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Aula 10 Conceitos – parte II Profª Dayani Aquino Relembrando... – Capital constante: é o valor dos meios de produção – Capital variável: é o valor da força de trabalho (denotamos v quando equivale a um só trabalhador e V quando equivale a soma dos valores das forças de trabalho de vários trabalhadores) – Capital fixo: é o valor dos meios de produção duráveis, cuja depreciação compõe o valor do novo produto – Capital circulante: é o valor dos meios de produção não duráveis, cujo valor inteiro se transfere ao valor do novo produto – Capital adiantado (C): quantidade de dinheiro destinada a pagar o valor da força de trabalho (v) e comprar meios de produção (c) – Capital consumido (C’): é o capital consumido em um ciclo produtivo, logo considera apenas a depreciação do capital fixo e não todo ele. – Tempo de trabalho necessário: tempo durante o qual se reproduz v – Tempo de trabalho excedente: tempo durante o qual se produz m – Taxa de mais-valia (e sua diferença taxa de lucro): indica o grau de exploração da força de trabalho, isto é, em que taxa a FT trabalha tempo grátis, em que taxa a FT produz valor extra. Difere da taxa de lucro porque a mais-valia não se relaciona com o capital adiantado, mas sim com o capital variável. Hoje... 1. Sobre a jornada de trabalho 2. Sobre a massa e a taxa de mais-valia 1. Jornada de trabalho (JT) • Podemos dividir a jornada de trabalho SEMPRE em duas partes: • ab: corresponde ao trabalho necessário (n) • bc: corresponde ao trabalho excedente (e) a b c Segmento ab • Corresponde ao trabalho necessário (n), ou seja, ao tempo de trabalho necessário para repor o valor da força de trabalho. • Valor da força de trabalho (v): tempo de trabalho necessário para reproduzir as mercadorias necessárias para reconstituir a capacidade de trabalho diária do trabalhador. • ab não é uma grandeza fixa, ela é uma grandeza dada se supomos ceteris paribus (tudo o mais constante). • ab pode variar com: – Aumento ou diminuição do valor dos alimentos. – Introdução de máquinas no setor que produz qualquer mercadoria de consumo do trabalhador. Segmento bc • Corresponde ao trabalho excedente (e), ou seja, ao tempo de trabalho que vai além da reposição do valor da força de trabalho e que é apropriado na forma de mais-valia. • Mais-valia: tempo de trabalho despendido pelo trabalhador, mas não pago a ele. • bc não é uma grandeza fixa, depende da capacidade/possibilidade do capitalista colocar a força de trabalho para trabalhar tempo extra. Limites da jornada de trabalho • A jornada de trabalho não é portanto constante, mas uma grandeza variável. • Limite mínimo: qual é o tamanho mínimo que o segmento ac pode alcançar no capitalismo? • Limite máximo: qual é o limite máximo que o segmento ac pode alcançar no capitalismo? Limite mínimo da jornada de trabalho • O limite mínimo de uma jornada de trabalho genérica seria o segmento ab, ou o trabalho necessário para repor o valor da FT. • Entretanto, no capitalismo, o limite mínimo NUNCA pode ser o segmento ab, do contrário não haveria mais-valia. • Marx diz que o limite mínimo é indeterminável, no sentido em que o progresso técnico reduz cada vez mais o valor da FT, logo, há uma tendência de redução sistemática do segmento ab e, portanto, do limite mínimo da JT. Limite máximo da jornada de trabalho • O limite máximo da jornada de trabalho é duplamente determinado: • Limite físico da força de trabalho: das 24 horas contidas num dia, o trabalhador precisa dedicar parte para sua reconstituição física e mental: repousar, dormir, alimentar-se, limpar-se, vestir-se etc. • Limite moral: parte do dia o trabalhador precisa dedicar a suas necessidades espirituais e sociais (culturais). • A variação da JT se move dentro de barreiras físicas e morais de natureza muito elástica, o que permite as mais diversas variações. EVOLUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NA INGLATERRA Até 1802 Não havia regulamentação legal. Observavam-se jornadas de até 18 horas diárias, trabalho infantil utilizado amplamente, não havia descanso semanal, condições de trabalho insalubres. 1802-1833 5 leis foram promulgadas, mas como não havia fiscalização nunca foram cumpridas Lei fabril de 1833 Início da jornada : 5:30 (manhã) Término: 20:30 (noite) Almoço: 1 h e 30 min. Total da jornada diária: 15 horas (13 h e 30 min. efetivamente trabalhadas) Proibido trabalho noturno (20:30-5:30) entre 9 e 18 anos Crianças entre 9 e 13 anos: jornada de 8 horas A partir de 1838 Trabalhadores organizavam-se pela lei das 10 horas diárias de trabalho EVOLUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NA INGLATERRA Lei fabril de 1844 Limita jornada feminina (acima 18 anos) a 12 horas e sem trabalho noturno (efetivamente trabalhada) Limita a jornada de crianças menores de 13 anos a 6 h e 30 min. Como consequências: reduziu-se, na prática, a jornada masculina a uma média de 12 h e a idade mínima de 9 para 8 anos 1846/1847 Movimento cartista e a luta pela jornada de 10 h atingem o ápice Lei fabril de 1847 Impõe para 1° de julho: redução da jornada de crianças entre 13 e 18 anos e mulheres para 11 horas Impõe a partir de 1°maio de 1848: limitação definitiva a 10 horas (efetivamente trabalhada). Consequências: empregadores reduziram os salários em até 25 %, fazendo os próprios trabalhadores (endividados) requisitarem a revogação da lei. Acentua-se o conflito de classe. EVOLUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NA INGLATERRA Lei fabril de 1850 Aumenta para 10 h e 30 min. a jornada diária (efetivamente trabalhada)de jovens e mulheres de segunda a sexta; e 7 h e 30 min. aos sábados. Início : 6 da manhã Término: 6 da tarde. A partir de 1884 Panfleto de Tom Mann incorpora a luta pelas 8 horas diárias ou 40 horas semanais Hoje Já se fala na luta pela jornada de 6 horas diárias ou 30 horas semanais }} 43421 4434421 876876 444 3444 21 4847648476 444 3444 21 4847648476 4444 34444 21 448447648476 44444 344444 21 44 844 7644 844 76 horas en horas en horas en horas en horas en horas en 6 8 10 12 15 18 −−−−−− −−−−−−−− −−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−−−−−−−− Antes 1833 1833 1844 1847 1884 Luta atual 2. Diferença entre massa e taxa de mais-valia • Veremos: –Massa x taxa de mais-valia – Formas de ampliar a massa de mais-valia – Formas de ampliar a taxa de mais-valia Já vimos que... • A TAXA de mais-valia é: • Onde: – m‘ = taxa de mais-valia – m = mais-valia produzida em uma jornada – v = valor da força de trabalho em uma jornada v m m =' Massa de mais-valia • Dado o valor da FT (v) e a taxa de mais-valia (m’), a massa de mais-valia (M) produzida é igual à mais- valia que a jornada de trabalho do trabalhador individual fornece multiplicada pelo número de trabalhadores empregados. mnM v m nvM v mVM . .. . = = = • Onde: M = massa de mais-valia m = mais-valia individual v = valor da FT ou capital variável individual m/v = m’ = taxa de mais-valia V = soma do capital variável = v x n n = número de trabalhadores empregados Portanto... • MASSA de mais-valia: ou • TAXA de mais-valia: v m m =' mnM .= v mVM .= Variação dos determinantes da Massa de mais-valia (M) • O que faz M aumentar? • O que faz M diminuir? • Que compensações mantém M constante? O que faz M aumentar? • Se V aumenta, ceteris paribus, M aumenta – Aumento em v anula-se na fórmula – Sen aumenta → V aumenta → M aumenta, mas o capital adiantado também deve aumentar • Se m’ aumenta, ceteris paribus,M aumenta sem necessidade de aumento do capital adiantado mnM v m nvM v mVM . .. . = = = O que faz M diminuir? • Se V diminui, ceteris paribus, M diminui – Diminuição em v anula-se – Se n diminui→ V diminui→ M diminui • Se m’ diminui, ceteris paribus,M diminui mnM v m nvM v mVM . .. . = = = Que compensações mantém M constante? • Se V diminui e m’ aumenta →M constante – V diminui porque n diminui – Essa é a situação mais vantajosa para o capitalista porque com menos capital adiantado ele obtém a mesma massa de mais valia • Se m’ diminui e V aumenta → M constante – Não é tão vantajoso porque é preciso aumentar o capital adiantado mnM v m nvM v mVM . .. . = = = Portanto... • A massa de mais-valia se modifica (aumenta ou diminui) se: – Houver alteração no capital variável (V) que é a soma dos valores das forças de trabalho postas em movimento – Houver alteração no número de trabalhadores contratados (n); – Houver alteração na taxa de mais-valia (m’) O que faz m’ aumentar? • Duas coisas principais: • Prolongamento da jornada de trabalho • Progresso técnico (veremos no próximo capítulo) –Mais-valia extra –Mais-valia relativa Prolongamento da jornada de trabalho %2002 6 12 ' %1001 6 6 ' 18 12 126 66 ====→−−−−−−−−−−−−−−−−−− ====→−−−−−−−−−−−− v m m v m m horas mv horas mv hh hh 44444 344444 21 444 8444 7648476 444 3444 21 4847648476 Obtém com o mesmo capital adiantado uma taxa de mais-valia maior, logo uma massa de mais-valia também maior. Limites do prolongamento da JT • O prolongamento da JT tem limites intransponíveis: as barreiras físicas e morais dos próprios trabalhadores • Exemplo: • Se JT = 12 h, v = $1 = 6 h, m = 6h, logo m’ = 100% V = $100 emprega 100 trabalhadores e produz M = $100 • Se JT = 18 h, v = $1 = 6h, m = 12 h e m’ = 200% V = $100 emprega 100 trabalhadores e produz M = $200 • Se JT = 24 h, v = $1 = 6h, m = 18 h e m’ = 300% (situação imaginária) V = $100 emprega 100 trabalhadores e produz M = $300 • Para aumentar a massa de mais-valia a partir da situação imaginária, onde não é mais possível prolongar a jornada de trabalho, é preciso contratar mais trabalhadores ou introduzir outra estratégia, como o progresso técnico. 4434421 876876 444 3444 21 4847648476 444 3444 21 4847648476 4444 34444 21 448447648476 44444 344444 21 44 844 7644 844 76 horas en horas en horas en horas en horas en 8 10 12 15 18 −−−−−−−− −−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−−−−− −−−−−−−−−−−−−−−−−−Antes 1833 1833 1844 1847 1884 Lembrando que a JT se reduz ao longo do tempo A luta trabalhista transformou os limites físicos e morais do trabalhador em legislação a ser cumprida pelo capitalista Pergunta • Sabemos que a massa de mais-valia depende ou do aumento do número de trabalhadores ou do prolongamento da jornada de trabalho daqueles já empregados; • E se sabemos que ao longo do tempo grande parte dos trabalhadores foi substituída por máquinas; • E se sabemos também que ao longo do tempo a legislação trabalhista reduziu cada vez mais a jornada máxima de trabalho; • Que artifício o capitalista tem ao seu dispor para ampliar sua massa de mais-valia? Formas de ampliação da mais-valia • Mais-valia absoluta: pelo prolongamento da jornada de trabalho. Esta via de aumento da mais-valia torna-se cada vez menos possível. • Mais-valia relativa: pelo progresso técnico (veremos no próximo capítulo) Em resumo: • A massa de mais-valia produzida é igual a grandeza do capital variável adiantado multiplicada pela taxa de mais-valia. • O limite físico e moral da jornada de trabalho é uma barreira intransponível ao aumento da massa de mais-valia. • Quanto maior o capital variável maior a massa de mais-valia produzida. Formulário • Onde: C = capital adiantado c = capital constante cf = capital constante fixo cc = capital constante circulante v = capital variável VM = valor da mercadoria m‘ = taxa de mais-valia m = mais-valia individual V = soma do capital variável M = massa de mais-valia nvV v mVM v m m ccc mvcV vcC cf M . . ' = = = += ++= += Questões 1. Quais os limites mínimo e máximo dos componentes da jornada de trabalho? 2. Qual a importância do estudo da jornada de trabalho para teoria do Marx, relacione com os aspectos já vistos. 3. Quais as formas existentes de se ampliar a taxa de mais-valia? Explique. Referências • Cap. VIII – A jornada de trabalho; • Cap. IX – Taxa e massa da mais-valia; • In: MARX, K. (1985) O capital: crítica da economia política . Livro I, vol. I. São Paulo: Abril Cultural. Coleção "Os Economistas”.
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