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PPT Formação em Saude

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FORMAÇÃO EM SAÚDE:
QUAIS DESAFIOS AINDA
PERSISTEM?
Prof. Fernanda Hampe
Disciplina: Psicologia e Nutrição
ALGUMAS ARTICULAÇÕES ENTRE
EDUCAÇÃO E SAÚDE
� Educação para a saúde: educação que conscientiza 
os sujeitos sobre os fatores de riscos à saúde? 
Campanhas de vacinas? Aleitamento infantil? Uso 
abusivo de drogas?
� Educação na saúde: Educação que se aproxima das 
comunidades e constrói um saber conjunto?
� Educação Permanente em Saúde: Educação que 
produz conhecimento em ato, nos serviços de saúde?
� Educação em saúde: Educação que problematiza 
como se dá a formação dos 
trabalhadores/profissionais de saúde e que por 
consequência, produz modos de operar os serviços 
de saúde.
EDUCAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE: A
INTEGRALIDADE COMO EIXO DA FORMAÇÃO EM
SAÚDE
� É preciso refletir sobre a formação que ainda:
� Possui centralidade no conteúdo em detrimento 
da experiência;
� Centralidade nas ciências duras (bio-médicas) em 
detrimento das humanidades;
� Centralidade na noção de cuidado como cuidado 
ao corpo biológico;
� Centralidade nos cenários de aprendizagem que 
não ultrapassam a sala de aula, os livros, o 
hospital, as instituições fechadas e ignoram a 
rua, o cotidiano vivo das pessoas, o saber popular, 
o modo de andar a vida dos sujeitos 
contemporâneos, a interação com o outro.
SÉC XIX E XX: PARADIGMA BIOLOGICISTA
� Hospital como lugar da doença e da cura. Nos cursos de 
formação em saúde observa-se que as disciplinas 
biológicas ocupam as primeiras ofertas curriculares. 
Estuda-se e toca-se o corpo morto, apreendendo deste 
corpo, seus órgãos e sua citologia, não sua dinâmica, seus 
estados, seus afetos. 
� Registra-se no imaginário técnico-científico um corpo 
como história natural, não um corpo com as 
singularidades do viver e do sentir, um corpo 
essencializado e não histórico e relacional.
� Busca-se hoje na formação em saúde uma intervenção 
profissional que ocorra fundamentalmente pela 
perspectiva do cuidado e, por conseguinte, na dimensão do 
corpo vivo, sob processos de subjetivação, em 
movimento e sensível.
O QUE SÃO PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO?
� Indicam a forma pela qual os homens se 
apropriam da sociedade. Cada época tem uma 
forma própria de sentir, trabalhar, desejar e 
viver.
� “O que acreditamos ser nossa personalidade, 
nosso mais intenso desejo, são expressões em nós 
da história de nossa época”.
� Do que se queixam os usuários (quando são 
atendidos?)
� Para que possamos problematizar a educação em 
saúde hegemônica, precisamos problematizar a 
oposição entre uma perspectiva científico-
sanitária X humanidades na educação dos 
profissionais de saúde (ciência cartesiana).
� Lutar contra a imposição de uma fragmentação 
aos saberes e às práticas relativas ao andar da 
vida, á perda da integralidade e da 
humanização da saúde, estabelecendo a 
formação e o exercício profissional segundo a 
racionalidade cognitivo-instrumental da 
modernidade.
MAS O QUE É INTEGRALIDADE NESTE CONTEXTO? DUPLA
DIMENSÃO: A DA ASSISTÊNCIA E A DO CUIDADO
� Na dimensão da assistência, refere-se às práticas e 
serviços de saúde que precisam trabalhar com cura, 
prevenção, reabilitação. A Integralidade como definição 
legal e institucional é concebida como um conjunto 
articulado de ações e serviços de saúde, preventivos e 
curativos, individuais e coletivos, em cada caso, nos 
níveis de complexidade do sistema.
� Na dimensão do cuidado, a Integralidade refere-se ao 
reconhecimento da produção de subjetividade, da 
presença de histórias individuais, coletivas, sociais, 
familiares e/ou culturais, e dos adoecimentos como 
vivências no andar do processo saúde-doença-cuidado-
qualidade de vida. 
� Integralidade como afirmação da vida em detrimento do 
humano compreendido como “saco de órgãos”. 
� A integralidade, uma exigência ética da organização das 
práticas cuidadoras, perfila-se pela produção de projetos 
terapêuticos singulares. 
� Esse fazer saúde implica mudanças nas relações de poder 
entre os profissionais para que cada um chegue a ser um 
trabalhador em saúde e não um tecnocrata dos saberes 
profissionais.
� Implica mudança nas relações de poder entre profissional 
e usuário para que se produza autonomia e autopoiese
nestes. 
� Uma prática norteada pela Integralidade significa: 
acolhimento, responsabilidade conjunta pelo projeto 
terapêutico, desenvolvimento da autodeterminação do 
usuário.
O QUE É HUMANIZAÇÃO NA FORMAÇÃO EM
SAÚDE?
� Humanização se refere à restituição da unidade 
entre área científica e área de humanidades, ciências 
naturais e afetividade, racionalidade cognitivo-
instrumental e alteridade, razão e emoção. Romper 
as dualidades ainda presentes, como normal X 
patológico, saúde X doença. 
� O ideário científico hegemônico tirou a saúde do 
campo afetivo para situá-la no campo normativo. 
Como exemplo, temos a noção de “manejo”: a relação 
entre profissional e usuário deixa de ser inventiva e 
singular e passa a ser prescrita e normativa.
� É preciso construir uma educação dos profissionais 
de saúde (mudanças necessárias no cenário de 
formação) que recupere as noções de integralidade e 
humanização. 
ESTRATÉGIAS PARA POTENCIALIZAR A
INTEGRALIDADE E A HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE
� o trabalho em equipe (auto-gestionária),
� uma nova relação profissional e usuário, 
� novos cenários de aprendizagem, 
� a problematização do conceito de cuidado 
atrelado ao corpo biológico.
� A problematização do processo de trabalho 
na saude
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE
� A organização parcelar do trabalho, a fixação dos 
profissionais a determinada etapa do projeto 
terapêutico e a organização corporativa das 
atividades privativas das profissões produzem uma 
alienação da finalidade do trabalho ;
� A lógica fragmentada e da desresponsabilização com o 
outro (encaminhamentos);
� Assim os profissionais não se responsabilizam pelo 
objetivo final de suas intervenções: relação 
burocratizada com o saber e com a prática: atos 
fragmentados, desaparece o outro da atenção à saúde, 
a própria atenção integral e a possibilidade de 
humanização da atenção;
PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: 
CONTRIBUIÇÕES DE EMERSONMERHY
� O Trabalho em saúde só é possível mediante o 
encontro/relação entre usuário e trabalhador. Encontro 
permeado pela dor, sofrimento, saberes da saúde, 
experiências de vida, práticas assistenciais, 
subjetividades que afetam ambos os sujeitos. Isso tudo 
afeta a produção do cuidado.
� Uma característica fundamental do trabalho em saúde: 
ele é relacional, só se realiza no encontro. Por exemplo: a 
consulta só se realiza quando o profissional está diante do 
usuário, e assim por diante, tais como os demais atos 
produtores de procedimentos, como vacina, curativo, 
exames, atos cirúrgico, reuniões de grupos, visitas 
domiciliares e etc.
TECNOLOGIAS DE TRABALHO EM SAÚDE
(CONJUNTO DE CONHECIMENTOS):
� tecnologias duras: as que estão inscritas nas 
máquinas e instrumentos, programadas a priori para 
a produção de certos produtos;
� tecnologia Leve-duras: se referem ao conhecimento 
técnico, por ter uma parte dura que é a técnica, 
definida anteriormente, e uma leve, que é o modo 
próprio como o trabalhador a aplica, podendo assumir 
formas diferentes dependendo sempre de como cada 
um trabalha e cuida do usuário;
� Tecnologias leves: diz respeito ás relações que, de 
acordo com Merhy, são fundamentais para a produção 
do cuidado e se referem a um jeito ou atitude próprias 
do profissional que é guiado por uma certa 
intencionalidade vinculada ao campo cuidador, ao seu 
modo de ver, a sua subjetividade.
� Para entendermos o quanto a organização do trabalho 
influencia o modo de organizar o cuidado ao usuário, é 
necessário verificarqual das tecnologias tem prevalência 
sobre o processo de trabalho. 
� Quando o trabalho é dominado pela tecnologia dura ou 
leve dura, o trabalhador valoriza mais o instrumento que 
tem na mão do que a atitude acolhedora que pode e deve 
ter em relação ao usuário. 
� A relação, o diálogo e a escuta são colocados em segundo 
plano para dar lugar a um processo de trabalho centrado 
no formulário, protocolo, procedimento, como se esses 
fossem um fim em si mesmos. 
� As tecnologias leves são aquelas mais dependentes do 
trabalho Vivo em ato, ou seja, o trabalho que ocorre 
exatamente no momento de sua atividade produtiva.
� O morto são máquinas e instrumentos, sobre os quais já 
se aplicou determinado trabalho, ou seja, eles já trazem 
uma carga de trabalho pregresso que lhes deu forma e 
função. 
� Não nos tornamos profissionais de saúde por um percurso no 
currículo formal de conteúdos, e sim como resultado de exposições 
e experimentações, como efeito de afecção pelos usuários e pela 
equipe com que operamos nossos instrumentos e tecnologias de 
trabalho. 
� Temos que escapar de percepções banais e recognitivas (saber 
apenas mais sobre o mesmo e sempre com os mesmos recursos). É 
preciso abertura da sensibilidade (suspensão dos filtros de olhar e 
escuta para aceitar o estranhamento e contatar seus desafios de 
aprendizagem). Temos que considerar sempre o número crescente 
de elementos do ambiente onde se trabalha e não cair em 
treinamentos em programas de ação, princípios abstratos e 
domínio de regras. 
� Para captar as necessidades singulares de saúde que se expressam 
no momento da atenção, requer-se do profissional abertura para se 
inclinar ao usuário (como no sentido etimológico da palavra 
clínica: zelo à pessoa, á beira do leito, dobrando-se à ela) e 
oferecer-se à escuta, capaz de um olhar desarmado das tecnologias 
diagnóstico-terapêuticas prévias ao contato singular com cada 
indivíduo ou coletividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
� Livro: Ensinar Saúde: a integralidade e o SUS nos cursos de graduação 
na área da saúde.
� Capítulos:
� Ensinar saúde: a formação de profissionais orientada para a 
integralidade e as relações político-institucionais na saúde: uma 
discussão sobre a interação ensino-trabalho. Ceccim, Pinheiro, 06.
� Ensinar Saúde: “Ensino da saúde e a rede de cuidados nas 
experiências de ensino-aprendizagem”, Ana Pontes, Aluisio Junior e 
Roseni Pinheiro, 2006
� Cuidado como categoria analítica no ensino baseado na integralidade. 
Aluisio Junior, 2006.
� Ensino da saúde como projeto da integralidade: a educação dos 
profissionais da saúde no SUS. Ceccim e Carvalho, 2006.
� Livro: Merhy, Emerson. Saúde: a cartografia do trabalho vivo.

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