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SUMÁRIO 1 CONSTRUÇÃO DA DEFINIÇÃO DE GESTÃO SOCIAL ............................ 3 2 INSTRUMENTOS DE GESTÃO ................................................................. 5 3 PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................................................... 5 4 ORÇAMENTO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................ 6 4.1 Ciclo Orçamentário ............................................................................... 6 5 GESTÃO DA INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ........... 8 6 RELATÓRIO DE GESTÃO ....................................................................... 10 7 PLANEJAMENTO SOCIAL ....................................................................... 11 8 PROJETOS SOCIAIS ............................................................................... 14 9 POR QUE PROJETOS SOCIAIS? ............................................................ 16 10 Elaboração de Projetos Sociais ............................................................. 19 11 A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL ................................................... 24 12 RESPONSABILIDADE SOCIAL ............................................................ 26 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 29 13 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 33 CONSTRUÇÃO DA DEFINIÇÃO DE GESTÃO SOCIAL Fonte: www.eseag.pt A expressão Gestão Social foi criada para designar variadas práticas sociais, entre organizações de origem governamental, na sociedade civil, em movimentos sociais e empresariais – relacionada às noções de cidadania corporativa ou de responsabilidade social. Tenório (1998) entende a gestão social enquanto um processo gerencial que se dá de maneira dialógica, em que a autoridade para a tomada de decisões é partilhada por todos(as) aqueles(as) que participam da ação, aonde quer que esta ocorra, seja em organizações públicas, privadas ou organizações não- governamentais. De acordo com Tenório (2008), a construção do conceito acontece, inicialmente, pela análise dos pares de palavras Estado-sociedade e capital- trabalho, que são invertidas na sua ordem para sociedade-Estado e trabalho-capital, ressaltando a importância da sociedade e do trabalho como protagonistas destas relações. Ampliando a discussão, insere-se o par de palavras sociedade-mercado, que representa o processo de interação da sociedade civil organizada com o mercado, onde também a sociedade deve ser protagonista. No Brasil, o termo Gestão Social encontra-se ainda em fase de construção (FISCHER, 2002). Por outro lado, a Gestão Social tem se consolidado enquanto prática, sem ainda o consenso sobre o conceito (PINHO, 2010). Fischer (2002, p.29) apresenta a gestão social como gestão do desenvolvimento social, definido pela autora como um espaço reflexivo das práticas e do conhecimento constituído por múltiplas disciplinas. A gestão social, no ponto de vista da autora, seria ainda uma proposta pré-paradigmática que vem recebendo a atenção de muitos centros de pesquisa no Brasil e no exterior. Fonte: www.cafealtoburitis.com.br Segundo Gomes et al. (2008, p. 59), [...] pensar em gestão social, é pensar além da gestão de políticas públicas, mas sim estabelecer as articulações entre ações de intervenção e de transformação do campo social, que é uma noção mais ampla, e que não se restringe à esfera público-governamental, como vemos a exemplos das ações de responsabilidade social e do crescimento do terceiro setor. Para Botrel, Araújo e Pereira (2010), a gestão social se desenvolve no âmbito da esfera pública, na qual se sobressaem as organizações públicas não-estatais e o interesse público da sociedade, além de proporcionar condições à emancipação dos indivíduos, baseando-se na democracia deliberativa, na formação da consciência crítica de seres humanos dotados de razão. INSTRUMENTOS DE GESTÃO Fonte:www.bridgeconsulting.com.br Os principais instrumentos de gestão da assistência social são: Plano de Assistência Social; Orçamento de Assistência Social; Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação; e Relatório de Gestão. Trata da organização e gestão da assistência social e apresenta elementos do sistema descentralizado e participativo da assistência social: Conselhos, Planos, Fundos e Conferências de Assistência Social. PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL No processo de habilitação no sistema Único de Assistência Social – SUAS, cada município deve atender os requisitos necessários à habilitação em um dos Níveis de Gestão – Inicial, Básica e Plena, de acordo com a Norma Operacional Básica – NOB/SUAS/2005. Dentre as exigências legalmente estabelecidas, encontram-se: a efetiva instituição e funcionamento do Conselho Municipal de Assistência Social e composição representativa e paritária entre governo e sociedade civil; a criação e funcionamento do Fundo de Assistência Social, sob a orientação e controle dos Conselhos; e a apresentação do Plano Municipal de Assistência Social – PMAS. O PMAS deve propor, orientar e acompanhar a execução da Política de Assistência Social no município, na perspectiva do SUAS – Sistema único de Assistência Social, contemplando as ações prioritárias, os serviços, os programas, projetos e benefícios a serem prestados para a população usuária da Assistência Social. O Plano não é apenas uma ferramenta técnica, mas também um instrumento essencialmente político que não deve ficar restrito ao âmbito do órgão gestor, mas sim ser incluído na agenda pública local, de maneira que seja compreendido como instrumento de afirmação do compromisso público da gestão municipal com o atendimento às necessidade e prioridades da população usuária da Assistência Social. O Plano é um processo contínuo, dinâmico, flexível, que exige postura estratégica, tendo em vista a consecução dos objetivos e metas definidos, bem como a avaliação do Plano ao longo de sua implementação, viabilizando a adoção de reajustes que possibilitem o alcance de resultados esperados. ORÇAMENTO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL O Orçamento Público é um Planejamento que gera um compromisso de um governo em relação às políticas públicas. Ele reflete a direção, os compromissos e as prioridades de um governo. É regulamentado por Legislação Federal, Estadual e Municipal. A estrutura da peça orçamentária deve respeitar os níveis de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial. 4.1 Ciclo Orçamentário PPA O Plano Plurianual (PPA) é elaborado no primeiro ano de mandato municipal, para o período de quatro anos – do 2º ano de gestão até o 1º ano da próxima gestão. Ele deve definir, com clareza, as metas e prioridades da administração, bem como os resultados esperados. Deve ainda organizar, em Programas, as ações de que resulte oferta de bens ou serviços que atendam demandas da sociedade. LDO A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é feito com base no PPA, com objetivo de elaborar, anualmente, diretrizes e metas da administração. Dispõe sobre as alterações na legislação tributária e orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual – LOA. LOA A Lei Orçamentária Anual (LOA) é feita com base na LDO e define receitas (origem dos recursos públicos) e despesas (destinação dos recursos públicos). A elaboração da proposta orçamentária é exclusiva do Poder Executivo. Ao Poder Legislativo cabe alterar a proposta original, por meio de emendas, ou apenas ratificá-la por meio do voto. Requisitos para a Elaboração da Peça Orçamentária da AssistênciaSocial: I – a definição de diretrizes, objetivos e metas; II – a previsão da organização das ações; III – a provisão de recursos; IV – a definição da forma de acompanhamento das ações; e V – a revisão crítica das propostas, dos processos e dos resultados. GESTÃO DA INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Fonte:www.brazip.com.br A partir da PNAS/2004 a estruturação de um Sistema de Informação, Monitoramento e Avaliação tornou-se uma obrigatoriedade, por ser um caminho necessário para o acompanhamento, a avaliação e o aperfeiçoamento dos projetos existentes. É dessa forma que o monitoramento e avaliação devem ser apreendidos, como exercício permanente comprometido com as repercussões da Política de Assistência Social. A formulação e a implantação de um sistema de monitoramento e avaliação e um Sistema de Informação em Assistência Social são providências urgentes e ferramentas essenciais a serem desencadeadas para a consolidação da Política Nacional de Assistência Social e para a implementação do Sistema Único de Assistência Social. (PNAS, p. 39) A avaliação não pode ser entendida enquanto mero instrumento comparativo entre objetivos propostos e objetivos alcançados, mas como um processo avaliativo, capaz de contextualizar a atividade desde o seu processo de formulação e implementação, e também capaz de oferecer elementos de aperfeiçoamento sistemático. Embora o monitoramento e a avaliação sejam atividades inter-relacionadas, não podem ser consideradas a mesma coisa. A principal articulação da avaliação com o monitoramento é que a avaliação utiliza extensivamente os dados gerados pelo sistema de monitoramento. O monitoramento e a avaliação são complementares, no entanto sem monitoramento a avaliação não pode ser realizada. O monitoramento facilita a avaliação, mas não é o suficiente, pois são necessárias outras informações de outras fontes. A Política Nacional de Assistência Social de 2004 determina a realização de políticas estratégicas de Monitoramento e Avaliação, com o intuito de aferir e aperfeiçoar os projetos existentes, aprimorar o conhecimento sobre os componentes que perfazem a política e sua execução, e contribuir para seu planejamento futuro, tendo como pano de fundo sua contribuição aos escopos institucionais. Frente a isso, deve-se levar em consideração na avaliação de serviços, programas e projetos assistenciais, o eixo de Proteção no qual está inserido, se básica ou especial, de média ou alta complexidade, e elencar indicadores avaliativos condizentes com o eixo de proteção que será avaliado. A Tecnologia da Informação torna-se um instrumento de suma importância na gestão do SUAS, por ser um recurso organizacional estratégico que atua como suporte para o desenvolvimento do Sistema de Informação do Sistema Único de Assistência Social. A informação e sua gestão são consideradas, por meio de ferramentas tecnológicas, como uma mediação lógica, indispensável e estratégica no contexto das políticas governamentais, assim como de outras organizações, visando à agilização de seus processos, ao acompanhamento e ao monitoramento de suas ações. Eficiência, eficácia e efetividade são considerados critérios básicos de avaliação, usualmente propostos para avaliação de políticas públicas, e funcionam ao mesmo tempo como indicadores de avaliação. A eficiência e eficácia são interdependentes, uma pressupõe a outra em termos processuais, pois a eficácia maximiza a eficiência em função do resultado esperado. A eficiência diz respeito às qualidades de um programa, examinada sob os parâmetros técnicos de tempo e de custos. A eficácia é um indicador de grande importância que busca a relação entre as metas previstas, a aplicação de recursos e o realizado, também é um indicador de produtividade das ações desenvolvidas. Já a efetividade é entendida como exame da relação entre a implementação de um determinado programa e seus impactos e/ou resultados, isto é, seu sucesso ou fracasso, em termos de uma efetiva mudança nas condições sociais prévias da vida das populações atingidas pelo programa sob avaliação. Fonte:www.sapodavez.blogspot.com.br RELATÓRIO DE GESTÃO Fonte:www.agenciar8.com.br O Relatório de Gestão é um instrumento que: Demonstra as realizações, os resultados ou os produtos obtidos em função das metas prioritárias estabelecidas no Plano Plurianual de Assistência Social; Demonstra a aplicação dos recursos e os resultados obtidos; Revela os avanços e/ou obstáculos que dificultaram a execução das ações. O Relatório de Gestão deve ser elaborado anualmente, logo após o encerramento das atividades do exercício pelos estados e por todos os municípios habilitados na Gestão Municipal, independente de terem ou não recebido recursos financeiros federais no exercício. Deverá ser apreciado pelo Conselho Estadual/Municipal de Assistência Social, para manifestação de aprovação por Resolução, a ser publicada no Diário Oficial do Estado e anexada ao Relatório de Gestão. Serve, ainda, como prestação de contas dos recursos financeiros repassados pelo Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos Estaduais e Municipais de Assistência Social. O Relatório é composto das seguintes partes: identificação, apresentação, análise avaliativa, síntese físico-financeira e fluxo de encaminhamento. PLANEJAMENTO SOCIAL Fonte: www.agestaosocial.pt/ O planejamento pode ser entendido como um processo de trabalho, que permite transformar a realidade numa direção escolhida; organizar a própria ação; implantar um processo de intervenção na realidade; agir de forma racional; dar clareza e precisão à própria ação; explicitar os fundamentos da ação; pôr em ação um conjunto de técnicas para operacionalizar a ação; e realizar um conjunto orgânico de ações, a fim de aproximar realidade do ideal. O planejamento social está voltado para a organização de intervenções no contexto social. Tem como foco transformar determinada realidade, portanto, surge a partir de um problema social, uma indagação que pode ser estabelecida pelas práticas cotidianas. Tendo como base as questões sociais e o próprio cotidiano, o planejamento social é organizado com vistas à superação dos problemas por meio do cumprimento de etapas específicas que foram previamente pensadas e determinadas em um processo que reconhecemos como planejamento. Esse processo está presente em todas as Políticas Públicas que reconhecemos no contexto social. Todas elas estão organizadas com objetivos determinados e metas a serem cumpridas, evidenciando a transformação social. Um elemento importante no planejamento social é a operacionalização, onde são relacionadas as atividades necessárias para efetuar as decisões tomadas. Nessa fase, o planejador social (o assistente social) deve acompanhar a implantação, o controle e a avaliação do planejamento do projeto social que o mesmo for implantar em determinada instituição pública ou privada. O planejamento social é sempre vinculado a uma política que, por sua vez, é constituída das tensões entre forças sociais presentes numa dada realidade concreta. É sustentado pelos eixos, prioridades, estratégias e direcionado para atenção/superação das demandas próprias àquela política, sem prescindir das suas inelimináveis interfaces. Tem como matéria prima a questão social, em particular aquelas expressões que manifestam uma necessidade coletiva não atendida, constituindo-se em objeto da política, a qual precisa ser reconhecida e incluída. O planejamento é um processo intelectual que envolve análise reflexiva,participação, previsão e decisão. Devendo ser encarado como um processo, que possui várias fases e que permanece em constante transformação, tendo resumidamente na fase inicial a preparação do que se pretende fazer e alcançar; seguido da observação e correção da ação durante o curso e por último a análise dos resultados após o término da ação. Fonte:www.slideplayer.com.br O processo contínuo e dinâmico chamado de planejamento consiste em um conjunto de ações intencionais, unidas e dirigidas para tornar realidade um futuro desejado, possibilitando que as decisões sejam tomadas previamente. Essas ações devem ser moldadas considerando aspectos como o prazo, custos, qualidade, execução. O planejamento deve envolver todos os sujeitos: funcionários e gestores, tratando de forma clara quais são os propósitos, os valores e a missão da organização/instituição, devendo ainda ser administrados os possíveis conflitos advindos dos diferentes posicionamentos e opiniões. Buscando, desta forma, um maior comprometimento de todos, para que através das opiniões, controle e interatividade, possam identificar as prioridades, alinhando as ações aos recursos disponíveis, possibilitando tomar as melhores decisões no caminho para a concretização dos objetivos e metas organizacionais previamente determinados. O planejamento ideal deve contar com o envolvimento da comunidade, com seus sujeitos pensantes participando da sua elaboração e acompanhando a execução e avaliação dos projetos, não como espectadores, mas como integrantes de um processo que visa não só o desenvolvimento individual, mas principalmente o coletivo. Sendo este, uma forma de trabalho que valoriza a contribuição individual e o trabalho em grupo, onde cada pessoa propõe ações e sistematiza os princípios de suas atuações com o objetivo de construir um bem coletivo para o grupo social envolvido. PROJETOS SOCIAIS Primeiramente vamos definir o que são projetos. De acordo com o Dicionário Aurélio, um projeto é uma ideia de executar ou realizar algo no futuro. Um plano. Um empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema. Já a palavra social é definida como da sociedade ou relativo à sociedade, comunidade ou agremiação. Logo, um projeto social é uma ideia, um plano a ser executado para o benefício da sociedade, comunidade, agremiação etc. Fonte:www.empresasvalesjc.com.br Apesar de o termo projeto implicar necessariamente ideias propostas para uma ação futura, convencionou-se, entre os especialistas da área, chamar de projeto tanto o esquema de planejamento como a própria execução das ações planejadas. Assim, se você consultar mais de uma publicação sobre o assunto, encontrará diversas definições, na verdade semelhantes e de certa forma complementares, nas quais os projetos sociais são tratados como meios, empreendimentos, atividades. Ficam, portanto, bem claros alguns pontos relativos a projetos: Têm a intenção de provocar mudanças; têm limites de tempo e recursos; Visam a melhorar as condições de vida dos beneficiários; são ações planejadas e coerentes entre si. A escola continua tendo o papel central no processo educativo, mas pode partilhar responsabilidade criando um espaço de corresponsabilidade em ações que visem a aprofundar o que já está sendo ensinado. Mas por que trabalhar com projetos? Quando um grupo de voluntários decide aliar-se à escola para estabelecer uma parceria, nada mais justo e conveniente do que partir dos desafios existentes e, numa atuação solidária e cooperativa, colocar mãos à obra. Aí entra o projeto que é o planejamento das ações a serem desenvolvidas para fazer frente às necessidades detectadas – num levantamento prévio – pela comunidade escolar e pelos próprios voluntários. Fonte:www.girasp.com.br O projeto tem, então, o propósito de costurar ações e participações, direcionando-as para um objetivo comum que se pretende alcançar. Somam-se forças e maximizam-se resultados sempre que se tem um horizonte único, tarefas integradas e definição clara do papel a ser desempenhado por cada uma das partes envolvidas. E, até que se estabeleça uma relação de confiança e de cooperação entre escola e voluntários é prudente ir se aproximando aos poucos. Transparência e compromisso dos voluntários com a proposta são fatores que reforçam a credibilidade e abrem portas. Por outro lado, uma reunião, uma oficina, atividades recreativas, entre tantas outras possibilidades, são ações pontuais que abrem espaço para se pensar e realizar um projeto coletivo. Por esse caminho é possível saber mais a respeito da realidade e das necessidades das crianças e jovens brasileiros e definir metas e passos do projeto. É por aí, também, que se consegue maior envolvimento e, com isso, maior probabilidade de sucesso. POR QUE PROJETOS SOCIAIS? Fonte:www.stakeholdernews.com.br Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para um outro mundo possível. Uma boa definição é formulada por Domingos Armani: Um projeto é uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo (Armani, 2000:18). Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de negociação entre nossas utopias pessoais e coletivas – o desejo de mudar as coisas –, e as possibilidades concretas que temos para realizar estas mudanças – a realidade. A elaboração de um projeto implica em diagnosticar uma realidade social, identificar contextos sócio históricos, compreender relações institucionais, grupais e comunitárias e, finalmente, planejar uma intervenção, considerando os limites e as oportunidades para a transformação social. Os projetos sociais não são realizações isoladas, ou seja, não mudam o mundo sozinhos. Estão sempre interagindo, através de diferentes modalidades de relação, com políticas e programas voltados para o desenvolvimento social. Um projeto não é uma ilha. Neste sentido, os projetos sociais podem tanto ser indutores de novas políticas públicas, pelo seu caráter demonstrativo de boas práticas sociais, quanto atuarem na gestão e execução de políticas já existentes. Políticas públicas são aquelas ações continuadas no tempo, financiadas principalmente com recursos públicos, voltadas para o atendimento das necessidades coletivas. Resultam de diferentes formas de articulação entre Estado e sociedade. A tomada de decisão quanto à direção das ações de desenvolvimento, sua estruturação em programas e procedimentos específicos, bem como a dotação de recursos, é sancionada por intermédio de atores governamentais. Num modelo de gestão participativa, é desejável que estas políticas resultem de uma boa articulação da sociedade civil com o Estado, permitindo que a sociedade civil compartilhe não apenas a execução, mas, sobretudo, os espaços de tomada de decisão, atuando no planejamento, monitoramento e avaliação destas políticas. O desafio das políticas públicas é assegurar uma relação de participação e boa articulação entre os setores sociais envolvidos nas instâncias de gestão compartilhada. Este é o caso dos conselhos gestores que vêm se estabelecendo em várias áreas das políticas sociais tendo como finalidade um modelo de gestão participativa. Um projeto social é uma unidade menor do que uma política e a estratégiade desenvolvimento social que esta implementa. Os projetos contribuem para transformação de uma problemática social, a partir de uma ação geralmente mais localizada no tempo e focalizada em seus resultados. A política pública envolve um conjunto de ações diversificadas e continuadas no tempo, voltadas para manter e regular a oferta de um determinado bem ou serviço, envolvendo entre estas ações projetos sociais específicos. Finalmente, vale lembrar que há também muitos projetos sociais que não estão diretamente ligados a uma política pública governamental. Operam com recursos públicos e privados provenientes de agências de cooperação internacional. Mas, ainda assim, nestes casos, os projetos estarão ocupando um espaço de mediação e interlocução com as políticas públicas nacionais no campo do desenvolvimento social. Ou seja, também são públicos. Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais? Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação social acontecem em forma de projetos? Por que, de forma crescente, o mais variado tipo de instituições vêm exigindo a apresentação de projetos? Fonte:www.valormercado.com.br Os projetos sociais são uma importante ferramenta de ação, amplamente utilizada pelo Estado e pela Sociedade Civil. Para entender porque os projetos sociais tornaram-se esta ferramenta tão difundida, é necessário perceber as mudanças ocorridas nas últimas décadas, tanto nas esferas estatais como na Sociedade Civil brasileira. Tais mudanças apontam para formas alternativas de implementação das políticas sociais. Em outras palavras, houve uma democratização em aspectos fundamentais da intervenção do Estado na sociedade, tais como eleições livres e diretas, descentralização, formação de mecanismos mais amplos de comunicação e de controle social, implementação de instrumentos de governança com maior visibilidade, além de novas formas de participação na elaboração dos orçamentos e das políticas públicas. Estamos falando de orçamentos participativos, conselhos de direitos, elaboração de estatutos de cidadania, fóruns, entre outras formas de democratização das atividades do Estado. Ao mesmo tempo em que a Sociedade Civil, com sua heterogeneidade, vem se fortalecendo e desenvolvendo novas formas de organizações (não governamentais, redes, entre outras), ela se converte em protagonista da ação social. Isto quer dizer que vem atuando de forma direta nas questões sociais e também participando ativamente na elaboração de políticas públicas. Atualmente, um amplo conjunto de organizações sociais consegue uma melhor articulação entre si e com o Estado no desenvolvimento de agendas de ação conjunta. Fonte:www.escolaobedeedom.com.br ELABORAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados. (PROCHONW, Schaffer, 1999 apud ONU, 1984) Um projeto surge em resposta a um problema concreto. Elaborar um projeto é, antes de qualquer coisa, contribuir para a solução de problemas, transformando IDÉIAS em AÇÕES. O documento chamado projeto é o resultado obtido ao se projetar no papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto de atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão utilizados para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e como serão avaliados os resultados. A organização do projeto em um documento nos auxilia sistematizar o trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer alcançar, identificar as principais deficiências, a superar e apontar possíveis falhas durante a execução das atividades previstas. Alguns itens devem ser observados na formulação de projetos: Estabelecimento correto do problema - deve ser significante em relação aos fatores de sucesso no negócio; deve ter dimensão administrável; deve ser mensurável. Identificação das pessoas e instituições a quem afeta resolver o problema, buscando criar vínculos com os mesmos desde o início do projeto; Busca adequada de fontes de financiamento. 1. Roteiro básico para apresentação de projetos: Os principais itens que compõem a apresentação de um projeto relacionam- se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de uma etapa necessariamente leva à outra. Apresentação de um projeto deve conter os seguintes itens: a) Título do projeto Deve dar uma ideia clara e concisa do(s) objetivo(s) do projeto. b) Caracterização do problema e justificativa A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos resolver, ou transformar. De suma importância, geralmente é um dos elementos que contribui mais diretamente na aprovação do projeto pela(s) entidade(s) financiadora(s). Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade proponente. Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto, o diagnóstico do problema que o projeto se propõe a solucionar, a descrição dos antecedentes do problema, relatando os esforços já realizados ou em curso para resolvê-lo. A justificativa deve apresentar respostas a questão POR QUÊ? Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado? Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão: Qual a importância desse problema/questão para a comunidade? Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa região ou nessa temática? Qual a possível relação e atividades semelhantes ou complementares entre eles e o projeto proposto? Quais os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados pela comunidade e os resultados para a região? c) Objetivos A especificação do objetivo responde as questões: PARA QUE? e PARA QUEM? A formulação do objetivo de um projeto pode considerar de alguma maneira a reformulação futura, positiva das atuais condições negativas do problema. Os objetivos devem ser formulados sempre como a solução de um problema e o aproveitamento de uma oportunidade. Estes objetivos são mais genéricos e não podem ser assegurados somente pelo sucesso do projeto, dependem de outras condicionantes. Importante distinguir dois tipos de objetivos: Objetivo Geral: Corresponde ao produto final que o projeto quer atingir. Deve expressar o que se quer alcançar na região em longo prazo, ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto. O projeto não pode ser visto como fim em si mesmo, mas como um meio para alcançar um fim maior. Objetivos específicos: Corresponde às ações que se propõe a executar dentro de um determinado período de tempo. Também podem ser chamados de resultados esperados e devem se realizar até o final do projeto. d) Metas A metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos, são os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou QUANTO será feito. A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é conveniente para avaliar os avanços. Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para que o queremos? Quando o queremos? Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um determinado tipo de organização, devemos descrevê-los adequadamente. Por exemplo, devemos informar a quantidade depessoas que queremos atingir, o sexo, a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos referindo. Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão evidenciar seu alcance. Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma forma ou outra. e) Metodologia A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para executar o projeto. A especificação da metodologia do projeto é a que abrange número de itens, pois respondem, a um só tempo, as questões COMO? COM QUE? ONDE? QUANTO? A Metodologia deve corresponder às seguintes questões: Como o projeto vai atingir seus objetivos? Como começarão as atividades? Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades? Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do grupo social? Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico, intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) serão adotados e como será sua avaliação e divulgação. É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências bibliográficas. Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza de que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das instituições que elaborarem projetos. Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais: a gestão participativa, o acompanhamento técnico sistemático e continuado e o desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida. f) Cronograma O cronograma responde a pergunta QUANDO? Os projetos, como já foram comentados, são temporalmente bem definidos quando possuem datas de início e término preestabelecidas. As atividades que serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo. O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão se dar e permite uma rápida visualização da sequência em que devem acontecer. g) Orçamento Respondendo à questão COM QUANTO? O orçamento é um resumo ou cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando serão gastos os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-se observar que existem diferentes tipos de despesas que podem ser agrupadas de forma homogênea como, por exemplo: material de consumo; custos administrativos, equipe permanente; serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos, máquinas e equipamentos; obras e instalações. No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo. h) Revisão Bibliográfica Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos ao nível conceitual/teórico. A EMPRESA E SEU PAPEL SOCIAL Segundo Antoninho Marmo Trevisan, apesar de todas as dificuldades que enfrenta no seu dia-a-dia, o empresariado nacional percebeu a sua função de protagonista no contexto das mudanças sociais. O Estado não tem condições de oferecer respostas tão ágeis e rápidas aos problemas da população como as empresas, que em tempos de alta competitividade, estão acostumadas a atuarem com mais eficiência no seu dia-a-dia. Assim, o setor privado tomou consciência de que precisa ter uma participação maciça no ambiente social e comunitário porque é parte integrante dele, e, portanto depende de seu correto funcionamento. Fonte: www.nutriceler.com/ Os resultados obtidos por diversas empresas no âmbito social indicam que o empresariado é também parte modificadora desse ambiente. As empresas estão assumindo a sua responsabilidade social e promovendo uma verdadeira revolução cívica. Segundo pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, com 2.830 empresas que já se preocupam com sua atuação social, são investidos cerca de R$ 98 mil por empresa em média por ano em projetos que beneficiam aproximadamente 37 milhões de pessoas. Além disso, 67% dos funcionários dessas empresas atuam de forma voluntária em projetos sociais. Pode-se dizer também, que quem investe em empresas que respeitam o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior retorno. Recente estudo feito pelo Finance Institute for Global Sustentability (Figs), uma entidade que mapeia o desempenho de meia centena de fundos de investimento éticos, indica que três quartos desse tipo de investimento teve um retorno superior à média, em 2.000. Esses fundos são chamados éticos porque favorecem empresas social e ambientalmente corretas. Há dois anos o Figs encontrou apenas dois fundos desse tipo. No final do ano passado já eram 60 fundos que movimentavam US$ 15 bilhões de dólares. Um fato que me chamou a atenção definitivamente para o avanço da responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último congresso anual dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais da área examinaram pela primeira vez o papel social do contador. Certamente, há alguns anos, um tema desse tipo não atrairia mais que uma dezena de contadores. Fonte:www.msarh.com.br A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar os problemas sociais ao invés de deixá-los para o Estado. Assim, impõe-se às empresas uma mudança no processo de condução desses assuntos, que assumem uma posição mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa. Vale lembrar que os brasileiros estão cada vez mais predispostos a punirem empresas que não sejam socialmente responsáveis. A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava. Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um caráter prático porque colocam as pessoas, e não a instituição estatal, em contato direto com a problemática social dos nossos tempos. RESPONSABILIDADE SOCIAL As transformações socioeconômicas dos últimos 20 anos têm afetado profundamente o comportamento de empresas até então acostumadas à pura e exclusiva maximização do lucro. Se por um lado o setor privado tem cada vez mais lugar de destaque na criação de riqueza; por outro lado, é bem sabido que com grande poder, vem grande responsabilidade. Em função da capacidade criativa já existente, e dos recursos financeiros e humanos já disponíveis, empresas têm uma intrínseca responsabilidade social. A ideia de responsabilidade social incorporada aos negócios é, portanto, relativamente recente. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se veem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações. Infelizmente, muitos ainda confundem o conceito com filantropia, mas as razões por trás desse paradigma não interessam somente ao bem estar social, mas também envolvem melhor performance nos negócios e, consequentemente, maior lucratividade. Fonte:www.slideplayer.com.br A busca da responsabilidade social corporativa tem, grosso modo, as seguintescaracterísticas: É plural. Empresas não devem satisfações apenas aos seus acionistas. Muito pelo contrário. O mercado deve agora prestar contas aos funcionários, à mídia, ao governo, ao setor não governamental e ambiental e, por fim, às comunidades com que opera. Empresas só têm a ganhar na inclusão de novos parceiros sociais em seus processos decisórios. Um diálogo mais participativo não apenas representa uma mudança de comportamento da empresa, mas também significa maior legitimidade social. É distributiva. A responsabilidade social nos negócios é um conceito que se aplica a toda a cadeia produtiva. Não somente o produto final deve ser avaliado por fatores ambientais ou sociais, mas o conceito é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como consumidores, empresas também são responsáveis por seus fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e serviços usados ao longo de seus processos produtivos. É sustentável. Responsabilidade social anda de mãos dadas com o conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade, não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais ampla. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e por fim leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é por natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais. É transparente. A globalização traz consigo demandas por transparência. Não mais nos bastam mais os livros contábeis. Empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas tomadas para prevenção ou compensação de acidentes. Nesse sentido, empresas serão obrigadas a publicar relatórios anuais, onde seu desempenho é aferida nas mais diferentes modalidades possíveis. Muitas empresas já o fazem em caráter voluntário, mas muitos preveem que relatórios socioambientais serão compulsórios num futuro próximo. Muito do debate sobre a responsabilidade social empresarial já foi desenvolvido mundo afora, mas o Brasil tem dado passos largos no sentido da profissionalização do setor e da busca por estratégias de inclusão social através do setor privado. BIBLIOGRAFIA ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos? Guia Prático para a elaboração e gestão de projetos sociais- ISBN, 2000. BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento social: intencionalidade e instrumentação. 2. ed. São Paulo: Veras, 2010. 155 p. (Série livro texto; n.1). BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. São Paulo: Veras, 2000. BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento: introdução à metodologia do planejamento social. 2ª edição. São Paulo: Cortez &Moraes ltda. 1978, p. 13-18. BARBOSA, Mario da Costa. Planejamento e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1990. BARBOSA, Mário da Costa. Planejamento e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1991. BONDER, Cíntia. O assistente social e o planejamento participativo. In Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 78, julho 2004. BOTREL, M. de O.; ARAÚJO, P. G. de; PEREIRA, J. R. Entre a Gestão Pública e a Gestão Social de Bens Culturais no Brasil. In Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social, 4, 2010, Lavras. Anais..., Lavras: INCUBACOOP, 2010. 1 CD ROM. BRASIL (2004). Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 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LEITURA COMPLEMENTAR MONITORAMENTO DE PROJETOS SOCIAIS: UM DESAFIO PARA AS ALIANÇAS INTERSETORIAIS Autores: Monica Bose, Cristina Fedato, Luciana Rocha de Mendonça Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Monica_Bose/publication/26143746 1_Monitoramento_de_Projetos_Sociais_um_Desafio_para_as_Aliancas_ Intersetoriais/links/0c96053443d0795565000000.pdf Acesso: 25 de janeiro de 2017 RESUMO: Este artigo fundamentou-se na pesquisa “Alianças Estratégicas Intersetoriais para Atuação Social”, realizada pelo CEATS, com apoio da Ford Foundation, entre 2001 e 2002. Entre os aspectos mais importantes da atuação social empresarial através de alianças intersetoriais, a pesquisa permitiu observar que o monitoramento e a avaliação dos projetos realizados em parceria se coloca como um dos principais desafios para as organizações que empreendem tais ações. Esta constatação baseia- se nas respostas obtidas na primeira fase da pesquisa, um survey com 385 empresas, e na segunda etapa da pesquisa, onde foram entrevistadas 60 empresas e 41 organizações de primeiro, segundo e terceiro setores, que possuem alianças para atuação social. A partir dos dados levantados na pesquisa e de revisão bibliográfica sobre o tema, este artigo discute os principais desafios que surgem no planejamento da aliança e no estabelecimento e utilização de indicadores para avaliação de resultados e monitoramento dos projetos sociais. Estes aspectos são discutidos a partir de sua importância para a geração de valor na aliança e no alinhamento de expectativas e objetivos dos parceiros envolvidos, visando trazer contribuições para a potencialização da qualidade dos projetos sociais. INTRODUÇÃO: A busca do desenvolvimento social através da colaboração entre organizações públicas e privadas, com e sem fins lucrativos, tem se intensificado desde a última década do século XX e adquirido novos contornos a partir da redefinição e redistribuição de papéis entre estes atores. Observa-se o crescimento da preocupação com questões sociais por parte das empresas, vinculada, em parte, à importância que questões relacionadas à marca e imagem passaram a ter no mercado mais competitivo. Paralelamente, as organizações de terceiro setor vêm conquistando mais espaço e assumindo atividades antes exclusivas das organizações governamentais, especialmente frente à carência de políticas públicas em diversas áreas. Forma-se, desta forma um novo cenário onde a busca de soluções para os complexos problemas sociais deixa de ser resumida a uma obrigação do Estado, uma luta das organizações da sociedade civil ou um dever empresarial, abrindo espaço para que a colaboração intersetorial transpasse estes limites, exigindo que estes atores se posicionem de uma nova forma, a partir da revisão de suas competências e potencialidades. Conhecer as práticas de atuação social empresarial, especialmente aquelas viabilizadas através de parcerias, foi o foco da pesquisa “Alianças Estratégicas Intersetoriais para Atuação Social”, realizada pelo CEATS, com apoio da Ford Foundation, em 2001/2002. Parte da riqueza existente na atuação social das empresas no Brasil pode ser observada a partir dos resultados obtido nesta pesquisa. Tendo como p no de fundo as mudanças recent s no ambiente socioeconômico, foi possível perceber que as empresas apresentam diversas formas de trabalhar sua relação com a sociedade. Elas desenvolvem iniciativas sociais interna ou externamente, em um ou mais projetos, através de doações esporádicas ou mantendo projetos duradouros, utilizando ou não ferramentas de gestão e avaliação, entre outras formas. Neste contexto, o estabelecimento de alianças entre empresas, órgãos de governo e organizações da sociedade civil surge como uma forte tendência para o desenvolvimento de projetos sociais. Pesquisas internacionaisi mostram que as alianças intersetoriais podem ser importantes veículos para a realização da missão das organizações sem fins lucrativos e das empresas. A pesquisa realizada permitiu comprovar que, seguindo a tendência de outros países, a atuação social baseada em alianças intersetoriais tem se intensificado no Brasil. Organizações com e sem fins lucrativos e governamentais reconhecem que há benefícios inerentes ao estabelecimento de parcerias sociais, especialmente no tocante à otimização de competências complementares e à potencialização dos resultados sociais dos projetos. No entanto, ainda há uma série de desafios relacionados, principalmente, às diferentes culturas organizacionais, linguagens e formas de trabalho das organizações de setores distintos. Também há dificuldades em relação ao alinhamento de objetivos, estratégias e valor esperado entre as organizações aliadas, o que, entre outras coisas, gera problemas na definição de indicadores de resultados e no monitoramento das alianças. Esta questão se mostra particularmente importante, pois, para que todo o potencial das alianças intersetoriais seja utilizado, trazendo benefícios para os parceiros e o público beneficiado, estas parcerias devem ser estruturadas e mantidas sobre fortes alicerces, que contemplam a clara definição dos papéis e atribuições de cada um dos colaboradores, o estabelecimento e a utilização sistemática de indicadores de avaliação de resultados e monitoramento, os quais aparecem como os principais desafios para os parceiros sociais pesquisados. PROBLEMA DE PESQUISA E MÉTODO: O conceito de Alianças Estratégicas Intersetoriais, neste estudo, refere-se a todas as formas de colaboração ou trabalho conjunto que as empresas, ou suas fundações e institutos mantêm com organizações da sociedade civil e de governo para realizar práticas de Atuação Social. Com esta forma de cooperação intersetorial não se pretende substituir o papel do Estado em suas responsabilidades deelaborar políticas sociais, tampouco, atribuir às organizações da sociedade civil os papéis de operadoras dos serviços públicos. A premissa é que as alianças podem constituir-se em um modelo eficaz de atuação social. Na medida em que promovem sinergia entre as competências essenciais das organizações, as alianças criam espaços de fortalecimento da cidadania. Conhecer o funcionamento destas alianças é, portanto, essencial para aperfeiçoar as práticas sociais e desvendar caminhos inovadores de empreendedorismo social. A pesquisa Alianças Estratégicas Intersetoriais foi concebida em 3 etapas. Na primeira, foi realizado um survey no último trimestre de 2001, abrangendo uma amostra intencional de empresas que possuíam algum histórico de atuação social. Desta amostra inicial, 423 questionários foram respondidos, destes, 91,0% mantinham práticas de atuação social. Entre eles, 85% executavam seus projetos e programas sociais através de alianças intersetoriais. Uma sub-amostra de 60 empresas, que haviam participado do survey fez parte da segunda etapa da pesquisa, realizada no primeiro semestre de 2002, na qual foram levantados e analisados dados qualitativos sobre a formação e manutenção de alianças. Foi constituída uma amostra adicional de 41 organizações aliadas a estas empresas, das quais 73% eram organizações do Terceiro Setor, 20% órgãos governamentais e 7% outras empresas. Nesta fase foram realizadas entrevistas com base em um roteiro semi- estruturado, cujos dados foram analisados através de um processo de análise de conteúdo, que, conforme definido por Bardin (1977), consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Todo o material coletado foi analisado e os principais aspectos identificados passaram por um processo de categorização, que consiste na classificação, por diferenciação, das respostas obtidas em cada questão de interesse, seguida do reagrupamento com base nos critérios (categorias) definidos anteriormente. Assim, obteve-se, um conjunto de categorias com sua respectiva distribuição de frequências e citações, que serviram como base para a análise qualitativa das entrevistas. A última fase contemplou a elaboração de estudos de caso. Nesta fase, os produtos das etapas anteriores geraram subsídios para o aprofundamento de temas relevantes relacionados às alianças intersetoriais para atuação social e foram expostos em seminários com vistas ao debate, aperfeiçoamento e divulgação das análises e conclusões. É importante ressaltar que a amostra foi definida de foram intencional, não sendo, portanto, representativa do total de empresas que compõem o universo. Ainda como uma limitação da segunda fase do estudo, ressalta-se o fato de se tratar de uma pesquisa qualitativa, cujos resultados não são generalizáveis, correspondendo a situações próprias da amostra pesquisada. Este artigo apresenta e discute alguns dos resultados obtidos na primeira e, principalmente, na segunda fase da pesquisa, com base nos quais busca-se aprofundar a discussão sobre a gestão de alianças intersetoriais e, particularmente, as dificuldades encontradas para que o monitoramento e avaliação dos projetos sociais realizados em parceria sejam feitos de forma efetiva e através de indicadores consistentes. ANÁLISE E DISCUSSÃO: A pesquisa Alianças Estratégicas Intersetoriais procurou identificar e analisar como a redefinição dos papéis sociais do Estado, Mercado e Terceiro Setor e da própria comunidade tem gerado o desenvolvimento de novas formas de executar as ações sociais. A racionalidade para o estabelecimento de alianças intersetoriais reside na complexidade e interdependência das questões sociais atuais, pois não há nenhum setor ou instituição capaz de, isoladamente, responder aos desafios que se apresentam à sociedade. Ou seja, a complementaridade entre os três setores, e não a substituição de um pelo outro, leva a resultados mais satisfatórios, tanto para as organizações envolvidas, quanto para a sociedade. Sob esta ótica, o estabelecimento e manutenção de alianças Inter setoriais possui uma questão central voltada para o valor desta cooperação para cada um dos parceiros envolvidos. Conforme afirma Austin (2001), toda relação envolve uma troca de valor, e a magnitude, a forma, a fonte e a distribuição desse valor estão no cerne da dinâmica relacional. Portanto, a geração e a manutenção do valor em uma parceria são determinantes para a sua continuidade. Para que uma aliança intersetorial se sustente é fundamental que ocorra uma contínua geração de valor para os parceiros e, mais do que isso, é necessário que este valor gerado seja mensurado e constantemente monitorado. Para tanto, há que existir organização, confiança mútua, comunicação, definição de papéis e intercâmbio de valor. Para isso, é importante, a cada aliança, delinear sistematicamente: - Por que; - O que; - Com quem; - Quando; - Como desenvolver e administrar o relacionamento. Este exercício pode ajudar as organizações a identificar a função e o valor da cooperação para as suas estratégias e orientá-las na busca de um parceiro compatível com seus objetivos. Além de propiciar uma análise temporal do início e dos passos que a aliança pode seguir, o que permite conceber a aliança estratégica intersetorial como um processo de atuação social que evolui com o tempo e que pode crescer e atingir a maturidade. Na realidade brasileira, a pesquisa permitiu identificar que raramente há um planejamento prévio dos projetos desenvolvidos em parceria, suas etapas e os resultados esperados em cada uma delas. Mesmo a forma como é feita a escolha dos parceiros não é pautada na estratégia do trabalho a ser desenvolvido, focalizando-se apenas na busca de eficiência e know-how que motiva a organização a buscar alianças. Assim, ao definir uma área foco ou um público específico para o desenvolvimento dos projetos, as empresas passam a buscar parceiros que sejam reconhecidos e tenham experiência nesta área. Nesta dinâmica, na maior parte das vezes, as organizações parceiras são selecionadas pelas empresas, indicando que, embora as organizações da sociedade civil tenham necessidade de captar recursos, são as empresas que lideram o processo de busca de um parceiro potencial. Pode-se questionar aqui se as organizações da sociedade civil não deveriam ser mais proativas em busca de novos parceiros; ou se as empresas tendem a ser pouco receptivas às organizações que as procuram e preferem estabelecer parcerias com aquelas que elegem conforme seus próprios critérios. Entretanto algumas organizações de terceiro setor, que participaram da pesquisa qualitativa, afirmaram possuir critérios de escolha com relação às empresas com as quais estabelecem parceiras. Estes critérios são, na verdade, restrições sobre que empresas desejam ter como parceiras e quais não aceitam de forma alguma. Em alguns casos relatados, o grande receio da organização não é a empresa em si, mas a postura assumida por ela em relação aos propósitos que devem fazer parte do acordo. Esta ausência de estratégia para o estabelecimento de alianças acaba resultando na falta de indicadores de resultados que propiciem a avaliação e comparação com outras iniciativas na mesma área, uma vez que os projetos se concretizam como casos isolados, construídos com baseem necessidades e interesses pontuais, próprios de determinadas situações e contextos. Outro aspecto a ser ressaltado é o fato de que quanto mais central a aliança for para a missão e para a estratégia de cada parceiro, mais forte será a parceria, pois a compatibilidade de valores institucionais é parte integrante da cooperação sustentável. Os parceiros não precisam ter valores inteiramente congruentes, porém as diferenças precisam permanecer em limites aceitáveis; valores conflitantes serão barreiras à cooperação. Assim, de acordo com Austin (2001), é preciso avaliar se: - as missões das organizações têm pontos em comum; - se a aliança é importante para ambas; - se as necessidades e capacidades dos parceiros são passíveis de integração; - e se eles têm valores organizacionais semelhantes. Finalmente, o autor ressalta a importância de que os parceiros sejam claros quanto aos seus objetivos mútuos em relação à cooperação, identificando os múltiplos benefícios para cada parte e para a sociedade como um todo, pois o valor social gerado pela cooperação pode variar bastante em função do propósito da aliança. Além disso, é importante analisar o valor social incremental gerado pela cooperação em comparação com o valor criado pelos parceiros individualmente. Para que isto ocorra, os parceiros precisam ser capazes de avaliar cuidadosamente os recursos potenciais e reais envolvidos na aliança, pois as organizações podem alcançar benefícios provenientes da economia de custos, de escala, de escopo e da sinergia entre si. Estes benefícios podem surgir se, através da aliança, a organização conseguir eliminar custos duplos e capacidade excedente por meio do compartilhamento de instalações, serviços ou atividades; se houver aumento da visibilidade dos parceiros e de sua esfera de impacto, melhorando potencialmente sua imagem e credibilidade; e se forem reunidas capacidades complementares de duas ou mais instituições, já que nenhuma organização isolada possui todos os elementos necessários para abordar com eficácia uma necessidade social. A pesquisa Alianças Estratégicas Intersetoriais mostrou que estes benefícios têm sido buscados pelas empresas brasileiras. O aumento de eficiência, apontado por 74% das empresas respondentes, e a competência da organização parceira, apontada por 64%, foram as principais razões apontadas para o estabelecimento de alianças intersetoriais pelas empresas pesquisadas. Além de serem potencialmente mais efetivas, as parcerias acabam por desobrigar as empresas de adquirir um know-how que não possuem e que não faz parte, na maioria das vezes, das competências necessárias para a operação de seu negócio. Com a participação de um parceiro que conhece a área de atuação, a troca de experiências se torna possível, já que a empresa pode entrar com as competências que possui e expandir a atuação de uma organização existente, que por sua vez, pode levar à empresa a diferente dinâmica do trabalho social. De acordo com a pesquisa, a maioria das empresas também percebe benefícios relacionados à estratégia empresarial, desenvolvimento de recursos humanos, aperfeiçoamento de padrões culturais e geração de inovações nos negócios. O engajamento empresarial com causas comunitárias e sociais não pode ser visto simplesmente como altruísmo, ele também pode ser importante para a estratégia da empresa. Os principais benefícios identificados, pela maioria das organizações de terceiro setor que participaram da pesquisa realizada, se relacionam à captação de recursos e à capacitação em gestão. Benefício em termos do aumento da capacidade de atendimento e da esfera de impacto do projeto também foram citados com elevada frequência pelas organizações. Na criação conjunta de valor, os benefícios não são nem transferências bilaterais nem trocas de recursos, mas produtos ou serviços conjuntos, derivados da combinação das competências e dos recursos organizacionais. Os resultados compartilhados da atuação social devem ser observáveis e, sempre que possível, passíveis de avaliação objetiva. Uma característica marcante das alianças estudadas, de acordo com as declarações das organizações e empresas entrevistadas, é o fato de que estas parcerias se integram ao longo do processo colaborativo, ou seja, o planejamento e análise da viabilidade da colaboração poucas vezes ocorrem no início do relacionamento. Nem mesmo as expectativas e capacidades de cada organização são estabelecidas claramente. Isto não significa que os parceiros desconheçam os objetivos e a finalidade da aliança, ao contrário, é isto que os move. A dificuldade reside na definição de papéis prévia e claramente. Um desdobramento disso relaciona-se à dificuldade em estabelecer indicadores para mensuração e monitoramento dos processos, resultados e impactos dos projetos sociais. Esta dificuldade é intensificada, por um lado, pela falta de experiência das organizações de Terceiro Setor em trabalhar com indicadores de processo e de resultados e, por outro, pelo desconhecimento por parte das empresas das dificuldades em se trabalhar com realidades sociais complexas. Além disso, empresas que empregam cálculos de retorno sobre seus investimentos, costumam se frustrar com os métodos pouco precisos de apurar o retorno sobre investimentos sociais. A diversidade de projetos e de resultados possíveis complica o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação. O impacto de programas voltados, por exemplo, para melhorias na qualidade de vida pode demorar muito tempo para aparecer e ser difícil de medir com precisão. Além disso, nem sempre é possível uma vinculação direta entre o programa e os resultados na sociedade, já que podem existir outros fatores que exercem alguma influência sobre o contexto. Apesar das dificuldades, o processo de avaliação e monitoramento é importante para o acompanhamento e melhoria dos processos e resultados e para a efetividade das ações, além de facilitar a transparência e a prestação de contas entre as organizações aliadas e para a sociedade. A avaliação de projetos e programas é um tema extenso e complexo, prestando-se a várias abordagens, principalmente quando se trata da área social. De acordo com Marino (2001), a avaliação de projetos pode ser conceituada como: um “processo sistemático de delineamento, obtenção e fornecimento de informações úteis ao julgamento de alternativas de decisão sobre determinado objeto.” Tal avaliação faz parte de uma lógica de elaboração de projetos que se inicia com um diagnóstico do problema, planejamento da ação, implementação, avaliação e disseminação. Pogoda et alii (2003) ressaltam as diversas dimensões que devem ser consideradas no estudo deste tema, a partir da reflexão de importantes pesquisadores brasileiros. Algumas destas abordagens são descritas a seguir. Segundo Marino (1998) “a aprendizagem do adulto no contexto organizacional ou em outros sistemas sociais, só é possível através de um processo contínuo de ação e reflexão. A reflexão ocupa um papel fundamental: provocar mudanças nas ações dos indivíduos. E te é especificamente o papel da avaliação: construir momentos reflexivos que permitam aos indivíduos a análise da realidade e dos fatos, para daí direcionarem suas ações, aprendendo pela experiência”. Assim, o papel da avaliação transcende a mera questão fiscalizadora ou controladora, abrangendo uma intensa reflexão que deve ser feita com todos os envolvidos no processo. Assim como divergem as abordagens sobre o tema da avaliação, o conceito envolvido também é marcado pela heterogeneidade de definições. Entre osconceitos existentes destacasse o proposto por Chianca (2001), que fornece uma definição útil para o escopo do presente texto: A coleta sistemática de informações sobre as ações, as características e os resultados de um programa, e a identificação, esclarecimento e aplicação de critérios, passíveis de serem defendidos publicamente, para determinar o valor (mérito e relevância), qualidade, utilidade, efetividade ou importância do programa sendo avaliado em relação aos critérios estabelecidos, gerando recomendações para melhorá-lo e as informações para prestar contas aos públicos interno e externo ao programa. Ao tratar do tema observando a cultura das organizações de terceiro setor, Adulis (2002) considera que a avaliação ainda é vista como uma atividade isolada, realizada geralmente ao término de um projeto, com o propósito de controle ou fiscalização. Segundo Marino (1998), as organizações que veem a avaliação como mecanismo de controle e transformam em objeto passivo o indivíduo que está sendo avaliado, correm o risco de despertar uma atitude negativa nos participantes, o que resulta em superficialidade, ocultação ou até alteração de informações essenciais para a credibilidade do que se quer avaliar. Em decorrência dessas considerações, surge a necessidade de diferenciar um programa de um projeto social. O que foi feito por Armani (2001), que procurou “identificar três níveis de formulação da ação social: - o nível dos grandes objetivos e eixos estratégicos de ação (a política); - um nível intermediário em que as políticas são traduzidas em linhas mestras de ações temáticas e/ou setoriais (programas); e - o nível das ações concretas, delimitadas no tempo, no espaço e pelos recursos existentes, para realizar os programas e as políticas, ou seja, os projetos. No contexto de programa, permanecem as atividades que são oferecidas em bases contínuas. Já no contexto de projeto, ficam as atividades que são oferecidas por um período determinado de tempo. Todos estes níveis geralmente estão compreendidos nas ações realizadas através de alianças intersetoriais para atuação social, e devem ser contemplados desde o planejamento inicial das atividades, para identificar e desenvolver indicadores de resultados. Segundo Valarelli (1999), indicadores são parâmetros qualificados e/ou quantificados que servem para detalhar em que medida os objetivos de um projeto foram alcançados, dentro de um prazo delimitado de tempo e numa localidade específica. Os indicadores são marcas ou sinalizadores, que buscam expressar e demonstrar a realidade sob uma forma que seja possível observar e obter dados mais concretos para melhorar a avaliação. Os indicadores indicam mas não são a própria realidade. Baseiam-se na identificação de uma variável, ou seja, algum aspecto que varia de estado ou situação, variação esta que consideramos capaz de expressar um fenômeno que nos interessa. Marino (1998) considera que os objetivos do projeto ou programa e as perguntas formuladas para orientar a avaliação são importantes fontes para se definir os indicadores de resultados parciais ou finais. Para Armani (2001), um bom sistema de indicadores deve: - ter mais indicadores nos níveis de atividades e resultados e menos no nível de objetivo geral; - conter um número de indicadores adequado para o projeto, trazendo informações importantes, porém não em excesso, de modo a facilitar a operacionalização da avaliação; - fazer com que o processo de definição de indicadores seja o mais participativo possível, envolvendo todos os principais atores do projeto; - promover reflexões periódicas com os atores ao longo de todo o projeto; - explicitar os meios de verificação e coleta de dados, bem como seus responsáveis; - buscar fazer uso de informações já existentes ou de simples produção, com o objetivo de otimizar o uso de recursos. Tratando propriamente da questão da avaliação e do monitoramento de alianças intersetoriais, Austin (2001) propõe algumas dimensões estratégicas, denominadas 7 Cs da Aliança Estratégica que precisam ser monitoradas para facilitar o aprimoramento das alianças intersetoriais: 1. Conexão com o propósito e com as pessoas 2. Clareza de propósito 3. Congruência de missão, de estratégia e de valores 4. Criação de valor 5. Comunicação entre os parceiros 6. Continuidade de aprendizado 7. Compromisso com a parceria Com base nestes conceitos, tem-se que os processos avaliativos precisam apresentar uma abordagem pluralista, que envolva aspectos qualitativos e quantitativos, centrada nas relações entre o sistema de ação e a lógica dos atores. Os processos são enriquecidos quando há o envolvimento de diferentes atores e a preocupação em se criar um sistema diversificado de indicadores, combinando conceitos, meios de coleta e responsáveis diferentes. É possível perceber a partir das entrevistas realizadas na pesquisa Alianças Estratégicas Intersetoriais para Atuação Social, as dificuldades que as organizações aliadas enfrentam em relação aos aspectos de avaliação e monitoramento. Embora algumas vezes a atuação social esteja contemplada no planejamento estratégico da empresa, e a apresentação de resultados seja condicionante para a obtenção de recursos, a coleta e a mensuração de dados são feitas de forma pouco estruturada. Muitas dificuldades residem na definição de indicadores para mensuração e monitoramento dos projetos, pois, na maior parte das vezes, as organizações não conseguem ter claras as diferenças entre indicadores de processo, de resultados e de impacto e acabam trabalhando com medidas subjetivas. Tanto as organizações de terceiro setor quanto as empresas e órgãos de governo mostraram, na pesquisa, que a maior parte das alianças intersetoriais utiliza indicadores de resultado formulados no decorrer do relacionamento, com pouca preocupação em relação à formalização do método de coleta e de análise dos dados. Os indicadores encontrados nas alianças estudadas, na maioria das vezes, são baseados em análises subjetivas, como a percepção de voluntários através da observação ou resultados de reuniões mensais, que acabam por caracterizar apenas percepções sobre os fatos. Esta falta de clareza quanto à existência de diferenças entre os tipos de indicadores, suas finalidades e como eles podem ser coletados pode ser percebida nos seguintes depoimentos: O monitoramento é feito nas diversas fases, relaciona-se ao uso do dinheiro e às atividades vinculadas a estas despesas. Porém, as avaliações são feitas por percepção nas reuniões mensais do projeto, onde a empresa recebe um feedback do parceiro e/ou do público-alvo. (Empresa do setor de serviços públicos) Usamos os indicadores de cada projeto. (...) Já percebemos que os impactos dos projetos são normalmente pequenos, que é um trabalho que gera resultados, mas que atinge poucas pessoas por vez. Para quem está acostumado a medir as coisas com grandezas como toneladas, milhares e milhões, atingir 20 crianças em um projeto soa como pouco ou pequeno, porém consideramos este um grande aprendizado, trabalhar com medidas diferentes. (Empresa do setor de comércio varejista) As organizações da sociedade civil também percebem esta fraqueza e tentam compensá-la elaborando relatórios de atividades, prestando contas de receitas e despesas e acompanhando cronogramas. Elas afirmam fazer isto pela necessidade, cada vez maior, de manter a transparência em relação às suas ações. Esta carência na definição de indicadores decorre, em parte, da falta de planejamento de longo prazo. Raramente a definição
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