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* Os Princípios do texto jornalístico * As características do discurso jornalístico impõem o domínio da língua e da sua gramática, bem como das técnicas de redação. * Podem existir jornalistas extraordinariamente bons para recolher informação e muito maus para enunciá-la. * Um jornalista que não saiba redigir com qualidade será sempre um jornalista incompleto, estigmatizado. * Dominar a língua escrita passa por um estudo apurado. Passa também pela prática. É preciso escrever, escrever muito. E passa também pela leitura. * Escrever sobre o que se sabe e contar bem o que há para contar representam, em última análise, os principais ingredientes da enunciação jornalística. * Princípio da correção Um texto jornalístico deve respeitar as regras gramaticais. E deve, igualmente, obedecer às normas de estilo em vigor no jornal. Mas, acima de tudo, deve ajustar-se à realidade, contando bem o que há para contar, com intenção de verdade. * O grande título. Um é o retrato de boa parte do noticiário dos nossos meios de comunicação: ** "Italianos e portugueses brigariam por jogador do Grêmio" Afinal, brigam ou não brigam? Qual é a notícia? * Como... Esta é do site noticioso, numa cidade paulista das mais importantes: (...) Dezembargador Relator" * Princípio da clareza Um texto jornalístico tem de ser construído e organizado de maneira a ser facilmente compreendido, sem dúvidas ou ambiguidades. * “Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo” * De um grande portal da internet: ** "Alemão abastece carro pelado em protesto por preço do combustível" Veja como é o Primeiro Mundo: lá andam até vestindo e despindo o carro! * Princípio da sedução Um texto jornalístico deve ser cativante e agradável. Deve ter vivacidade e ritmo. A sua leitura deve proporcionar prazer e gratificação. * Exemplo “Esta sentença tem cinco palavras. Aqui estão mais cinco palavras. Sentenças com cinco palavras funcionam. Mas várias consecutivas trazem monotonia. Ouçam o que está acontecendo. A escrita está ficando entediante. Seu som vira um zumbido. É como um disco quebrado. Os ouvidos exigem alguma variação. Agora escute. Alterando a duração da sentença, eu crio música. Música. A escrita canta. Ela ganha um ritmo prazeroso, uma melodia, uma harmonia. Eu uso sentenças curtas. E então uso sentenças de extensão mediana. E às vezes, quando estou seguro de que o leitor está descansado, eu o envolvo em uma sentença de considerável extensão, uma sentença que ganha força com o ímpeto de um crescendo, como o rufar de tambores. A explosão dos pratos de uma bateria – um som que diz: ‘ouça isto, é importante”. * Princípio da funcionalidade Um texto jornalístico necessita de se adaptar às necessidades do jornal ou revista. Se apenas pode ter dois mil caracteres, o jornalista deve respeitar este espaço. Se for necessário, um texto jornalístico deve estar escrito de maneira a poder ser amputado de algumas partes, nomeadamente do final, sem que se perca nem a informação principal nem a lógica enunciativa. * Princípio da concisão Um texto jornalístico não pode ser prolixo. Pelo contrário, deve ser econômico. “Escrever é cortar palavras” é uma máxima a respeitar. * Vejamos três exemplos retirados de bons jornais: 1. “A largada da maratona será no Leme. A chegada acontecerá no mesmo local da partida.” Cá entre nós, bastava ter escrito: “A largada e a chegada da maratona serão no Leme.” * 2. “O procurador encaminhou ofício à área criminal da Procuradoria determinando que seja investigado…” Sendo direto: “O procurador mandou investigar”. 3. “A posição do Governo brasileiro é de que esgotem todas as possibilidades de negociação para que se alcance uma solução pacífica.” Enxugando a frase: “O Brasil é a favor de uma solução pacífica”. * "Berlim tem dois rostos. Durante o dia inteiro, o que se vê pelas ruas são os velhos. A partir de oito da noite, os velhos desaparecem e surgem os jovens, tomando conta de tudo. A cidade se recicla a cada dia. Até mesmo nos cafés e restaurantes, muda-se a forma de atendimento. À tarde, é comum os garçons serem pessoas de meia-idade. À noite, o serviço geralmente é feito por universitários. Aliás, é bem maior o número de mulheres nesses serviços, que de homens." Ignácio de Loyola Brandão, trecho extraído do livro O Verde Violentou o Muro. * Princípio da precisão Cada palavra deve ser escolhida de acordo com o seu valor semântico. As fontes devem ser claramente identificadas, exceto se necessitarem de anonimato, e desde que se respeitem as regras em vigor no jornal. Os acontecimentos e as ideias devem ser descritos com pormenor, mas sem chegar ao irrelevante. * Navegar é preciso, viver não é preciso. O sapo não pula por boniteza, mas por precisão. * Princípio da simplicidade A linguagem do texto jornalístico deve ser simples. Isto significa, por exemplo, que entre sinônimos deve preferir-se o mais comum e que as frases devem respeitar a ordem sujeito - predicado – complemento. * Princípio da eficácia Um texto jornalístico deve construir-se de maneira a que o essencial seja imediatamente apreendido. * Princípio da coordenação Um texto jornalístico deve ser encadeado, lógico, conduzido, ordenado. A informação deve ser exposta por etapas, em blocos articulados e bem definidos. * Princípio do interesse Não se pode dar apenas informação importante. Há que dar também informação interessante. E há também que tornar interessante a informação importante, mesmo aquela que seja árida pela sua própria natureza. * Princípio da hierarquização Geralmente, a informação jornalística deve ser hierarquizada. A hierarquização das informações que se pretendem dar ao longo da peça ajuda a estruturar o texto. As informações hierarquicamente mais importantes podem abrir a matéria, serem remetidas para o final ou ainda serem posicionadas estrategicamente ao longo da matéria. *
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