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M.T.A. Produção de Açúcar 1ª parte Profª Maria Teresa Mendes Ribeiro Borges Açúcar – Características Intrínsecas 1 – Natural É produzido por todas as folhas verdes de vegetais, através da fotossíntese (ação da luz solar sobre o CO2 e água, catalisado pela clorofila, dando origem à glicose e liberando oxigênio). Clorofila 6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2 Luz solar 2 – É um carboidrato Pertence ao grupo dos constituintes imprescindíveis à nossa alimentação. Açúcar – Características Intrínsecas 3 – É energético Possui um poder calorífico de aproximadamente 400cal/g. 4 – Aufere textura A característica química de poliol permite hidratação molecular, higroscopicidade, umectabilidade, volume (textura) 5 – Aufere sabor doce Os adoçantes (substâncias glicídicas bem como os edulcorantes), apresentam aspectos importantes quanto ao poder calórico, poder adoçante, toxidade entre outros. O poder adoçante das diferentes substâncias é obtido através da análise sensorial onde a massa em gramas do adoçante apresenta mesma sensação de doçura de 1g de sacarose. Doçura Relativa de Açúcares e Edulcorantes e aspectos relevantes Sacarose 1 Natural; glicídio; sabor agradável; diabetes, obesid., cárie Frutose 1,14 Natural, glicídio; Açúcar Invertido 0,95 Glicose e frutose; líquido, Glicerina 0,75 Não alimento Manose 0,59 Natural, glicídio; Sorbitol 0,51 glicídio; açúcar não convencional Glicose 0,69 Natural, glicídio; Manitol 0,69 glicídio; açúcar não convencional Xilose 0,67 Natural, glicídio; Galactose 0,63 Natural, glicídio; Maltose 0,40 Natural, glicídio; Lactose 0,39 Natural, glicídio; Ciclamato 34 Sintético, sabor residual amargo Sacarina 300 Sintético Esteviosídeo 150 Natural, sabor residual característico do composto Aspartame 160 a 200 Sintético, instável (altas temperaturas gera metanol) Açúcar – Usos 1 – Indústria alimentícia Conservas, panificação, refrigerantes... 2 – Direto à mesa 3 – Indústria química Também chamada de sucroquímica onde estão embutidas as industrias de fermentação • Álcool; • Dextrana; • Ácido Cítrico; • Ácido Fumárico (alimentos e plástico); 3 – Indústria química continuação • Sorbitol (hidrogenação) uso como umectante redutor da tensão superficial dos líquidos; • Manitol (alimentos e explosivos) hidrogenase para produzir glicerina e glicóis; • Plástico (esterificação produz diacetato hexaisobutirato, que é um plastificante); • Ácido Levulínico • Hidroximetil-furfural (solvente); • Tensoativos – esterificação com 1 ou 2 ácidos graxos ou com 6 ou 7 ácidos graxos de óleos secantes (para tintas de veículos ou de imprensa); • Resinas Fenólicas – pó de modelar e adesivos de madeira laminada; • Hidroxi-éteres – platificantes e espumas pláticas. • Na alimentação animal é usado o melaço. Açúcar – Características Químicas 2 – Molécula de Sacarose O açúcar de mesa é a molécula de Sacarose C12H22O11, que se recupera da cana-de-açúcar com alto grau de pureza, 99,96%. 1 – Sólido cristalino incolor Sistema monoclínico hesfenoidal hemimórfico Açúcar – Características Químicas 3- Densidade 1.5879 a 15ºC 4- Ponto Fusão Sacarose pura 188ºC (impura – 160 à 180ºC) 5 – Altamente Solúvel em água 67,09% à 20oC 6 – Atividade ótica Dextrógira em solução 26g em 100 ml de água – [α]D20 = + 66,53º 7- Ação redutora Não reduz o íon cobre de soluções alcalinas. A sacarose pertencem a família dos glicídios. Compostos com cadeias carbônicas contendo 3 ou mais átomos de carbono com grupos hidroxilas (polióis) fixos a todos os carbonos, menos ao que possui um oxigênio na forma de aldeído (aldose) ou na forma de cetona (cetose). São então polióis aldeídos ou polióis cetonas de fórmula bruta Cn(H2O)n A sacarose é um dissacarídeo formado por uma unidade de glicose e uma de frutose. Sua hidrólise da origem aos dois açúcares que apresentam a propriedade química de reduzir o cobre da solução de Felling. Açúcar – Características Químicas Glicose Monossacarídeo; Aldohexose; Solubilidade em água 49,4% a 23ºC e 54,6% a 30 ºC; Fórmula C6H12O6; PM = 180,16; P.Fusão = 146º C; Possui um grupo aldeído livre, oxidável pela ação de cobre ou iodo em solução alcalinas. Da solução de dextrose evaporada cristaliza-se tanto α como β glicose. As duas formas estão em equilíbrio em solução à temperaturas inferiores à 50 ºC. As formas α e β são interconversíveis e por isso sua solução apresenta o fenômeno de mutarrotação. - A solução da α-D-glicose possui rotação específica de [α]D20 + 112,2º - A solução da β-D-glicose possui rotação especifica de [α]D20 = +18,7º Quando se estabelece um equilíbrio com cerca de 40% da forma α e 60% da forma β, a rotação é de [α]D20 + 52,7. Este é o valor que se usa para a determinação deste açúcar em sacarimetria. Frutose. Monossacarídeo; Cetohexose (com oxigênio fixado no carbono 2 em lugar do carbono 1).; Solubilidade em água 78,9% à 20ºC; Fórmula C6H12O6; PM = 180,16; P. Fusão = 102 a 104ºC; Configuração = Forma D; Cristalização mais difícil que da glicose. A mutarrotação em solução aquosa é mais complexa que no caso da glicose. O equilíbrio se estabelece entre as estruturas anelares furanosica e piranosica e também entre suas formas α e β . A levorrotação inicialmente elevada de [α]D20 – 132,2º diminui à [α]D20 – 92,4ºC sendo este o valor que se usa na sacarimetria. Atividade levógira e ação redutora (mais lenta que a glicose) A condensação de açúcares simples leva à produção de dissacarídeos, trissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Monossacarídeos - São glicídios que não podem ser quebrados em açúcares menores. Ou seja, não podem ser hidrolisados. Exemplos: Glicose, Frutose, Manose, Galactose. Dissacarídeos - São açúcares formados por dois monossacarídeos. Exemplos: Sacarose, Rafinose, Lactose. Oligossacarídeos - São carboidratos com número pequeno de monossacarídeos variando de 4 a 10 unidades de açúcar. Polissacarídeos - São carboidratos formados por mais de 10 unidades de monossacarídeos. Exemplo: Amido(maisena), Celulose (algodão), Dextrana. Açúcar – Classificação dos Glicídios (carboidratos) Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Brix - Teor de sólidos solúveis do caldo. É a quantidade em gramas de sólidos totais dissolvidos em 100g de solução. 15 Brix significam 15g de sólidos totais dissolvidos em 100g de solução (caldo) Princípios e Instrumentos de medida A densidade da água pura é igual à 1. Ao serem adicionados sólidos que sejam capazes de se dissolver em água eles modificam as propriedades da água como, densidade, índice de refração entre outras. Estas duas propriedades são muito usadas para correlacionar com a quantidade de sólidos contidos na água. Densimetria Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Pol A luz comum vibra em vários planos. É possível com instrumentação adequada selecionar somente um plano de vibração da luz. Quando se faz isso, polariza-se a luz. Substâncias oticamente ativas são capazes de girar o plano da luz polarizada. Sacarose, glicose, frutose mostram esta característica quando em solução são colocadas no caminho de uma luz polarizada. A configuração dos grupos hidroxila e dos átomos de hidrogênio determinam a propriedade do açúcar de causar a rotação do plano da luz polarizada. Teor de sacarose presentes na solução. 19 oS de Pol no caldo é equivalente à 19 gramas de sacarose em 100ml de caldo. Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Pol Escala sacarimétrica Em 1986, em função de estudos alemães (I. Braunschweig),foi modificada a Escala Sacarimétrica Internacional, entrando em vigor em 1988. A definiçãode solução normal de açúcar não foi modificada continuando a ser, em termos práticos, 26,000g de sacarose pesadas ao ar e diluídas em 100,00cm3 à 20 oC. O ponto 100oS da Escala Sacarimétrica Internacional, é representado pela rotação ótica da solução normal de açúcar, a um comprimento de onda no vácuo, da linha verde do isótopo de mercúrio 198Hg (λ=546,2271nm), medidos a 20,000oC, num tubo polarimétrico de 200,000mm. Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Pol Escala sacarimétrica Pela escala “sugar”(o S), o valor dessa rotação é de 40,7650o e pela escala “zúcar” (o Z) o valor é de 40,777+ 0,001o nas mesmas condições. As escalas dos sacarímetros existentes, quando calibradas em graus S fornecem uma leitura elevada em relação aos que adotaram os graus Z. A daquela data os valores em oS da antiga escala para ser convertidos em oZ Para isso ou calibrar a placa de quartzo, ou comprar outra placa de quartzo e calibrar o equipamento em o Z. Ou multiplicar o valor obtido em oS pelo fator 0,99971 que reduzirá o valor em 0,029%. Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Pol A determinação da polarização de uma solução é o método mais difundido para quantificar sacarose em produtos do setor sucroalcooleiro. O Método Polarimétrico descrito em AOAC (Método oficial 925.46) e o Método GS1/2/3-1 de 2005 (Método oficial da ICUMSA) descrevem os procedimentos oficiais da ICUMSA “Comissão Internacional de Uniformização de Métodos de Análise de Açúcar”, tanto para obtenção do teor de sacarose em Açúcares como em Caldos e Xaropes por polarização. A rotação ótica é a soma algébrica dos efeitos, predominantemente da sacarose contida na amostra, modificada pela presença de outros constituintes oticamente ativos e pelo procedimento de clarificação. Observações e cuidados De maneira geral todas as polarizações devem ser feitas a 20ºC. Usar banho termostatizado. Antes e depois de uma série de leituras, calibrar o equipamento usando o padrão de quartzo. Usar balanças calibradas para preparo de soluções e balões volumétricos calibrados. Observar tubos polarimétricos e janelas. Ser critico, fazer no mínimo 2 leituras. Não rejeitar “à priori” nenhuma leitura. Diferentes pontos da escala como 20º, 50º, 80º e 100ºZ devem ser testados de acordo com as amostras, utilizando-se padrões de quartzo. Observações e cuidados Para diluição das amostras usar o peso normal (26 + 0,002g) em 100mL, um múltiplo ou submúltiplo para um volume correspondente. Completar o balão criteriosamente (menisco, temperatura, gargalo). Se for necessário, adicionar uma quantia mínima de clarificante seco, agitar até dissolver, filtrar a solução clarificada rapidamente em filtro seco. Cobrir o filtro, rejeitar o os primeiros 25mL. Nunca retornar a solução ou parte dela. Se o filtrado continuar turvo, reiniciar a determinação. Determinar a polarização em tubo de 200mm ou 100mm, conforme a necessidade da amostra e multiplicar ou dividir por 2 conforme o caso. Usar somente os clarificantes e agentes descolorantes permitidos. Mutarrotação Quando cristais de D-(+)-glucose (PF-146ºC), são dissolvidos em água, a rotação específica cai gradualmente de 112º, iniciais, para 52,7º. Por outro lado quando cristais de D-(+)-glucose (PF-150ºC), são dissolvido em água a rotação específica gradualmente aumenta de +19º, iniciais, para 52,7º. A forma com a mais alta rotação específica é chamada α-D-(+)-glicose, e a com menor rotação de β-D- (+)-glicose. A mudança na rotação de cada um dos equilíbrios é chamada mutarrotação. Produtos como méis, açúcar líquido invertido, xarope de glicose, que contém glicose e outros açúcares redutores na forma cristalina ou soluções de alta densidade, podem apresentar mutarrotação sob condições prevalecentes durante a análise. Nestes casos realiza-se a determinação somente à rotação constante. Cinzas Cinzas, por definição é o resíduo obtido após a calcinação de um material. A calcinação ou queima, transforma a matéria orgânica presente em CO2 e água que são eliminados por evaporação, restando somente seus componentes minerais sob a forma de óxidos ou sais. O teor de cinzas é uma medida do total de componentes minerais solúveis que contém uma amostra e é um excelente critério para determinar sua qualidade neste aspecto. É utilizado no mundo inteiro como um dos principais indicadores para classificação do açúcar. Cinzas = resíduo da calcinação da amostra em gramas por 100g de amostra. Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Cinzas Cinzas sulfatadas Para maior precisão dos resultados, a amostra pode receber uma adição de ácido sulfúrico antes da calcinação, A análise é realizada pela dupla calcinação da amostra, sendo a primeira a 550oC e a segunda a 650oC, com adição de ácido sulfúrico o que transforma todos os cátions presentes em sulfatos pouco voláteis e o resultado recebe o nome de cinzas sulfatadas. A determinação do teor de cinzas por calcinação é uma análise demorada e que exige experiência do analista para ser precisa. Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Cinzas condutimétricas Existe uma grande correlação entre o teor de cinzas de uma amostra e a condutividade de sua solução aquosa. Por isso uma boa medida do teor de inorgânicos de uma amostra é a medida da condutividade de sua solução. Método1 (alto teor de cinzas) - 5g/100 mL Dissolver 5 g da amostra em água completando 100 mL de solução. Ler a condutância da solução (Cs) e da água de dissolução (Ca), tudo a 20ºC, calculando o resultado: %Cinzas = 18 x 10-4 x q x (Cs-0,9Ca) Método 2 (baixo teor de cinzas) - 28 g/100g Dissolver 28 g da amostra em água completando 100 g de solução (31,3 g em 100 mL de solução). Ler a condutância da solução (Cs) e da água de dissolução (Ca), tudo a 20ºC, calculando o resultado: %Cinzas = 6 x 10-4 x q x (Cs-0,35Ca) Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro AR Teor de açúcares redutores Alguns açúcares como a glicose e a frutose possuem a propriedade química de reduzir o cobre de uma solução chamada Licor de Fehling. O cobre II passa a cobre I (se reduz) quando em solução básica e na presença de açúcares redutores e de calor. A sacarose não apresenta essa propriedade, no entanto como já foi visto a sacarose pode ser hidrolisada produzindo estes 2 açúcares. AR Aspectos importantes Açucares redutores são basicamente glicose e frutose presentes na amostra oriundos ou não da hidrólise da sacarose. No entanto nos materiais em processo existem outros redutores que não são açúcares. A quantificação dos açúcares redutores é de grande interesse. Os principais métodos utilizados baseam-se em reações de oxi-redução, complexação, colorimetria e cromatografia. As reações típicas dos aldeídos (glicose), e cetonas (frutose), ou seja a redução dos reagentes de Tollens e Fehling, devem-se, à existência de uma pequena quantidade de compostos de cadeia aberta, que é reposta rapidamente quando o composto é consumido. Os método de Somogyi-Nelson e ADNS são muito utilizados para determinação de açúcares redutores em fermentação alcoólica. Já o método de Fehling é mais utilizado para determinação de açúcares redutores na industria do açúcar. Somogyi-Nelson e Fehling são baseados na oxidação dos açúcares pelo cobre (II) complexado com tartarato, sendo que no método de Somogyi-Nelson a detecção é colorimétrica e no de Fehling por titulação utilizando indicador. Os métodos oficiais de determinação de açúcares redutores são os oxiredutimetricos, que baseiam-se na propriedade que substâncias contendo o grupamento aldeídico e cetônico livres apresentam de reduzir o cobre das soluções cúprico-alcalinas, do estado cúpricopara o cuproso. Outros métodos de determinação de AR podem ser gravimétricos, volumétricos, colorimétricos, enzimáticos e cromatográficos. O método gravimétrico determina o cobre precipitado em uma quantidade fixa de uma solução de açúcar. Já com os métodos volumétricos ocorre o contrário, determinam-se o volume da solução de açúcar a analisar, necessária para precipitar todo o cobre de uma quantidade conhecida de solução de Soxhlet. Os métodos volumétricos, a partir do desenvolvimento do método de Lane & Eynon mostrou ser tão bons quanto os cromatográficos, demonstrando grande sensibilidade, precisão e rapidez. O método de Lane & Eynon tem sido adotado por vários órgãos como, ISSCT, AOAC, ICUMSA as vezes com pequenas alterações como é o caso da análise em açúcares com quantidades muito pequenas de AR. O método gravimétrico de Munson & Walker não exige aferição da solução de cobre, da solução de açúcar nem requer determinação do ponto final da reação. Este método é vantajoso quando é necessário maior precisão e poucas análises sendo de grande valia para trabalhos de pesquisa ou para comprovação de outros métodos. Deve-se preferir o método volumétrico, quando se exige rapidez, como é o caso das análises de rotina, de caldo, açúcares e outros materiais. A precisão deste método é maior em soluções que contenham pouca quantidade de redutores e onde o ponto final de viragem é fácil de ser observado. Princípio do método mais usual O cobre na presença de sais de ácidos orgânicos como, ácido citrico, tartárico e outros, dão formação a um sal complexo. No método de Lane & Eynon, utiliza-se da solução de sulfato de cobre (solução A) e solução de tartarato duplo de sódio e potássio (sal de Rochelle) e hidróxido de sódio (solução B). A solução de Fehling modificação de Soxhlet, é obtida pela mistura em parte iguais das soluções A e B, resultando disso, a formação do sal complexo de cupritartarato, onde o cobre acha-se na forma cúprica (Cu+2). Reação I Tratando-se esta solução com uma aldose ou uma cetose o cobre se reduz, oxidando os açúcares. Esta reação de oxidação possui intensidade muito variável. Supondo-se uma aldose, portanto, um monossacarídeo, de sua oxidação resultará o ácido glucônico. Reação II Cupri- tartarato Aldose Ácido glucônico Ocorre que 2(molg) de CuSO4 equivalem a 1(molg) de CH2OH-(CHOH)4-CHO Para um grau mais forte de oxidação, a aldose passará a ácido sacárico e a equivalência entre o cobre e o açúcar passará a ser 6 (molg) para 1. Supondo-se ser uma cetose (CH2OH-(CHOH)3-CO-CH2OH) a equivalência entre o cobre e o açúcar passará a ser de 12:1. Existe portanto uma diferença de equivalência entre o cobre presente na reação e o tipo de açúcar envolvido, além do grau de oxidação (tempo, concentração e temperatura), sendo o poder redutor em relação ao cobre, variável. Por esse motivo as condições de reação devem ser sempre bem controladas, seja qual for o método utilizado. Método cromatográfico Fornece cada componente. Bom para identificação exatamente dos infermentescíveis No entanto é mais caro. Método enzimático Método colorimétrico. Também e bom para quantificar os açúcares específicos. No entanto é necessário vários cuidados com as enzimas. pH e Acidez pH É uma medida da atividade de íons H+ pH = -log [H+] Fornece uma noção da acidez já que os ácidos do caldo e do material em processo são ácidos fracos e portanto pouco dissociados. Pode fornecer também uma noção do estádio de maturação da cana ou da deterioração do caldo. M.T.A. Produção de Açúcar 2ª parte Profª Maria Teresa Mendes Ribeiro Borges Composição Cana e Caldo. A quantide e o tipo de impurezas presentes na matéria-prima tem influencia sobre diversos parâmetros da composição do caldo como Brix, Pol, Açúcares redutores, e cinzas. O conhecimento da composição do caldo, a compreensão de suas propriedades químicas e das reações de seus componentes são essenciais para o controle e melhoramento efetivo dos processos de extração e recuperação do açúcar da cana. Composição Cana e Caldo. Podemos dividir os componentes do caldo como sendo: - Os originários da cana, componentes endógenos; - Os incorporados ao caldo, componentes exógenos. Os compostos exógenos são introduzidos através das operações / manipulações que a cana sofre durante e após a colheita. Componente % Cana Água Sólidos totais Fibras Sólidos Solúveis 73 – 76 24 – 27 11 – 16 10 – 16 Composição solúvel do caldo Componente % caldo (base seca) Açúcares Sacarose Glicose Frutose Sais De Ácidos Inorgânicos De Ácidos Orgânicos Ácidos Orgânicos Livres Ácidos Carboxílicos Aminoácidos Polifenóis (75 – 92) 78 – 98 2 – 4 2 – 4 (3,0 – 7,5) 1,5 – 4,5 1,0 – 3,0 (0,5 – 2,5) 0,1 – 0,5 0,5 – 2,0 Composição coloidal do caldo Obs: A composição qualitativa e quantitativa depende de: variedade, solo, clima, sanidade, estádio de maturação, florescimento, adubação, queima, intensidade de desponte, se cana picada ou inteira, tempo decorrido entre a colheita e processamento. De há muito tempo observa-se a dificuldade em se fechar o balanço dos constituintes presentes no caldo. Não Açúcares Orgânicos Proteína Amido Gomas Ceras, Graxas e Fosfatídios Não Açúcares não identificados % (base seca) 0,5 – 0,6 0,0001 – 0,050 0,30 – 0,60 0,05 – 0,15 3,0 – 5,0 Ácidos Orgânicos / sais de ácidos Ácidos Carboxílicos (A.C.) - Cerca de 3,0% com predominância para o ácido aconítico. São endógenos e diminuem com a maturação Aconítico 1,00 – 2,06 Cítrico 0,12 – 0,30 Málico 0,03 – 0,25 Oxálico 0,02 – 0,16 Glicólico Traços – 0,13 Succínico Traços – 0,05 Fumárico Traços – 0,04 % Ácidos Carboxílicos no Caldo (base seca) Reação de Inversão É a hidrólise da sacarose que ocorre com muita facilidade em soluções ácidas e à altas temperaturas. C12H22O11 + H2O C6H12O6 + C6H12O6 Sacarose + água (meio ácido) Glicose + Frutose A hidrolise recebe o nome de inversão pois produz uma inversão no resultado da rotação da luz polarizada. Obs.1: Reação de inversão significa perda de sacarose. Obs.2: A inversão produz quantidades iguais de glicose e frutose, no entanto a glicose sofre destruição mais rapidamente que a frutose [α]D20 + 66,53º [α]D20 + 52,7º [α]D20 + 92,4ºC Inversão Os aspectos relevantes da presença de ácidos orgânicos no caldo estão relacionados, além da reação de inversão, com o tamponamento do caldo e a formação de incrustações, Compostos Nitrogenados na cana Pontas - 7,2 % Folhas - centro das atividades celulares. Alta concentração de enzimas. 0,8% em base seca ou 0,32% em base úmida. Depende da fase de crescimento e adubação (alta concentração de aminoácidos na folha se adubação intermitente Colmos - 0,084 % base seca 0,022 % material fresco. Maior concentração de albuminóides nos internódios Raizes - 0,4 % base seca e 0,7 % no havaí Caldo da moenda - 0,018 à 0,06 g/100 mL Funções - atividade biológicas afetam clarificação , rendimento etc. N na cana 0,015 a 0,060% Compostos nitrogenados São principalmente, aminoácidos, amidas, albuminódes e nitratos com funções e atividades biológicas e estão presentes em pequenas quantidades Os aminoácidos (A.A.) são principalmente aspargina e glutamina. Aspártico 0,30 – 1,36 Glutâmico 0,07 – 0,38 Alanina 0,01 – 0,18 Valina Traços – 0,07 Treonina Traços – 0,04 Glicina Traços – 0,03 Outros (leucina, lisina, serina, arginina, fenilalanina, tirosina, histidina, prolina.) Traços % Aminoácidos (base seca) Aminoácidos no caldo μM / 10 mL de caldoCana madura Cana verde % do total de aa % do total de aa Ác. aspártico 13,6 30,2 16,0 14,8 Ác. glutamico 12,0 22,1 6,0 5,3 Aspargina traços 46 44,6 Alanina 16,5 25,0 29 27,7 Valina + ác. γ-amin.but. 2,5 4,6 8 7,6 Leucina 9,8 18,1 traços Aminoácidos 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 1 2 3 4 5 6 7 9 meses 10 meses 11 meses 13 meses seção mM AA/L c Compostos nitrogenados a) glicina b) tirosina c) leucina d) ácido glutâmico e) serina Proteínas - Colóide (área superficial é muito grande). Complexo - proteína polissacarídeo - fator importante na formação de flocos ácidos e flocos alcoólicos em bebidas. Alguns autores acreditam que não deva existir proteína nos açúcares - evidências - legações protéicas no mecanismo de formação de floco ácido em bebidas. Proteína s Nucleoproteínas endógenas e exógenas, estão relacionadas à fisiologia e doenças. Ex. vírus do mosaico é nucleoproteína e usa nucleoproteína para se reproduzir. Variedades melhoradas resistentes a mosaico pode ter tipo e quantidade de aminoácidos diferenciados para torná-la resistente ao mosaico. Enzimas - Proteína das folhas, enzimas que estão envolvidas na fotossíntese e desenvolvimento da planta. Lacase, fenoloxidase, peroxidase, tirosinase já foram encontradas em caldos. Fatores que influenciam o teor de proteínas na cana. Adubação mineral ou orgânica; quantidade de adubação (1X, 2X); fase do crescimento; Estress (aumento do numero de nós); seca; geada. As proteínas (aspargina e glutamina) se decompõe formando aminoácidos e amônia. Daí a alcalinidade das águas de condensação dos evaporadores. As reações de Maillard também são conhecida como reações de escurecimento não enzimático. Ocorre entre os açúcares redutores e os constituintes amínicos T, [ ], pH, Aminoácidos + AR Melanoidinas cor escura absorvem a 420 nm Maillard – Facilitadores • pH (6 - 9), • Concentrações aminoácidos • Concentração de açúcares redutores • Temperaturas altas Reação de Maillard Gomas As gomas do caldo podem ser solúveis e insolúveis Amido Polímero de glicose (polissacarídeo), de alto peso molecular, sua fórmula empírica é (C6H10O5)n onde n varia entre 300 e 400 unidades, podendo chegar até em 100.000 unidades de glicose em cadeias ramificadas. É um composto natural presente em inúmeros vegetais. Na cana se encontra em maior quantidade nos internódios. Sua presença é muito importante na fabricação do açúcar em função da dificuldade e deformações que causa na cristalização da sacarose. Gomas O amido compõe as gomas presentes na caldo mas é interessante determinar separadamente o amido das gomas e demais polissacarídeos do caldo já que este é uma propriedade varietal. As canas apresentam valores de amido que variam de 0,003 à 0,063 % e que podem estar presentes no açúcar final em concentrações que variam de 0,012 à 0,025% Pectina quando presente encontra-se em pequena quantidade e é facilmente removida na operação de clarificação com cal. Amido - ligações α-1,4 ramificações α-1,6 Dextrana - ligações α-1,6 ramificações α-1,3 Ações ?Clarificação (aumento na viscosidade prejudicial à decantação e filtração) ?Cozimento (aumento no tempo), ?Cristalização (deformação, velocidade de crescimento, pureza, filtração, umidade.) ?Exaustibilidade do melaço (mel com alta pureza) Dextrana Tem origem no campo (leuconostoc do solo) e proliferação na industria Atua por penetração no colmo através de fissuras na casca e se propaga, transformando a glicose em polímero de alto peso molecular. Modifica a pol dos fluidos industriais induzindo a erros nos balanços de massa, Aumenta a viscosidade dos líquidos, diminuindo as velocidades de decantação, cristalização e centrifugação Provoca deformações cristalográficas Prejudica a qualidade de bebidas, balas, etc... Importadores de demerara especificam 250ppm, alguns fabricantes de bala especificam 60 ppm e os fabricantes de refrigerantes especificam ausente pelo teste alcoólico. Avaliação quimica - (Haze e Roberts). Haze: Método turbidimétrico recomendado pela ICUMSA. Fornece uma boa estimativa mas não registra dextranas de baixo peso molecular (<30000 Daltons). Roberts: Método específico recomendado pela AOAC. Trabalhoso e superestima os resultados. Clasificação dos Açúcares no Recebimento pela Coca-cola Classe A Classe B Classe C Pureza (°S a 20 °C): ≥ 99,8% ≥ 99,6% ≥ 99,3% Cor (ICUMSA): 50 – 150 150 – 380 380 – 760 Umidade (% p/p): ≤ 0,04% ≤ 0,06% ≤ 0,06% Cinzas (condutividade): ≤ 0,05% ≤ 0,07% ≤ 0,10% Flocos (teste alcóolico): Ausente Leve Leve Sulfito (mg/kg): ≤ 10 ≤ 15 ≤ 20 Pontos pretos (N° / 100g): ≤ 7 ≤ 10 ≤ 15 Partículas magnetizáveis (mg/kg): ≤ 3 ≤ 5 ≤ 10 Resíduo insolúvel (escala 1-10): ≤ 5 ≤ 7 ≤ 9 Turbidez (Unidades de Turbidez): ≤50 U.T. ≤100 U.T. >100 U.T. Lipídios – a cana apresenta matéria graxa e ceras. Estas últimas possuem interesse comercial por ser constituída de aldeído de cadeia longa. A literatura cita que os 2 principais constituintes são a lecitina e uma etanolamina fosfatídica. Pigmentos e polifenóis – como todas as plantas a cana contém polifenóis, clorofila, e outros pigmentos como carotenóides e antocianinas, que são em sua maioria eliminados na clarificação. Outros compostos orgânicos Polifenóis Reação de escurecimento enzimático A formação de cor ocorre no processamento desde a extração do caldo até a cristalização sendo uma competição entre os 4 mecanismos de formação de cor. O escurecimento enzimático esta relacionado com duas espécies químicas os fenólicos, e as enzimas fenoloxidases (polyfenoloxidase – PPO e a peroxidase – POD). Os metais em especial o ferro são catalizadores desta reação enzimática. A reação causa a oxidação de um grande número de estruturas aromáticas, utilizando peróxido de hidrogênio como aceptor de elétrons e causando mudanças indesejáveis no flavor, textura e coloração. Polifenóis Reação de escurecimento enzimático O método comumente utilizado no controle do escurecimento oxidativo corresponde à: - tratamento térmico – desnaturação da enzimas e - adição de agentes redutores – O ácido ascórbico consiste num agente potencial na prevenção do escurecimento oxidativo, promovendo a redução do pH e exercendo função de agente redutor. O SO2 agente redutor importante no processamento do caldo para produção de açúcar. Compostos inorgânicos do caldo Os Sais Minerais A análise de caldos tem mostrado que o valor das cinzas condutimétricas variam entre 1 e 5 % Alguns compostos minerais do caldo são responsáveis por reações de precipitação importantes no processo. São impurezas que ajudam a eliminar impurezas (assunto da próxima aula. Cálcio Magnésio Sulfato Fosfato % média de sais minerais e cinzas sulfatadas para caldos (Extração 1º terno 65 a 70%) Componente % Potássio (K2O) 0,8 – 2,5 Cálcio (CaO) 0,08 – 0,3 Magnésio (MgO) 0,1 – 0,3 Sódio (Na2O) 0,3 – 0,6 Sulfato (SO3) 0,1 – 0,6 Cloreto (Cl-) 0,31 Silício (SiO2) 0,016 Fosfato (P2O5) 0,001 – 0,05 Ferro (Fe2O3) 0,003 – 0,01 Cinzas Sulfatadas 2,5 Sais Equivalentes 3,4 M.T.A. Açúcar – Características Intrínsecas Açúcar – Características Intrínsecas Açúcar – Usos Açúcar – Características Químicas Açúcar – Características Químicas Açúcar – Características Químicas Açúcar – Classificação dos Glicídios (carboidratos) Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Densimetria Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Medidas Importantesdo Setor Sucroalcooreiro Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro Medidas Importantes do Setor Sucroalcooreiro pH e Acidez M.T.A. Composição Cana e Caldo. Composição Cana e Caldo. Ácidos Orgânicos / sais de ácidos Reação de Inversão Inversão Compostos Nitrogenados na cana Aminoácidos no caldo Aminoácidos Compostos nitrogenados Proteínas Reação de Maillard Gomas Gomas Clasificação dos Açúcares no Recebimento pela Coca-cola Outros compostos orgânicos Polifenóis Polifenóis Compostos inorgânicos do caldo�Os Sais Minerais % média de sais minerais e cinzas sulfatadas para caldos �(Extração 1º terno 65 a 70%)
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