Buscar

Avaliação de Impacto Ambiental -Eia e Rima como instrumentos técnicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

AvaliaçãodeImpactoAmbiental:EiaeRimacomoinstrumentostécnicosede
gestãoambiental1
LUISALBERTOBASSO
ROBERTOVERDUM
INTRODUÇÃO
Após17anosdaediçãodaprimeiraresoluçãodoConama(ConselhoNacionaldoMeio
Ambiente), a Resolução n° 01/86, que trata sobre a necessidade dos Estudos de Impacto
Ambiental (Eia) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), avalia-se que esses
instrumentosderegulaçãodoordenamentoambientalsofreramaprimoramentosmetodológicose
técnicos. Isto se refere, tantoemrelação asexigências impostaspelocorpo técnicodosórgãos
ambientais que licenciam os empreendimentos, como aos avanços obtidos pelas empresas
consultorasqueelaboramessesdocumentostécnicos.
 Nestaperspectiva,para secompreendera trajetóriadeaplicaçãodesses instrumentosno
Brasil é fundamental contextualizá-los em consonância com a questão ambiental em nível
mundial. Istoé,asmarcasdoséculoXXquerevelamospressupostosdoprogressoindustriale
econômico, demostram igualmente os questionamentos referentes aos modelos de
desenvolvimento concebidos, principalmente pela ocorrência de grandes acidentes ambientais
associadosamatrizprodutivaadotadaemescalamundial.
Assim, a complexidade e a gravidade dos problemas ambientais colocam em
questionamentonãosóosefeitossobreasaúdehumana,opotencialprodutivodosecossistemase
a sobrevivência dos seres vivos, mas também, aponta para uma mudança de escala espacial e
temporal desses problemas. Esses ultrapassam a esfera do local, do visível e do imediato,
revelando-secomoproblemasconcernentesatodahumanidade.
Essarealidaderegistradanahistóriarecentedacivilizaçãohumana,projetanaatualidade
umadiscussãointensaentreomodelodedesenvolvimentoeconômicodecaráterconsumistaea
conservação/preservação do ambiente. Neste sentido torna-se fundamental relacionar os
1
Textopublicadoem:VERDUM,R.&MEDEIROS,R.M.V.(org.)Relatóriodeimpactoambiental:legislação,
elaboraçãoeresultados.PortoAlegre:EditoradaUniversidadeUFRGS,2006.
principaiseventos,tratadoseresoluçõesmundiaiscomarealidadenacional,jáqueesses,decerta
forma,influenciaramdiretamenteaelaboraçãodaPolíticaNacionaldoMeioAmbiente(Pnma),
assimcomo,seusrespectivosinstrumentosdelicenciamentoambiental.
INSTRUMENTOSDEAVALIAÇAOEGESTÃOAMBIENTAL
Procurando elucidar as bases políticas e legais que proporcionaram a construção dos
instrumentosdelicenciamentoambientalbrasileiro,observa-sequeasreferênciassituam-senos
instrumentosdesenvolvidosnosEUA(NationalEnvironmentalPolicyAct–1969)enaFrança
(Loi relative à la Protection de la Nature – 1976). Ambas trazem como fundamento a
implantaçãodosistemadeAvaliaçãodosImpactosAmbientais(Aia),abuscadeprocedimentos
metodológicosetécnicosparaaminimizaçãodosimpactosambientais,assimcomoaprodução
deestudosquepudessemampliaroconhecimentotecno-científicocapazdesubsidiarasequipes
multidisciplinaresquesepropõemaavaliá-los.
No Brasil, na década de 70 e 80 do século passado, o Banco Mundial que financiou
projetosrodoviáriosedeassentamentosagrícolas,principalmentenaregiãonortedopaís,assim
como a Companhia Estadual de Energia Elétrica do Estado de São Paulo (CESP) que
impulsionounesteperíodoaconstruçãodereservatóriosparaageraçãodeenergia,geraramuma
revisão de suas ações em função dos impactos ambientais produzidos pelos empreendimentos
implantados.Nestaperspectiva,considera-sesobretudoqueapressãodoBancoMundial,comoo
principal órgão financiadordesses emprendimentos, assimcomoa experiênciavivenciadapelo
corpotécnicodaCESPseriamosprecursoresdaelaboraçãodosinstrumentoslegaisdeavaliação
deimpactosambientaisnopaís.
Assim,éem1981quesurgeaLeiFederaln°6.938eseurespectivoDecretoem1983n°
99.351 que estabeleceriam as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente (Pnma),
instrumentolegalessequeseriasubstituídoposteriormentepelaLeiFederaln°7.804de1989e
seu respectivo Decreto n° 99.274 de 1990. Como instrumento da Pnma, elaboraram-se as
diretrizesdaAvaliaçãodeImpactoAmbiental(Aia)edeoutrosinstrumentoscomplementares:
o Estudo de Impacto Ambiental (Eia) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima). Esses
teriam como fundamentos essenciais constituir os procedimentos de avaliação do impacto
ambientalnoâmbitodaspolíticaspúblicas,alémdefornecerossubsídiosparaoplanejamentoea
gestãoambiental,vislumbrandoassim,aprevençãorelativaaosdanosambientais.
O Eia têm como principal pressuposto examinar os impactos ambientais de uma ação
proposta (projeto, programa,planooupolítica), assimcomoaproposiçãode alternativasdessa
ação.JáoseurespectivoRimadeveapresentarosresultadosdeformacompreensívelaopúblico
emgeraleaosresponsáveispelatomadadedecisão.
Expor as resoluções legais brasileiras sobre Eia e Rima e outros instrumentos que
normatizamosestudosambientais,revela-secomopossibilidadedeseconhecerosfundamentos
analíticos que estabelecem o estudo do meio e suas interrelações com a instalação de grandes
empreendimentosgeradoresdeimpactosambientaisnopaís.
CONSIDERAÇÕESSOBREAAPLICAÇÃOEDINÂMICADOSINSTRUMENTOSDE
AVALIAÇÃODEIMPACTOAMBIENTAL
Segundo Sanchez (1995) a Avaliação de Impacto Ambiental (Aia) deve ser
compreendidacomoinstrumentodeplanejamento,istoé,comoumaatividadetécnico-científica
que tem por finalidade identificar, prever e interpretar os efeitos de uma determinada ação
humana sobre o ambiente. Ao mesmo tempo, a Aia pode ser considerada como procedimento
queseinserenoâmbitodaspolíticaspúblicas.Nessesentido,elasecaracterizaporumconjunto
deprocedimentosqueenglobam:
-aseleçãodeaçõesouprojetosquedevemsersubmetidosàAia;
-aelaboraçãodetermosdereferência(Tr);
- a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (Eia) e o conseqüente Relatório de Impacto
Ambiental(Rima);
-arevisãotécnicadoEia/Rimarealizadapeloórgãoambiental;
-aAudiênciaPública;
-adecisãoquantoàaprovaçãodoempreendimento;
-oplanodemonitoramentoe
-asauditoriasambientaisperiódicas.
Comosepodeperceber,sãováriasetapasaseremcumpridas,oqueexpõe,muitasvezes,
oprocessoaalgumasfalhas,mastambémamelhorias.Dentreasprincipais,destacam-se:
• TermosdeReferência (Tr): essesdocumentos são comoumaespéciede roteiro, sendouma
especificaçãodetalhadadaquiloqueseráoconteúdodoEia/Rima.Assim,auxiliamasequipes
multidisciplinaresàelaboraçãodoEia/Rima.ExistemTrsespecíficosparadeterminadostipos
deprojetosouempreendimentos,ouseja,algunsaspectosouvariáveisqueserãoabordadosno
Eia/Rima,devemsertratadoscommaiordetalhe,dependendodotipodeempreendimentoque
seráimplantado.Outropontoimportanteadestacar,équeaobtençãodeumbomTrconstitui
uma etapa essencial para o sucesso de elaboração do Eia/Rima. Muitas vezes, os órgãos
ambientaiselaboramTrsquedãomaiorprioridadeaoselementosdomeiofísicoebiótico,em
detrimento do meio socioeconômico. Outro problema comum, é a ausência de profissionais
especializadosecomexperiêncianaanálisedascaracterísticaseimpactossocioeconômicosdo
projeto. Assim, em certas ocasiões, é visível a diferença do grau de profundidade no
tratamento dos itens a serem abordados na caracterização do meio físico, biológico e
socioeconômico.Nesse último,onível dedetalhamento ébemmenordoqueo exigidonos
demais. A menor importância que, geralmente, costuma-se evidenciar nos aspectos
socioeconômicosdeumEia/Rimapareceindicarque,ainda,aquestãoambientalé traduzida
comosendoexclusivamenteaavaliaçãodoscomponentesdomeiofísico-biótico.
• Equipemultidisciplinar:o“sucesso”daelaboraçãodoEia/Rimadepende,fundamentalmente,
do papel desempenhado pelo coordenador-técnico da equipe multidisciplinar. A boa
coordenação é condição essencial para garantir a interdisciplinariedade exigida nos
Eias/Rimas.Aqualidadedessesdocumentos, fica,muitasvezes, comprometidaquandoessa
coordenação não é bem executada. Exemplo disso, são alguns diagnósticos ambientais
elaborados por profissionais contratados temporariamente que utilizam dados ou fontes
secundáriasquesequer temavercomaáreadeestudo.OresultadofinaléumEia/Rimade
qualidade questionável e de estrutura “irregular”, que se parece mais a uma “colcha de
retalhos”,onde alguns itens do diagnóstico apresentam análise aprofundada e outros
caracterizam-se por serem bastante superficiais. É importante salientar que a Resolução no
237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogou o artigo no 7 da
Resolução no 01/1986 do mesmo colegiado que, inicialmente, afirmava que o Eia devia ser
elaborado por equipe multidisciplinar independente do proponente do projeto, ou seja, do
empreendedor. Para muitos especialistas, houve um "retrocesso legal" no processo de
elaboraçãodoEia/Rima,poisdámargemaumaavaliaçãoambientalconsideradatendenciosa.
Nestesentido,atéentãoosistemabrasileirodiferenciava-se,tantodoeuropeuquantodonorte-
americano.Noprimeiro,quemeraresponsávelpeloestudo,eraoempreendedor,enquantoque
nosegundoeraoórgãopúblicoambiental.Nosistemabrasileiroogrupode técnicosestava
desvinculadodeambos:empreendedoreórgãopúblico.Agora,osprofissionaisresponsáveis
pelo Eia/Rima podem estar vinculados ou ser dependentes do empreendedor, mas isso não
quer dizer que esteja liberado a manipulação de dados e de informações técnicas sobre os
possíveis impactos ambientais do projeto. Continua valendo para os membros da equipe
multidisciplinar, estarem registrados no Cadastro Técnico Federal de Atividades do Ibama,
assim como demonstrar seriedade e moralidade no processo de execução do Eia/Rima,
podendo os mesmos, assim como o empreendedor, serem responsabilizados juridicamente,
tantonasesferascivil,penaleadministrativaporqualquertipodesonegaçãooudadofalsoa
respeitodoestudoelaborado.
• Diagnóstico ambiental: essa etapa do Eia/Rima consiste, juntamente com a identificação,
previsãoeanálisedeimpactosambientais,asmedidasmitigadorasecompensatóriaseoplano
demonitoramento,nasquatroatividadestécnicasdesenvolvidasporessestiposdeestudos.É
uma etapa fundamental, pois descreve e analisa os recursos ambientais e suas diversas
interaçõestalcomoexistem,caracterizandoasituaçãoambientaldaárea,antesdaimplantação
do empreendimento. A sua execução é bastante trabalhosa e longa, pois a equipe
multidisciplinar,nessaetapa,deverealizaruminventárioambiental, istoé,umlevantamento
dascondiçõesambientaisvigentesnaáreaondeseráimplantadooempreendimento.Agrega-se
aissoo"sucateamento"queatingemuitosdosórgãospúblicosquesãooslocaisapropriados
paraseobterosdadosdomeiofísico,bióticoesocioeconômiconecessáriosàelaboraçãodo
diagnóstico.Écomumaequipemultidisciplinarnãoteracessoainformaçõesedadosbásicos
ecomrepresentatividadehistórica,jáqueosmesmos,muitasvezes,nãoforamadequadamente
coletados ou até mesmo, interrompidos. Porém, esse conjunto de dificuldades não exime o
empreendedordeconseguirosdadosnecessáriosaboaelaboraçãodoestudo,atéporquedados
provenientesdefontesprimáriastrarãomaiorlegitimidadeaoestudorealizado.
• Audiênciapública:éumaespéciedereuniãopúblicaondeseapresentaesedebateoRima.Se
comparado com o início dos anos 90, as audiências públicas estão, atualmente, menos
prestigiadas, ou seja, hámenorparticipaçãodo público.Naquela época, asmesmas tinham
um caráter mais "político-ideológico", hoje, predomina a variável "econômica", ou seja, os
participantesdasaudiênciasestãomuitomaispreocupadoscomodinamismoeconômicoou
comageraçãodeempregosqueoempreendimentopodeacarretaràregiãoouaomunicípio
ondepretendeseinstalar.Paracompensarisso,asOrganizações-não-governamentais(Ong’s)
exercem um papel fundamental para esclarecer ou mesmo fazer refletir a respeito dos
possíveis impactos e problemas que podem surgir com a implantação do empreendimento.
Outro agente importantíssimo com relação as audiências públicas é o Ministério Público
(Mp).Suaatuaçãoédeextrema importâncianaatualidade, tendoemvistaquea realização
dasaudiênciasnãoéobrigatória.Emcertasocasiões,quemsolicitaarealizaçãodelas,éoMp.
SegundodepoimentodarepresentantedoCentrodeApoiodeDefesadoMeioAmbientedo
Ministério Público do Rio Grande do Sul, Silvia Capelli, 97,5% das ações ajuizadas em
defesa do ambiente no país são provenientes do Mp, o que o torna um dos principais
defensoresdascausasambientaisnoBrasil.
• Resoluçãono237/97doConamaeolicenciamentoambiental:essaResolução,emseuartigo
6o, transferiu para o Poder Municipal o licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades de impacto ambiental local. Assim, o processo de descentralização do
licenciamento ambiental trouxe uma série de agravantes para muitos dos municípios
brasileiros,poisnagrandemaioriadeles: faltam técnicoscapacitadospara avaliar impactos
ambientais e há poucos recursos financeiros, assim como precárias condições de infra-
estrutura,aspectosfundamentaisàrealizaçãodafiscalizaçãoeparaprocederaolicenciamento
dosempreendimentosdemaneirasatisfatória.Outropontoadestacaréquantoaoprazodas
licençasambientais,maisespecificamente, comrelaçãoà licençadeoperação (Lo).Muitos
consideramoprazodevalidadebastantelongo(mínimoquatroemáximodezanos),devendo
o mesmo ser reduzido. A longevidade da Lo não estimula o empreendedor a investir em
equipamentosdecombateàpoluiçãoouaatualizaras tecnologiasdesaneamentoambiental
que poderiam minimizar os impactos ambientais decorrentes do funcionamento do seu
empreendimento.
• Decisãosobreoempreendimento:oobjetivoprincipaldoEiaéorientaradecisãodoórgão
ambiental e informá-lo sobre os efeitos ambientais do empreendimento ou projeto. Mesmo
assim,épossívelqueoórgãoambientalseinclineporumadecisãodiferentedaquelaproposta
pelo Eia. Nesse caso, o órgão ambiental deverá explicar as razões que o fizeram adotar
decisãodiferentedaquelasugeridanoEia.Seficarcomprovadoqueoempreendimentocausa
danosaoambiente,épossívelqueoMpouumaOngentremcomalgumaaçãojudicialpara
embargaraobra.Outraquestãoimportantee,talvez,umadasmaispolêmicas,emsetratando
de Eia/Rima, é o fato que, muitas vezes, a decisão de aprovar o empreendimento ou lhe
conceder a licença prévia (Lp), já está tomada a partir de fatores meramente políticos em
detrimento dos técnicos, o que causa desconforto nos técnicos dos órgãos ambientais que
analisaramoEia.Emoutraspalavras:avariávelpolíticaémaisfortequeavariáveltécnico-
científicae,nessecaso,oEia/Rimaéelaboradocomoúnicointuitodecumprirumanorma
burocrática.Saem"vencedores"oempreendedoreaconsultoraqueganhoufinanceiramente
comaelaboraçãodeumestudoconsiderado,muitasvezes,dequalidadeduvidosa.Quando
issoocorre,ficacaracterizadooquealgunsdenominamde"IndústriadosEias/Rimas".
• EstudoPréviodeImpactoAmbiental(Epia):estudopreliminarquevisasubsidiarparâmetros
dedecisãoparao empreendedore aequipe consultora, apartirdo conjuntodeopiniõesdo
públicoemgeralede técnicos sobreapropostada realizaçãodeumempreendimentonum
determinadolocal.Assim,oEpiaquecompõeumapartedoEia,torna-seuminstrumentoque
reforçaaparticipaçãomaisampladasociedade,alémdaquelajáconcebidalegalmentepelas
audiências públicas. Experiências neste sentido têm sido relatadas como sendo positivas,
essencialmente por buscar assegurar a abertura do processo de avaliação de impacto
ambiental à sociedade, incluindoosproponentesdo empreendimento e a equipe técnicado
órgãolicenciador(Müller,2002).
CONSIDERAÇÕESFINAIS
Acompanhando-seoprocessoqueconcebeuaelaboraçãodosinstrumentosdeavaliação
deimpactoambientalnopaísesuaaplicação,avalia-sequeessesinstrumentosderegulaçãodo
ordenamento ambiental, ao sofrerem aprimoramentos metodológicos e técnicos, são
fundamentais para conceber as políticas públicas, assim como a projeção de investimentos
empresariaisdegrandeporte.Avalia-senesseperíodoumaumentodasexigênciasimpostaspelo
corpo técnicodosórgãos ambientaisque licenciamos empreendimentos, assimcomo, avanços
dasequipesdasempresasconsultorasqueelaboramosdocumentostécnicos.Acomplexidadedos
procedimentos são crescentes, tanto pela necessidade do aprimoramento técnico na elaboração
dos estudos como, também, na rede de relações sociais que se estabelecem entre os vários
segmentosdasociedade.Nestesentido,aindasãonecessáriosaprimoramentosnoprocessoque,
emalgunscasos,sãopropostosespontaneamentepeloempreendedor,pelaequipeconsultorae/oupelo corpo técnico do órgão licenciador, por entender a importância desses instrumentos de
avaliaçãodeimpactoambiental.
 Destaca-seaindaque,mesmoquealegislaçãobrasileiranessetemasejaconsideradauma
das melhores do mundo, é fundamental continuar a contextualizá-la em consonância com a
questãoambientalemnívelmundial.Istoé,ospressupostosdaglobalizaçãoqueintensificamas
relaçõesentreospaíseseascorporaçõesmultinacionais, impõemmodelosdedesenvolvimento
muitas vezes homogêneos, não compatíveis com as características ambientais locais. Assim, é
importante compreender que os instrumentos de avaliação de impacto ambiental, o Eia e seu
respectivoRima são essenciais àprevenção relativa aosdanos ambientaismas, também, como
instrumentosdeanálisesesíntesesessenciaisparaoplanejamentoeagestãoambientalnaescala
local,municipal,estadualefederal.
BIBLIOGRAFIA
ABBOT, J. & GUIJT, I. Novas visões sobre mudança ambiental: abordagens participativas de
monitoramento. Rio de Janeiro: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa;
Londres:IIED–InternationalInstitutforEnvironmentandDevelopment.1999.
BASSO,L.A.&VERDUM,R.Procedimentostécnicosegestãoambiental.In:AnaisdoIII
SeminárioNacionaldeEducaçãoambiental,culturaesaúde.Ijuí:Unijuí.2003
GUERRA,A.J.T.&CUNHAS.B.Geomorfologiaemeioambiente.RiodeJaneiro:BertrandBrasil,1996.
LIMA,A.L.B.R.;TEIXEIRA,H.R.;SANCHEZ,L.E.(orgs.)Aefetividadedoprocessodeavaliaçãode
impactoambientalnoEstadodeSãoPaulo:umaanáliseàpartirdeestudosdecaso.SãoPaulo:
SecretariadoMeioAmbiente–CoordenadoriadePlanejamentoAmbiental,1995.
LOPES, J.V. (org.) Gestão ambiental no Brasil: experiência e sucesso. Rio de Janeiro: Fund. Getúlio
Vargas,1996.
MAURO,C.A.(coord.)Laudospericiaisemdepredaçõesambientais.RioClaro:UNESP,1997.
MACHADO,P.A.L.Direitoambientalbrasileiro.SãoPaulo:RevistadosTribunais,1989.
MÜLLER,R.Amotivaçãosocialdaavaliaçãodeimpactoambiental.In:VERDUM,R.&MEDEIROS,
R.M.V.(org.)Relatóriodeimpactoambiental:legislação,elaboraçãoeresultados.PortoAlegre:
EditoradaUniversidadeUFRGS,2002.p.127-130.
MÜLLER-PLANTENBERG,C.&AB’SABER,A.N.(orgs.)Previsãodeimpactos.SãoPaulo:EDUSP,
1998.
RODRIGUES, G.S. Avaliação de impactos ambientais e projetos de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico agropecuário: fundamentos, princípios e introdução à metodologia. Jaguariuna:
EMBRAPA–CNPMA.1998.
SANCHEZ, L. E. O processo de avaliação de impacto ambiental, seus papéis e funções. In:
LIMA, A. L. B. R.; TEIXEIRA, H. R. & SANCHEZ, L. E. (orgs.) A efetividade da
AvaliaçãodeImpactoAmbientalnoEstadodeSãoPaulo:umaanáliseapartirdeestudos
de caso. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, Coordenadoria de Planejamento
Ambiental,1995.p.13-19.
TAUK-TORNISIELO,S.etalii.Análiseambiental:estratégiaseações.SãoPaulo:T.A.QueirozEditor,
1995.
VERDUM,R.&MEDEIROS,R.M.V.(org.)Relatóriode impactoambiental: legislação,elaboraçãoe
resultados.PortoAlegre:EditoradaUniversidadeUFRGS,2002.

Continue navegando