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Respostas da 2VA Prof Sherry EM PDF

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Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE 
Disciplina: Introdução aos Estudos Literários 
Prof.: Sherry Almeida 
Aluno: Hallef de Oliveira 
2ª VA 
 R.: Se pararmos para pensar, ante ao que fazemos no dia a dia, como: lê 
um livro; vê um filme; ou mesmo assistir uma dança, não seriam essas obras 
imitações ou representações da realidade? Ou ainda quando tiramos ‘selfies’ e 
fotografias, também seriam isto imitações e reinvenções do que somos? Creio, 
pois, que todas essas ações se encaixem bem nos conceitos de 
Mimesis/Mimese, dispostos por Platão e Aristóteles. 
 Sabe-se que Platão, na Grécia antiga, ao fundar a Academia de Atenas, 
em 384 a.C, tendo o intuito de buscar as explicações da realidade com base nos 
conhecimentos filosóficos, dizia que a verdade, a essência da realidade, não 
estariam no mundo material, ou seja, no mundo físico, e sim, no mundo das 
ideias; dizia ainda Platão que as imagens que temos/fazemos, do mundo real 
(das ideias), são elas cópias imperfeitas de uma forma ideal/universal. 
 Ante o exposto, entendo que para Platão, a mimesis é uma distorção das 
ideias universais. O filósofo antigo acrescenta que para ele há diferentes formas 
de mimesis, uma delas são as representações feitas pelos poetas, o que ele 
considerava como a pior das representações, uma vez que ao contrário dos 
escultores, por exemplo, que ao representar uma ideia universal através de uma 
escultura, deixam eles algo físico, tátil. Mas, quando os poetas representam, 
produzem eles uma fantasia, ou seja, distorcem completamente a ideia universal 
ao não deixarem algo concreto de tal modo que chega a ser uma dupla distorção. 
 Contrariando o pensamento platônico, para Aristóteles a 
verdade/realidade está no mundo material, podendo ser acessada à medida que 
sentimos e experimentamos, e, daí, entendo que para Aristóteles a mimesis não 
era uma cópia distorcida da realidade, era uma versão que permite o 
(re)conhecimento dessa realidade. 
 Em suma, para o Platão, a mimesis é uma forma de falsificação e 
distorção da realidade, enquanto que para Aristóteles, a mimesis permite o 
reconhecimento da realidade. Por fim, é válido ressaltar que o pensamento 
aristotélico não considera que a mimeses é a cópia da realidade, mas, dá a ela 
a capacidade de não só refletir a realidade, como também, de dizer como ela 
poderia ser. Logo, com base no pensamento aristotélico, observo que ele coloca 
os poetas um grau acima, uma vez que que as representações dos poetas dizem 
como a história pode ser, ao contrário dos historiadores, por exemplo, que vão 
dizer como a história foi. 
 Acerca dos poetas e suas representações supracitados, relata-se um 
pouco mais em seguida. 
 Na filosofia platônica, como vimos acima, a literatura seria a imitação da 
realidade. Dito isso, segundo ele, a literatura é a imitação da imitação, uma vez 
que faz passar a cópia por original e afasta a verdade. Platão nos leva a crê que 
apenas a narrativa simples é verdadeira, que fala sempre por si mesma e com 
ela mesma. Segundo Platão, a diegesis (realidade da própria narrativa) é o 
oposto da mimesis. Para Platão, as artes – que se valiam da mimesis – não 
poderiam ser base de conhecimento e ensinamento, por isso os poetas deveriam 
ser banidos e, suas histórias, erradicadas de vez do mundo grego. 
 Na visão aristotélica, a mimesis seria a representação da realidade. Para 
o filósofo em questão, a imitação se aplica aos atos das personagens, que 
podem ser representações melhores, piores ou iguais a todos nós. Desta forma, 
Aristóteles difere a tragédia da comédia, da seguinte forma: a primeira se propõe 
a imitar os homens, representando-os piores; a segunda os torna melhores do 
que são na realidade. Assim, para Aristóteles, a literatura se concentra na 
mensagem e também no receptor por conta da catarse (capacidade que o teatro 
tinha para libertação do ser humano, pois quando via as paixões representadas, 
conseguia se libertar delas). Aqui, a mimesis é realizada segundo três aspectos: 
os meios, o objeto e a maneira. Pela ação, os personagens produzem a imitação, 
expressam seu caráter e pensamento; é através dos seus atos que o fim é 
alcançado ou malogra-se. 
 Ainda de acordo com Aristóteles, um todo é aquilo que tem começo, meio 
e fim, pois a Poética é a arte de “compor as intrigas”. Portanto, quando o leitor 
pergunta: “o que vai acontecer nessa história?”, a questão se volta para o 
desenvolvimento da intriga, o que Aristóteles chama de reconhecimento. Para 
ele, o momento de reconhecimento, aquele cujo projeto inteligível da história é 
aprendido retrospectivamente. A mimesis, como produção da intriga, é um 
“paradigma de ordem”; é a representação das ações humanas pela linguagem, 
do que é verossímil e do que é aceitável pela opinião comum. Para o filósofo 
Aristóteles, a retórica é a técnica da argumentação do verossímil, e, tanto a arte 
como a literatura, são a imitação da natureza. Em sua visão, o papel do poeta é 
dizer não o que ocorreu realmente, mas o que poderia ter ocorrido na ordem do 
verossímil ou do necessário. 
 O verossímil, na visão aristotélica, era o que estaria suscetível de 
persuadir. Logo, a mimesis encontra-se reorientada para a retórica, possuindo 
ainda um caráter interno ao ser humano, mais ligado às paixões e 
comportamentos. No livro Poética, Aristóteles afirma que mimesis não é uma 
imitação fiel da realidade, mas um jeito de representar as pessoas de forma 
melhor ou pior. O filósofo ainda dá diversos exemplos, como, por exemplo, na 
Tragédia, os homens eram representados (mimetizados) sempre de forma pior, 
enquanto que a Comédia retratava os mesmos homens de uma maneira melhor. 
 Na obra aristotélica, a palavra mimesis liga-se a outras palavras como 
techné (arte) e à physis (natureza). No livro Física de Aristóteles está escrito que 
a arte imita a natureza. Nesse raciocínio, o autor trágico é um imitador da ação 
na Poética, e da natureza na Física. Em seu pensamento, a mimesis, não reduz 
o poeta a um mero plagiador, como propunha Platão, e sim, o contrário, a 
mimesis traz em si uma inteligência criativa em seus diversos espectros de 
representação simbólica da realidade, onde, Aristóteles vê a mimesis como 
ativa, e não reativa. Portanto, enxerga-se que através de sentimentos como o 
horror e a repugnância, a plateia, extremamente ativa no teatro da Grécia Antiga, 
era conduzida a um estado de alívio denominado catarse, uma purificação do 
“espírito” e das emoções. 
 Por fim, para o escritor latino Horácio, na Carta aos Pisões (epístola), é 
importante que os poetas respeitem “o domínio e o tom de cada gênero” e que 
“guarde cada gênero o lugar que lhe coube e lhe assenta” (HORÁCIO, 1981). É 
nessa carta também que se observa sua admissão quanto a possibilidade de 
transposição dos gêneros, ao afirmar que “É difícil dar tratamento original a 
argumentos cediços, mas, a ser o primeiro a encenar temas desconhecidos, 
ainda não explorados, é preferível transpor para a cena uma passagem da 
ilíada”. (HORÁCIO, 1981). Há, portanto, no argumento exposto aqui, mais do 
que a recusa de assuntos novos, bem como a possibilidade de transpor o gênero 
épico para o teatro, abrindo a possibilidade de mudanças significativas na 
concepção normativa de gêneros literários. Também é de autoria do escritor 
latino a visão específica da literatura: “Os poetas desejam ou ser úteis, ou deitar, 
ou dizer coisas ao mesmo tempo agradáveis e proveitosas para a vida. ” 
(HORÁCIO, 1981). A visão utilitária da arte, que fizera Platão recusar a presença 
de poetas em seu projeto de uma nova República, com Horácio, soma-se à 
entreter/deleitar e até a possibilidade de fundir as duas,com resultados 
importantes para o leitor. 
 Na idade média, a herança clássica recebeu poucas contemplações de 
relevância, à exceção de Dante Allghieri, que, “na Epístola a Can Grande Della 
Scala, classifica o estilo em nobre, médio e humilde, situando-se no primeiro a 
epopéia e a tragédia, no segundo a comédia (também diferenciada da tragédia 
pelo seu final feliz) e no último a elegia. ” (SOARES, 2007). Percebe-se a 
permanência da epopeia de tragédia em um nível elevado, como em Aristóteles. 
A elegia, entretanto, faz sua entrada entre os gêneros literários, anunciando a 
inclusão futura do gênero lírico, não necessariamente acompanhado de música, 
como a lira, a flauta e a cítara, mas como texto verbal. 
 Uma contribuição marcante para os estudos dos gêneros literários foi 
dada por Northrop Frye, na obra Anatomia da Crítica, 1957. A primeira 
modificação a foi a criação de quarto gênero; além da lírica, da épica (epos) e da 
literatura dramática, haveria a ficção, diferente da épica por ser contínua, 
enquanto esta seria episódica, ou seja, construída pela união de quadros mais 
ou menos independentes. Nas palavras de Angélica Soares (2007, p. 19-20): 
Cada um dos quatro gêneros se liga a uma forma própria de mímesis: o épos 
é apresentado pela mímesis da escrita assertiva, o drama pela mímesis 
externa ou da convenção, a lírica pela mímesis interna. Quatro são também 
as modalidades da ficção: o romanesco (romance), o romance (novel), a 
forma confessional e a sátira menipéia ou anatomia. Enquanto o romanesco 
não busca a criação de "gente real", o romance (novel) apresenta 
personagens que trazem suas máscaras sociais. A forma confessional, por 
sua vez, não pode ser confundida com autobiografia. O romancista ocupa-se 
da análise exaustiva das relações humanas, enquanto o satirista menipeu, 
voltado para termos e atitudes intelectuais, prende-se às suas peculiaridades. 
 
 Essa nova proposta não encontrou recepção na crítica literária hodierna, 
em que tem se discutido com ênfase a questão dos gêneros para nega-la, haja 
vista o surgimento de formas novas dos anos 1950, com o advento do pós-
moderno. Para se avaliar produções literárias do passado, período em que 
imperava normas e preconceitos, o conhecimento dos gêneros nos permite 
avaliar os textos que romperam, ou não, com esses padrões de sua época. Já 
para a produção contemporânea, há duas posições diferentes: a primeira é 
negação de toda e qualquer norma pré-estabelecida; a segunda põe aos 
cuidados do leitor, incumbindo-lhe a responsabilidade de reconhecer, ou não, o 
gênero literário que a obra faz referência. 
 Por último, independentemente de qualquer que seja a posição adotada, 
creio que o estudo dos gêneros literários permite uma melhor compreensão do 
texto de modo a analisar o quanto o autor se aproxima ou se afasta dos modelos 
dispostos, e, permite ainda, analisar o quanto o autor inova em sua obra com 
relação ao gênero em que ela venha a se situar.

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