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Semiologia da febre e hidratação Prof Paula Afonso Rodrigues de Carvalho Disciplina: Semiologia I UFJF Campus GV Febre Febre (ou Pirexia) É a temperatura corporal acima da faixa da normalidade. Pode ser causada por transtornos no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que influenciam os centros termorreguladores. PIROGÊNIOS - substâncias que atuam no termostato hipotalâmico. - secretados por bactérias ou liberados dos tecidos em degeneração. Lembrar: é um sinal vital (importante no direcionamento da avaliação!) 3 Temperatura corporal A temperatura do interior do corpo permanece quase constante, em uma variação de 0,6°C, enquanto que a temperatura da pele varia de acordo com a temperatura ao seu redor Variação diurna, sendo que os níveis mais baixos ocorrem no início da manhã, e os mais elevados entre às 16 e 20 horas. A diferença entre as temperaturas pode chegar a 1 ,0°- 1 ,5°C Os valores térmicos estão aumentados em certas condições, tais como refeições, exercícios físicos intensos, gravidez ou ovulação 4 Temperatura corporal Produção de calor: taxa de metabolismo basal das células, taxa de metabolismo extra das células musculares, sobre efeito da tiroxina e estimulação simpática, digestão Perda de calor: calor é transferido dos órgãos profundos para a pele (arteríolas e anastomoses arteriovenosas) e daí perdido para o ar e meio ambiente Irradiação Condução Convecção Evaporação 5 REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL Termostato localizado no hipotálamo: produção de calor mecanismos que interferem em sua perda Receptores térmicos (nas vísceras, na pele) que informam ao centro termorregulador hipotalâmico as variações existentes. Mecanismos de diminuição de temperatura: Vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos Sudorese Diminuição da produção de calor Mecanismos de elevação da temperatura: Vasoconstrição dos vasos sanguineos cutâneos Aumento da termogênese Calafrios e aumento da produção de tiroxina 6 Tipos de termômetros Termômetro clínico (mercúrio): registram temperaturas entre 35°C e 42°C. Termômetro eletrônico: têm como limites 32°C e 43°C Termômetro eletrônico de membrana timpânica - infravermelho: - ouvido: melhor para avaliar temperatura central, pouco aceito na prática clínica - testa/ fronte: pediatria Locais de verificação da temperatura Axilar, oral, retal, timpânico, arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e vesical. No Brasil: oco AXILAR Higiene da axila e do termômetro. O termômetro deve ser conservado em álcool absoluto ou álcool iodado Cavidade oral: região sublingual. Necessário termômetros individuais. Retal: ampola retal. Individual e bulbo redondo TEMPERATURAS NORMAIS Temperatura axilar: 35,5 a 37°C, com média de 36 a 36,5°C Temperatura bucal: 36 a 37,4°C Temperatura retal: 36 a 37,5°C, ou seja, 0,5°C maior que a axilar. Porto MECANISMOS DA FEBRE 10 MECANISMOS DA FEBRE Significado biológico da febre A febre é benéfica ou não? em algumas doenças infecciosas: SIM (acelera fagocitose, produção anticorpos, mecanismos defesas) em neoplasias: NÃO A febre é um sinal de alerta!!!!! HIPERTERMIA Elevação da temperatura corporal sem aumento da temperatura do termostato hipotalâmico. Causas: Danos neurológicos nos centros reguladores Termogênese excessiva Incapacidade dos mecanismos de dissipação de calor. A hipertermia maligna reação à anestesia com halotano, isoflurano e enflurano e bloqueadores neuromusculares (succinilcolina), causada por desordem da regulação do cálcio intracelular. febre alta, rigidez muscular, taquicardia, arritmias e hipotensão. 13 Os antipiréticos não fazem efeito no tratamento da hipertermia!!! DIPIRONA, PARACETAMOL, AAS Métodos de resfriamento mecânicos: imergir o paciente em água morna ou fria, ventilador, remover suas roupas. HIPERTERMIA Características semiológicas da febre Início Súbito Rápida elevação da temperatura. Geralmente acompanhado dos sintomas da síndrome febril. Ex: calafrios. Gradual Predomina outro sintoma da síndrome febril. Ex: cefaléia, sudorese, inapetência. 16 Intensidade Porto Febre leve ou febrícula: até 37,5°C Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C Mário Lopez Febre discreta: 37,5° e 38,4°C Febre moderada: entre 38,5° e 39,0°C Febre elevada: entre 39,0° e 40,5°C Febre extrema: acima de 40,5°C. DEPENDE DA CAPACIDADE DE REAÇÃO DO ORGANISMO E DA CAUSA! 17 Duração Febre aguda: até 7 dias Febre prolongada: acima de 7 dias Modo de evolução Quadro térmico, onde se registra as temperaturas de 4 em 4 ou 6 em 6h. Febre contínua Febre contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1°C e sem grandes oscilações; por exemplo: endocardite infecciosa, pneumonia. Febre irregular ou séptica Febre séptica: picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia. Não há caráter cíclico nestas variações. Exemplo: sepse, tuberculose Febre remitente Febre remitente: há hipertermia diária, com variações de mais de 1 °C e sem períodos de apirexia. Ex: sepse, PNM, TBC Febre intermitente Febre intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal. Pode ser cotidiana, terçã ou quartã. Exemplo: malária, linfomas, infecção urinária. 23 Febre recorrente ou ondulante Febre recorrente ou ondulante: período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. Exemplo: brucelose e doença de Hodgkin. Término CRISE Quando a febre desaparece subitamente Costumam ocorrer sudorese profusa e prostração. Exemplo: malária LISE A hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis normais. Observado em inúmeras doenças. Outros dados do exame físico O exame do paciente febril deve ser completo, com especial atenção para os órgãos que indicam a localização da doença. Cabeça e pescoço: procurar linfonodos cervicais, tumefação das glândulas salivares, conjuntivite, otite e meningismo. Pele: pode apresentar exantemas, petéquias, sinais flogísticos. Aparelho respiratório: a ausculta poderá revelar sinais de consolidação ou derrame pleural. Aparelho cardiovascular: a ausculta cardíaca pode revelar sopros. Abdome: hepatoesplenomegalia, punho percussão lombar dolorosa. Articulações devem ser examinadas e mobilizadas, bem como os ossos longos e o tecido subcutâneo. Linfonodos: devem ser palpados nas axilas , regiões inguinal e cervical. Causas de febre Aumento na produção de calor Exemplo: hipertireoidismo Diminuição da perda de calor Exemplo: agenesia de glândulas sudoríparas, ICC, doenças de pele (ictiose) Lesão tecidual: Infecções Lesões mecânicas (cirurgias, esmagamentos) Neoplasias malignas Doenças hemolinfopoéticas Afecções vasculares: IAM, TV Doenças autoimunes Doenças do SNC: AVC 27 Causas de febre INFECCIOSAS Febre de origem indeterminada (FOI) Temperatura axilar> 37,8ºC, em várias ocasiões, pelo tempo mínimo de três semanas e após uma semana de investigação hospitalar infrutífera. (FOI Clássica) Constitui um problema clínico comum e representa importante causa de internações hospitalares. Em um estudo, foi responsável por 8,4% das internações hospitalares num período de dois anos. Febre de origem indeterminada (FOI) Febre de origem indeterminada (FOI) Anamnese e exame físico: Completos e repetidos periodicamente. Quaisquer alterações devem ser valorizadas. Os pacientes geralmente começam seu relato pelo momento mais dramático ou importante, o que nem sempre coincide com o início efetivo da doença. A anamnese deveser a mais completa e abrangente possível, não se limitando apenas a dados orgânicos, mas incluindo aspectos profissionais, viagens, ambiente de moradia e trabalho, contato com pessoas doentes ou animais. Deve-se investigar as endemias da região de origem do paciente (esquistossomose, malária, doença de Chagas, leishmaniose, paracoccidioidomicose, tuberculose). Febre de origem indeterminada (FOI) História familiar: investigar doenças semelhantes às do paciente, tanto as decorrentes de exposição comum, quanto aquelas de origem genética. Exame físico: pesquisar lesões cutâneas, lesões na orofaringe, seios paranasais, dentes, visceromegalias, linfadenomegalias, massas abdominais ou pélvicas e sopros cardíacos. A curva térmica deve ser pesquisada e comparada com os padrões clássicos. O exame físico deve ser repetido diariamente até o diagnóstico ser obtido. Não deve ser esquecido o exame de fundo de olho, boca, orofaringe, dentes e da região anal e reto. 32 Febre de origem indeterminada (FOI) Hipotermia Diminuição da temperatura corporal abaixo de 35,5°C na região axilar ou de 36°C no reto. Induzida artificialmente: submeter o paciente a determinados tipos de cirurgia, consequente ao congelamento acidental, choque, síncope, doenças consuntivas, hemorragias graves e súbitas, coma diabético e nos estágios terminais de muitas doenças. Hidratação Hidratação Quando a oferta de líquidos e eletrólitos estiver de acordo com as necessidades do organismo e quando não houver perdas extras sem reposição adequada. Corpo humano: 60% de água Dois grandes compartimentos: o espaço intracelular (IC) (2/3) e o espaço extracelular (EC)(1/3) O espaço extracelular: Intravascular e Interstício 36 Avaliação do estado de hidratação Parâmetros: Alteração abrupta do peso Alterações da pele quanto a umidade, elasticidade e turgor Alterações das mucosas quanto à umidade Fontanelas (no caso de crianças) Alterações oculares Estado geral. 37 Desidratação É a diminuição de água e eletrólitos totais do organismo Causas: Baixa oferta Recém-nascidos e idosos Perda: Diarreia Vômitos Febre Taquipneia Sudorese excessiva Distúrbios hidroeletrolíticos/metabólicos Desidratação Queixas: Sede e oligúria Achados de exame físico: Diminuição abrupta do peso Pele seca, com elasticidade e turgor diminuídos Mucosas secas Olhos afundados (enoftalmia), Fontanelas deprimidas no caso de crianças, Estado geral comprometido, Excitação psíquica ou abatimento. 39 Desidratação Classificação: Não invasiva: PESO Sinais vitais Laboratorial: Sódio sérico (130-150mEq/L), hematócrito, osmolaridade urinária. Subjetiva: mucosa, turgor, sensação de sede. Referências PORTO, C. C. PORTO, A. L. Semiologia Médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUYTON e HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 11 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. LÓPEZ, M. LAURENYS-MEDEIROS, J. Semiologia Médica. As bases do diagnóstico clínico. 5 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. LAMBERTUCCI, J. L; ÁVILA, R. E.; VOIETA, I. Febre de origem indeterminada em adultos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 38(6):507-513, nov-dez, 2005. Obrigada! email: drapaulaafonso@gmail.com tel: (32)98808-0575
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