a atenção ao sistema imune para responder ao desafio causado pela exposição a patógenos! A condição higiênica/sanitária da baia interfere no desempenho dos suínos nas diferentes fases de crescimento Observação: o A exposição do animal a patógenos resulta na estimulação do sistema imune, o que altera o metabolismo, principalmente de nitrogênio e aminoácidos, desses animais, que deixam de ter o ganho de peso (deposição muscular) como prioridade Redução da deposição proteica e, consequentemente, muscular Não é possível explorar o ótimo do potencial genético dos animais, mesmo utilizando genética de ponta e fornecendo ração formulada para atender a exigência dos animais. Não permite alcançar o ótimo do potencial da genética! Observação: o Alterações no metabolismo do N e de aminoácidos resulta em aumento do anabolismo no fígado e aumento do catabolismo na musculatura esquelética e tecido adiposo; o Os nutrientes são desviados para órgãos viscerais como o fígado, onde serão usados para gliconeogênese, síntese de proteínas de fase aguda e outros metabólitos relacionados a resposta imune visando dar suporte a resposta imunológica. Incidência de doenças no sistema de produção Afeta negativamente o consumo de ração e o crescimento dos animais; Resulta em redução da eficiência alimentar; Resulta em aumento dos custos de produção – envolvendo gastos com medicamentos; Reduz o bem estar dos animais; Aumenta a necessidade de uso de medicamentos; Resulta em aumento da excreção de nutrientes e no impacto ambiental. Prejuízo econômico! c. Controle de roedores Ratos podem espalhar doenças (vetores de uma série de doenças) de áreas contaminadas para não contaminadas por pelas fezes, patas, pelos, urina, saliva e sangue; Infestações de ratos representam significativa redução na disponibilidade de ração Um rato pode consumir 1kg de ração/semana e contaminar até 10x este volume. Importante: Verificar permanentemente a presença ou sinais de roedores, como fezes, trilhas, marcas de gordura, roeduras, odor de urina e presença de roedores Observação: o Terceirizar o serviço contratando empresas específicas para esse tipo de controle Verificação permanente da presença ou sinais de roedores dentro da granja. Deve-se conhecer o nível de infestação e as espécies predominantes Observações: o Norteia o tipo e localização da isca; o Observar ratos de dia dentro da granja indica nível alto de infestação. Avaliação em função da espécie d. Controle de moscas Vetores de vírus, bactérias e fungos; Desconforto para os funcionários; Estresse para as porcas e leitões (maternidade). Importante: o Realizar a limpeza frequente das instalações, principalmente o entorno dos prédios, para evitar a proliferação de ratos e moscas Evitar acúmulo de sobras de ração pelos corredores, pois associada a umidade facilitam a proliferação de moscas; o Para o controle de moscas, recomenda-se o controle integrado. Ou seja, medidas mecânicas direcionadas ao destino e tratamento de dejetos somado ao controle químico (aplicação de substância químicas com efeito mortal para moscas adultas, jovens ou fase larval) Contratar serviço especializado. e. Quarentena A introdução de animais de reposição no sistema de produção representa um sério risco para a biosseguridade da granja. Por isso, deve-se estabelecer um protocolo e segui-lo de forma restrita: Os animais adquiridos devem ser provenientes de granjas com garantia de alto status sanitário; Animais recém-adquiridos devem apresentar melhor ou o mesmo status/padrão sanitário da granja que os adquiriu – apesar disso, o risco de introdução de doenças existe; Estes animais não devem ser introduzidos diretamente em contato com os animais já mantidos na granja de destino. Instalação específica construída fora e afastada da granja que vai receber os animais por um determinado período: Observação: o O período de quarentena deve ser maior que o período de incubação das doenças para que os possíveis sinais clínicosde manifestem nessa fase. Cronograma: o Observação clínica para detectar doenças 2x ao dia nos primeiros 15 dias e 1x ao dia no período restante – buscar sinais clínicos como espirro, tosse, diarreia, presença de sangue ou muco nas fezes, alterações cutâneas, animais com flanco vazio (ou seja, que não estão consumindo), problemas de aparelho locomotor; o Uso de rações sem antimicrobianos para não mascarar possíveis animais incubando doenças; o Os animais que adoecem não são medicados antes do exame clínico e da coleta de materiais para análise; o Os funcionários do quarentenário não podem ter contato com os animais da granja de origem; o Os animais recém-adquiridos devem ser tratados contra sarna, vermifugados e vacinados contra doenças endêmicas existentes na granja. Origem dos animais: Adquirir animais e/ou sêmen de granjas com certificado GRSC (Granja de Reprodutores Suídeos Certificada) – MAPA. Certificado GRSC, animais livres de: o Peste suína clássica; o Doença de Aujesky; o Brucelose; o Tuberculose; o Sarna; o Livre ou controlada para Leptospirose. De preferência adquirir animais de uma única origem (granja multiplicadora), pois o aumento no número de origens leva a aumento potencial do risco de introdução de doenças na granja. Atualização do programa de biosseguridade: Deverá ser feita em função: o Da situação clínico-epidemiológica do sistema de produção ou da região onde está localizado; o Ajustar o programa para corrigir falhas; o Novas exigências de clientes com relação à saúde dos suínos; o Nova legislação de saúde animal regional ou nacional. O programa deve ser flexível e dinâmico! f. Auditorias Componente fundamental: pelo menos três auditorias anuais completas ao sistema sem aviso prévio para não mascarar possíveis falhas que devem ser identificadas para serem corrigidas: Ferramenta para avaliar o cumprimento/execução do plano de biosseguridade e suas tarefas; Para cada componente criar um guia de auditoria com os principais pontos a serem avaliados; Seguir um check list para assegurar a objetividade e quantificar cada atividade/tarefa; Cada tarefa auditorada recebe uma pontuação/índice – possibilita comparar com outras auditorias para verificar se houve melhora. Pontuações de níveis de biosseguridade estabelecidos pelo MAPA (IN 19 de 15/02/2002) – vulnerabilidade à entrada de patógenos Observação: o Permitem a obtenção de resultados em números ou percentuais de atendimento ao plano de biosseguridade, facilitando a compreensão da situação do sistema. Objetivo: evidenciar, através de um processo sistemático e documentado via check list, que as atividades estão sendo desenvolvidas seguindo o que foi preconizado no manual de biosseguridade, que as pessoas estão executando as tarefas com conhecimento e que a implementação das atividades está sendo eficaz de acordo com os objetivos da granja. Fundamental para saber em que pontos o plano de biosseguridade está sendo atendido e em quais precisa ser melhorado. Responsabilidades dos participantes nas auditorias: Quem executa as auditorias? Pode ser a própria gerencia da granja (equipe de auditores que conheçam os processos e o plano de biosseguridade), ou podem ser conduzidas por empresas que prestam este tipo de serviço (nestes casos, sempre focando no conhecimento e idoneidade). g. Qualidade da água Avaliar a qualidade microbiológica a cada 6 meses: Os reservatórios de água da granja devem estar protegidos e fechados para impedir o acesso de insetos, roedores e outros animais; Fazer a limpeza e desinfecção dos reservatórios a cada vazio sanitário, antes do alojamento do próximo lote; A granja que utiliza água superficial (córregos, fontes ou poços superficiais ou de captação da chuva) para fornecimento aos animais deve realizar obrigatoriamente sua desinfecção por cloração; Em granjas que usam água de poço profundo/artesiano, sua cloração somente será necessária se no exame microbiológico para coliformes fecais indicar contaminação; A água clorada deverá apresentar entre 1 e 3 ppm de cloro na saída do bebedouro; A granja deverá documentar estes procedimentos e manter os registros no escritório. h. Educação continuada Refere-se ao treinamento contínuo de todos os envolvidos no programa de biosseguridade, desde o proprietário até os funcionários: O programa de biosseguridade será de pouco ou nenhum valor se as pessoas que cuidam dos animais não acreditarem nos conceitos e aplicações; Devem ser abordados os aspectos conceituais e técnicos com os funcionários, deixando claro o objetivo do programa de biosseguridade – porque é importante realizar todas as tarefas. Aspectos conceituais e técnicos a serem abordados: o Objetivos do programa de biosseguridade; o Riscos associados com contato com outros suínos (granjas, feiras, em casa etc.); o Como a biosseguridade melhora o desempenho animal, minimiza doenças, reduz o uso de medicamentos, reduz perdas por morte e melhora a qualidade da cadeia da carne suína; o Normas de biosseguridade não são negociáveis; o Treinamentos para conseguir reconhecer sinais de doença no rebanho; o Onde reportar imediatamente qualquer sinal não usual de doenças ou morte sem explicação; o Entender o objetivo das auditorias – não é a punição dos funcionários, mas sim a identificação de pontos de não conformidade e sua correção. Considerações finais O programa de biosseguridade deve ter objetivos claros e envolver TODAS as pessoas da empresa; Auditorias de rotina são PARTES ESSENCIAL do processo e é através destas que muitas adaptações, ajustes e melhorias estarão sempre sendo realizadas; A avaliação do custo-benefício de alguns procedimentos ou de todo o programa de biosseguridade deve ser realizada por profissionais de diversas áreas para que os custos de cada procedimento possam receber a melhor avaliação possível e definir o nível de abrangência do programa para o sistema. 22/09/2020 Importância do plantel de reposição Substituir reprodutoras descartadas ao longo do processo produtivo por diferentes razões – é preciso ter um plantel de fêmeas (leitoas e marrãs) aptas para substituir as matrizes descartadas, mantendo o tamanho do grupo de cobertura (número de fêmeas por grupo de cobertura) e o fluxo de produção de leitões; Animais de alto potencial genético (fêmeas selecionadas) e com custo elevado de aquisição ou de produção (se o sistema/granja produz as próprias marrãs/futuras matrizes); Influência direta na lucratividade do sistema em função da quantidade de animais terminados produzidos/vida útil da fêmea na granja – sempre trabalhar buscando longevidade de matrizes, que devem ficar no sistema pelo menos até o 6º parto, parindo leitegadas grandes e desmamando grande número de leitões mais pesados O sucesso da longevidade começa na preparação das marrãs para a primeira lactação. As fêmeas devem passam por uma série de manejos, como adaptação sanitária e indução da puberdade precoce visando atender os requisitos mínimos para realização da primeira IA e para que a fêmea venha a parir e saia do desmame com condição corporal adequada, não comprometendo o próximo parto; Exige pessoal capacitado devido a todas as questões dos manejos específicos com a categoria – devem ser capacitados para trabalhar com mais de um programa de cobertura, detecção de cio, manejo de indução da puberdade (1º cio de forma normal: 220 dias), definição de protocolos para a primeira IA etc. Risco potencial de introdução de doenças na granja – espera-se que o padrão sanitário dos animais seja melhor ou igual ao padrão sanitário da granja de destino, considerando a aquisição de fêmeas provenientes de empresas de genética certificadas; A atenção dada ao manejodo plantel determina a taxa de reposição da granja – foco em longevidade (preparar bem a marrã para o início da vida reprodutiva); Custos relacionado com aquisição/produção, instalações específicas para a categoria, mão de obra, alimentação, medicamentos etc. Principais causas de descarte de porcas Observação: o Dentre as principais causas de descarte, as falhas reprodutivas são as mais importantes devido a maior incidência e consistência. Observações: o Descarte voluntário: caráter econômico; o Descarte involuntário: questões biológicas Falhas reprodutivas sãos as principais razões para descarte (13,1%) dentro do grupo. Observação: o A maior parte dos descartes está relacionada a falhas reprodutivas, especificamente na categoria marrãs (38,8%). Observação: o As categorias que mais contribuem para o percentual de descarte por falhas reprodutivas são as de fêmeas jovens (marrãs e principalmente fêmeas de 1º parto). Principais falhas reprodutivas Causas gerais de falha reprodutiva: Retorno ao estro; Anestro; Abortamento; Fêmeas vazias ao parto – fêmeas inseminadas e não retornaram o cio após a cobertura, porém, a medida em que se aproximam do parto não há sinais de distensão abdominal e nem de desenvolvimento do complexo mamário Causas: permanência de corpos lúteos funcionais ou falha de manejo (detecção do retorno ao cio). ↓ Interferem na produção; Aumentam os DNPs (dias não produtivos) – a cada retorno ao estro a fêmea acumula 21 dias (ciclo estral) não produtivos; Elevam a taxa de descarte; Causam importantes perdas econômicas. a) Retorno ao estro Falha mais importante observada nas granjas por ser a mais comum e por vezes a de maior ocorrência; Representa o maior percentual de perdas gestacionais; Dificulta que o sistema alcance as metas de taxa de parto estabelecidas; Importante parâmetro para medir a eficiência do manejo reprodutivo; Perdas econômicas estão envolvidas no aumento dos dias não produtivos; Influência a taxa de reposição do plantel – deve-se definir quantas chances serão dadas para a fêmea dentro do sistema (cobrir retorno, retorno do retorno etc.). Fatores que influenciam o DNP: o Dias em anestro após o desmame (intervalo desmame-cio – IDC) – fêmea vazia não produzindo impacta também na taxa de parto e como consequência na produção de leitões/fêmea dentro do sistema; o Repetição de cio após o desmame – a cada repetição a fêmea acumula 21 dias não produtivos; o Dias de demora para o descarte de fêmeas – fêmea não produtiva ocupando instalação, demandando ração e mão de obra; o Dias do intervalo entra a cobertura/inseminação e a morte ou aborto; o Dias desde a entrada das leitoas no plantel reprodutivo até a sua cobertura efetiva. A admissão de fêmeas no plantel de reprodução somente a partir do primeiro serviço/inseminação mascara/subestima os impactos dos DNP e dos custos de produção Contabilizar os DNP a partir do momento em que a leitoa entra no sistema! DNP = todos os dias em que a fêmea não está produzindo (a fêmea é produtiva quando está gestante ou lactante) DNP = 365 – [PFA x (PG + PL)] PFA = parto/fêmea/ano; PG = período de gestação; PL = período de lactação. Observação: o É possível dar uma segunda chance (cobertura do retorno), mas é preciso uma avaliação mais acurada, avaliando dados e histórico dos animais presentes no sistema (principalmente em relação a redução da taxa de parto e novo retorno ao estro) para tomar uma decisão de caráter mais técnico Evita o descarte equivocado, por falhas que não devem ser atribuídas as matrizes; o Não se deve dar terceira chance (cobrir o retorno do retorno) devido ao aumento do retorno ao estro. Relação entre dados, informação e conhecimento A coleta de dados dá subsídio para avaliação de situações e tomada de decisões mais técnicas. Dados: Informações desestruturadas (números soltos) importantes para o gerenciamento; Representam eventos ocorridos antes que tenham sido organizados ou arranjados de maneira que as pessoas possam entende-los e usá-los. Informação: De posse dos dados se agrega informação: dado com significado, que está estruturado de forma adequada, facilitando seu entendimento e à sua utilização. Conhecimento: Com base na informação, agrega-se o conhecimento: Capacidade adquirida por alguém de caracterizar o evento, detectar problemas de forma precoce e interpretar e ser capaz de tomar decisões com base em um conjunto de informações para contornar problemas. A forma mais fácil de trabalhar é através de gráficos (visão mais global): Interpretando registros de retorno: É importante que a granja trabalhe com avaliações continuadas via geração de relatórios: o Relatórios mensais; o Relatório por ordem de parto – estratificação; o Relatório semanais. Auxiliam a planejar o orçamento e a ter um controle/monitoramento mais acurado da produção e dados reprodutivos. Exemplos: Observação: o A granja permaneceu muitos meses convivendo com altas taxas de retorno ao estro O ideal seria que o problema fosse identificado logo para que se tomassem ações visando solucioná-lo o mais rápido possível. Observações: o Fêmeas nulíparas, primíparas e secundíparas tendem a apresentar maiores taxas de retorno ao estro, enquanto que as de ordem de parto superiores a três tendem a apresentar menores taxas. Observações: o Ajuda a compreender os eventos dentro de determinado grupo de cobertura; o Importante para não atribuir as falhas a matriz quando as mesmas podem ocorrer devido a erros no sistema ou no manejo. Funcionário pode ser um fator de variação. Observações: o Taxa ideal: 45% Significa que quase metade do plantel vai ser substituído dentro de 1 ano; o Impacto considerável quando o sistema trabalha com taxas de descarte elevadas. Em alguns cenários pode ser que a venda da matriz cubra os gastos para reposição de marrãs, empatando os gastos, porém, o alto percentual de fêmeas jovens no plantel traz uma série de implicações para a eficiência produtiva e reprodutiva. Por exemplo, marrãs e fêmeas de 1º parto são as categorias mais predispostas a problemas reprodutores (as que mais contribuem no descarte). Observações: Alta taxa de reposição = Alto % de fêmeas jovens na composição do plantel de matrizes: o Reflete em maiores taxas de problemas reprodutivos, menos leitões/leitegada, leitões mais leves/leitegada e comprometimento dos próximos partos caso as marrãs não forem bem preparadas para o primeiro parto, já que esses animais apresentam maior catabolismo devido a associação entre crescimento e necessidade de maior produção de leite; o Compensa para o sistema repor quando a produtividade de leitões/leitegada das matrizes for menor de que a das marrãs. Observação: o Menor concentração de imunoglobulinas séricas = Colostro de menor qualidade. Observação: o Colostro de menor qualidade = Piora na transferência de imunidade passiva = Menor eficiência na capacidade de resposta dos leitões a desafios sanitários Leitões adoecem mais (impacto acumulado durante a vida da progênie no sistema). Observação: o Menor concentração de prolactina nas fêmeas jovens resulta em menor capacidade de produção de leite. Além disso, a capacidade de consumo de ração destas fêmeas chega a ser 20% menor quando comparada a fêmeas de 3º ou 4º parto devido ao tamanho do TGI. Observação: o Comprometimento no desempenho da progênie Menor consumo de ração = Menor ganho de peso. Observação: o Animais levam mais dias para atingir o peso de abate, o que aumenta o custo de produção juntamente com o maior gasto com medicação. Taxa de reposição: 45% ao
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