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4° CONCAUSA

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Carlos Signor
c.signor@hotmail.com
DIREITO CIVIL III – RESPONSABILIDADE CIVIL PARTE IV 
Concausa – utiliza-se a expressão concausa para caracterizar o acontecimento que, anterior, concomitante ou superveniente ao antecedente que deflagrou a cadeia causal, acrescenta-se a este, em direção ao evento danoso (Gagliano, 2006).
	Segundo Cavalieri, trata-se de outra causa que, juntando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia e nem interrompe o nexo causal, apenas o reforça. Exemplo: um rio menor que deságua no maior, aumentando-lhe o caudal.
	A questão gira em torno da circunstância de essa concausa interromper ou não o processo naturalístico já iniciado, constituindo um novo nexo. Nesse caso, o agente da primeira causa não poderia ser responsabilizado pela segunda.
	Se essa segunda causa for absolutamente independente em relação à conduta do agente, o nexo causal originário estará rompido e o agente não poderá ser responsabilizado. A causa pode ser preexistente, concomitante ou superveniente.
	Exemplo 1: causa superveniente: alguém é alvejado por um tiro, que o conduziria à morte. Antes do falecimento por esta causa, um violento terremoto matou-o.
	Exemplo 2: causa preexistente: antes de ser alvejada pelo tiro, a vítima havia ingerido veneno suficiente para levá-lo ao óbito.
	Exemplo 3: causa concomitante: No mesmo ato em que foi alvejada, a vítima sofreu um derrame cerebral fulminante, por força do diabete.
	As causas preexiste, concomitante e superveniente são totalmente independentes da primeira causa (o tiro). Mesmo assim, romperam o nexo causal. 
	Por outro lado, se a segunda causa for relativamente independente, é necessário distinguir se a mesma é preexistente, concomitante ou superveniente.
	Exemplo 1: causa preexistente: Ângelo, portador de deficiência congênita e diabete é atingido por um tiro. Em conseqüência ao seu estado clínico debilitado (anterior) a lesão se agrava a o leva à morte.
	Exemplo 2: causa concomitante: em razão do disparo da arma de fogo, o sujeito vem a falecer de susto (parada cardíaca)e não propriamente pelo ferimento ocasionado.
	Nos dois casos o resultado continuará imputável ao sujeito, uma vez que as concausas preexistente e concomitante não interromperam a cadeia causal.
	No entanto, tratando-se de causa superveniente o nexo de causalidade poderá ser rompido se esta causa, por si só, determinar a ocorrência do evento danoso.
	Exemplo: é o caso do sujeito ferido e levado ao hospital com ambulância, vindo a falecer no caminho, por causa do tombamento do veículo.
	Esta concausa, mesmo relativamente independente em face da conduta do agente infrator (se não houvesse ferimento, esse homem não estaria na ambulância), determina por si só o evento fatal, de forma que o causador do ferimento somente será responsabilizado pela lesão corporal.
	Portanto, a concausa relativamente independente superveniente deverá determinar por si só o resultado danoso para romper o nexo causal e excluir a responsabilidade do infrator.
Dano moral – consiste na lesão de direitos cujo conteúdo não é pecuniário, nem comercialmente redutível a dinheiro; é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa, violando a intimidade, vida privada, honra e imagem, bens tutelados constitucionalmente (arts. 1º, III e 5º, V e X da Constituição Federal e 186 do CC). A dor é apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial.
	A natureza jurídica do dano moral é compensatória.
	O dano moral, observando a causalidade entre o dano e o fato, pode ser classificado em:
Dano moral direito – refere-se a uma lesão específica de um direito extrapatrimonial, como os direitos da personalidade;
Dano moral indireto – ocorre quando há uma lesão específica a um bem ou interesse de natureza patrimonial, mas que, de modo reflexo, produz um prejuízo na esfera extrapatrimonial. Ex.: furto de um bem com valor afetivo; rebaixamento funcional ilícito do empregado (prejuízo financeiro com efeitos morais).
O dano moral e a pessoa jurídica – por longos anos considerou-se que os danos morais se limitavam às dores da alma, sentimentos que a pessoa jurídica jamais poderia ter, por ser uma criação do direito e não um ser orgânico, dotado de espírito e emoções.
	Hoje, não são mais aceitos tais posicionamentos. A legislação jamais excluiu expressamente as pessoas jurídicas da proteção aos interesses extrapatrimoniais.
	A Constituição Federal assim preceitua em seu artigo 5º, inciso X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. O dispositivo legal não faz qualquer menção acerca da pessoa que pretende proteger. É o gênero. Portanto, entende-se pessoa física e jurídica.
	Por outro lado, o artigo 5º, V, CF, assegura o direito de resposta: “o direito de resposta proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Não há distinção entre a física e a jurídica.
	Nesse diapasão, o Código Civil também preleciona em seu artigo 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
	Por fim, o STJ sumulou o assunto através da súmula 227: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
	Uma pessoa jurídica jamais terá uma vida privada. No entanto pode e deve zelar pelo seu nome e imagem, perante o seu público alvo, sob pena de sucumbir diante da acirrada concorrência.
Exemplo: Uma propaganda negativa de um certo produto; uma falsa informação veiculada nos meios de comunicação acerca da saúde financeira da empresa (perda de credibilidade)
 O dano moral e os direitos difusos e coletivos – A lei da Ação Civil Pública (lei 7.347/85), modificada pela lei 8.884/94, estabeleceu expressamente a possibilidade de reparação por danos morais a direitos difusos:
Art. 1º: Regem-se pela disposição desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
Ao meio ambiente;
Ao consumidor;
A bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
A qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
Por infração da ordem econômica.
Podemos imaginar uma lesão difusa à integridade corporal de toda a população, através da poluição, causada em um acidente ambiental, ou à integridade psíquica, com cerceio à liberdade de conhecimento e pensamento, com a destruição de bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
A ação justifica-se pelo fato da previsão legal do direito de se ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225 CF).
Os valores obtidos com tais demandas, reverterão em prol a fundos específicos de defesa de direitos difusos.
O dano moral e o meio ambiente de trabalho – se um ambiente laboral inseguro, por si só, já pode trazer implicações negativas para a sua população interna, a sua poluição poderá acarretar falhas humanas ou técnicas, geradoras de prejuízos incalculáveis para a comunidade externa. Previdência social. Futuro. Inviabilidade (Raimundo Simão de Melo).

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