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Filosofia Jurídica Simulado 02 Turma de coach OAB = 18 01 2019

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1. Segundo o Art. 1.723 do Código Civil, “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família”. Contudo, no ano de 2011, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgarem a Ação Direta de 
Inconstitucionalidade 4.277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 132, reconheceram a união 
estável para casais do mesmo sexo. A situação acima descrita pode ser compreendida, à luz da Teoria 
Tridimendional do Direito de Miguel Reale, nos seguintes termos: 
a) uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas pela superveniência de mudanças no plano 
dos fatos e valores. 
b) toda norma jurídica é interpretada pelo poder discricionário de magistrados, no momento em que estes 
transformam a vontade abstrata da lei em norma para o caso concreto. 
c) o fato social é que determina a correta compreensão do que é a experiência jurídica e, por isso, os costumes 
devem ter precedência sobre a letra fria da lei. 
d) o ativismo judicial não pode ser confundido com o direito mesmo. Juízes não podem impor suas próprias 
ideologias ao julgarem os casos concretos. 
 
2. Segundo o filósofo Immanuel Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a ideia de 
dignidade humana é entendida 
a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto é, característica de todo ser 
senciente. 
b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equivalentes e, portanto, iguais e 
plenamente cooperantes se eles possuem dignidade. 
c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condição de sujeitos de direitos. 
d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço pode-se pôr em vez dela 
qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e portanto não permite 
equivalência, então ela tem dignidade. 
 
3. “A solução do conflito aparente de normas dá-se, na hipótese, mediante a incidência do critério da especialidade, 
segundo o qual prevalece a norma específica sobre a geral.” É conhecida a distinção no âmbito da Teoria do Direito 
entre antinomias aparentes (ou antinomias solúveis) e antinomias reais (ou antinomias insolúveis). Para o 
jusfilósofo Norberto Bobbio, uma antinomia real se caracteriza quando estamos diante 
a) de duas normas colidentes que pertencem a ordenamentos jurídicos diferentes. 
b) de normas que colidem entre si, porém essa colisão é solúvel mediante a aplicação do critério cronológico, do 
critério hierárquico ou do critério de especialidade. 
c) de normas colidentes e o intérprete é abandonado a si mesmo pela falta de um critério ou pela impossibilidade 
de solução do conflito entre os critérios existentes. 
d) de duas ou mais normas que colidem entre si e que possuem diferentes âmbitos de validade temporal, espacial, 
pessoal ou material. 
 
4. Segundo o jusfilósofo alemão Karl Larenz, os textos jurídicos são problematizáveis porque estão redigidos em 
linguagem corrente ou em linguagem especializada, mas que, de todo modo, contêm expressões que apresentam 
uma margem de variabilidade de significação. Nesse sentido, assinale a opção que exprime o pensamento desse 
autor acerca da ideia de interpretação da lei. 
a) Deve-se aceitar que os textos jurídicos apenas carecem de interpretação quando surgem particularmente como 
obscuros, pouco claros ou contraditórios. 
b) Interpretar um texto significa alcançar o único sentido possível de uma norma conforme a intenção que a ela foi 
dada pelo legislador. 
c) Os textos jurídicos, em princípio, são suscetíveis e carecem de interpretação porque toda linguagem é passível 
de adequação a cada situação. 
d) A interpretação dada por uma autoridade judicial a uma lei é uma conclusão logicamente vinculante que, por 
isso mesmo, deve ser repetida sempre que a mesma lei for aplicada. 
 
5. Hans Kelsen, ao abordar o tema da interpretação jurídica no seu livro Teoria Pura do Direito, fala em ato de 
vontade e ato de conhecimento. Em relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico, assinale a afirmativa 
correta da interpretação. 
a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e, assim, capaz de prover precisão 
técnica no âmbito de sua aplicação por agentes competentes. 
b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, conforme seu arbítrio, qualquer norma 
que entenda como válida e capaz de regular o caso concreto. 
c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão aplicador efetua uma escolha 
entre as possibilidades reveladas por meio da mesma interpretação cognoscitiva. 
d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o conhecimento apropriado da mens 
legis. 
 
6. "Mister é não olvidar que a compreensão do direito como 'fato histórico-cultural' implica o conhecimento de que 
 
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estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é concebível senão como 'processus', 
cujos elementos ou momentos constitutivos são fato, valor e norma (...)" (Miguel Reale, in Teoria Tridimensional do 
Direito) Assinale a opção que corretamente explica a natureza da dialética de complementaridade que, segundo 
Miguel Reale, caracteriza a Teoria Tridimensional do Direito. 
a) A relação entre os polos opostos que são o fato, a norma e o valor, produz uma síntese conclusiva entre tais 
polos. 
b) A implicação dos opostos na medida em que se desoculta e se revela a aparência da contradição, sem que, com 
esse desocultamento, os termos cessem de ser contrários. 
c) A síntese conclusiva que se estabelece entre diferentes termos, conforme o modelo hegeliano de tese, antítese e 
síntese. 
d) A estrutura estática que resulta da lógica de subsunção entre os três termos que constituem a experiência 
jurídica: fato, norma e valor. 
 
7. O Art. 126 do CPC afirma que o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da 
lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia e da Teoria Geral do Direito. O 
jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, apresenta um estudo sobre essa questão. O 
autor denomina por lacuna ideológica a falta de uma norma 
a) legitimamente produzida pelo legislador democrático. 
b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto. 
c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz. 
d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigentes. 
 
8. Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo Direito, afirma que “O fim do direito é a paz, o meio de atingi-lo, a luta.” 
Assinale a afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor. 
a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade, e ele resulta de uma luta de 
pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva e não uma ideia. 
b) O Direito é o produto do espírito do povo - volksgeist -, que é passado de geração em geração. Por isso, quando 
se fala em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas sociais. O Direito Romano é a melhor expressão 
desse processo. 
c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, em que a classe 
dominante o usa para manter o controle sobre os dominados. 
d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas as lutas políticas que definem os 
direitos subjetivos de uma sociedade. 
 
9. Ao explicar as características fundamentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio afirma 
que tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como consequênciadisso, temos o 
princípio da onipotência do legislador. Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluir que 
a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daquele que deve aplicá-la, mas, ao 
contrário, este deve submeter-se completamente à razão expressa na própria lei. 
b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela população, e esse processo 
representativo deve basear-se sempre no direito consuetudinário, porque este expressa o verdadeiro espírito do 
povo. 
c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para interpretá-la buscando aproximar a 
letra da lei dos valores sociais e das demandas populares legítimas. 
d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural; portanto, o legislador é soberano 
para tomar suas decisões, desde que não violem os princípios do direito natural. 
 
10. Na Doutrina do Direito, Kant busca um conceito puramente racional e que possa explicar o direito 
independentemente da configuração específica de cada legislação. Mais precisamente, seria o direito entendido 
como expressão de uma razão pura-prática, capaz de orientar a faculdade de agir de qualquer ser racional. Assinale 
a opção que contém, segundo Kant, essa lei universal do direito. 
a) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e 
simultaneamente como fim, e nunca como meio. 
b) Age exteriormente, de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se conciliar com a liberdade de todos, segundo 
uma lei universal. 
c) Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza. 
d) Age de forma que conserves sempre a tua liberdade, ainda que tenhas de resistir à liberdade alheia. 
 
GABARITO 
01) A 06) B 
02) D 07) B 
03) C 08) A 
04) C 09) A 
05) C 10) B

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