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LÍNGUA PORTUGUESA D

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Aula 
01
1
1D
Português
Funções da linguagem
Aula 
01
Ainda que relativamente antiga, a teoria das funções 
da linguagem é muito cobrada e contemplada nos exames 
vestibulares de modo geral e no ENEM de modo especialís-
simo, uma vez que é uma das habilidades explicitamente 
exigidas na matriz de habilidades e competências.
Um modo de conceber as funções da linguagem 
consiste em parte dos elementos da comunicação hu-
mana. Cada função é a expressão de ênfase num desses 
elementos. É certo que todas as funções se manifestam 
em todos os atos de fala (pois todos os elementos da 
comunicação humana estão sempre presentes), mas 
com destaque variável. 
A comunicação humana é um ato concreto, que 
ocorre num tempo e lugar determinados, com pessoas 
determinadas. A forma e o sentido dos atos de fala são 
influenciados por esse contexto. 
Os envolvidos no ato de fala são os interlocutores. Quan-
do fala (ou escreve), um interlocutor é emissor ou enuncia-
dor; quando ouve (ou lê), é receptor ou enunciatário.
Não se trata apenas de seres físicos. Pessoas inte-
ragem não apenas como indivíduos biológicos, mas 
também como indivíduos sociais, dotados de um “papel” 
na sociedade.
O modo de falar, e mesmo de escutar, depende em 
parte da posição relativa dos interlocutores. Ninguém 
fala com o pai como fala com o amigo ou a namorada. 
Os jogadores de futebol não falam com o juiz do mesmo 
modo e por meio das mesmas expressões que com 
outros jogadores. Há mesmo pessoas com quem não 
podemos falar, mesmo que quiséssemos.
Do ponto de vista linguístico, também é verdade 
que são necessárias certas condições para que a comu-
nicação se processe. Os interlocutores precisam estar 
em contato e compartilhar, ao menos parcialmente, o 
mesmo código, a mesma língua.
Isso posto, os interlocutores falam. Mas o que fazem 
quando falam? Devemos inicialmente reconhecer que 
a fala tem um aspecto físico, material, observável e 
também outro “virtual”, não observável, mas certamen-
te presente, uma vez que constitui a razão mesma do 
ato de fala. O primeiro é o significante (ou mensagem, 
ou forma, como se diz tradicionalmente); o segundo, 
o significado (o conteúdo ou o sentido – não faremos 
distinção formal entre esses termos). 
Os interlocutores estão em CONTATO e, ainda que 
parcialmente, compartilham um mesmo CÓDIGO. 
Os elementos da comunicação humana seriam, pois, 
os seguintes:
 CONTATO
EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR
 CÓDIGO
Função emotiva ou 
expressiva
Ênfase no EMISSOR. É o uso da linguagem em que o 
enunciador visa chamar a atenção não para um conteúdo 
referencial qualquer, mas para si mesmo, seu estado de 
espírito. Daí o nome dessa função: é por meio dela que o 
sujeito expressa suas emoções; não a realidade em si, mas 
o modo como ela o impressionou. Gramaticalmente se 
identificam frequentes referências à primeira pessoa do 
singular. É função muito presente na poesia, responsável 
ali pela promoção do lirismo. Observe o exemplo:
Ao Desconcerto do Mundo 
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado. 
Camões
2 Semiextensivo
O eu lírico sente-se vítima do mundo. Está inconformado ao se ver cercado de injustiças enquanto só ele é justiça-
do. Note que na maioria dos versos se verifica alguma referência ao EMISSOR (1a. pessoa do singular).
Função apelativa ou conativa
Ênfase no RECEPTOR. Quando pensamos a linguagem, muitas vezes tomamos como modelo a linguagem 
escrita. Entretanto, o uso efetivo de uma língua natural se dá mais frequentemente em situações de interlocução 
oral, ou seja, de diálogo entre dois ou mais interlocutores. 
Nessas situações, como temos insistido em toda a unidade, a transmissão de informações não é a única nem, 
muitas vezes, a mais importante função linguística em jogo. Acabamos de analisar enunciados e expressões que 
expressam o estado emocional do falante. Voltemos, agora, nossa atenção para o ouvinte, o interlocutor. Esse uso 
da linguagem é típico em textos publicitários em que se procura conversar com o público-alvo (o RECEPTOR). Gra-
maticalmente é marcada pelo pronome de tratamento “você”, por vocativos e verbos no modo imperativo. (Tudo o 
que você precisa em 6 vezes sem juros; Mais de você em você mesmo, Compre agora! Grande liquidação ... ) . 
O exemplo ao lado é “interessantemente” diferente. É uma propaganda de revista de 1983. O interlocutor no 
caso é o piloto Emerson Fittipaldi, o primeiro brasileiro campeão da chamada Fórmula 1 de automobilismo. Depois 
de se sagrar bicampeão (1972 e 1974), Emerson abandonou a vitoriosa equipe inglesa para formar a primeira 
equipe de Fórmula 1 brasileira, pela qual, sem muito sucesso, correu até 1980. À época do anúncio, vinha sendo 
muito criticado pelo fim da sua carreira. Note como o anúncio, um fabricante de freios e patrocinador do piloto, 
procura enfatizar a preocupação de Emerson com a segurança nas corridas e defendê-lo das críticas enaltecendo 
seu passado de glórias.
A ironia da história é que ainda viriam grandiosas glórias futuras. Um ano depois do anúncio, o brasileiro ainda 
começou a correr a chamada Fórmula Indy estadunidense e foi campeão após os 40 anos, chegando a ganhar duas 
vezes o prêmio mais tradicional do automobilismo mundial, as 500 milhas de Indianápolis.
http://www.propagandaemrevista.com.br/propaganda/4782/
Va
rg
a/
 T
RW
 A
ut
om
ot
iv
e
Função referencial
Ênfase na MENSAGEM em si. Em várias situações, a linguagem falada ou escrita exige uma expressão mais clara, preo-
cupada muito mais com o conteúdo que vai transmitir. É uso mais recomendado na maioria esmagadora das situações de 
produção de textos em processos seletivos em geral, como concursos vestibulares e no ENEM. É a função predominante 
em textos jornalísticos (informativos ou opinativos), científicos, didáticos.
O exemplo a seguir é o editorial do jornal carioca O Globo, publicado na página 6 da edição de 30/12/04. Dife-
rentemente da quase totalidade dos jornais, O Globo apresentava, ao menos àquela época, um sistema interessante 
de editorial. A cada dia, havia um tema posto para discussão. Em nosso exemplo, foram as reservas indígenas. Primei-
Aula 01
3Português 1D
Folha – Diz-se que “QWERTYUIOP” foi o texto da primeira mensagem de e-mail. É isso mesmo?
Ray Tomlinson – “QWERTYUIOP” é apenas uma das possibilidades. Também pode ter sido “TESTING 1 2 3” ou 
“THE QUICK BROWN FOX JUMPS OVER THE LAZY DOGS BACK”. 
Função fática
Ênfase no canal de comunicação que estabelece o CONTATO. Em 1971, o engenheiro norte-americano Ray Tomlinson, 
criador do e-mail, enviava a primeira mensagem eletrônica entre computadores. Trinta anos depois, ele comentava, em 
entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (10/10/2001, p. F.3), o conteúdo dessa pioneira mensagem:
ramente, o jornal apresenta seu ponto de vista sobre a questão. É o texto com a vinheta Nossa opinião. Em seguida, 
porém, é igualmente apresentada uma outra abordagem sobre o tema, sob a vinheta Outra opinião. O jornal, portanto, 
não se furtava a confrontar seu ponto de vista com um contraditório. Com isso, os leitores tinham um panorama mais 
completo da questão e podiam formar seus juízos por um processo mais democrático.
A resposta do engenheiro Tomlinson deixa claro que, naquele momento, o que menos importava era o conteúdo da 
mensagem. O primeiro e-mail enviado tinha o objetivo de testar o meio de contato, verificar a viabilidade desse tipo de 
transmissão, não realmente trocar informações específicas. Por isso, Tomlinson redigiu qualquer coisa e a enviou, apenas 
para certificar-se de que ela chegaria.
4 Semiextensivo
Em casos assim, em que o conteúdo da mensagem é menos importante do que a verificação sobre o funcionamento 
do canal de comunicação, os linguistas dizem que predomina a funçãofática da linguagem.
Seu uso, como o próprio exemplo sugere, é, em princípio, bastante restrito, próprio de situações em que há dúvidas 
sobre a existência ou eficácia do contato entre os interlocutores.
Se, entretanto, estendermos a noção de contato ou canal de comunicação e considerarmos não apenas os aspectos 
físicos, mas também as implicações psicológicas do conceito, veremos que o emprego da função fática está presente em 
vários atos cotidianos de interlocução. Funciona como o popular “quebra-gelo” em situações de início de contato, antes 
do diálogo propriamente dito, como nos primeiros versos da canção em forma de diálogo “Sinal fechado”, de Paulinho 
da Viola, em que dois amigos se encontram, cada qual em seu carro, num semáforo: Olá, como vai?/ Eu vou indo, e você? 
Tudo bem?/ Tudo bem, eu vou indo ... 
Função poética
Antes de tudo atentemos para que não haja confusão. A função poética, embora largamente presente na poesia, a 
ela não se restringe. A poesia é uma forma de expressão literária tradicionalmente escrita em versos (há também formas 
de poesia que não utilizam versos) e identificada com poetas como Luís de Camões, Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Manuel 
Bandeira, Carlos Drummond de Andrade – dentre milhões de outros, famosos e anônimos.
A função poética da linguagem caracteriza-se por uma preocupação especial e criativa com o CÓDIGO, no nosso 
caso, a língua portuguesa. Trata-se da exploração das inúmeras possibilidades de significação e expressão que a língua 
oferece. Jogos de duplo sentido, como no slogan publicitário de uma escola de natação: Eu nado na Amaral. E você? 
Nada? Em que se explora a polissemia da palavra “nada”. Efeitos de som, como este na canção 
“Chuva, suor e cerveja”, um frevo carnavalesco de Caetano Veloso: A chuva tá caindo/ E quando 
a chuva começa/ Eu acabo perdendo a cabeça? Acho que a chuva ajuda a gente a se ver, em que 
a aliteração acaba por reproduzir o ruído da chuva caindo. Um dos poemas mais significativos 
de José Paulo Paes é “Ode à minha perna esquerda”. José Paulo tinha aterosclerose e, com o 
agravamento da doença, veio a gangrena e uma perna teve de ser amputada. Daí o poema do 
qual destacamos esta estrofe, suficiente para demonstrar a inspirada percepção linguística do 
poeta autoironizando sua própria tragédia:
Função metalinguística 
esquerda direita 
esquerda direita 
direita 
direita 
Nenhuma perna 
É eterna. 
idiossincrasia [Do gr. idiossynkrasía.] S. f. 1. Dis-
posição do temperamento do indivíduo, que o faz 
reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes 
externos. 2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de 
cada pessoa. 3. Med. Sensibilidade. 
Todas as áreas do conhecimento humano têm algumas 
características mais ou menos comuns, utilizam métodos 
e princípios relativamente semelhantes, etc. Mas também 
é fato que cada uma traz suas peculiaridades, aquilo que 
a distingue em relação às demais. No caso dos estudos 
da linguagem, um desses traços singulares é a “confusão” 
existente entre o objeto e a linguagem que o descreve. 
Vamos explicar.
Um geólogo, por exemplo, ao falar sobre “pedras” – 
parte de seu objeto de estudo – utiliza a linguagem verbal 
(tanto a comum, quanto a técnico-científica); um biólogo, 
ao falar sobre seres vivos, também se expressa por meio da 
linguagem. E assim por diante. Nesses casos, é bastante evi-
dente que o objeto e a linguagem são categorias distintas.
Um linguista, contudo, tem um problema adicional. 
Seu objeto de estudo é a própria linguagem. Ou seja, ele 
tem de utilizar a língua para falar sobre a própria língua.
É essa a situação que observamos, por exemplo, num 
dicionário. Para definir um vocábulo, o lexicógrafo (isto é, o 
dicionarista) utiliza outros vocábulos. Veja:
Esse é o verbete em que o Dicionário Aurélio explica 
o que significa idiossincrasia. Esse vocábulo é o objeto a 
ser definido – é o objeto de estudo do dicionarista nesse 
verbete. O enunciado por meio do qual se faz a definição 
constitui um exemplo de metalinguagem. Trata-se de 
uma sequência de palavras utilizada para falar sobre 
uma outra palavra. É a língua falando da própria língua, 
o que caracteriza a função metalinguística.
É próprio de escritores e poetas refletirem sobre seu 
fazer artístico. Assim, é relativamente comum que poe-
mas, contos, crônicas, romances apresentem ao menos 
fragmentos metalinguísticos. Observe:
Aula 01
5Português 1D
Poética
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem 
comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto 
expediente protocolo e [manifestações de apreço 
ao Sr. diretor 
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no 
dicionário o cunho [vernáculo de um vocábulo]
Abaixo os puristas 
Todas as palavras sobretudo os barbarismos uni-
versais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de ex-
ceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador 
Político
Raquítico 
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja 
fora de si mesmo. 
De resto não é lirismo 
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do 
amante exemplar [com cem modelos de cartas e as 
diferentes maneiras de agradar às mulheres, [etc.
 Quero antes o lirismo dos loucos 
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é li-
bertação.
Manuel Bandeira
Em Poética, Manuel bandeira defende como enten-
de a própria poesia, no contexto de radical ruptura da 
primeira geração modernista.
Produção de textos
Critérios de correção
Para verificar as capacidades e os pressupostos comen-
tados anteriormente, as Instituições de Ensino Superior uti-
lizam fundamentalmente os seguintes critérios de correção. 
Adequação à proposta
Pode usar primeira pessoa na redação? Tem que pôr 
título? Pode dar opinião pessoal? A resposta a essas e 
outras perguntas semelhantes só pode ser “depende”. 
Depende da proposta, do tipo e/ ou do gênero de texto 
que vamos escrever. 
Escrever bem é, em grande medida, uma questão de 
adequação. 
Como em outras áreas da cultura, o que fica bem para 
um caso, não fica para o outro. Usar terno não é sempre 
bom. Na praia, seria um desastre. O short também não 
ficaria bem no escritório. A fala segue o mesmo princí-
pio. A linguagem formal dos tribunais não é empregada 
no cafezinho do fórum. Os pais não falam com a filha de 
10 anos como falam com os vizinhos, e assim por diante.
Se a proposta de redação for argumentativa, o 
estudante não só pode como deve “dar opinião pessoal”, 
eventualmente até com o recurso à 1ª. pessoa gramatical. 
Mas, se a proposta pedir o resumo de outro texto, então 
não devemos inserir opiniões diferentes das do original.
Esse ponto é importante para a construção da nota 
escolar. Às vezes um texto não é realmente ruim, mas sua 
nota pode vir baixa porque ele não seguiu as orientações 
da proposta. É necessário agir dessa maneira para que 
a avaliação, como já comentamos, não tome por base 
parâmetros exclusivamente subjetivos. Certamente, há 
um grau de subjetividade inevitável nesse processo. 
Isso, contudo, não é motivo para que não busquemos 
moderar essa subjetividade por meio de critérios objeti-
vos, o primeiro dos quais é a adequação à proposta.
Conteúdo do texto
As observações anteriores nos levam a duas conclu-
sões importantes. Se o que é ou não adequado varia con-
forme a proposta, as características da proposta orientam 
tanto a elaboração quanto a avaliação do texto.
Como já comentamos, não é certamente fácil avaliar 
textos escolares escritos. Em especial, o professor-corretor 
não se pode deixar levar pela subjetividade, distribuindo 
notas ao sabor de suas preferências pessoais. Para evitar 
esse risco, é necessário adotar um padrão tão objetivo e 
impessoal quanto possível. Esses critérios são motivados 
pelas características da proposta e do tipo e/ou gênero que 
ela sugere. Como não poderia deixar de ser, esses conteú-
dos serão pormenorizados aos poucos, à medidaem que 
formos trabalhando cada um dos tipos e gêneros de texto.
Mas, por enquanto, já podemos concluir que:
a) na escrita para o vestibular, devemos observar 
atentamente os comandos da proposta que nos é 
apresentada; 
b) a avaliação de um texto se orienta por esses coman-
dos e pelas características do tipo e/ou gênero de 
texto solicitado.
Por exemplo, os textos narrativos caracterizam-se 
por certos elementos, como os personagens, o tempo, o 
espaço, o enredo e o narrador (todos eles serão estuda-
dos, com calma, nas aulas seguintes). A avaliação de um 
texto narrativo se pautará por esses mesmos elementos. 
Nessa situação, o professor-avaliador do texto atribuirá 
uma parte da nota para a construção do enredo, outra 
para a caracterização dos personagens, as descrições do 
espaço, e assim por diante. 
6 Semiextensivo
Testes
Assimilação
01.01. O trecho a seguir é parte de entrevista concedida 
pelo escritor brasileiro João Guimarães Rosa (1908 − 1967) 
ao jornalista português Arnaldo Saraiva, em 24 de novembro 
de 1966.
Quando escrevo, não penso na literatura: penso em 
capturar coisas vivas. (...) Há muitas palavras que re-
jeito por inexpressivas, e isso é o que me leva a buscar 
ou a criar outras. E faço-o sempre com o maior res-
peito, e com alma. Respeito muito a língua. Escrever, 
para mim, é como um ato religioso.
A função da linguagem predominante nos fragmentos é:
a) função poética.
b) função fática. 
c) função metalinguística.
d) função emotiva. 
e) função conativa. 
01.02. O fragmento a seguir comenta um traço recorrente 
na obra do escritor brasileiro Machado de Assis (1839 - 
1908).
No seu relacionamento com a figura projetada do 
leitor, Machado ora o escolhe como um interlocutor 
formal ora o carrega de qualificativos quando quer 
aprofundar ou colorir o tom da intriga, da descri-
ção, do debate ou do ponto de vista que sustenta sua 
narrativa. Nas várias situações da cena, ele usa ou o 
simples nome de leitor, ou então qualifica o interlo-
cutor de “caro leitor”, de “leitora que é minha ami-
ga”, de “leitora castíssima”, “leitora minha devota”, 
“fino leitor”, etc. Machado sabe fazê-lo com talento, 
conseguindo regular a aproximação e a qualificação.
As várias formas de nomeação de seus possíveis leitores 
exemplificam o uso expressivo que Machado de Assis 
soube fazer da
a) função poética. 
b) função fática. 
c) função referencial. 
d) função emotiva.
e) função conativa. 
01.03. (ITA − SP) − Assinale a opção que apresenta a função 
da linguagem predominante nos fragmentos abaixo:
Fragmento I
Maria Rosa quase que aceitava, de uma vez, para re-
solver a situação, tal o embaraço em que se achavam. 
Estiveram um momento calados. 
− Gosta de versos? 
− Gosto ... 
− Ah? ... 
Pousou os olhos numa oleografia. 
− É brinde de farmácia? 
− É. 
− Bonita ... 
− Acha? 
− Acho ... Boa reprodução ...
Orígenes Lessa, O feijão e o sonho
Fragmento 11
Sentavam-se no que é de graça: banco de praça públi-
ca. E ali acomodados, nada os distinguia do resto do 
nada. Para a grande glória de Deus. 
Ele: − Pois é. 
Ela: − Pois é o quê? 
Ele: − Eu só disse “pois é”! 
Ela: − Mas “pois é” o quê? 
Ele: − Melhor mudar de conversa porque você não 
me entende. 
Ela: − Entender o quê? 
Ele: − Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de as-
sunto e já. 
Clarice Lispector, A hora da estrela
A função da linguagem predominante nos fragmentos é:
a) função poética.
b) função fática. 
c) função referencial. 
d) função emotiva. 
e) função conativa. 
01.04. Observe:
NOTÍCIA – É a informação que se reveste de interesse 
jornalístico; puro registro dos fatos, sem comentário 
nem interpretação. A exatidão é seu elemento-chave. 
Mas vários fatos, descritos com exatidão, podem ser 
justapostos de maneira tendenciosa. Suprimir uma 
informação ou inseri-la pode alterar o significado da 
notícia. O jornalista da Folha não deve usar esses ex-
pedientes.
Manual geral de redação do jornal Folha de S. Paulo
Preencha a lacuna:
Ao falar em “exatidão” e “puro registro dos fatos”, o jornal insere 
a notícia entre os enunciados em que predomina (ou deve 
predominar) a função _________ da linguagem. 
a) poética
b) fática
c) referencial
d) emotiva
e) conativa
Aula 01
7Português 1D
Aperfeiçoamento
Instruções: os textos a seguir servem de base para as ques-
tões de 01.05 a 01.09.
Distantes geograficamente, é natural que o por-
tuguês do Brasil e o de Portugal apresentassem, 
desde o Período Colonial, traços linguísticos que 
os particularizassem e diferenciassem. Não é sim-
ples, porém, determinar em que momento isso 
passou a ocorrer mais fortemente.
Os primeiros colonos que para cá vieram (século 
XVI, principalmente) passaram quase sempre por 
um processo de “indianização”, dada a precarie-
dade da estrutura colonial do período. A partir, 
contudo, do final do século XVI ou início do sé-
culo XVII, nas áreas centrais da Colônia (Bahia e 
Pernambuco), houve núcleos de colonização que 
não se indianizaram, ao menos não intensamente.
Esses novos colonos sentiam-se como “exilados”, 
e não como brasileiros. Procuravam manter a cul-
tura europeia, evitando as influências tropicais. 
Linguisticamente, essa postura parece ter desen-
volvido uma norma conservadora, que manteria o 
falar brasileiro relativamente infenso às inovações 
que se processaram em Portugal.
Adaptado de Paulo Bearzoti Filho, em Formação Linguística do Brasil.
01.05. (MACK – SP) – Assinale a alternativa correta:
a) O texto em sua totalidade é uma narração porque apre-
senta passagens de um estado a outro em uma série de 
acontecimentos encadeados.
b) Caracteriza-se o texto como um exemplar do tipo des-
critivo, pois há processos de enumeração e expansão de 
determinados objetos.
c) O texto é de natureza explicativa, pois há sequências 
que procuram elucidar para o leitor aspectos a respeito 
de nossa história.
d) A forma dialogada do texto, em que se alterna a voz narra-
tiva principal, é o que o distingue de um texto jornalístico.
e) Há evidentes marcas de oralidade no texto, o que permite 
que se afirme que se está diante de uma transcrição de 
um texto oral, como uma palestra.
01.06. (MACK – SP) – Pela leitura do texto, pode-se afirmar 
que:
a) o português brasileiro apresenta aspectos linguísticos 
mais conservadores do que o português de Portugal. 
b) elementos que diferenciam o português de Portugal e 
o português do Brasil podem ser explicados apenas por 
fatores geográficos.
c) a mudança linguística é algo imprevisível e dificilmente 
pode ser explicada por meio de observações analíticas.
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d) os colonos que vieram para o Brasil no século XVI já en-
contraram uma sólida estrutura social e habitacional, em 
pleno desenvolvimento.
e) a influência indígena foi maciça nos séculos XVI e XVII, 
por isso foi impossível aos colonos a manutenção de 
hábitos europeus.
01.07. (MACK – SP) – Considere as seguintes afirmações: 
I. indianização (linha 09) refere-se ao processo de escravi-
zação e morte de indígenas no período colonial brasileiro.
II. O verbo “haver” (linha 13) também pode ser flexionado 
no plural no trecho em que está empregado.
III. infenso (linha 20) pode ser corretamente substituído 
por “contrário”, sem prejuízo do sentido original do texto.
Assinale a alternativa correta
a) Está correta apenas a alternativa l. 
b) Está correta apenas a alternativa II.
c) Está correta apenas a alternativa III.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
01.08. (MACK – SP) – Assinale a alternativa INCORRETA. 
a) A partícula os (linha 3) refere-se anaforicamente às duas 
variantes da língua portuguesa: o português europeu e 
o português brasileiro. 
b) A expressão para cá (linha 07) indica localização espacial 
determinada a partir do ponto de localização de quem 
escreveu o texto.
c) Contudo (linha 11) apresenta valor explicativo e introduz 
informações que ratificam o que foi afirmado no período 
anterior.
d) Osparênteses na linhas 7 e 8 apresentam a função de 
intercalar informações mais específicas sobre palavra 
empregada anteriormente.
e) O trecho ao menos não intensamente (linha 14) tem 
a função de nuançar afirmação feita anteriormente no 
mesmo período. 
01.09. (MACK – SP) – Assinale a alternativa que apresenta a 
melhor paráfrase para o seguinte trecho do texto: 
Distantes geograficamente, é natural que o português do 
Brasil e o de Portugal apresentassem, desde o Período 
Colonial, traços linguísticos que os particularizassem e 
diferenciassem. Não é simples, porém, determinar em 
que momento isso passou a ocorrer mais fortemente.
a) Porque não é simples determinar o período em que Por-
tugal e Brasil ficaram distantes geograficamente, passa a 
ser natural que as línguas dos países se particularizassem 
e diferenciassem.
b) Por ser natural que o Período Colonial no Brasil e em 
Portugal se diferenciasse e se particularizasse os traços 
linguísticos do português passaram a ser determinados 
mais fortemente.
8 Semiextensivo
c) Ainda que seja complexo determinar características 
linguísticas específicas do português europeu e do por-
tuguês brasileiro, diferenciando-os e os particularizando, 
pode-se pensar na naturalidade na distância geográfica.
d) É compreensível, pela distância geográfica entre Brasil 
e Portugal, que desde o período colonial, aspectos 
linguísticos específicos diferenciassem o português 
brasileiro do europeu. Determinar, contudo, quando essa 
diferenciação passou a ser mais intensa é algo complexo. 
e) Desde o período colonial traços linguísticos diferenciam 
e especificam o português do Brasil e o português de 
Portugal por causa da distância geográfica, desse modo 
determinar o momento da ocorrência mais forte da 
diferenciação é natural. 
Instruções: os textos a seguir servem de base para as ques-
tões de 01.10 e 01.11.
O assassino era o escriba
Meu professor de análise sintática era o tipo do 
sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida, 
regular como um paradigma da 1ª. conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto ad-
verbial, ele não tinha dúvidas: sempre achava um 
jeito assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz. 
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva. 
Tentou ir para os EUA. 
Não deu. 
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas exple
tivas, 
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo. 
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski, Caprichos e Relaxos, 1983.
01.10. (MACK – SP) – Pelos versos, percebe-se que a poesia 
de Leminski 
a) mantém relação com a geometrização das formas e 
volumes cubista.
b) tem como base os dilemas financeiros do ser humano.
c) valoriza a concisão e é transgressora.
d) é composta por uma observação rigorosa do mundo 
material.
e) é composta por personagens positivamente idealizados.
01.11. (MACK – SP) – Sobre o texto de Paulo Leminski todas 
as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) a terminologia sintática e morfológica, que em um pri-
meiro momento é motivo de estranhamento, concede o 
efeito de humor ao poema.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
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13
14
15
16
17
18
b) o eulírico demonstra por meio da composição de texto 
pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
c) nos primeiros sete versos o eulírico apresenta seu profes-
sor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado 
como um torturador.
d) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos 
os fracassos que compuseram a vida do professor.
e) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas 
em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica 
é considerado um poema. 
Aprofundamento
Instruções: Leia o texto a seguir e responda às três pró-
ximas questões:
Você não faz idéia
do que mudou na
Língua Portuguesa? 
Fica tranqüilo! 
Pára de se preocupar,
seja auto-suficiente e
consulte o Mini Houaiss.
s
01.13. (UEL − PR) − O texto faz parte da propaganda de 
um dicionário de língua portuguesa.
Sobre as marcas de correção presentes no texto, assinale 
a alternativa correta. 
a) Trata-se de retificações, no plano semântico, das palavras 
do léxico brasileiro. 
b) Referem-se às alterações ortográficas a serem feitas na 
língua portuguesa. 
c) São correções necessárias para a modificação da pro-
núncia dessas palavras.
d) São parte das mudanças sintáticas que deverão ocorrer 
em breve no Português.
e) Configuram sugestões de correção para que o texto se 
torne mais coeso.
01.14. (UEL − PR) − Sobre cada uma das marcações feitas 
no texto, considere as afirmativas a seguir. 
I. A palavra “idéia” perderá o acento, visto que haverá 
alteração no timbre dessa palavra cujo ditongo aberto 
passará a ser fechado.
II. Em “tranqüilo”, a eliminação do trema implicará alteração 
na pronúncia, aproximando-a da palavra “aquilo”. 
III. “Pára” perderá o acento que o diferencia de “para,” o que 
exigirá do leitor a observação do contexto para a correta 
distinção desses vocábulos. 
IV. Quanto a “auto-suficiente”, o acréscimo do “s” visa manter 
a pronúncia original de “suficiente” quando este se juntar 
ao prefixo “auto” sem a presença do hífen.
Aula 01
9Português 1D
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
01.15. (UEL − PR) − Levando-se em conta que o texto é 
dirigido a um potencial comprador do dicionário anunciado, 
assinale a alternativa correta quanto à sua construção. 
I. O anúncio, ao dirigir-se ao leitor, reforça a finalidade 
persua-siva própria do gênero anúncio publicitário. 
II. A segunda frase pressupõe desconhecimento, por parte 
do leitor, do conteúdo das mudanças referidas na per-
gunta lançada anteriormente. 
III. O uso do modo imperativo, comum em anúncios publi-
citários, está contrariando a norma padrão do Português, 
por misturar pessoas verbais.
IV. Os adjetivos presentes no anúncio publicitário conferem 
ao texto maior cientificidade. 
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
Instruções: os textos as seguir servem de base para as 
questões de 01.15 e 01.16.
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mes-
mo no que se refere à simples informação, depende de 
muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende 
do momento da vida em que o lemos, do grau do nos-
so conhecimento, da finalidade que temos pela frente. 
Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de 
ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe 
muito, um livro importante não passa de chuva no mo-
lhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos 
fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo 
ao máximo) e não com outro, independente da valia 
de ambos. 
Antonio Candido, “Dez livros para entender o Brasil”. 
Teoria e debate. Ed. 45, 01/07/2000. 
01.16. (FUVEST − SP) − Traduz uma ideia presente no texto 
a seguinte afirmação: 
a) o efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela 
quantidade de informações que o texto veicula.
b) a recepção de um livro pode ser influenciada pela situ-
ação vivida pelo leitor.
c) a verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons 
manuais escolares.
d) a leitura de um livro a qual tem finalidades meramente 
práticas prejudica a assimilação do conhecimento. 
e) o reconhecimento do valor de um livro depende, primor-
dialmente, dos sentimentos pessoais do leitor.
01.17. (FUVEST − SP) − Constitui recurso estilístico do 
texto: 
I. a combinação da variedade culta da língua escrita, que 
nele é predominante, com expressões maiscomuns na 
língua oral;
II. a repetição de estruturas sintáticas, associada ao em-
prego de vocabulário corrente, com feição didática;
III. o emprego dominante do jargão científico, associado à 
exploração intensiva da intertextualidade. 
Está correto apenas o que se indica em:
a) I.
d) III. 
b) II. 
e) I e III.
c) I e II. 
Discursivos
01.18. (UNICAMP − SP) − Os verbetes apresentados em (II) a seguir trazem significados possíveis para algumas palavras que 
ocorrem no texto intitulado Bicho Gramático, apresentado em (I). 
I
BICHO GRAMÁTICO
Vicente Matheus (1908-1997) foi um dos personagens mais controversos do futebol brasileiro. Esteve à fren-
te do paulista Corinthians em várias ocasiões entre 1959 e 1990. Voluntarioso e falastrão, o uso que fazia da 
língua portuguesa nem sempre era aquele reconhecido pelos livros. Uma vez, querendo deixar bem claro que 
o craque do Timão não seria vendido ou emprestado para outro clube, afirmou que “o Sócrates é invendável 
e imprestável”. Em outro momento, exaltando a versatilidade dos atletas, criou uma pérola da linguística e 
da zoologia: “Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático”.
 (Adaptado da Revista de História da Biblioteca Nacional, jul. 2011, p.85).
10 Semiextensivo
Invendável: que não se pode vender ou que não se vende com facilidade. 
Imprestável: que não tem serventia, inútil. 
Gramático: que ou o que apresenta melhor rendimento nas corridas em pista de grama (diz-se de cavalo).
Aquático: que vive na água ou à sua superfície.
(Dicionário HOUAISS (versão digital on line), houaiss.uol.com.br)
II
a) Descreva o processo de formação das palavras invendável e imprestável e justifique a afirmação segundo a qual o uso 
que Vicente Matheus fazia da língua portuguesa “nem sempre era aquele reconhecido pelos livros”.
b) Explique por que o texto destaca que Vicente Matheus “criou uma pérola da linguística e da zoologia”.
Aula 01
11Português 1D
Produção de textos
A finalidade das propostas desta aula é fornecer um diagnóstico. Com base na avaliação de seu texto, você poderá 
perceber qual o seu ponto de partida e em qual ou quais aspectos deverá aprimorar-se.
Proposta 1
(UFMG) – Leia este trecho:
POR QUE SE MALTRATA TANTO O BRASIL?
Afinal, por que não cantar o Hino Nacional? Por que não querer bem à Pátria? Por que não exaltar suas qua-
lidades? Por que não querer assistir a seus filmes? Por que não enaltecer sua gente? Por que não exaltar suas 
artes? Por que não querer ouvir suas músicas? Por que não ler seus autores? Por que não defender a empresa 
de capital nacional? Por que não valorizar suas escolas? Por que não comemorar suas datas memoráveis? 
Por que não restaurar suas igrejas? Por que não erradicar sua pobreza? Por que não garantir o futuro de suas 
crianças? Por que não eleger bons políticos? Por que não praticar mais justiça? Por que não se orgulhar de 
seus feitos? Afinal, por que se tem maltratado tanto o Brasil nesses 500 anos de existência?
Revista Trevisan, São Paulo, v. 13, n. 145, 2000. Opinião, p.4.
Considere que você é candidato a um cargo político e tem três minutos para fazer sua propaganda a ser veiculada, no horário 
eleitoral gratuito, em todas as emissoras de TV e de rádio do país. REDIJA o texto verbal de sua propaganda usando suas 
próprias palavras para discutir a pergunta proposta no título do trecho lido.
Proposta 2
(UFMG) – A proposta toma por base o texto a seguir. Leia-o atentamente. 
O CORVO E A RAPOSA
O Corvo, pousado numa árvore, segurava no bico um queijo. E a Raposa, atraída pelo cheiro que de lá vinha, 
respondeu rapidamente à força desse estímulo e se pôs a jogar uma conversa cheia de agrados e artimanhas 
para cima do Corvo. 
– Olá, Corvo! Bom dia! Como você é bonito! Que penas lindas! Falando sério, se seu canto tem alguma 
semelhança com a sua plumagem, você é uma figura rara, sem igual, entre os moradores destes bosques. 
Ao som dessas palavras, o Corvo, quase que sufocado pela vaidade, não cabe em si de tão alegre. E, para 
mostrar sua bela voz, abre o bico até atrás e deixa cair ao chão o queijo que a Raposa, ávida, logo, logo dele 
toma posse. 
– Oh, Corvo! Meu jovem corvo! Fique sabendo que todo adulador vive à custa daquele que o escuta. Não há 
dúvida de que esta lição vale, certamente, um queijo. 
A raposa se retira e deixa o Corvo lamentando-se da trapaça de que fora vítima. Depois de muito pensar, 
envergonhado, ele jurou, mas um pouco tarde, que noutra arapuca nunca mais o apanhariam. 
LA FONTAINE. Fábulas de La Fontaine. São Paulo: Livraria e Editora Logos, [s.d.]. Tomo I. (Texto adaptado)
Muito se tem discutido, nos dias atuais, a questão da publicidade, das inúmeras “trapaças” publicitárias de que as pessoas 
têm sido vítimas no dia a dia. 
Redija um texto narrativo contando uma experiência pessoal em que, à maneira do Corvo, você tenha sido seduzido por 
estratégias publicitárias. 
A seguir, faça considerações de natureza geral sobre a vaidade humana. Seu texto não deve ultrapassar 15 linhas. O trecho 
narrativo e as considerações devem ocupar aproximadamente o mesmo espaço no texto.
12 Semiextensivo
01.01. c
01.02. e
01.03. b
01.04. c
01.05. c
01.06. a
01.07. c
01.08. c
01.09. d
01.10. c
01.11. b
01.12. b
01.13. c
01.14. d
01.15. b
01.16. c
01.17. Espera-se que o candidato descreva o 
processo de formação das palavras in-
vendável e imprestável e faça referência 
ao significado assumido pela palavra 
imprestável na fala atribuída a Vicente 
Matheus. Tanto invendável quanto im-
prestável são formadas por derivação 
sufixal (por meio da afixação de −vel 
a um radical verbal) seguida de deri-
vação prefixal (por meio da afixação de 
in(m)− ao resultado da sufixação). Para 
justificar a afirmação segundo a qual o 
uso que Vicente Matheus fazia da língua 
portuguesa “nem sempre era aquele 
reconhecido pelos livros”, o candidato 
deve observar que imprestável assume, 
na fala do ex-presidente do Corinthians, 
não o seu sentido esperado (o de ‘algo 
inútil ou que não presta’), mas o de ‘algo 
que não se pode emprestar’. Também 
se espera que o candidato comente a 
afirmação de que Vicente Matheus te-
Proposta 3
(UFPR) – Observe o quadro informativo abaixo, extraído da revista Veja, de 05/07/00. Escolha um dos oito objetos mencionados 
e componha um texto de até 10 linhas, manifestando sua satisfação ou tristeza pelo destino que Bruce Sterling prevê para ele.
ria criado “uma pérola da linguística e 
da zoologia”. No tocante à linguística, 
o candidato deve reconhecer o sentido 
inusitado da palavra gramático, cha-
mando a atenção para o fato de ela es-
tar sendo empregada não para designar 
aquele que é especialista na gramática 
de uma língua, mas sim como um atri-
buto que reporta ao significado de “que 
ou o que apresenta melhor rendimen-
to nas corridas em pista de grama”. No 
que tange à zoologia, o candidato deve 
destacar uma característica inusitada 
conferida a pato (por exemplo, o de ser 
gramático, característica comumente 
atribuída a cavalos, ou de ser um bicho 
ao mesmo tempo aquático e gramático, 
condição que não costuma ser atribuí-
da aos patos).
Gabarito
13Português 1D
Português
1DAula 02
Gêneros jornalísticos
Indústria cultural
Os textos podem ser produzidos para circular em 
âmbitos mais ou menos amplos ou restritos. Por exem-
plo: a moça de 16 anos vai sair; são 17h30; seus pais 
costumam chegar lá pelas 19h30; para que eles não se 
preocupem, ela escreve um bilhete informando aonde 
vai, a que horas chega, etc., e o deixa sobre a mesa da 
copa. O bilhete deixado pela moça é um caso de texto 
com circulação restrita. De um enunciador (a moça) para 
dois enunciatários (seus pais). O suporte e os meios de 
produção e circulação foram os mais modestos: uma ca-
neta e uma folha de papel produziram o bilhete deixado 
sobre a mesa.
Esse tipo de texto exerce funções importantes na 
vida cotidiana e existe há muitos séculos. A vida social 
contemporânea, contudo, é marcada por outros tipos 
de texto,de circulação mais ampla, veiculados pela 
indústria cultural.
Desde a invenção da imprensa de tipos móveis, por 
Guttemberg, no século XV, têm-se desenvolvido ramos 
empresariais que exploram a produção e comercializa-
ção de bens culturais. Um exemplo são as editoras, que 
produzem e comercializam livros e/ou revistas. Também 
é o caso da indústria cinematográfica, das estações e 
redes de rádio e televisão, dos portais de internet, etc.
No tocante aos textos escritos (ou a textos “mistos” 
que mesclam elementos verbais e não verbais), os mais 
abrangentes e influentes meios de circulação social são 
os jornais, os livros, as revistas e, mais contemporanea-
mente, a internet.
Jornais e revistas
Os meios de comunicação e informação de massa, 
instrumentos da indústria cultural, compõem o tema 
de nossas próximas aulas. Começamos pelo jornalismo 
impresso. Contemporaneamente, os dois principais 
veículos para o jornalismo impresso são os jornais e as 
revistas. Ambos apresentam certa segmentação em 
relação ao público que pretendem atingir. Quando 
pensamos em jornais e revistas, normalmente nossa 
primeira lembrança atinge veículos de informação sobre 
todos os temas. Assim, pensamos em jornais como O 
Globo ou Folha de S. Paulo e revistas como Veja e IstoÉ. 
Além desses, porém, há também órgãos especializados. 
O jornal O Lance e a revista Placar, por exemplo, tratam 
exclusivamente de esportes. Os jornais Valor Econômico 
e Gazeta Mercantil e a revista Exame enfocam priorita-
riamente temas econômicos e financeiros. E há revistas 
voltadas para praticamente qualquer segmento, como 
jovens, mulheres, afrodescendentes, crianças, etc.
Narrativas não ficcionais
Os textos jornalísticos mais comuns são as notícias 
e as reportagens. Ambas são textos predominan-
temente narrativos, cujo compromisso básico é a 
informação. A diferença está na maior profundidade 
e extensão da reportagem, em contraposição ao 
caráter mais imediato da notícia. Elas serão objeto de 
estudo da próxima aula.
Talvez a pior acusação que se possa fazer contra um 
jornal ou jornalista é que ele inventou ou distorceu fatos. 
Supostamente, a notícia e a reportagem devem ser a 
expressão da verdade. Nas sociedades democráticas, 
também se espera que sejam textos imparciais, ou seja, 
que não sejam textos opinativos. Por isso, uma regra 
de ouro do jornalismo democrático é a necessidade de 
sempre ouvir os dois lados da notícia.
Isso, contudo, não significa que o jornal não traga 
textos de opinião – que estudaremos daqui a duas 
aulas. Eles estão presentes em quase todos os cadernos. 
O importante, apenas, é que esse tipo de texto pode 
ser claramente distinguido das notícias e reportagens 
informativas e não opinativas.
Notícia e reportagem
As narrativas jornalísticas são denominadas notícias 
ou reportagens. Ambos os termos fazem alusão à 
ideia de que o autor ou as fontes desses textos estão 
diretamente ligados aos fatos, relatam aquilo que 
presenciaram ou com que tiveram contato próximo. 
Disso decorre sua veracidade, seu caráter de fato, não de 
rumor ou boato.
A diferença entre eles estaria na maior extensão e 
densidade da reportagem, em oposição à notícia. O 
Manual da redação e estilo do jornal O Estado de S. 
Paulo assim se refere a esses dois tipos de texto:
14 Semiextensivo
A notícia jornalística é um texto constituído, essencialmente, não apenas do texto escrito em si, mas de variados recursos 
gráficos e visuais. Em primeiro lugar, há os recursos tipográficos, como o uso de cor, negrito, itálico, fontes com corpo maior 
ou menor, sombreamento, molduras, etc. 
E a articulação do texto escrito com outros 
textos, verbais e não verbais, como a 
fotografia e sua legenda, tabelas e gráficos, 
desenhos, ilustrações, mapas, quadros 
cronológicos, etc. Na verdade, é assim que 
em geral se apresentam os textos jornalís-
ticos. Apenas as notas e os textos menores 
trazem pouca variação visual.
Mais extensa, a reportagem é compos-
ta por dois ou mais textos escritos, chama-
dos, no jargão jornalístico, de retrancas, 
além dos textos não verbais. Assim, uma 
reportagem sobre, digamos, um acidente 
rodoviário causado por um buraco aberto 
na pista, pode ser composta por vários 
elementos e textos. Por exemplo:
 • o texto principal, mais longo, com as 
informações específicas do acidente
 • texto com depoimentos das vítimas
 • boxe (texto curto inserido entre mol-
duras) com a versão dos responsáveis 
públicos ou particulares pela conserva-
ção da rodovia
 • quadro com o histórico de outros 
acidentes na mesma rodovia
A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal e difere da notícia pelo conteúdo, 
extensão e profundidade. A notícia, de modo geral, descreve o fato e, no máximo, seus efeitos e consequên-
cias. A reportagem busca mais: partindo da própria notícia, desenvolve uma sequência investigativa que não 
cabe na notícia. Assim, apura não somente as origens do fato, mas suas razões e efeitos mais importantes e 
divide-o, quando se justifica, em retrancas diferentes que poderão ser agrupadas em uma ou mais páginas. 
A notícia não esgota o fato: a reportagem pretende fazê-lo. 
O ESTADO DE S. PAULO. Manual de redação e estilo (org. e ed. por Eduardo Martins). São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1990, p. 67.
©
Fo
lh
ap
re
ss
 A página ao lado exemplifica o tratamento 
dado a uma reportagem considerada mais 
importante. No dia 17 de dezembro de 2004, 
os jornais noticiaram que o número de bra-
sileiros acima do peso é maior que o de bra-
sileiros subnutridos (o que não deixa de ser 
surpreendente, num país com tantos proble-
mas sociais). A Folha de S.Paulo dedicou ao 
tema a página de abertura de seu caderno 
Cotidiano (além de chamada na primeira 
página e complemento da reportagem na 
página C3). Note que a página é composta 
de vários textos e elementos. Além do texto 
principal, há um boxe à esquerda e dois tex-
tos na parte inferior (com dois perfis, um so-
bre uma mulher acima do peso, outro sobre 
uma mulher subnutrida). Há também duas 
fotografias com legenda, ilustração, gráficos, 
mapas, tabelas e um quadro-resumo.
Elementos da notícia e da reportagem 
Folha de S.Paulo, 17 dez. 2004, p. C1
Aula 02
15Português 1D
Estrutura
Por sua objetividade e seu caráter prático, trata-se de 
um texto relativamente menos variado que outros gêne-
ros. Em geral, o relato jornalístico traz alguns elementos 
estruturais básicos, como os comentados a seguir.
Título
Notícias jornalísticas sempre têm título, também de 
natureza informativa. O hábito é que este título apre-
sente verbos no presente do indicativo e substantivos 
que não estejam acompanhados de artigos. 
Lide e sublide
O parágrafo inicial da notícia busca responder 
a questões essenciais do fato relatado, geralmente 
expressas pelas perguntas quem?, o quê?, quando?, 
onde?, como?, e por quê? Esse princípio geral, todavia, 
tem duas restrições.
Muitas vezes uma ou algumas dessas perguntas 
não são relevantes ou não têm resposta conhecida no 
momento em que a notícia é publicada. Na prática, as 
quatro primeiras perguntas são as mais frequentes. 
Outra possibilidade é distribuir a resposta a essas 
perguntas em dois parágrafos, mantendo as mais rele-
vantes no parágrafo de abertura (o lide propriamente 
dito), e as restantes em seguida (no sublide).
Detalhamento e depoimentos
As respostas às perguntas essenciais, presentes já na 
abertura da notícia, não esgotam, naturalmente, todos 
os elementos a serem relatados. Assim, os parágrafos 
seguintes ao lide e ao sublide trazem pormenores que 
expõem mais exatamente o fato noticiado.
Neste ponto, é bastante comum o recurso a depoi-
mentos – registrados com falas entre aspas (discurso 
direto) ou pela própria voz do repórter (discurso indire-
to). Afinal, o repórter em geral não presenciou os fatos 
e, assim, se vale das informações obtidas por meio de 
relatos pessoais.
Contextualização 
Muitos fatos desdobram-se por vários dias no noticiá- 
rio. Nesses casos, é comumque as notícias apresentem 
breve contextualização, que resgate fatos anteriores 
necessários para a compreensão do relato do dia.
 • fotografia (com respectiva legenda) do buraco na pista
 • fotografia (com respectiva legenda) dos carros envolvidos no acidente
 • mapa com a localização do trecho da rodovia em que houve o acidente
Também é interesse notar que muitas notícias desdobram-se por dois ou mais dias. No exemplo da página ante-
rior, à primeira reportagem poderiam seguir-se outras, com as investigações sobre a causa do acidente, as medidas 
para que não se repita, as reações das vítimas ou de outros usuários da rodovia, etc. No jargão jornalístico, o texto 
que retoma e desenvolve fato publicado no dia anterior é denominado suíte. Nesses casos, é relativamente comum a 
presença de uma vinheta, isto é, uma palavra ou expressão que identifique o assunto maior a que a suíte faz referência.
Produção de textos
Notícia jornalística: relato objetivo e não ficcional
Mais tradicional dos gêneros próprios do jornalismo, a notícia é um texto informativo que requer objetividade, mas 
não dispensa detalhamento e, eventualmente, contextualização.
O relato jornalístico pode ser caracterizada pelos seguintes traços: 
a) trata-se de um texto informativo e não opinativo, baseado, portanto, em fatos e não nos pontos de vista do autor;
b) trata-se de um texto narrativo não ficcional, ou seja, aquele em que se relata um acontecimento tido como verídico;
c) sua linguagem é preponderantemente objetiva, distanciando-se, sob esse aspecto, da narrativa literária. 
16 Semiextensivo
Testes
Assimilação
02.01. (UFPel – RS) – A polêmica decisão do STF de facul-
tar o trabalho de jornalista aos profissionais que não têm 
diploma provocou, como era de se esperar, muitas reações 
contrárias. Dentre essas tantas, está o texto a seguir, retirado, 
sem alterações, de um blog.
Tô te falando...
Tem coisas que a gente pensa e não fala... Tem coisas 
que a gente fala e não pensa! 
“ Dunamys Curitiba 2009. Manifestoon!”
DIPLOMA???...
By robbison
E agora quem poderá nos defender?? Com o fim do 
diploma de jornalismo até o Chapolin pode ocupar a 
cadeira nessa charge abaixo:
Desde 2001 um impasse vinha ocorrendo no STF 
(Supremo Tribunal Federal) e foi resolvido encerra-
do esse mês, com oito votos a favor foi estabelecido o 
fim da exigência do diploma para exercer a profissão 
de Jornalismo. No meio da comunicação essa notícia 
caiu como uma bomba não só para os estudantes de 
jornalismos, como também aos jornalistas e pseudo 
jornalistas. Mais afinal quem saiu ganhando, quem 
sai perdendo e como estamos num mundo capitalis-
ta quem sai lucrando ($) com tudo isso?
Não é de hoje que várias pessoas se acham no direito 
de se intitularem jornalistas só pelo fato de assina-
rem uma coluna na Folha de São Paulo, também não 
é de hoje que as mesmas vem ocupando o lugar de 
pessoas capacitadas que não podem exercer a profis-
são por não ter um “nome” no mercado. Com o fim 
do diploma de jornalismo quem sai ganhando é cla-
ro são as próprias empresas jornalísticas que agora 
são livres para contratar quem elas quiserem, podem 
abaixar ainda mais os salários (antes conseguidos 
pela categoria) e o pior, e mais preocupante, podem 
aumentar o controle ideológico do seus trabalhado-
res, ou seja, os jornalistas deixam de exercer a fun-
ção do jornalismo (matérias com caráter de interes-
se público)  para expandir os interesses dos grupos 
econômicos privados.
Com essa decisão os cursos de jornalismo espalha-
dos por todo o Brasil tem em mãos um novo de-
safio; conquistar seu próprio espaço na sociedade e 
seu  lugar no mercado de trabalho, ou seja, mostrar 
a que vieram, agora sim vamos ver quem quer real-
mente mudar a situação da comunicação brasileira, 
ou quem só quer aparecer e dar opiniões sem fun-
damento.
Como disse Rosana Hermann ”se o diploma for pro-
teger a incompetência é melhor que ele caia para 
legitimar o talento”  concordo, pois quem estava 
cursando a faculdade pensando que um simples di-
ploma lhe traria um bom emprego vão ter um desa-
fio maior que é mostrar que o conhecimento adqui-
rido vai além de um papel com a assinatura de um 
reitor e aquele que esta cursando sabendo a respon-
sabilidade e a importância de um jornalista não verá 
problema nisso, pois o mais difícil ele já aprendeu.
Eu como estudante de Publicidade que pensava quer 
fazer jornalismo sei e estou convicto que diploma 
nenhum, independente da Instituição de Ensino, é 
garantia de reconhecimento e emprego certo, por 
isso com diploma ou não nossa luta nesse mercado 
esmagador vai muito além de mostrar um papelzi-
nho com um emblema de uma boa universidade, 
não é o diploma que vai nos conceder nosso espaço 
no mercado, mais sim nossa dedicação e empenho.
Valew e até o next post.
http://totefalando.wordpress.com/2009/06/24/diploma/ 
acessado em 15 de julho 2009.
A charge integra o todo do ‘post’, estabelecendo uma relação 
com o texto escrito. Ela
a) acentua a carga satírica do post, uma vez que expõe os in-
teresses econômicos de grupos privados quanto ao tema.
b) recrudesce o tom da critica do autor à reação contra a 
decisão do STF, ao denunciar o nível de profissionalismo 
dos novos jornalistas.
c) estigmatiza os jornalistas formados, por apresentá-los 
como pessoas de baixo profissionalismo e pouco co-
nhecimento técnico.
d) corrobora a atitude de rechaça do autor à decisão do 
STF, ironizando, a partir da polissemia da palavra “fonte”, 
o despreparo de profissionais não formados.
e) oferece ao leitor um contraponto ao teor exarado pelo 
texto escrito. 
Aula 02
17Português 1D
que entendemos por jornalismo. Não se trata mais 
apenas daquela história de chuva de informação, da 
morte do jornal, da liberdade e aprisionamento on-
line. Trata-se do fato de que as companhias de co-
municação, com atraso, estão começando a entender 
que esse novo tempo pede um novo tipo de jorna-
lismo.
O escritor Clay Shirky contextualiza bem esse cená-
rio, quando diz que há apenas quatro períodos nos 
últimos 500 anos em que os meios de comunicação 
social mudaram suficientemente para se qualificarem 
à denominação de Revolução (palavra tão adorada e 
mal usada por colegas jornalistas). “O primeiro é a 
imprensa. Depois, há cerca de duzentos anos houve 
inovação na comunicação bilateral (telégrafo, depois 
o telefone). No terceiro, há cerca de 150 anos houve 
uma revolução nos meios de comunicação gravados 
com fotos, depois o som gravado, depois os filmes 
codificados em objetos físicos. E finalmente, o apro-
veitamento do espectro eletromagnético para enviar 
som e imagens através do ar, rádio e televisão”.
Como pontua Shirky, todas as tecnologias que moti-
varam essas revoluções têm uma assimetria: quando 
são boas em gerar conversas, não são boas em ge-
rar grupos, e vice-versa. Se o telefone possibilitou 
que duas pessoas fossem emissoras e receptoras de 
informação ao mesmo tempo, não conseguia gerar 
comunicação com um grupo grande. Do outro lado, 
se livros, jornais, TV e rádio conseguem passar uma 
mensagem a milhões, a mensagem tem apenas um 
emissor, não há idas e vindas, diálogo.
É aqui que entraria o que alguns chamam de quinto 
período de revolução das comunicações: a internet. 
Se antes o padrão era a comunicação “um pra um” 
(telefone) ou “um pra muitos” (televisão, rádio, jor-
nais), a web chega e institui um padrão nativo de 
comunicação “muitos para muitos”. 
− Tá bom, Tiago. Mas e aí? O que isso tem a ver com 
as mudanças no jornalismo?
Se a comunicação é de muitos para muitos, é natural 
aparecer um jornalismo nativamente de muitos para 
muitos. Onde a figura do jornalista em si não fique 
com o monopólio da informação à qual você, leitor, 
também tem condições de chegar. Tão natural que 
já existe.
Uma das vertentes que começa a mostrar outros po-
tenciais na comunicação “muitos para muitos” é o 
chamado “jornalismo de dados”, onde o jornalista, 
muitas vezes, não cria a história, mas cria maneiras 
defazer com que qualquer um construa uma histó-
ria, ou que todos a construam conjuntamente.
Você pode parar neste ponto e perguntar “mas a ma-
neira de criar essas ferramentas, essas interações, 
não continua direcionando a interpretação do lei-
tor?”. Sim, continua. Mas o leitor tem a liberdade 
para baixar as bases de dados, criticar, fazer a sua 
própria interpretação e espalhar. Isso diminui a ne-
02.02. (UFPel – RS) – O texto escrito apresenta um uso da 
linguagem por vezes estranho a quem não está afeito a textos 
de internet. Sobre esse uso, assinale a alternativa correta. 
a) Os grosseiros problemas de edição, nítidos nas várias pa-
lavras cortadas por um traço (e não apagadas), oferecem 
prejuízo à leitura do texto.
b) Os vocábulos de língua inglesa utilizados no texto eviden-
ciam conceitos ou situações que não encontram tradução 
em nosso idioma. Têm ali, portanto, sua razão de ser.
c) A palavra “salário” (sic), em um texto de internet, não 
pode ser considerada “erro”, porque é nada mais do que 
uma adequação de “salário” ao meio para o qual o texto 
foi produzido.
d) Não se observa apenas utilização de linguagem própria do 
meio internet, mas também inadequações à modalidade 
padrão do português.
e) A variante popular, utilizada ao longo do texto, não é a 
mais adequada uma vez tratar-se de um discurso tanto 
argumentativo quanto dirigido a pessoas de todas as 
classes sociais.
02.03. (UFPR) − Considere o seguinte texto:
Por que existem cachorros tão diferentes uns dos 
outros, como um chihuahua e um dogue-alemão? 
A resposta está na “seleção artificial”. Ao longo dos 
últimos séculos, os humanos foram selecionando os 
cães com características que mais lhes agradavam. Se 
queriam cachorros de guarda, deixavam que apenas 
os maiores, mais bravos e obedientes de uma ninha-
da se reproduzissem quando adultos. Mas se a ideia 
era ter cachorros de companhia, que pudessem vi-
ver em locais pequenos, então apenas os menores e 
mansos eram escolhidos. Com o passar do tempo e 
muitos cruzamentos entre cães com as características 
desejadas, foram surgindo as diferentes raças que co-
nhecemos hoje. Mas todas ainda pertencem à mesma 
espécie! 
(Ciência Hoje on line. Acesso em 21/maio/2012) 
Leia o texto e selecione a alternativa que apresenta um título 
adequado para sintetizar sua ideia central. 
a) O melhor amigo do homem.
b) Como cães e gatos.
c) A origem da diferença.
d) Vida de cachorro.
e) Nem tão diferentes assim. 
Aperfeiçoamento
Instruções: Leia o texto a seguir para responder às questões 
02.04 a 02.08. 
Dados e os novos jornalismos
A internet não mudou apenas a forma como absor-
vemos a informação, mudou a própria informação. 
E continua mudando, neste exato momento, até o 
18 Semiextensivo
cessidade da figura do jornalista? Isso é você quem 
vai me dizer. Não estou certo de que todos tenham 
tempo e disposição para fazer a sua própria histó-
ria. Provavelmente essa investigação e construção de 
uma narrativa do jornalista não seja dispensável. Só 
não será mais exclusiva dele. 
(MALI, Tiago. Galileu. 29 mar. 2013. Adaptado.) 
02.04. (UFPR) – Este texto foi publicado sob a rubrica “colu-
na” na revista Galileu. Essa caracterização de gênero o coloca 
no grupo dos textos de opinião da mídia impressa. A partir 
dessa perspectiva, a inserção em discurso direto observada 
após o quarto parágrafo tem como funções:
1. indicar que parte do texto é transcrição de uma entre-
vista.
2. simular a intervenção de um leitor fictício, que espera 
encontrar no texto o tema anunciado no início do pri-
meiro parágrafo.
3. demarcar no texto o início de um diálogo mais efetivo 
com o leitor, que se manifesta nos últimos parágrafos.
4. fazer a transição entre uma linguagem escrita, formal, e 
uma linguagem coloquial, que passa a ser dominante 
nos parágrafos finais do texto.
Estão corretas as funções caracterizadas nos itens: 
a) 1 e 4 apenas. 
c) 3 e 4 apenas.
b) 2 e 3 apenas. 
d) 1, 2 e 4 apenas. 
02.05. (UFPR) − Tendo como ponto de partida a caracteri-
zação feita por Clay Shirky para os períodos da revolução nos 
meios de comunicação social, numere a coluna da direita de 
acordo com sua correspondência com a coluna da esquerda.
1. Comunicação unilateral, de um para muitos. 
2. Comunicação bilateral, de um para um. 
3. Comunicação bilateral, de muitos para muitos. 
( ) Primeiro período.
( ) Segundo período. 
( ) Terceiro período. 
( ) Quarto período. 
( ) Quinto período.
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da 
coluna da direita, de cima para baixo. 
a) 1 – 2 – 1 – 1 – 3. 
b) 1 – 1 – 2 – 1 – 3. 
c) 2 – 1 – 1 – 2 – 2.
d) 1 – 2 – 1 – 3 – 3. 
02.06. (UFPR) − Segundo o texto, a mudança fundamental 
introduzida no jornalismo a partir da internet foi:
a) dispensar a atuação do jornalista na produção de notícias. 
b) possibilitar a construção conjunta de notícias pelo profis-
sional do jornalismo com a colaboração dos internautas. 
c) intensificar o monopólio da informação pelas grandes 
empresas de comunicação. 
d) reduzir o custo da produção de notícias, com a colabora-
ção dos internautas para coletar informações. 
02.07. (UFPR) − “Como pontua Shirky, todas as tecnologias 
que motivaram essas revoluções têm uma assimetria: quando 
são boas em gerar conversas, não são boas em gerar grupos, 
e vice-versa”. Aplicando-se essa observação à internet, é 
correto afirmar:
a) A internet rompe com a assimetria observada nos demais 
meios de comunicação.
b) A internet distingue-se das demais tecnologias por não 
propiciar a geração de conversas nem de grupos.
c) A internet provoca uma reanálise das tecnologias que 
a antecederam, mostrando que a assimetria não estava 
presente no rádio e na televisão.
d) A principal qualidade da internet é facilitar a geração 
de grupos, ficando a geração de conversas em segundo 
plano. 
02.08. (UFPR) − Assinale a alternativa correta sobre algumas 
expressões usadas no texto. 
a) “Esse cenário” (segundo parágrafo) refere-se ao conjunto 
de informações contidas no primeiro parágrafo. 
b) “Aqui” (quarto parágrafo) retoma a expressão “livros, 
jornais, TV e rádio”. 
c) “Isso” (quinto parágrafo) refere-se a “web”. 
d) “Essas ferramentas” (último parágrafo) refere-se a “essas 
interações”. 
Aprofundamento
Fotojornalismo
Vem perto o dia em que soará para os escritores a 
hora do irreparável desastre e da derradeira des-
graça. Nós, os rabiscadores de artigos e notícias, já 
sentimos que nos falta o solo debaixo dos pés... Um 
exército rival vem solapando os alicerces em que 
até agora assentava a nossa supremacia: é o exército 
dos desenhistas, dos caricaturistas e dos ilustrado-
res. O lápis destronará a pena: ceci tuera cela1.
O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e 
febril, não admite leituras demoradas, nem reflexões 
profundas. A onda humana galopa, numa espuma-
rada bravia, sem descanso. Quem não se apressar 
com ela será arrebatado, esmagado, exterminado. O 
século não tem tempo a perder. A eletricidade já su-
primiu as distâncias: daqui a pouco, quando um eu-
ropeu espirrar, ouvirá incontinenti2 o “Deus te ajude” 
de um americano. E ainda a ciência humana há de 
achar o meio de simplificar e apressar a vida por for-
ma tal que os homens já nascerão com dezoito anos, 
aptos e armados para todas as batalhas da existência.
Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais 
abrem espaço às ilustrações copiosas, que entram 
pelos olhos da gente com uma insistência assom-
brosa. As legendas são curtas e incisivas: toda a 
explicação vem da gravura, que conta conflitos e 
mortes, casos alegres e casos tristes.
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Aula 02
19Português 1D
02.09. (UERJ) – Já em 1901, o escritor Olavo Bilac temia que 
a imagem substituísse a escrita. No entanto, ele reconhecia 
aspectos positivos dessa possível substituição.
Um desses aspectos é observado no seguinte trecho:
a) o século não tem tempo a perder. (ℓ. 13-14)
b)já ninguém mais lê artigos. (ℓ. 21) 
c) aceitando resignadamente a fatalidade das coisas. 
(ℓ. 66-67)
d) não mais seremos obrigados a escrever barbaridades. 
(ℓ. 68-69) 
02.10. (UERJ) – Vem perto o dia em que soará para os 
escritores a hora do irreparável desastre e da derradeira 
desgraça. (ℓ. 1-3)
A profecia para os escritores, anunciada na primeira frase do 
texto de forma extremamente negativa, se opõe ao tom e 
à conclusão do texto.
Considerando esse contraste, o texto de Bilac pode ser qua-
lificado basicamente como:
a) irônico.
b) incoerente. 
c) contraditório.
d) ultrapassado.
02.11. (UERJ) – O texto, apesar de escrito no século XX, 
demonstra surpreendente atualidade, conferida sobretudo 
por uma semelhança entre a vida moderna da época e a 
experiência contemporânea. Essa semelhança está exem-
plificada na passagem apresentada em:
a) O público tem pressa. (ℓ. 9) 
b) As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. (ℓ. 42-43) 
c) Não há morte para as nossas tolices! (ℓ. 60-61)
d) Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam (...) 
catalogadas. (ℓ. 61-62) 
02.12. (UERJ) – O cinema se popularizou no Brasil depois de 
esta crônica ter sido escrita. Nela, porém, o autor já antecipa 
o advento do novo meio de comunicação.
Um trecho que comprova tal afirmativa é:
a) E ainda a ciência humana há de achar o meio de simplificar 
e apressar a vida. (ℓ. 17-18) 
b) toda a explicação vem da gravura, que conta conflitos e 
mortes. (ℓ. 24-25) 
c) nada impede que seja anexado ao animatógrafo um 
gramofone de voz tonitruosa (ℓ. 36-37) 
d) a máquina fotográfica funciona sempre sob a égide da 
soberana Verdade. (ℓ. 45-46) 
02.13. (UERJ) – Vereis que não hão de ser tão frequentes as 
controvérsias... (ℓ. 48-49)
A previsão de Bilac sobre a diminuição das controvérsias ou 
polêmicas, por causa da vitória da imagem sobre a palavra, 
baseia-se em uma pressuposição acerca da maneira de 
representar a realidade.
É provável que o jornal-modelo do século 20 seja 
um imenso animatógrafo3, por cuja tela vasta 
passem reproduzidos, instantaneamente, todos 
os incidentes da vida cotidiana. Direis que as ilus-
trações, sem palavras que as expliquem, não po-
derão doutrinar as massas nem fazer uma propa-
ganda eficaz desta ou daquela ideia política. Puro 
engano. Haverá ilustradores para a sátira, ilustra-
dores para a piedade.
(...) Demais, nada impede que seja anexado ao 
animatógrafo um gramofone de voz tonitruosa4, 
encarregado de berrar ao céu e à terra o comentá-
rio, grave ou picante, das fotografias.
E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas 
e noticiaristas, houvermos desaparecido da cena 
– nem por isso se subverterá a ordem social. As 
palavras são traidoras, e a fotografia é fiel.
A pena nem sempre é ajudada pela inteligência; 
ao passo que a máquina fotográfica funciona sem-
pre sob a égide5 da soberana Verdade, a coberto 
das inúmeras ciladas da Mentira, do Equívoco e 
da Miopia intelectual. Vereis que não hão de ser 
tão frequentes as controvérsias...
(...)
V
Não insistamos sobre os benefícios da grande revo-
lução que a fotogravura vem fazer no jornalismo. 
Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo 
terá a utilidade de evitar que nossas opiniões fi-
quem, como atualmente ficam, fixadas e conser-
vadas eternamente, para gáudio6 dos inimigos... 
Qual de vós, irmãos, não escreve todos os dias qua-
tro ou cinco tolices que desejariam ver apagadas ou 
extintas? Mas, ai! de todos nós! Não há morte para 
as nossas tolices! Nas bibliotecas e nos escritórios 
dos jornais, elas ficam (...) catalogadas.
(...) 
No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou 
a revolução, que vai ser a nossa morte e a opu-
lência7 dos que sabem desenhar. Preparemo-nos 
para morrer, irmãos, sem lamentações ridículas, 
aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, 
e consolando-nos uns aos outros com a cortesia 
de que, ao menos, não mais seremos obrigados a 
escrever barbaridades...
Saudemos a nova era da imprensa! A revolução 
tira-nos o pão da boca, mas deixa-nos aliviada a 
consciência.
Olavo Bilac, Gazeta de Notícias, 13/01/1901.
1. ceci tuera cela – isto vai matar aquilo
2. incontinenti – sem demora
3. animatógrafo – aparelho que passa imagens sequenciais
4. tonitruosa – com o volume alto
5. égide – proteção
6. gáudio – alegria extremada
7. opulência – riqueza, grandeza
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20 Semiextensivo
Essa pressuposição está anunciada em:
a) o desenho critica o real e as palavras expressam cons-
ciência. 
b) a fotografia reproduz o real e as palavras provocam 
distorções.
c) a imagem interpreta o real e as palavras precisam de 
inteligência.
d) a fotogravura subverte o real e as palavras tendem ao 
conservadorismo. 
Instrução: As próximas duas questões referem-se ao texto 
que segue. 
De frente pro crime 
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol 
Em vez de reza uma praga de alguém 
E um silêncio servindo de amém 
O bar mais perto depressa lotou 
Malandro junto com trabalhador 
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador
E veio o camelô vender
Anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer pastel
E um bom churrasco de gato 
Quatro horas da manhã
Baixou um santo na porta bandeira 
E a moçada resolveu
Parar, e então
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém 
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime... 
BLANC, Aldir; BOSCO, João. Caça à Raposa. Rio de Janeiro: 
Gravadora RCA Victor, 1975, LA. 
02.14. (UEL − PR) − Embora seja apresentado na forma de 
obra musical, esse texto produz a impressão de tratar-se do 
relato de uma notícia de jornal. Com base nisso, considere 
as afirmações:
I. O relato é feito por alguém que não se envolve direta-
mente com os acontecimentos.
II. O texto denuncia a insensibilidade das pessoas diante 
da morte. 
III. A composição apresenta linguagem formal e objetiva. 
IV. O texto é taxativo ao dizer que brasileiro só pensa em 
mulher e futebol. 
Estão corretas somente: 
a) II e III
d) II e IV
b) I e II
e) I e IV
c) III e IV
02.15. (UEL − PR) − Ao traçar um paralelo entre os substan-
tivos “rosto”, “reza” e “amém”, de um lado, e “foto”, “praga” e “si-
lêncio”, de outro, o estribilho relaciona a crueza da realidade à:
a) decepção amorosa que está atormentando o poeta.
b) perda do espírito de resignação na família brasileira.
c) difusão da filantropia que caracteriza as relações humanas 
na cidade grande. 
d) emoção coletiva que sempre acaba unindo as pessoas 
em face da morte. 
e) ausência de solidariedade entre os moradores das grandes 
cidades.
Discursivos
02.16. (UFPel − RS) − 
O câncer da tristeza
A depressão que um diagnóstico de câncer acarreta pode encurtar a vida do paciente. A revista Psychosomatic 
Medicine publicou um estudo feito, ao longo de uma década, pela Universidade de Rochester, nos Estados 
Unidos, com 205 vítimas da doença. Todas haviam recebido a notícia do câncer pouco tempo antes do início 
da pesquisa. Oitenta pessoas do grupo já morreram − a maioria delas apresentara os piores resultados em testes 
psicológicos. A conclusão dos autores é que pacientes de câncer também devem ter o acompanhamento de um 
psicólogo.
Veja, 20/08/2003
a) O título da notícia pode levar a mais de uma leitura. Quais são elas?
Aula 02
21Português 1D
Se o senhor não tá lembrado,
Dá licença de contá
Que aqui, onde agora está
Esse edifício arto,
Era uma casa veia, 
Um palacete assobradado. 
Foi aqui, seu moço.
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca.
Mais um dia,
Nóis nem pode se alembrá,
Veio os home c’as ferramentas
O dono mandô derrubá.
Peguemos todas nossas coisa
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição.
Que tristeza que nóis sentia.
Cadatauba que caía
Doía no coração.
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
“Os home tá cá razão
Nóis arranja outro lugá.”
Só se conformemos 
Quando o Joca falou:
“Deus dá o frio conforme o cobertô.”
E hoje nóis pega a páia** nas grama do jardim
E pra esquecê nóis cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida,
Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa 
vida.
Saudosa maloca, maloca querida,
Que dim donde nóis passemos os dias feliz de nossa 
vida.
* Maloca: casa muito pobre e rústica; lar.
** Pegar uma palha ou puxar urna palha: dormir. 
A partir da leitura dessa música, redija uma notícia de jornal que informe ao leitor os fatos narrados. Seu texto deve: 
• ser introduzido por um título (manchete); 
• apresentar a narrativa do ponto de vista do veículo de comunicação; 
• ser fiel aos fatos apresentados na letra da música, podendo haver acréscimo de detalhes, inventados por você, que atua-
lizem a narrativa e permitam adequá-la ao gênero “notícia de jornal”; 
• apresentar a linguagem e a estrutura próprias do gênero; 
• ter de 7 a 10 linhas.
b) O uso do vocábulo “também”, na última linha do texto, permite que se recupere uma informação implícita. Explicite-a
Produção de textos 
Proposta 1
(UFPR) – Adoniran Barbosa é um ícone do samba paulista. Os temas de suas composições giravam em torno dos tipos huma-
nos mais comuns e da realidade crua de uma metrópole que não para. Em suas músicas, usou sempre a linguagem popular 
paulistana para dar vida a suas personagens. “Saudosa Maloca” (1951) conta um fato, que é retratado a partir do ponto de 
vista de uma das personagens.
Saudosa Maloca*
22 Semiextensivo
Proposta 2
Elabore uma chamada de primeira página para o seguinte texto. Essa chamada deve apresentar pelo menos dois parágrafos, 
com um total de, no máximo, 100 palavras, descontado o título.
INFORMÁTICA
Morador de Volta Redonda (RJ) coloca 
código-fonte do programa na internet
Brasileiro ganha destaque com vírus que ataca celulares
DA REDAÇÃO 
O analista de segurança e programador Marcos Velas-
co, 32, morador de Volta Redonda (RJ), atraiu a aten-
ção da imprensa internacional e das principais firmas 
de telefonia celular e segurança de internet graças à 
sua invenção: um vírus que infecta telefones celulares.
O vírus Velasco, nomeado em auto-homenagem de 
seu criador e também conhecido por especialistas em 
segurança como Lasco, afeta telefones celulares que 
funcionam com a tecnologia Bluetooth, que permite 
acesso sem-fio à internet via ondas de rádio.
Além de criar o vírus, Velasco tornou-o acessível a 
qualquer pessoa, publicando seu código-fonte no site 
de sua empresa, a Marcos Velasco Security. A invenção 
do brasileiro virou notícia em uma revista de tecno-
logia da Finlândia (sede de uma das principais fabri-
cantes de celulares, a Nokia) e na edição de ontem do 
“New York Times”.
O vírus criado por Velasco é do tipo “worm” (verme, 
em inglês), que se infiltra e se multiplica sem precisar 
de um programa hospedeiro. Ele não rouba dados ou 
desinstala programas – por isso, foi classificado pelas 
principais companhias de antivírus como “ameaça de 
baixo risco”.
Para propagar-se, o vírus usa o sistema operacional 
Symbian, adotado por gigantes do setor, como Nokia, 
Ericsson e Samsung. “Escolhi o Symbian porque meu 
celular tem essa tecnologia, mas eu ainda penso em 
criar algo para o Windows Mobile”, afirmou Velasco 
ontem, à Folha Online.
O programador também disse que não publicou o 
programa na internet para causar pânico, mas “para 
espalhar conhecimento”. “Essa questão é parecida 
com a das armas de fogo: tem o lado ruim e o lado 
bom. Elas podem matar pessoas, mas também são uti-
lizadas nas Olimpíadas, em competições de tiro.”
Em entrevista à revista finlandesa “ITviikko”, publica-
da no dia 20 de janeiro, Velasco havia afirmado que 
a razão pela qual liberou o código-fonte do vírus foi 
“a descrença dos pesquisadores da Kaspersy [empresa 
de antivírus russa] de que o worm era meu”.
Na mesma entrevista ele deixa claro que, apesar de ser 
contra a propagação do vírus, sabe o tamanho do es-
trago que seu trabalho pode fazer. “O lançamento do 
código-fonte do Lasco vai levar os vírus de celulares 
para um nível totalmente novo. Talvez o ano de 2005 
seja lembrado como o ano de vírus de celulares.”
Mikko Hyppönen, diretor de pesquisa de antivírus da 
finlandesa F-Secure, disse ao “New York Times” que 
considera o brasileiro “perigoso”. “Ele torna público 
os códigos-fonte desses vírus de celular de forma que 
qualquer um pode baixá-los e usá-los.”
Ainda segundo a matéria do jornal americano, o ví-
rus Velasco aponta para o inevitável surgimento de 
programas mais virulentos contra telefones celulares, 
mesmo com o aperto do cerco contra criadores de 
vírus, que têm sido vítimas de processos milionários 
por parte de empresas como a Microsoft, além de te-
rem sido incluídos, após o 11 de Setembro, na cate-
goria de “terroristas” pelos órgãos oficiais americanos.
O jornal também traz declarações de Keith Nowak, 
porta-voz da Nokia, afirmando que a filial brasileira 
da empresa já conhece o vírus de Velasco e pretende 
entrar em contato com o programador de forma “ami-
gável”, para conversar sobre os perigos do vírus.
Para evitar infecções com o Velasco ou seus derivados, 
os usuários de celulares com a tecnologia Bluetooth 
devem manter suas conexões com a internet desliga-
das enquanto não as utilizam, além de evitar aceitar a 
instalação de qualquer programa desconhecido.
O próprio site da Marcos Velasco Security (www.ve-
lasco.com.br) oferece um antivírus contra o Lasco.
Folha de S. Paulo, 25/01/05, p. B11 © Folhapress
Aula 02
23Português 1D
02.01. d
02.02. d
02.03. c
02.04. b
02.05. a
02.06. b
02.07. a
02.08. a
02.09. d
02.10. a
02.11. a
02.12. c
02.13. b
02.14. b
02.15. e 
02.16. a) O título da notícia admite duas leituras: 
(a) o câncer decorrente da tristeza, cau-
sado por ela; (b) a tristeza é um câncer. 
b) o vocábulo “também” recupera a ideia, 
implícita, de que pacientes de câncer 
têm outros tipos de acompanhamento.
Gabarito
Proposta 3
Elabore uma chamada de primeira página para o seguinte texto. Essa chamada deve apresentar um parágrafo, entre quatro 
e cinco linhas.
Mulher se esconde por sete horas em bueiro
Segundo a jovem, ela fugia de bandidos em Curitiba
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Uma mulher foi resgatada ontem de um bueiro em 
Curitiba após, segundo seu relato, ficar quase sete ho-
ras em galerias subterrâneas da cidade para fugir de 
bandidos que queriam roubá-la e matá-la.
O Departamento de Águas e Esgotos da Prefeitura de 
Curitiba informou que a região onde Luci Machado 
Santana, 26, foi localizada tem galerias pluviais com 
alturas que variam entre 50 centímetros e dois metros.
Ela foi encontrada quando pedestres viram suas mãos 
tentando remover a grade de ferro de uma boca de 
lobo na avenida Visconde de Guarapuava, no centro 
da capital paranaense.
A mulher estava com as roupas sujas e muito assus-
tada, conforme relataram os soldados do Corpo de 
Bombeiros.
Ela foi internada para observação no Hospital Evangé-
lico de Curitiba, mas, segundo a assessoria do hospi-
tal, não corre risco de morte.
Segundo a versão de Luci, ela estava fugindo de três 
homens que a perseguiam com o intuito de assaltá-la 
e de assassiná-la. Para isso, buscou refúgio em um rio 
interligado por galerias que recebem água da chuva.
O local onde a mulher disse ter entrado no esgoto é 
na Avenida Cândido de Abreu, no bairro do Centro 
Cívico, e fica a pelo menos 12 quarteirões do ponto 
do resgate, que é próximo à estação rodoferroviária 
da cidade. Seria o equivalente a dois quilômetros de 
distância entre os dois pontos. Ela disse ter percorrido 
as galerias desde o início da manhã.
As passagens são infestadas de insetos – como aranhas 
e ratos –, com ar rarefeito e contaminado por gases tó-
xicos provenientes da decomposição de matéria orgâni-
ca do esgoto. Funcionários da prefeitura só entram em 
pontos mais isolados das galerias

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