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CADERNO DIREITO DAS SUCESSOES

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. Código Civil .
1. Direito Sucessório – Conceito e Finalidade
O vocábulo "sucessão", em seu sentido mais amplo, significa o ato ou efeito de suceder, pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na propriedade de seus bens ou titularidade de seus direitos. Temos vários exemplos de sucessão lato sensu do Direito Brasileiro: Em uma Cessão de Crédito, o cessionário sucede ao cedente na titularidade do direito, da mesma forma ocorre na sub-rogação de um pagamento.
Contudo, o presente estudo tem por objeto a sucessão em seu sentido mais estrito, aquele exclusivamente relacionado a sucessão decorrente da morte de alguém (por isso chamada de sucessão Mortis Causa).
O Direito Sucessório se ocupa de estudar as relações econômicas advindas de transmissões do patrimônio (ativo e passivo) do de cujus, autor da herança, em favor dos seus herdeiros.
1.1. A abertura da Sucessão e o Princípio da Saisine
Local da Abertura da sucessão. Art. 1.785. Lugar do último domicílio do falecido.
No Brasil e na maioria dos outros países, esta matéria obedece a um princípio conhecido como Princípio da Saisine, que diz que, no exato momento da morte de alguém, deverá ser aberta sua sucessão, para que, automaticamente se transmita a herança aos herdeiros legítimos e testamentários. Tal princípio encontra amparo no Código Civil Brasileiro, no art. 1.784: "Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários."
Entende-se, após a leitura deste dispositivo legal que, no mesmo instante em que ocorre a morte, ocorrerá também a abertura da sucessão, considerando-se a partir deste momento, os herdeiros legítimos ou testamentários como tais (delação). A aquisição (momento em que o herdeiro se investe na titularidade das relações transmitidas pelo de cujus) pode acontecer em momento posterior.
A massa de bens e direitos que será transmitida aos herdeiros recebe o nome de espólio, que contém tanto o patrimônio ativo do de cujus, – direitos creditórios, garantias – como seu patrimônio passivo – dívidas, hipotecas e afins.
A lei aplicável em matéria de Sucessões: lei vigente ao tempo da abertura daquela (Art. 1.787). Quem morreu até 10/01/2003, a lei reguladora é o CC/16. Se o inventário foi aberto após a vigência do CC/02, a regra aplicável é do CC/02. 
No caso de sucessão fideicomissária (apesar de alguém ser designado como herdeiro de outrem, não se investe na condição de titular imediatamente após a morte) existem três figuras:
Fideicomitente – testador;
Fiduciário – adquire a propriedade resolúvel; pode ter uma condição ou termo – limite máximo do termo é a vida do fiduciário; uma vez implementada a condição resolutiva, o direito passa para o fideicomissário (se não morrer antes do fiduciário, a propriedade se consolida);
Fideicomissário – não adquire imediatamente, mas apenas após o implemento da condição resolutiva.
Tanto o fiduciário quanto o fideicomissário são herdeiros testamentários.
 
1.2. Direito internacional privado.
Lei do domicílio (lei vigente no local de último domicílio do falecido). Regras do Art. 10 da LICC.
Sentença de juiz estrangeiro deve ser homologado no Brasil pelo STJ (caso a destinação de bens no Brasil prejudique cônjuge ou filhos brasileiros, o STJ pode recusar a executar a sentença).
1.3. Espécies de Sucessão
O Código Civil prevê duas formas de Sucessão: A Legal e a Testamentária.
A Sucessão Legítima (ou ab intestato) é aquela definida por lei. Ocorre quando o falecido não deixou testamento ou codicilo, ou seja, as divisões, quinhões finais, serão todos definidos segundo a legislação (Art. 1.788).
A Sucessão Testamentária é aquela advinda de disposição de última vontade do de cujus (como um testamento ou codicilo), seguindo, portanto, a divisão neles prevista.
2. Objeto da Sucessão: A Herança
A herança, como sugere o Título do Capítulo é o objeto da Sucessão, seja ela Legítima ou Testamentária. Enquanto não for feita a partilha o direito dos herdeiros de percebê-la é considerado indivisível, de acordo com o art. 1.791, do novo diploma civil:
"Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto a propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio."
O objeto da herança são os direitos patrimoniais (direitos intelectuais, direitos reais, direitos pessoais – obrigacionais – direito hereditário). Direitos intransmissíveis: direitos reais personalíssimos (uso, usufruto, habitação); direitos pessoais personalíssimos; obrigações personalíssimas de fazer.
Tal indivisibilidade tem relações com o domínio e a posse dos bens constantes da herança, desde a abertura até a partilha final. Da mesma forma, o Código Civil, em seu art. 80, II, considera o direito a sucessão aberta um bem imóvel, para os casos de alienação e pleitos judiciais, mesmo que a herança consista apenas em bens móveis, verbis:
"Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I – os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os asseguram;
II – o direito à sucessão aberta. (Grifo nosso)
Tal definição legal gera diversos efeitos, principalmente nas esferas real e tributária, uma vez que o direito a sucessão aberta está sujeito à cobrança de diversos impostos e obrigações próprias dos bens imóveis, tais como ITCD ou ITBI.
O fato de ter caráter imóvel também obriga que uma possível renúncia ou cessão (ou seja, alienação) de herança seja feita através de Escritura Pública com Outorga Uxória ou Mandado Judicial, uma vez que não se admite que a propriedade de bens imóveis seja transferida pela mera tradição simples.
Proibição de pactos sucessórios.
Ninguém pode praticar um ato intervivos que tenha por objeto, direta ou indiretamente, a herança de pessoa viva (Art. 426).
Exceções: partilha em vida (espécie de doação) (Art. 2.018) e doação propter núpcias (em razão de casamento futuro) (Art. 546).
2.1. Herdeiros Legítimos, Necessários, Testamentários e Legatários: Diferença.
No Direito sucessório brasileiro são utilizadas diversas nomenclaturas para aqueles que recebem a herança, sendo as principais: Herdeiros Legítimos, Herdeiros Necessários, Herdeiros Testamentários e Legatários. Herdeiros Legítimos são aqueles definidos em lei, quando for processada a Sucessão Legítima. Possuem uma ordem estabelecida no art. 1.829 do Código Civil e obedecem determinadas regras. São assim chamados por ter o deferimento do seu quinhão estabelecido em lei. 
Herdeiros Necessários não estão, obrigatoriamente, ligados a um tipo de Sucessão. São assim considerados por ser uma qualidade dada somente a alguns parentes próximos do de cujus, determinados pelo art. 1.845: "São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge."
Ou seja, herdeiro necessário é todo parente em linha reta, ou cônjuge sucessível. A lei confere a estes a legítima , que não pode ser subtraída por vontade do de cujus. 
Por sua vez, são chamados de Herdeiros Testamentários aqueles que têm seu quinhão definido e deferido através de testamento feito pelo testador.
Já os legatários são aqueles que recebem um Legado, que consiste em uma coisa certa, um corpus certo e determinado, deixado a alguém, ou seja, uma transmissão Mortis Causa a título singular.
Convém salientar que nada impede que uma mesma pessoa se beneficie das duas modalidades de herança ao mesmo tempo. Por exemplo, o filho do de cujus pode ser, ao mesmo tempo, herdeiro necessário e receber um legado seu.
2.2. A capacidade sucessória.
Capacidade sucessória tem a ver com a ordem de Vocação Hereditária (determinação da ordem de pessoas a receber os bens destinados a cada herdeiro). Difere da legitimidade que alguém possui (ou não) para suceder (existência de algum obstáculo). Em outras palavras, possui vocação hereditária aqueleque tem capacidade para entrar na sucessão na qualidade de herdeiro.
Há uma regra geral para a vocação hereditária, constante no art. 1.798 do Novo Código Civil: "Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão."
Assim,, todo aquele já nascido que possui algum vínculo familiar ou testamentário com o de cujus goza, a rigor, de vocação hereditária. A expressão "já concebidas" permite que até o nascituro entre como herdeiro em potencial.
Convém salientar que, especificamente na Sucessão Testamentária, há uma exceção à regra geral, contida no art. 1.798 do diploma civil, na medida em que até os filhos ainda não concebidos dos herdeiros testamentários poderão ser chamados, segundo o disposto no inciso I do art. 1.799, verbis:
"Na Sucessão Testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indiadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II – (Omissis)
III – (Omissis) “ (Grifo nosso)”
A priori, o dispositivo pode parecer confuso, entretanto, a razão de ser do mesmo é permitir que se beneficie uma possível prole do herdeiro testamentário, pois este poderá vir a falecer durante o próprio processo de inventário do de cujus, não havendo, contudo, prejuízo para seus filhos.
Observe-se que se o herdeiro testamentário vier a falecer antes do testador, esse dispositivo legal será inepto, pois condiciona o benefício aos filhos do herdeiro testamentário ao fato deste estar vivo ao tempo da abertura da sucessão.
2.3. Abertura do Inventário e Administração da Herança.
O Inventário é o processo de jurisdição contenciosa, que dá início à sucessão Legítima ou Testamentária], através do qual ocorre a avaliação e descrição dos bens do falecido, posteriormente, há a liquidação (pagamento) do seu patrimônio passivo (dívidas), o devido imposto (ITCD) é pago e, ao fim do processo é expedido o documento de Formal de Partilha, ou uma Carta de Adjudicação, caso hajam, respectivamente, vários ou apenas um herdeiro. 
Deve ser aberto dentro de um prazo de 30 dias, no Juízo do lugar da sucessão, segundo o que dispõe o art. 1.796 do Código Civil, in verbis:
"No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente, no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança."
Dentro do processo do Inventário, haverá um momento em que se nomeará o Inventariante, o responsável pela avaliação e descrição de todos os bens hereditários, devendo este prestar um compromisso formal perante o Juiz para que inicie suas funções.
Enquanto não for aberto o Inventário, ou o Inventariante não prestar seu compromisso a herança deverá ser administrada por alguém, para que não se deteriore ou se perca. O administrador será escolhido segundo as regras do art. 1.797 do Código Civil, verbis:
"Até o compromisso do Inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:
I – ao cônjuge, ou companheiro, se com o outro vivia ao tempo da abertura da sucessão;
II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, o mais velho;
III – ao testamenteiro;
IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz."
A administração provisória da herança caberá, portanto, na seguinte ordem: ao cônjuge ou companheiro supérstite, ao herdeiro que tiver na posse de cada um dos bens da herança, ou o mais velho entre estes. No caso de sucessão testamentária, a administração provisória caberá ao testamenteiro nomeado pelo testador na declaração de última vontade. Por último, se nenhuma destas pessoas puder administrar, será nomeada uma pessoa de confiança do juiz (in casu, um curador ad hoc), que procederá com tal administração até que o inventariante preste seu juramento.
3.3.1. Questão Tributária da Sucessão- ITCD
Há um aspecto importante a salientar quando o assunto é Inventário de Bens, o Pagamento do Imposto de Transmissão (ITCD – Imposto sobre Transmissão Mortis Causa e Doação), necessário para que seja expedido o Formal de Partilha ou a Carta de Adjudicação. É um Imposto de competência do Estado, sendo regulamentado, portanto, através de leis ou provimentos das respectivas Secretarias da Fazenda Estaduais.
2.4. Herança: Aceitação e Renúncia.
2.4.1Aceitação.
Como já abordado, os direitos à sucessão aberta e a perceber a herança são considerados bens imóveis por definição legal. Tal definição possui diversos desdobramentos, constantes na legislação civil como um todo, em especial no que tange a renúncia e a transferência de tal direito (imóvel).
Primeiramente, veremos o artigo do Código Civil que trata sobre renúncia ou aceitação herança, o 1.804, verbis:
"Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança."
Denota-se, a partir da leitura do dispositivo legal supra citado que, uma vez aceita a herança, a transmissão dos respectivos quinhões aos herdeiros torna-se um ato definitivo, irrevogável, com efeitos ex tunc] à abertura da sucessão.
A aceitação da herança poderá ser expressa, tácita ou ficta. Será expressa quando feita por declaração escrita, e tácita quando os atos do herdeiro renunciante derem a entender sua plena aceitação, conforme o disposto no caput do artigo 1.805 do diploma civil, verbis:
"A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro"
A aceitação ficta (hipótese em que o silêncio do herdeiro é considerado pela lei como uma modalidade de aceitação) está regulamentada no Art. 1.807. 
A aceitação tem natureza jurídica de declaração unilateral não receptícia de vontade (produz efeitos independente do conhecimento de terceiros). Ato irrevogável e irretratável., que tem efeitos ex tunc (retroage até o momento da abertura da sucessão).
Herdeiros têm responsabilidade pelas dividas do de cujus, mas apenas até o limite do seu quinhão hereditário (Art. 1.792). Caso o herdeiro tenha algum bem próprio atingido por alguma dívida pode alegar, em sua defesa, a discriminação entre os dois patrimônios.
Características da aceitação.
A aceitação é um ato: 
Incondicionável - não subordina seus efeitos a qualquer tipo de condição (Art. 1.808);
Inatermável – não pode ter adesão a de um termo tanto de aceitação quanto na renúncia.
Indivisível – não é indivisibilidade absoluta (Art. 1.808, §2º). O herdeiro também pode aceitar um legado e renunciar a herança, ou vice-versa (Art. 1.808, §1º; não é incompatível com a indivisibilidade, pois a pessoa sucede em dois regimes diferente (título singular e universal).
Transmissão do direito de aceitar – Se o herdeiro falecer antes da aceitação, o poder de aceitar passa aos seus herdeiros (Art. 1.809)
2.4.2 Renúncia
Quando o assunto é renúncia de herança, esta deve ser expressa, obrigatoriamente feita via instrumento público, em geral uma Escritura Pública de Natureza Declaratória, por força do disposto no art. 1.806: 
"A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial." 
Termo judicial é a declaração de renúncia de direitos hereditários feita perante o juiz. O advogado só pode assinar se tiver poderes especiais para tanto (não é válido o poder gera de renúncia).
Há que se salientar o fato de necessitar da Outorga Uxória (ou Autorização Marital) para que se processe perfeitamente tal renúncia, uma vez que o direito à sucessão aberta é um bem imóvel.
Somente pessoas maiores e capazes têm aptidão para renunciar (renúncia feita por menor, mesmo que assistido é nula).Características da renúncia.
As mesmas da aceitação.
Poder de renunciar.
Há um dispositivo que regula o poder de aceitar ou renunciar, trata-se do art. 1.808 do Código Civil, verbis:
"Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou aceitando-a, repudiá-los;
2º O herdeiro, chamado na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia."
No caput do artigo há uma restrição à liberdade de renunciar à herança, uma vez que proíbe que o interessado renuncie seu quinhão em parte, exigindo alguma condição, ou impondo algum termo. 
A razão de ser desse dispositivo legal é impedir que, por exemplo, o herdeiro renuncie somente as dívidas da herança, ficando com o patrimônio ativo; ou exigindo que lhe seja pago algum valor para que aceite seu quinhão; ou, finalmente, impondo um período para que se inicie a sua plena aceitação, para que se prescreva alguma dívida de seu quinhão.
De todo modo, é permitido ao herdeiro que tenha direito a mais de um quinhão, renunciar independentemente um dos outros os diferentes quinhões a que tem direito.
Convém salientar que, uma vez aceita ou renunciada a herança, tais atos são, por força legal, irrevogáveis, não podendo o renunciante desistir de renunciar, sendo vedado qualquer arrependimento, com fulcro no art. 1.812, da lei civil pátria: "São irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança." (Grifo Nosso)
Sendo assim, uma vez renunciada a herança, em caráter irrevogável, a parte do herdeiro renunciante acrescerá à dos outros herdeiros da mesma classe, uma vez que sucedem "por cabeça". 
Todavia, se o renunciante for o único da sua classe de herdeiros, a herança será de pronto devolvida aos herdeiros da próxima classe, como dispõe o art. 1.810, da seguinte forma:
"Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente."
Oposição ao credor.
O Código Civil atual, no capítulo que dispõe sobre a renúncia da herança, também protege os direitos que credores do herdeiro renunciante que já o eram ao tempo da renúncia, tal dispositivo é o art. 1.813:
"Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros."
Desta forma, os credores que já o eram ao tempo da renúncia, se forem por ela prejudicados, tem um prazo de 30 dias, a contar do conhecimento da referida renúncia, para que se habilitem e aceitem a herança em nome desse herdeiro, mediante uma autorização do juiz.
Procedido o pedido dos credores prejudicados, as dívidas do renunciante serão pagas, permanecendo a renúncia quanto ao restante, sendo este devolvido aos demais herdeiros.
Efeitos da renúncia.
A renúncia tem efeitos ex tunc. O herdeiro é considerado como se nunca tivesse existido. A linha sucessória do renunciante desaparece (Art. 1.810).
Só se aplica a sucessão legítima (a sucessão testamentária já prevê um substituto em caso de renúncia do herdeiro designado).
Exceção: Art. 1.811 (segunda parte); se o herdeiro for único e vier a renunciar a sua linha sucessória não desaparece (deixaria a herança jacente). Se o neto do de cujus é pré-morto ou também renuncia (ou é declarado indigno), os bisnetos não são chamados a suceder (a lei só faz a concessão aos filhos do renunciante.
Tipos de renúncia.
A renúncia pode ser:
Abdicativa - renúncia propriamente dita; abdica a linha sucessória;
Translativa - em favor de alguém; cessão de direitos hereditários; na verdade não é um tipo de renúncia. O aceitante arca com os impostos de transmissão (ITIV se a titulo oneroso, ou imposto de doação).
3. Cessão de Direitos Hereditários.
É importante que não se confunda Renúncia de Herança com Cessão de Direitos Hereditários. 
A renúncia consiste no ato ou efeito de recusar-se a receber alguma herança.
A cessão de direitos hereditários. ocorre quando os direitos sucessórios que alguém tem direito, são transferidos (alienados) para outrem, a título gratuito ou oneroso (Art. 1.793 e seguintes). Quem cede é o cedente (somente herdeiro a título universal: legítimo ou testamentário; legatário não pode ceder, só pode doar ou vender, já que recebe a título singular); quem recebe é o cessionário (pode ser um outro herdeiro ou terceiro).
Deve ocorrer sempre por escritura pública e verificar a real posição do cedente (legitimação). Transfere-se a posição de herdeiro. Caso o cedente promova diversas cessões diferentes, prevalece a primeira. O cessionário, ao receber, pode fazer uma nova cessão (sub-cessão de direitos hereditários).
3.1. Evicção e cessão.
Na cessão gratuita é óbvio que o cedente não responde por evicção (é negócio unilateral; evicção é própria de negócios jurídicos bilaterais), bem como na onerosa (pelo caráter universal da herança).
Mesmo que o cedente discrimine na cessão o bem que deveria tocar ao cessionário após a partilha, essa indicação não obriga os demais herdeiros; não existe evicção em negócios jurídicos condicionais (somente nos bilaterais comutativos).
3.2. Venda de Bem Hereditário.
Art. 1.793; antes da partilha somente por alvará judicial (deverá constar as condições da venda). O objeto proveniente da venda pode ser objeto de prestação de contas. O bem alienado não faz parte da partilha (os bens podem ser alienados para custear o próprio processo). 
A venda de bem hereditário difere da cessão de direitos hereditários, pois a alienação se dá a título singular e não compreende o passivo.
Se houver menor o juiz avaliará a alienação do bem (com parecer do MP). Caso a venda seja essencial, a parte do menor deverá ficar a disposição do juízo ou ser depositada em conta poupança. 
4. Capacidade de Suceder
Capacidade para suceder não deve ser confundida com capacidade civil. Esta é a aptidão que tem uma pessoa para exercer, por si, os atos da vida civil; é o poder de ação no mundo jurídico. 
A capacidade sucessória é a aptidão da pessoa para receber os bens deixados pelo "de cujus". Uma pessoa pode ser incapaz para praticar atos da vida civil e ter capacidade para suceder; igualmente, alguém pode ser incapaz de suceder, apesar de gozar de plena capacidade civil, como ocorre com o indigno de suceder, que não sofre nenhuma diminuição na sua capacidade para os atos da vida civil, mas não a tem para herdar da pessoa em relação à qual é considerado indigno, pelo que não tem eficácia jurídica a declaração que, porventura, tenha feito de aceitar a herança.
Nesse sentido estrito, a incapacidade sucessória identifica-se como impedimento legal para adir à herança.
5. Exclusão da Herança.
Está regulada nos Arts. 1.814 e seguintes. Consiste na privação ou perda do direito de adquirir herança da pessoa chamada a suceder, em virtude da prática de atos ofensivos à pessoa do de cujus. 
Dentro do direito brasileiro, temos 3 institutos que cuidam de excluir o herdeiro em receber herança, apresentando os mesmos efeitos, porém com estruturas diversas, e que são: 
a. – por incapacidade – art. 1.801, do C.Civil; 
b. – por indignidade – arts. 1.814 a 1.818, do C.Civil;
c. – por deserdação – arts. 1.961 a 1.965, do mesmo Código.
Incapacidade – consiste na falta de aptidão para receber a herança, como acontece com a pessoa ainda não concebida ao tempo da abertura da sucessão, ou, se concebida, não nascer com vida. Idêntico tratamento deve ser dado às coisas inanimadas e animais, pois não reúnem elementos para se apresentaremcomo sujeitos a algum direito. No art. 1.801, do Código vigente, temos expressamente catalogados casos dessa incapacidade.
Indignidade – dá o herdeiro por excluído da herança à vista da prática de ato que contraria a ordem jurídica – atinge tanto os herdeiros legítimos - necessários e não necessários -, como também os testamentários, incluindo-se aí os legatários. É caracterizada como uma pena civil, pois priva o infrator do direito de herança. 
Deserdação – situada no campo da sucessão testamentária, visa a exclusão punitiva do herdeiro necessário, por iniciativa do testador. Não poderá ela atingir os herdeiros não necessários, cuja pena fica restrita ao instituto da indignidade.
5.1. Indignidade
Casos que tornam o herdeiro indigno – Código Civil - Art. 1.814.
Tais causas podem ser resumidas em atentados contra a vida (I), a honra (II) e a liberdade do "de cujus" (III), e levam o autor a ser considerado indigno para com o titular da herança.
No caso de indignidade por homicídio ou tentativa de homicídio, o Código não exige a condenação. Se absolvido por falta de provas, pode no caso de declaratória de indignidade ocorrer essa prova e assim ser declarado (não herdará).
A relação que aqui se expõe, é exaustiva, não se admitindo extensão analógica, uma vez que cuida ela da aplicação de uma pena civil, devendo aí prevalecer a máxima jurídica de que não há pena sem lei (nulla poena sine lege). Mesmo sob essa máxima, questão acadêmica se coloca na busca de também se considerar indigno o herdeiro que induz o titular da herança ao suicídio, equiparando-a ao homicídio.
Julgamento do indigno pelo juízo criminal - A legislação brasileira não exige prévio julgamento condenatório do acusado na área criminal para considerá-lo indigno na área civil, excluindo-o, em conseqüência, da sucessão hereditária. Admite ela que tal prova seja produzida no cível. Não se discute, porém, que a absolvição do herdeiro na ação criminal, à vista de reconhecimento de uma excludente de criminalidade, impede o questionamento do fato no cível (art. 935, do CC). Assim, como a sentença criminal produz efeito de coisa julgada em relação aos efeitos civis, lícito não será o juízo cível reconhecer a indignidade do acusado em sua área. O mesmo não pode ser dito quando o crime cuidar apenas da extinção da pena – prescrição ou indulto -, que não tem o condão de ilidir a exclusão do herdeiro.
Quanto ao agravo moral tratado no inciso II, lembramos que a ofensa caluniosa só se caracteriza como motivo para decretação da indignidade do agente, se apresentada perante o juízo criminal, através de queixa ou de representação perante o Ministério Público, de maneira que não se configura indignidade se o herdeiro acusar, caluniosamente, o autor da herança em juízo cível. Quanto aos crimes contra a honra, a que se estende dita disposição legal, temos a calúnia, a difamação e a injúria. Orlando Gomes entende que a expressão "crimes contra a honra" deve abraçar também ofensas contra a memória do morto. 
Analisando ao que temos no inciso III, percebemos que o legislador visou punir o herdeiro que, fraudulenta, dolosa ou coativamente, venha a praticar atos que busquem inibir o titular de direitos no que efetivamente pretendia executar, tirando dessa situação proveito próprio. 
Efeitos da indignidade:
(art. 1.816, do C.Civil). Os bens que o indigno deixa de herdar são devolvidos às pessoas que o herdariam, como se ele morto fosse, devido ao caráter personalíssimo da pena, que não deve ultrapassar a pessoa do delinqüente, ante a injustiça de se estender a outrem as conseqüências de um fato a que se mostrou alheio. Observe-se, no entanto, que a substituição do excluído da sucessão ocorre tão-somente na linha reta descendente (art. 1.816, do CC); não podendo, em conseqüência, ser sucedido pelos ascendentes ou colaterais.
Retroação "ex tunc" dos efeitos da sentença declaratória da indignidade, pois, embora se reconheça a aquisição da herança pelo indigno, a legislação faz os efeitos da decisão judicial retroagirem à data da abertura da sucessão, considerando o indigno como pré-morto ao "de cujus". Assim, se o herdeiro indigno durante o período entre a data da abertura da sucessão e o reconhecimento da indignidade, tirou proveito dos frutos e rendimentos do acervo, deverá restituí-lo ao monte, uma vez que está no caso equiparado ao possuidor de má fé. Apesar disso, terá ele direito ao ressarcimento dos gastos que teve com a conservação dos bens até então em sua posse, pois a ninguém é lícito locupletar-se à custa alheia. Todavia, no seu efeito retroativo, a sentença não poderá causar prejuízos aos direitos de terceiros de boa fé, daí respeitarem-se os atos de disposição à título oneroso ou de administração praticados pelo indigno antes da sentença; mas aos co-herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito a demandar-lhe perdas e danos (art. 1.817, do C.Civil);
Art. 1.816, § Único - uma vez que quanto ao produto da herança que foi considerado excluído, é equiparado ao morto civil e, em assim sendo, não poderia receber tais direitos. Desta forma, se um de seus filhos que o substituiu vier a falecer, sem descendentes, não poderá o excluído receber o que for deixado à título de herança.
Devemos também observar que o indigno não está proibido de representar o ofendido na sucessão de outro parente, já que a pena deve ser considerada restritivamente.
Falecimento do indigno - se o indigno vier a falecer durante o processo de conhecimento, extinta estará a ação movida contra ele, não podendo as conseqüências de eventual declaração de indignidade se estender aos seus sucessores, porque, como já vimos, trata-se ela de uma pena, e nenhuma pena deverá ir além do criminoso. 
formalidades exigidas para caracterizar a exclusão - O pretendente na exclusão de um herdeiro, deverá assim se manifestar através de testamento, onde, de forma expressa, fará consignar o motivo que lhe deu causa. A causa de assim se fazer deverá ser reconhecida judicialmente, em ação própria, a ser promovida por quem poderia se beneficiar com tal exclusão, ou até mesmo pelo próprio herdeiro prejudicado, que irá tentar refutar tal situação, mantendo-se como herdeiro regular, sem considerar a causa que o levaria a ser excluído da sucessão. 
O prazo da prescrição para tal ação é de 4 anos, contado da abertura da sucessão (parágrafo único, do art. 1.815, do CC), e, enquanto se processa tal ação, o inventariante ficará na posse da herança, até sua decisão final. Percebemos pela forma como o legislador tratou da prescrição que a ação visando a exclusão de herdeiro não precisa ser impetrada com o titular de direitos ainda em vida, podendo e até mesmo devendo ela ser apreciada após seu falecimento, o que, com certeza, estaria a levar o caso a um julgamento mais justo, sem se ater ao sentimento do próprio ofendido, que, no caso, já não mais aqui está para assim se manifestar.
Reabilitação do indigno – (Art. 1.818) o ofendido pode reabilitar o indigno, dando-lhe condições para o ingresso na herança. Isso só pode ocorrer à vista de declaração do ofendido expressa em testamento ou em ato autêntico (escritura pública). Uma vez concedido o perdão, este será:
indivisível (se houver mais de um ofensor, o perdão em relação a um deles se comunica aos demais), 
revogável (o ofendido pode desistir ou revogar o perdão), 
condicionável (o ofendido pode fixar condições para que o perdão venha a produzir efeitos); 
inatermável (qualquer termo que condicione o perdão reputar-se-á como cláusula não escrita);
pode ser parcial (Art. 1.818, § Único) (o ofensor só está reabilitado em relação aos bens objetos da liberalidade) 
Incapacidade sucessória e a indignidade – diferenças - Embora a indignidade esteja bastante próxima da incapacidade sucessória, com ela não se confunde, porque:
a) a incapacidade impede que surja o direito à sucessão e a indignidade obsta a conservação da herança;
b) a incapacidade é umfato oriundo do enfraquecimento da personalidade do herdeiro, enquanto a indignidade é uma pena que lhe é imposta, se violou o art. 1.814, do C.Civil;
c) o incapaz não adquire a herança em momento algum, ao passo que o indigno já recebe a posse e o domínio dela por ocasião da abertura da sucessão, vindo a perder os bens hereditários somente com o trânsito em julgado da sentença declaratória de sua indignidade;
d) o incapaz nunca foi herdeiro, nada transmitindo a seus sucessores; o indigno, por sua vez, foi herdeiro, e, devido ao caráter personalíssimo da pena, transmite sua parte na herança, como se morto fosse, a seus descendentes.
5.2. Deserdação
Vem ela tratada nos artigos 1.961 a 1.965, do Código Civil. 
Nem sempre a manifestação de vontade do testador possui caráter positivo, no sentido de beneficiar alguém; pode ser negativo, visto que pode privar um herdeiro necessário de sua legítima (C.Civil – art. 1.961) por meio da deserdação, favorecendo com isso, ainda que indiretamente, outro herdeiro. 
Deserdação – pena pessoal - A deserdação é pena imposta ao herdeiro, não podendo, portanto, passar da sua pessoa, o que significa que não alcança seus sucessores.
O art. 1.818, parágrafo único, do Código Civil de 2002, dispõe que, "não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária" 
Exclusão de herdeiros não necessários - Como a deserdação só atinge herdeiro necessário, não se estendendo para os colaterais, o testador, se desejar, pode proceder à exclusão de herdeiros não necessários, segundo o comando do art. 1.850, do Código Civil, sem que para isso faça uso dos institutos da indignidade e da deserdação, bastando que disponha em vida que seu patrimônio seja atribuído a outras pessoas, sem necessidade de justificar tal posição. Estará, em assim se fazendo, excluindo esses pretensos herdeiros do direito que até então a lei lhes conferia, sem que para isso viesse a se manifestar expressamente seu desejo de excluí-los da sucessão.
Efeitos da deserdação
a)– pelo art. 1.784, do CC, o deserdado adquire os bens da herança com a abertura da sucessão; todavia, com a publicação do testamento, surge uma condição resolutiva da propriedade. Deveras, se se provar a causa de sua deserdação, será ele excluído da sucessão, retroagindo os efeitos da sentença até a data da abertura da sucessão. Ou seja, o deserdado é considerado como se morto fosse, portanto, como se nunca tivesse tido o domínio daqueles bens do acervo hereditário do autor da herança;
b)– ante o caráter personalíssimo da pena de deserdação, os descendentes do deserdado sucedem como se ele fosse falecido, procedendo à sua substituição, não se estendendo a deserdação aos descendentes do excluído. Ela atinge exclusivamente o culpado, pois há um princípio geral de direito que impede a punição do inocente, consagrando a idéia do caráter personalíssimo da pena;
c)há necessidade de preservar a integridade do acervo hereditário para entregá-lo ao deserdado, se ele vencer a ação proposta pelo beneficiado com a sua deserdação; ou para destiná-lo ao herdeiro instituído ou a outros favorecidos com a exclusão do deserdado, se este for vencido na referida ação. Para tanto, será preciso nomear um depositário judicial, que custodiará a herança até o trânsito em julgado daquela ação;
d)se não se provar a causa da deserdação, ela não prevalecerá, mas o testamento produzirá todos os seus efeitos naquilo que não contrariar a legítima do herdeiro necessário, reduzindo-se os quinhões dos herdeiros legítimos, dos instituídos e dos legatários, se isso for necessário, para inteirar a legítima do herdeiro que foi infelizmente deserdado.
A mera reconciliação do testador com o deserdado não gera a ineficácia da deserdação, se o testador não se valer da revogação testamentária, porque, como aqui já dito, essa pena é imposta por testamento.
Requisitos para a formalização da deserdação - Para que se efetive a deserdação, é necessária a presença de certos requisitos essenciais, como:
a)- existência de herdeiros necessários;
b)- exigência de testamento válido com expressa declaração do fato determinante da deserdação (C.Civil – art. 1.964), ocorrido, obviamente, antes de sua morte. O testador só pode deserdar seus herdeiros necessários por meio do testamento, ante a solenidade com que se reveste esse ato. Se nulo for o testamento, igualmente nula será a deserdação;
c) - fundamentação em causa expressamente prevista pelo legislador, pois nula será a cláusula testamentária pela qual o testador deserda herdeiro sem declarar-lhe a causa, ou por motivo não contemplado em lei. O legislador retira do testador a decisão quanto aos casos de deserdação, devido à gravidade desse ato, não admitindo interpretação extensiva e muito menos o emprego de analogia;
d) - comprovação da veracidade do motivo alegado pelo testador para decretar a deserdação, feita pelo herdeiro instituído ou por aquele a quem ela aproveita (C.Civil - Art. 1.965), por meio de ação ordinária movida contra o deserdado dentro do prazo de 4 anos, contados da abertura da sucessão (C.Civil – parágrafo único, do art. 1.815). Se provar cabalmente o fato, a sentença privará o herdeiro de sua legítima. Se não se conseguir provar a causa da deserdação, nula será a instituição de herdeiro e todas as disposições que prejudicarem a reserva legitima do deserdado, mas, se se tratar de legado, cumprir-se-á a liberalidade que comporte a quota disponível.
indignidade e deserdação – diferenças - Apesar de a indignação e a deserdação terem o mesmo objetivo – a punição de quem ofendeu o "de cujus" – são institutos distintos, pois: 
a)- a indignidade funda-se, exclusivamente, nos casos expressos no art. 1.814, do C.Civil, ao passo que a deserdação repousa na vontade exclusiva do autor da sucessão, que a impõe ao ofensor no ato de última vontade, desde que fundada em motivo legal (C.Civil – arts. 1.814, 1.962 e 1.963, do C.Civil);
b)- a indignidade é própria da sucessão legítima, alcançando, também, herdeiros testamentários, incluindo-se, ai, os legatários (art. 1.814, do C.Civil), enquanto a deserdação afasta da sucessão somente os herdeiros necessários, através de manifestação do titular da herança, que só pode ser feita mediante testamento. 
6. Ordem de Vocação Hereditária
O Código Civil mostra-nos um rigoroso processo que deve ser obedecido para que a herança se transfira do de cujus para seus herdeiros. A legislação civil, no caso da sucessão legítima, defere a herança aos familiares próximos do de cujus, também chamados de herdeiros necessários, no caso da não existência de nenhum parente sucessível, a herança será deferida ao Estado.
Esse processo obedece a uma ordem de Vocação Hereditária.
A palavra "vocação" tem sua origem no latim vocatione, que significa o ato ou efeito de chamar alguém.
Levando esta noção para a seara jurídica, a essa Vocação é o ato de "chamar" os herdeiros citados na legislação civil, segundo uma ordem pré-estabelecida. Tal ordem se encontra estabelecida no art. 1.829 do Código Civil Brasileiro.
Estes herdeiros citados no art. 1.829 são chamados de herdeiros legítimos, na medida em que a ordem de preferência dos mesmos é definida e deferia pela legislação. Esta ordem é absoluta e deve ser obedecida rigorosamente. 
Regra da preferência: dentro de uma mesma classe os herdeiros mais próximos excluem os mais remotos.
Modo de suceder – é o título, a razão de ser mediante a qual alguém é chamado a suceder mortis causa os bens de outrem. 
Poder ser por direito próprio (todos os herdeiros chamados a suceder estão numa mesma classe); por representação (há uma substituição ou sub-rogação dos direitos hereditários de herdeiro pré-morto ou indigno, pertencente àquela classe chamada a suceder); por transmissão (se dá em relação ao herdeiropós-morto chamado a suceder)
Modo de partilhar – corresponde a um critério de divisão de bens entre aqueles que foram chamados a suceder.
Pode ser por cabeça (todos os chamados a suceder recebem quotas iguais na herança); por linhas (só se dá na sucessão dos ascendentes; é uma imposição legal; pode ser na linha materna ou paterna); por estirpe (se dá quando ocorre a substituição de pessoas no direito hereditário de alguém chamado a suceder; os substitutos vão receber aquilo que este receberia se não tivesse aquele impedimento, mas sempre com relação àquela estirpe)
Primeiramente, a herança será deferida aos descendentes (divisão por cabeça), em qualquer grau, estes concorrendo com o cônjuge sobrevivente (sucessão por direito próprio). 
O processo se dá da seguinte forma: o patrimônio comum (se houver) será divido em duas meações, uma meação ficará com o cônjuge sobrevivente, a outra dividir-se-á entre os descendentes e o cônjuge. 
A exceção a essa regra é quando o cônjuge for casado com o de cujus no regime de comunhão universal (geralmente casamentos anteriores a 26/12/1977, ou por pacto pré-nupcial), tendo o sobrevivente direito somente a sua meação do patrimônio, que é 100% comum. Somente se aplica em relação à concorrência com os descendentes.
Exceção também é quando este for casado com o falecido no regime da separação obrigatória, imposta pelo parágrafo único do art. 1.641, neste caso o cônjuge somente terá direito a seu patrimônio particular e a possíveis bens comuns, na medida em que se entende que, se os patrimônios jamais se comunicariam não há que se falar em divisão para o cônjuge na qualidade de herdeiro.
Também configura uma exceção à concorrência entre os descendentes e o cônjuge, quando este for casado com o falecido no regime da comunhão parcial e o de cujus não deixou bens particulares, neste último caso, a regra será semelhante à do regime de comunhão total, tendo apenas um patrimônio comum, sendo um contra-senso o cônjuge sobrevivente ter direito a meação e à herança. 
Para JM, se na comunhão parcial o de cujus tiver deixado bens particulares, a sua herança seria composta da meação do patrimônio comum e dos seus bens particulares. Estes dois pontos constituem a herança e JM considera que o cônjuge concorre na integralidade desta. NR entende que ele só deveria herdar a parte dos bens particulares
Partilha com o cônjuge – Art. 1.830 (direito sucessório do cônjuge sobrevivente); Art. 1.831 (direito real de habitação ao cônjuge sobrevivente); Art. 1.832 (partilha desproporcional).
Sucessão dos ascendentes – (Art. 1.836) não havendo descendentes do de cujus, o cônjuge sobrevivo entrará em concorrência com os ascendentes do falecido, qualquer que seja o regime de bens em que era casado, na medida em que não há restrição legal com relação a regimes de bens. Somente nos casos do Art. 1.830 existirá a concorrência entre cônjuge e ascendente. Partilha regulada no Art. 1.837.
Sucessão pelo cônjuge - (Art. 1.838) se inexistirem descendentes ou ascendentes, a herança será deferida inteiramente ao cônjuge sobrevivente, através de uma carta de adjudicação.
Sucessão pelos colaterais – (Art. 1.839) caso não existam nenhuma das outras classes de herdeiros legítimos, a herança será deferida e dividida aos parentes colaterais até o quarto grau (do quinto grau em diante não existe mais relação de parentesco).
É importante lembrar que, caso não existam nenhum herdeiro sucessível, a herança será jacente, tornando-se posteriormente vacante, passando para o domínio e propriedade do Estado, segundo os ditames processuais vigentes. 
A razão de ser dessas demasiadas exceções constantes no inciso I do art. 1.829 é não deixar o cônjuge sobrevivo em estado de penúria, sendo este o objetivo da lei também quando o coloca como concorrente dos ascendentes. Ou seja, deve-se observar sempre a mens leges contida na norma.
6.1. Legítima.
A legítima constitui um limite à disposição dos bens pela via testamentária. Disposição patrimonial não deve exceder 50% da herança líquida no momento da feitura do testamento. Deve, portanto, seguir os ditames da lei civil sucessória (Art. 1.846).
JM Considera que qualquer valor antecipado da legítima deve ser descontado no momento da partilha.
Legítima e Metade Disponível do patrimônio do de cujus – Distinção. O patrimônio de uma pessoa, enquanto viva, pode ser dividido em duas metades: A Legítima e a Metade Disponível. Entretanto tal distinção somente produzirá efeitos práticos se houverem herdeiros necessários em jogo (Descendentes, Ascendentes e / ou Cônjuge sucessíveis).
A outra metade do patrimônio, chamada de Metade Disponível, é aquela que o autor da herança pode deixar para quem quiser, mediante um ato de disposição de última vontade (Testamento ou Codicilo), a priori, não há restrições visíveis quanto à forma de disposição da metade disponível, contudo, mesmo a disposição de última vontade deve obedecer a certas determinações emanadas da lei, como veremos posteriormente.
O dever de informar o adiantamento da legítima chama-se colação. Trazer bens à colação é o herdeiro necessário declarar, no inventário, bens que recebeu no adiantamento da legítima. Se não cumpre esse dever legal, sofre sanção de sonegados (perda do direito da pessoa sobre o bem objeto da liberalidade em favor dos demais co-herdeiros, ou indeniza pelo valor correspondente do mesmo). A renúncia a direitos hereditários não anula o dever da pessoa de promover a colação.
6.2. Herdeiros Necessários.
A lei exprime que todo descendente ou ascendente sucessível, bem como o cônjuge, é chamado de Herdeiro Necessário.
Não é aquele somente tipificado em Lei, como o Herdeiro Legítimo. Como possui a qualidade de necessário, a lei confere ao mesmo o direito à Legítima. O de cujus de maneira alguma pode, por arbítrio próprio, se furtar a transferir ao herdeiro necessário a Legítima a que este possui direito. Contudo, nada impede que o herdeiro necessário renunciar a herança, na conformidade da Lei.
7. Direito de Representação
Como sabemos, a sucessão pode ser "por cabeça", quando é deferida segundo direito próprio, ou seja, quando o herdeiro recebe a herança por si só; ou "por estirpe", quando é chamado a suceder outra pessoa em lugar do herdeiro, em virtude deste não poder suceder. Por exemplo, se o falecido deixou descendentes, estes lhe sucedem por cabeça.
Segundo o art. 1.851 do Código Civil, o Direito de Representação ocorre quando a lei chama outros sucessores para representar algum sucessor que não possa suceder, seja por pré-morte ou deserdação, ou indignidade, da seguinte forma. Na linha descendente opera ad infinitum; na linha ascendente não há direito de representação; na linha colateral só existe em favor dos sobrinhos (Art. 1.840).
Da mesma forma, o quinhão daquele que for representado será repartido entre os seus representantes (no caso, seus próprios herdeiros), por força do art. 1.855 do diploma civil.
Vejamos o seguinte caso: Se o autor da herança deixou quatro filhos, chamados de "A", "B", "C" e "D". O seu patrimônio será dividido igualmente estes quatro herdeiros. Contudo o herdeiro de nome "B" já é falecido antes do pai (ou seja, é pré-morto), deixando este ("B") dois filhos.
A herança será deferida da seguinte forma: os filhos "A", "C" e "D" ficarão cada um com 25% da herança deixada pelo autor da herança. Com relação aos 25% que caberiam a "B", pré-morto, este seu quinhão será divido igualmente entre os seus dos filhos, que o sucederão por representação.
Os filhos de "B" somente terão direito ao quinhão de seu pai pré-morto, por força do art. 1.854 da lei civil pátria.
De todo modo, todos os representantes do pré-morto, não importa quantos forem, somente terão direito ao quinhão que o representado herdaria se fosse vivo, dividindo-se este quinhão igualmente por todos os representantes.
Irmãos bilaterais X irmãos unilaterais – Art. 1.841 - irmãos bilaterais tem o privilégioduplo.
Preferência entre parentes em 3º grau – Art. 1.843 – sobrinhos preferem aos tios do de cujus. Tal princípio não se aplica em relação aos sobrinhos-netos e os tios-avôs (serão chamados a suceder por direito próprio e por cabeça), não há preferência.
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