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Aula 6 Marx: sobre a teoria do valor- trabalho Profª Dayani Aquino Relembrando... • Smith: – Sociedade “primitiva”: trabalho empregado = trabalho comandado – Sociedade Capitalista: trabalho empregado ≠ trabalho comandado – Preço da mercadoria: salário (=trabalho empregado) + lucro + renda da terra • Ricardo: – Valor = trabalho empregado – Salário, lucro e renda da terra são partes do trabalho empregado Hoje... • O duplo caráter da mercadoria (cap. I – A mercadoria: item 1) • O duplo caráter do trabalho (cap. I – A mercadoria: item 2) Teoria do valor-trabalho de Marx • A crítica de Marx à teoria do valor-trabalho clássica resultou no entendimento de que o valor possui 3 características, que os clássicos não identificaram: 1. Substância 2. Medida 3. Forma 1) A substância do valor • Para entender qual é a substância do valor, analisaremos: –Mercadoria: • Valor • Valor de uso – O duplo caráter do trabalho: • Trabalho Concreto • Trabalho Abstrato Mercadoria • Objeto capaz de satisfazer necessidades humanas e que é transferido a outro através da troca. • Surgiu junto com as sociedades de classe (logo, com a propriedade privada), entretanto só se tornou forma geral de manifestação do produto do trabalho humano no capitalismo. • As 2 características da mercadoria, valor de uso e valor, não são internas ou naturais ao objeto, ao contrário, são produto do meio social, são exteriores ao objeto e se impõe à ele dando-lhes o caráter de mercadoria. Valor de uso • Capacidade (não intrínseca, mas sim histórico-social) do objeto satisfazer necessidades humanas, ou seja, de ser útil. – Ex.: o ímã tornou-se útil apenas depois da descoberta da polaridade magnética (fator histórico); o calçado (sapato, sandália etc.) é útil apenas em algumas sociedades (fator social). • Valores de uso são qualitativa e quantitativamente diferentes entre si. Por exemplo, 1 computador ≠ 1 casaco. Logo, a utilidade não pode servir como reguladora da troca. • O valor de uso realiza-se somente no consumo. • O valor de uso não explica como as duas mercadorias podem ser concebidas como grandezas equivalentes no ato da troca, já que como valores de uso são qualitativa e quantitativamente diferentes. • Para que duas mercadorias possam ser trocadas, uma pela outra, é preciso haver nelas algo quantitativamente equivalente. • Esse algo “quantitativamente equivalente” chamamos de substância. • Qual é, portanto, a substância do valor? • Essa substância não pode ser uma propriedade geométrica, física, química ou qualquer outra propriedade natural dos objetos, essa substância deve ter um caráter social. • A única coisa de caráter social que está contida em todas as mercadorias é o trabalho humano. Duplo caráter do trabalho • Entretanto, a substância do valor deve ser o trabalho humano na medida em que ele seja qualitativa e quantitativamente homogêneo, de modo que possa oferecer um padrão de equivalência das mercadorias. • Todo trabalho humano é a unidade entre: – Trabalho concreto – Trabalho abstrato Trabalho concreto • Trabalho Concreto (útil): É a dimensão do trabalho humano que se diferencia as diversas atividades produtivas. Por exemplo: o trabalho do pedreiro é qualitativamente diferente do trabalho do padeiro. Trabalho abstrato • Trabalho humano igual • Gelatina de trabalho humano indiferenciado • Trabalho Abstrato: É o trabalho reduzido a dispêndio de força de trabalho humano no sentido fisiológico, é igual quantidade de trabalho humano. • O trabalho abstrato é validado apenas no ato da troca, por isso ele é de fato uma categoria social. É a troca que efetua a homogeneização dos trabalho concretos em trabalho abstrato. • O trabalho concreto e o trabalho abstrato não são atividades diferentes, mas sim a mesma atividade considerada em seus aspectos diferentes: “De um lado todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humana, no sentido fisiológico, e é nessa qualidade , de trabalho humano igual, ou abstrato, que ele constitui o valor das mercadorias. Por outro lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humana de uma determinada forma e com um objetivo definido e é nessa qualidade de trabalho concreto útil que produz valores de uso.” (Marx, p. 53) Trabalho abstrato como substância do valor • Assim, o trabalho abstrato é a substância que permite colocar diferentes valores de uso dentro de uma relação de troca, porque é somente o trabalho abstrato a característica comum á todas as mercadorias. 2) A medida do valor • Tempo de trabalho (abstrato) socialmente necessário (TTSN): “Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso nas condições dadas de produção socialmente normais, e com o grau social médio de habilidade e de intensidade de trabalho” (Marx, livro I, p. 48). Tempo de trabalho sociamente necessário (TTSN) • Trabalho nas condições dadas de produção socialmente normais (nível científico e tecnológico) • Trabalho com o grau social médio de habilidade e de intensidade (qualificação do trabalhador) • Tudo isso resulta numa eficiência média, numa produtividade média Valor • Valor na teoria do Marx é sempre: “ tempo de trabalho abstrato socialmente necessário para produzir uma mercadoria” Valor de troca • O valor de troca não é algo casual, não é uma relação puramente quantitativa intrínseca à mercadoria. O valor de troca é o modo de expressão, é a forma de manifestação de algo externo às mercadorias, mas que as reduz à mesma unidade: o valor. Então, o valor de troca é a expressão do valor das mercadorias numa relação de troca. Questões • O que é valor na teoria de Marx? • Explique porque a utilidade não pode ser a substância do valor. • Explique o que faz do trabalho a substância do valor. Referências • Capítulo I: A mercadoria, itens 1 e 2. In: MARX, K. (1985) O capital: crítica da economia política . Livro I, vol. I. São Paulo: Abril Cultural. Coleção "Os Economistas”.
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