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Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE Disciplina: Literatura de Autoria Feminina Prof.: Iêdo Paes Aluno: Hallef de Oliveira Atividade 1. Clarice Lispector (1920-1977) Foi escritora e jornalista brasileira, de ascendência judia, reconhecida como uma das mais importantes escritoras do século XX. "A Hora da Estrela" foi seu último romance, publicado em vida. Nascida em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920, de família judaica, seu pai Pinkouss e sua mãe Mania Lispector emigraram para o Brasil em março de 1922, para a cidade de Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe. Batizada como Haia Pinkhasovna Lispector, por iniciativa do seu pai todos mudam de nome e Haia passa a se chamar Clarice. No ano de 1925 muda-se com a família para a cidade do Recife onde Clarice passa sua infância no Bairro da Boa Vista. Aprendera a ler e escrever muito nova. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais o iídiche. Aos 9 anos de idade ficou órfã de mãe. Em 1931 ingressa no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade na época. Clarice muda-se com a família para o Rio de Janeiro, em 1937, indo morar no Bairro da Tijuca, ingressando no Colégio Sílvio Leite, onde era frequentadora assídua da biblioteca. Posteriormente, ingressa no curso de Direito e, aos 19 anos, publica seu primeiro conto "Triunfo" no semanário Pan. Em 1943 forma-se em Direito e casa-se com o amigo de turma Maury Gurgel Valente. Nesse mesmo ano estreou na literatura com o romance "Perto do Coração Selvagem", o qual retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência e teve calorosa acolhida da crítica, recebendo o Prêmio Graça Aranha. Clarice Lispector acompanhou seu marido em viagens, na carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, onde, em sua primeira viagem para Nápoles, Clarice trabalha como voluntária de assistente de enfermagem no hospital da Força Expedicionária Brasileira. Também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, sempre acompanhando seu marido. Na Suíça, em 1949, nascia o primeiro filho do casal, Pedro, e, em 1953 nasce nos Estados Unidos o segundo filho, Paulo. No ano de 1959 Clarice se separa do marido e retorna ao Rio de Janeiro acompanhada de seus filhos. Logo começou a trabalhar no Jornal Correio da Manhã, assumindo a coluna "Correio Feminino". Em 1960 foi trabalhar no Diário da Noite com a coluna "Só Para Mulheres" e nesse mesmo ano lança "Laços de Família", livro de contos que recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 1961 publica "A Maçã no Escuro" pelo qual recebe o prêmio de melhor livro do ano em 1962. Em 1966 Clarice Lispector sofre várias queimaduras no corpo e na mão direita enquanto dormia com um cigarro aceso. Passou por várias cirurgias e viveu isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publica crônicas no Jornal do Brasil e lança "O Mistério do Coelho Pensante". Passa a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Em 1969 já tinha perto de doze volumes publicados. Recebeu o prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília. As prosas da autora, elegida com as melhores, se mostra nos contos de "Laços de Família" (1960) e de "A Legião Estrangeira" (1964). Em obras como "A Maçã no Escuro" (1961), "A Paixão Segundo G.H." (1961) e "Água-Viva" (1973), os personagens alienados e em busca de um sentido para a vida, adquirem gradualmente consciência de si mesmos e aceitam seu lugar num universo arbitrário e eterno. Em 1977 Clarice Lispector escreve "Hora da Estrela" onde é contada a história de Macabéa, uma moça oriunda do interior em busca de sobreviver na cidade grande. A versão cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986. A autora, Clarice Lispector, falece no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju. Análise do Poema: Não te amo mais (Clarice Lispector) Não te amo mais Estarei mentindo dizendo que Ainda te quero como sempre quis Tenho certeza que Nada foi em vão Sinto dentro de mim que Você não significa nada Não poderia dizer jamais que Alimento um grande amor Sinto cada vez mais que Já te esqueci! E jamais usarei a frase Eu te amo! Sinto muito, mas tenho que dizer a verdade É tarde demais. Depois de uma prévia leitura do poema, é necessário retornar ao texto, mas, dessa vez, lê-lo de baixo para cima. Como diria Fernando Pessoa: “o poeta é um fingidor. Finge completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. Logo, há o reverso do que é exposto. Durante a leitura do poema, fica claro e convincente a ideia de negação do sujeito poético em não mais querer esse amor. Mas, ao lermos de trás para frente o poema, perceberemos a expertise de Clarice Lispector, ao fazer com que o sujeito poético seja desmascarado, emergindo a verdade: ainda há amor! Resta claro o valor das entrelinhas, a qual deixa margem para novas possibilidades de entendimento, ainda que, inicialmente, pareça convincente e redondamente fechado, mas, ao final, deixando brechas. 2. Lívia Natália (1970, 39 anos) Nascida em Salvador, Bahia, é poetisa e professora universitária. Graduou-se em Letras pela Universidade Federal da Bahia – UFBA (2002), onde, na mesma universidade, fez mestrado e doutorado. Na UFBA, é também professora da disciplina Teoria Literária. Em 2010, inscreve o seu livro Água Negra no concurso Banco Capital de Poesia, onde foi premiada em primeiro lugar. Este prêmio oportunizou uma visibilidade maior de sua escrita, tendo sido, nos anos posteriores, convidada para inúmeros eventos literários em vários lugares, com destaque para Lisboa, Ilha da Madeira, e outros lugares dentro do País. No ano de 2015, lança Correntezas e Outros Estudos Marinhos, que saiu pela editora Oguns Toques. Este livro foi adotado em algumas escolas de Salvador, e foi um livro bem recebido pela crítica. Com o Correntezas a autora participou pela primeira vez da feira internacional de Cachoeira – BA em 2016. Neste Livro, está presente o poema Quadrilha, no qual é discutido sobre o genocídio da juventude negra pela Policia Militar brasileira, e que resultou numa enorme polêmica no ano de 2016 com a corporação, graças a este episódio, que culminou com a censura do poema. O poema viralizou nas redes sociais, e numa recente lista da ONU, comparece como artista brasileira que sofreu censura pelo seu trabalho no período pós ditadura civil militar brasileira (1964-1984). Em 2016, foi relançado o livro Água Negra, com a reunião de mais 17 poemas, com o título água negra e outras águas. 3. Cidinha da Silva (1967, 50 anos) Maria Aparecida da Silva nasceu em Belo Horizonte, em 1967, onde se graduou em História, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Transferiu-se em seguida para São Paulo, com brilhante atuação no GELEDÉS - Instituto da Mulher Negra, organização não-governamental que chegou a presidir. A escritora possui forte engajamento com a causa negra e com questões ligadas às relações de gênero. Suas publicações encontram-se, assim, alinhadas a tais temáticas, no intuito de promover maior espaço de reflexão sobre as identidades tidas como subalternas. Em fevereiro de 2005, fundou o Instituto Kuanza, que tem por objetivos desenvolver projetos e ações nos campos da educação, ações afirmativas, pesquisa, comunicação, juventude e articulação comunitária. Todos encontram- se vinculados à discussão sobre as assimetrias racial e de gênero e subsidiam a formulação de políticas públicas nessas áreas. Como dirigente cultural, concebeu e executou projetos inovadores como o "Geração XXI", em inéditas parcerias com empresas e organizações não-governamentais. Nessa linha, atuou também como gestora de cultura na Fundação Cultural Palmares, onde se destacou pela organização da publicação Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil (2014). Como educadora, iniciou suas publicações em 1999, no volume coletivo Rap e educação, rap é educação. Em 2001, contribuiu com um capítulo para o livro Racismo e anti-racismo na Educação: repensando a nossa escola. E, dois anos mais tarde, organizou a edição de Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras (2003), com quatro capítulos de sua autoria, adotado em 2005 pela Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte e, em 2006, pelo Fundo para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo, FDE. Tem ainda diversos artigos sobre relações raciais e de gênero, publicados no Brasil, Uruguai, Costa Rica, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e Itália. Sua estreia na Literatura Afro-brasileira se dá com a coletânea em prosa Cada Tridente em seu lugar, publicado em 2006 e reeditado no ano seguinte. A obra foi pré-selecionada pela Fundação Biblioteca Nacional para integrar o projeto de expansão de bibliotecas públicas por cidades do interior do Brasil. E as narrativas “Domingas e a Cunhada”, “Pessoas trans” e “Angu à baiana”, presentes no livro, tiveram os direitos de filmagem adquiridos pela produtora Lúmen Vídeos, de Vitória, Espírito Santo. Composto em sua maioria de textos curtos, Cada Tridente em seu lugar explicita o permanente diálogo com a realidade contemporânea e, no plano formal, o contínuo entrelaçamento da crônica com o conto. Desde então, foram nada menos que onze títulos publicados entre 2006 e 2016, abarcando crônicas, poemas e narrativas infantojuvenis. Já o volume Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor!, lançado em 2008, confirma sua atuação na literatura relacionada à alteridade e inclui escritos voltados para o universo da homoafetividade. No prefácio do volume Sobre-viventes (2016), a pesquisadora e poeta Lívia Natália afirma: "vi-me muitas vezes retratada em situações e personagens. Vi minha mãe, minha avó vivendo nas páginas de Cidinha da Silva como as negras ali representadas com uma dignidade belíssima. Andei com estes textos entre fatos que todos nós, brancos ou negros, vivemos em nossa travessia racial pelo mundo, já que nossa roupa, por excelência, é a nossa pele que, como texto que é, fala logo e antes de nossa boca." (NATÁLIA, 2016, P. 12). Cidinha da Silva é autora ainda das peças teatrais Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas, encenada pelo grupo "Os Crespos" em 2013, e Os coloridos, também encenada pelo grupo em 2015. Além das obras referidas, autora tem presença constante nas redes sociais e na imprensa alternativa publicada na internet. É editora da Fanpage cidinhadasilvaescritora e colunista dos portais Forum, Geledés e Diário do Centro do Mundo.
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