Apostila 4 - Agregados macroeconômicos

Macroeconomia AGREGADOS MACROECON ÔMICOS 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Os Agregado s Macroeconô micos ......................................................................................... 2 1.1. A Mensuração do Comp ortamento Macro econômico .................... .................... ........ 2 1.2. Os Model os Macroecon ômicos .................................................................................... 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 6 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Já estudamos o papel do Gov erno na ec onomia. Vim os as falhas de mercado que con duzem e justificam a i nterve nção estatal. Foram espec ificadas quais são essas falhas num exame mais atent o de cada uma. Nesta apostila, e studaremos os agregados econômicos q ue permitem estudar o comportamento m acroeconômico e também mensurá-lo de uma maneir a consistente para avaliar o seu desempenho. Objetivos \u2022 Descrever os agregados macroec onômicos e sua importância \u2022 Mostrar a interação entre os agregados formando mod elos 1. Os Agregados Macroeconômicos 1.1. A Mensuração do Comportamento Macro econômico Para começ ar, partimos d a ideia que a crise de 192 9 foi um divisor de águas no capitalismo. Em termos de concepção teórica, pode-se dizer que esse episódio forçou uma mudanç a radical na forma de c ompreender a economia. Antes d e 1929, acreditava-se que os mercados espontaneamente restauravam o eq uilíbrio e, portanto, as cri ses er am efêmeras. A re alidade pr ática c ontrariou esse princípio. Foi necessário intervir. Porém, q ual deveria ser o tamanho da intervenç ão d o govern o? Para responder esta pergunta houve a necessidade de criar critérios de aná lise e formas consistentes de mensuração. Est avam nascendo os agregados econômicos. A primeira d ificuldade aparecia em c omo medir esse todo, encontrar a forma de calcular o valor de produção total em termos de mercadorias e serviços produzidos pelo país. Três fatores deviam ser re munerados ao serem util izados: a terra, o ca pital e o trabalho. M as era di fícil começar por aí. Ficava vago. Então er a melhor c onsiderar o que r emunera esses três iten s da produção q ue pertencem a alguém. Chegaram-se aos quatro prime iros c omponentes a serem examinados: salários, l ucros, juros e aluguéis. E stava se começando a medir. Poré m, foi necessário criar contas de registro social. Surgiu a Contabilidade Nacional como instrumento de mensuração. Houve est udiosos q ue pres taram espec ial c ontribuição nesse sent ido. Simon Kuznets, Richard Ston e e Wassily Leontief foram pre cursores em trabalhos definidores de conceitos e técnicas matemáticas para me dir a economia. Estava coerente com a nova realid ade trazida por pesada c rise. Se a e conomia naturalmente se ajustava ao equilíbri o mediante seus agentes i ndividuais, i sso dispensava mensurações num mecanismo que se consertava automaticamente . Não era mais esse o caso. O consert o tinha que vir de fora. 3 As lógicas em forma d e p ressupostos ap licados à mac roeconomia e as técnicas desenvolvidas que pro punham mensuração permitiram a nalisar, possibilitaram t estes empíricos e análises quantitativas e qualit ativas mais pr óximas da realidade. Isso assegurava a ação efi ciente de governos p ara i ntervir com segurança e influenciav a a atuação confiante das empresas. Era preciso elabora r construções abstratas que p udessem captar o movi mento da e conomia em term os macro. Surgiram os agregados m acroeconômicos fundamentais. São eles o Produto, a Renda e a Despesa Agregados. Refletiam a reali dade do ponto de vista de uma totalidade que c onseguia se r captada e ser mensurável em valor monet ário. Esses três elementos constituem os pont os de partida para compreender o movimento econômico. Com eles se avalia o de sempenho e o bem e star d a sociedade. Agora vamos conceituar cada um deles. \u2022 Produto Agregado é o somatório de tod os os bens e ser viços de utilização final por parte d as pessoas que foram p roduzidos e m certo período de tempo. A utilização final é aquela em que não há m ais continuidade para adiante . É importante p orque os ben s não p odem ser contados duas vezes, o que de turparia as aferições de valor. \u2022 Renda Agregada é o so matório dos salários, os juros, os l ucros e os aluguéis q ue incorreram p ara a prod ução de utilização final. Eles remuneram na ponta os fatores de produção empregados no processo produtivo desde trás e por isso form am uma relação de igualdade com o produto agregado. De um l ado da i gualdade está a produção do outro lado está a rend a que lhe corresponde. \u2022 Despesa Agregada é o somatório d o consumo da p rodução dos bens e serviços finais que terão d e ser comprados pelas pessoas que vão lhes conferir destinação definitiva. D a mesma forma, não h averá qualquer c ontinuidade após o seu cons umo. Este c onceito também pode ser visto como Consumo Agregado. Estes três agregados macroeconômicos f ormam um fluxo c ircular permanente e ininterrupto que manté m a s ociedade viva. As empresas pr oduzem bens e serviços para as famílias consumirem n a me sma m edida do v alor gerado com a r enda auferi da na forma de salários, juros, lucros e aluguéis e todos esse s q uatro itens por sua vez se transformam em d espesa com consumo. Em conclusão, há uma i dentidade contábil entre os três a gregados explicitados por estabelecerem origem e aplicação r ecíproca d e re cursos. P rodução, renda e consumo agregados compõem relação íntima de igualdade entre si. Assim sendo: PRODUTO AGREGADO = RENDA AGREGADA = D ESPESA AGREGADA 4 1.2. Os Modelos Macroec onômicos Agora chega o momento de construir m odelos teóricos com e sses agregados e suas partes constituintes. Primeiro, vamos descrever es ses componentes. Depois, vamos observar sua interatividade como se formassem engates. Assim, modelos econômicos p odem ser elaborados. O consumo (C) é a utilização das pr opriedades oferecid as pelos bens e serviços produzidos que são adquiridas p elas famílias a fim de satisf azerem suas necessidades. O inve stimento (I) é a compra de meios de produção ou de bens de capital pelas empresas q ue incrementam a capacidade produtiva d a economia. Adquire m- se máquin as, equip amentos, construções, ferramentas e in stalações que vão aumentar a oferta de produtos ou servi ços no futuro. A poupança (S) é uma sobra da renda não gasta naquel es bens e serviços consumidos pel as famílias. Justamente esta sobra é que p ode ser poupada por diversas razões e canalizada para aplicações com rendimento n o mercado financeiro. O p rimeiro pon to de engate está na p oupança e no inve stimento. Somente pode existir inves timento med iante prévia poupança. Todo ato de investimento é rigorosamente igua l a sua poupança. Tod avia, pode se r que n em toda a poupança tenha sid o convertida em investimento. Parte dela pode ter permanecido no mercado financeiro e apenas uma fração foi usufruíd a pela e mpresa. Por conseguinte, temos a seguinte igualdade : Poupança (S) = Investimento (I), ou S = I O segundo pon to de engate está no c onsumo. O consumo existe tanto no produto feito na produção quanto na renda que concorr eu p ara que o produto pudesse ser comprado. A empresa gera consumo de mão de obra, fornecedores e equipamentos. Precisa pagar tudo isso com as mercad orias que pr oduz. El a vend e a produção. Com essa produção ela paga os salários, os aluguéis, os juros e os lucros que fizer am parte da produção que vão parar na mão das famílias. Portanto, existe consumo do lado do Produto Agregado e do lado da Renda Agregada. Temos os seguinte s modelos: Produto = Cons umo + Investime nto do lado da empresa e Renda = Consumo + Poupança do lado das famílias. Investimento e Poupança são ig uais. Portanto, o produto e a renda são iguais em consumo. Quer dizer q ue tudo isso forma um fluxo in interrupto circular d as empresas para as famílias. 5 Portanto, a empresa: P = C + I em s eguida, a fa mília: R = C + S, como S = I, I \u2013 S = 0, fica assim: C + I = C + S, C da empresa = C da família. Esses são os dois primeiros modelos simples construídos com agregados macroeconômicos em identid ade os quais foram e m seguida decompostos em suas variáveis constituintes. As variáveis sintetizam de fo rma quantitativa o que há de mais e ssencial no comportamento macroeconômico e se altera de um pe ríodo em questão para o ou tro. Trata-se de uma visão do essencial, do principal, do mais relevante, q ue permite a c ompreensão d o funcionamento dessa totalidade. Lembre- se que a sociedade está viv a. Modifica-se no t empo e no espaço. Por isso, introduzem-se as variáveis para mostrar a mutabili dade. Para compl etar este estudo dos agregados f alta um úl timo ade ndo. É preciso responder o que faz uma economia crescer. Por enquanto temos apenas uma igual dade em q ue PRODUTO AGREGADO = R ENDA AGREGADA = DESPESA AGREGADA. Porém, aparece uma dúvida. Se tudo p ermanece sempre igual, sempre parado, retornando no fluxo circular ao mesmo ponto d e partida não pod e ha ver crescimento. A sociedade permaneceria estática, produzindo a me sma quantidade e maneira d e fazer. O que faz romper essa igualdad e? O q ue traz o d inamismo macroeconômico de tal forma que a ec onomia cr esça e consiga progredi r p ara estágios mais avançados? Para i sso é p reciso entender o conceito de d epreciação q ue é uma importante variável da macroec onomia. Depreciação (d) é a parcela dos meios de produção ou bens d e c apital que se consome a cada período no pro cesso produ tivo. Esses bens de capital sof rem desgaste físico e, ainda, uma parte de le se torna obsoleto. E ssa perda de valor é a depreciação. Muitas m áquinas precis am ser substituídas p or mais aperfeiçoadas. A depreciação é uma estimativa da pe rda de valor decorrente do uso. Para que haja crescimento dos agregados econômicos para um patamar superior é n ecessário que o i nvestiment o seja maior do q ue a dep reciação. Se isso acontecer, os agregados abandonam sua condiç ão d e igualdade anterior para uma mais avançada. EXEMPLO Os modelos: Condição de Equilíbrio Passado PRODUTO = RENDA = DESPESA Produto = Consumo + Investimento Renda = Consumo + Poupança Poupança = Investimento Condição de Novo Equilíbrio: Investimento > depreciação. 6 Antes: PRODUTO = RENDA = DESPE SA = $100. Depois: PRODUTO = RENDA = DESPE SA = $105 Esse salto d e 5 % s omente foi possível porque o in vestimento realizado em máquinas e e quipamentos foi maior do que o valor da depreciação. Ou s eja, I > d. Pode aparentar q ue 5% é pouco. Poré m, repetindo-se ao longo do te mpo ano após ano, trata-se de uma taxa que sempre vai ser acrescida sobre u m valor cada vez maior. Ao c abo de déc adas, pode se c onfigurar n um progres so substancial para uma nação. O fluxo circ ular sempre faz voltar ao mesmo $100 . O inves timento maior do que a depreciação e stimula a p rodução crescer quantitativa e também qualitativamente. Abandonou-se o anti go equilíbrio e stático para um novo equilíbrio dinâmico de $105 que passa a ser outra vez estático e o n ovo fluxo circular. Esse esquema simples correspondeu a um modelo macroeconômico que opera sem governo para mostrar ba sicamente como atuam em qualquer l ugar os agregados macroeconômicos. Exercícios 1. (Autor, 2018) Por q ue surgiram os agregados econômicos? 2. (Autor, 2018) Apresente e explique um modelo econômico. 3. (Autor, 2018) Qual a importância da depreci ação? Gabarito Resposta 1. Os agregados ec onômicos surgiram porque era preciso captar, entender e medir o mo vimento da realidade econômica para poder intervir nela. Estava em curso uma cr ise pod erosa que abalou a c rença na p ossibilidade do mercado e spontaneamente se auto ajustar. Trouxe a necessidade de uma 7 intervenção do governo. Mas essa ação preci sava aconte cer mediante construções teóricas que resultaram nos agregados econ ômicos. Resposta 2 . Eis um model o para as empresas: P roduto = Consumo + Investimento. As empresas p ara p roduzirem necessitam gastar em consumo q ue são as suas de spesas mais os investime ntos q ue prec isam fazer. As despesas com consumo é o que a empresa gasta para o bter a prod ução. O investimento são as máquinas e equipamentos necessários nos quais o trabalho se realiza e m bens e serviços produzidos que dep ois serão vendidos às famílias. Resposta 3 . A depreci ação corresponde à perda de valor d e máquinas e equipamentos no decorrer do processo produtivo. Isso é imp ortante porque a depreciação vai d eterminar o níve l de investimento a ser feito. Somente pod e haver crescimento quando o inve stimento (I) for maior d o q ue a depreciaç ão (d). Portanto, algebricamente, o crescimento d o produto agregado ou d a produção agregada depende de: I > d. Resumo Os agregados macroeconômicos são sínte ses de um todo e s ervem como ponto de partida. São fundament ais para entender e captar o movimento do m undo real. Eles abrem caminho à cons trução de modelos si mples macro a part ir da dedução de seus c omponentes mais rele vantes que p ermitem enxergar c omo funciona a economia. Por me io d esses modelos se pode in tervir com segurança no uni verso econômico. As variáve is consumo, i nvestimento e p oupança entram como componentes dos agregados ec onômicos p roduto, r enda e despes a. Sem essas construções abstratas as ações de G overno se tornam imprecisas pois o merc ado não se equilibra sozinho. A famosa crise de 29 apontou a imper feição d o merc ado em alocar recursos. Para atingir um novo patamar de cresci mento, a d epreciação é o cri tério em que se baseia o investimento para colocar os agregados em nova p osição de equilíbrio. 8 Referências bib liográficas LOPES, L. M.; VASCONCE LLOS, M. A. S. de. (org.) Manual de macroeconomia : nível básico e nível intermediário. 3. ed. São Pau lo: Atlas, 2008.

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