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Corridas Circuitos geométricos. Profissional de Educação Física: Luiz Carlos Chiesa. Corridas Circuitos geométricos. Vitória, Espírito Santo, Brasil. Data: 06 de Setembro de 2013. “Deus é o grande geômetra. Deus geometriza sem cessar. Por toda a parte existe Geometria”. Platão (470- 399 a.C.) (como citado em www.comciencia.br, 2011). Créditos. Capa: Daniel Frias. Profissional de Educação Física: Luiz Carlos Chiesa. Mestrando em Ciências da Educação: UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS. Pós-graduado em treinamento desportivo: UNIVERSO. 1999. Graduado em Educação Física: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. 1985/01. Profissional registrado no sistema Confef/ Cref – 01. Registro nº. 000069-G/ES. Professor de treinamento desportivo. Professor de musculação. Personal trainer. Publicações. Musculação: uma proposta de trabalho e desenvolvimento humano. Edufes, 1999. Musculação aplicações práticas. Técnicas de uso das formas e métodos de treinamento. Rio de Janeiro: Shape editora, 2002. Musculación racional: bases para un entrenamiento organizado. Barcelona: Paidotribo. 2007. Contato. E-mail: lcchiesa@terra.com.br “O objetivo da vida é perseguir a felicidade”. Dalai Lama (como citado em www.cescage.edu.br, 2007). Dedicatória. O presente livro é dedicado, em especial, aos imprescindíveis iniciantes: Rachel Perim Pimenta. Rafaela Maria Campos Pimenta. Thiago de Souza Pimenta. “Dani boy” - Daniel Pasolini Souza. “Leka” - Larissa Maia Campos. “Tulé” - Lúcia Helena Perim Pimenta. Elisa Marques Fonseca. “Dudu” - Eduardo dos Santos Dessandes – Golfe. Guilherme Oliveira Rocha - Tênis de quadra. Helber Freitas – Capoeira. Roosewelt – Vôlei. “Rivaldo” - Rodrigo do Nascimento Pinto – Vôlei. Sem a alegria transmitida por todos vocês, cotidianamente, eu teria trilhado por um caminho, pouco criativo, definitivamente menos produtivo. Em síntese: um caminho muito chato. Agradecimentos. Ao insistente Ângelo Hilário Chiesa, meu Irmão/amigo, pelos incentivos e cobranças permanentes, sem os quais eu teria abandonado todos os projetos relacionados à Educação Física. Daniel Frias, grande amigo! Sempre disposto, incondicionalmente, a ajudar. Reconhecimento. Querida mãe, Derly Maria Custódio Chiesa (1938 - 2007). Sua ausência criou um imenso e indescritível vazio em minha alma. Aprender a viver serenamente e feliz sem sua presença, esta sendo uma tarefa quase impossível. Certamente, o persistente vazio cotidiano, será companheiro fiel, até o fim de meus dias. Reconhecimento. Amigo-irmão Solimar! Abro um espaço em minha vida para escrever sobre um raro ser humano. Há pessoas que são diferentes das demais; Solimar foi uma dessas pessoas. Singular no seu jeito de ver e entender a Educação Física Escolar contribuiu sobremaneira, para o desenvolvimento de um nobre pensamento, voltado sempre para o crescimento humano de seus educandos. Admirado por seus amigos e respeitado por pelos opositores, atuou com teoria e fez a prática. Prezado leitor que não conviveu com o amigo/irmão Solimar, certamente deixou de conhecer e aprender, como é ser um profissional de Educação Física. Ética, prática, conhecimento teórico e sensibilidade, são qualidades mínimas da muitas que não conseguirei enumerar, na atual tentativa de classificação do estimado ser, professor SULICA. Por certo com tanta dificuldade em classificar o SOLI, é porque não há como descrever a complexidade desse homem. Alguém que durante uma vida como Educador Físico, atingiu um platô tão elevado de respeito e admiração, o qual poucos em toda a história educacional escolar capixaba poderão chegar perto, adquiriu o direito de ser amado. Infelizmente uma parte indescritível da Educação Física Escolar de Cachoeiro de Itapemirim, morreu em fevereiro de 2007. Tenho perdido nos últimos tempos grandes pessoas amigas, e por este fato estou cada vez mais, vivendo e aprendendo na marra, a aceitar o ciclo natural da vida. Revivendo as sensações dos bons e difíceis tempos de república universitária (Falange X), ainda sinto que há muito a ser feito, principalmente em mostrar ao máximo, aos jovens, que vale a pena viver intensamente, cada ciclo de nossa experiência de vida, porque só assim, teremos no fundo do coração um ponto de fé e esperança, para atenuar as grandes perdas advindas da única certeza que existe, a morte. Há em nossa existência uma lição complexa a ser entendida, a lição de viver. Necessitamos sentir a vida na forma mais profunda possível, e a cada segundo vivido, ter a certeza do pouco tempo que ainda nos resta. Necessitamos dividir com aqueles que realmente estão sempre por perto, seja na presença física ou mental, tudo que é positivo, assim como, nossas dores e ausências materiais e espirituais. O fardo de nossa existência é muito pesado para ser transportado solitariamente. A cada passar de ano, venho sentindo uma imensa falta de tão nobre amigo. Numa confissão aberta, com nosso grupo, em uma das muitas farras que sempre fazíamos questão de realizar, Solimar afirmou mais ou menos assim: “Estas reuniões de férias é que me fazem renovado para suportar o resto do ano”. A satisfação de todos nós, que sempre participamos do seleto grupo, é saber que contribuímos para alguns anos de bem estar, na vida de nosso amigo/irmão. Somos tudo quando compartilhamos. SOL i MAR - SOLIMAR, uma mistura que gerou vida; felizmente compartilhada com Rossana, perpetuando seu código genético em João e Maria. Como pai, esposo e professor comprometido com o bem estar da comunidade, será sempre lembrado, como um ser humano que fez de tudo, na busca para a redução das desigualdades sociais. Infelizmente não há mais motivos para uma edição extraordinária do “jornal clandestino”, independente e sem compromisso com qualquer padrão, o SAPAGAY. Apesar da tentativa de reedição, infelizmente estou convicto da existência de apenas uma realidade: o SAPAGAY morreu. Haverá um eterno vazio nos tambores do bloco SOFRIDAS do MAGISTÉRIO; em minha mente será sempre o rufar de despedida, audível nos momentos finais de seu velório, onde tivemos de suportar, em um instante infinito, e misto de dor, de angustia e de desamparo. As reuniões familiares de férias, serão muito menos calorosas. O samba estará infinitamente entristecido, porque o cantarolar do SULICA, em MOÇA CRIANÇA, nunca mais será ouvido. Ser humano é ser falho, quando perante a imagem de Deus. Por sermos falhos, não aceitamos com naturalidade, algo que nos conduz ao vazio, que nos faz temerosos sobre as incertezas dos dias vindouros. A morte, infelizmente é mais cedo ou mais tarde, a nossa única companheira vindoura. Se conseguíssemos ser tão amigos, companheiros e comprometidos socialmente, quanto o Sulica foi, certamente não estaríamos tão vazios por causa de sua ausência, aceitaríamos com mais fé, a única certeza que nos resta. Meu coração está triste! Meu coração permanece muito triste. Um abraço, e até breve meu amigo-irmão! Falange X – Década de 1980. Rua: Eugenílio Ramos. Jardim da Penha. Vitória. Espírito Santo. 1. Alce. 2. Artur. 3. Chiesa. 4. Guedes. 5. Luiz. 6. Paulo. 7. Pedrinho. 8. Robinho. 9. Shampoo. 10. † Solimar. 11. † “Tim Maia”. 12.Tobias. Apresentação. Corriqueiramente ouço desculpas de pessoas que não querem realizar exercícios físicos em geral e principalmente treinamentos dinâmicos contínuos de corridas, justificando que correr é monótono. O exercíciode corrida possui inúmeras possibilidades de variações, para sua prática. A monotonia nas atividades de corrida ou dos exercícios físicos é por falta de criatividade, de interesse em mudar, de acomodação inata e principalmente do medo em ousar e ir além. Há uma necessidade imperativa de descoberta por parte do profissional de Educação Física, de qual modalidade de corrida poderá ser adequada, indicada e atraente ao individuo. É dever de profissionais de saúde e educação, criarem atitudes que levem a quebra das barreiras, que impedem o ser humano de se exercitar e sair do estado de sedentarismo vigente. Desde os atletas de modalidades esportivas profissionais que visam performances aeróbias e ou anaeróbias elevadas, passando pelos cidadãos comuns, pelos jovens em formação escolar, até os trabalhadores de indústrias, que almejam e necessitam melhorar as condições básicas de saúde e bem estar; todos podem se beneficiar das respostas positivas dos exercícios físicos e treinamento de corridas. O estresse advindo da rotina moderna é minimizado por meio de exercícios físicos, dentre eles se destacam as atividades que vão desde uma simples caminhada, passando-se pela musculação até as corridas variadas. Indiscutivelmente, os indivíduos que se submetem aos exercícios físicos regulares, adquirem benefícios orgânicos e psicológicos que culminam em uma qualidade de vida superior. Verdadeira e infelizmente, os espaços nas cidades estão cada vez mais escassos e correr nas ruas disputando com automóveis é perigoso e insalubre. As calçadas desniveladas, esburacadas e ainda sem padronização eficiente, são um transtorno a mais, que desencadeiam desestímulos poderosos á pratica de atividades ao ar livre. O objetivo alvo deste manual é despertar para a realidade das variadas formas de treinamento de corridas ou deslocamentos, que podem ser realizadas em espaço restrito. As atividades de corridas geométricas podem ser executadas dentro de ambiente escolar, ao ar livre à beira mar, nos espaços gramados, nas quadras poliesportivas de praças publicas e em pequenos espaços localizados no interior de indústrias. No presente trabalho se encontra bases e diretrizes sólidas e cientificamente alicerçadas, para que os objetivos pessoais de melhoria das condições de saúde e bem estar geral, sejam alcançados plenamente e com segurança, porque as condições de trabalho físico necessitam estar alinhadas em comum acordo, com o estado de treinamento e possíveis restrições individuais. Certa vez ouvi dizer, que o problema da corrida não é só correr; o problema é que além de ir, ir e ir, ainda tem que voltar. A solução que encontrei para o “ainda tem que voltar”, foi por meio da realização de circuitos geométricos de corridas em espaços restritos inclusive ao ar livre. A solução encontrada, que apesar de aparentar ser “simples”, em uma analise inicial simplista superficial, foi se tornando complexa, e impressionantemente atrativa, no decorrer da criação das figuras geométricas e durante a aplicação prática. Como compactuo com a ideia, de que se algo se apresenta de maneira muito simples, possivelmente não esteja correto; fiquei motivado em seguir desvendando algo potencialmente complexo e profundamente fascinante. Ao se praticar corridas geométricas em espaço restrito, cria- se possibilidade de um controle fisiológico mais elevado sobre as atividades, reduzindo sobremaneira as possibilidades ou risco de cometer excessos. Todos os treinamentos físicos por meio de corridas geométricas são controlados e adaptados individualmente, mesmo quando aplicados em grupo. A realização de treinamento em espaço restrito potencializa o controle sobre os aspectos técnicos da periodização, da prescrição e aplicação prática das atividades. Curiosamente as corridas praticadas em grupo, são previamente determinadas com base em padrões cardíacos fisiologicamente individuais. Paralelamente, observam-se momentos singulares de socialização, por meio de comunicação verbal, afetividade e brincadeiras interpessoais, durante os períodos de recuperação. As relações firmadas tendem a ser extensas a familiares e a outros círculos de amigos. São inúmeras as possibilidades de variações e aplicação dos treinamentos de corridas geométricas. São visíveis os resultados positivos sobre os aspectos de saúde, desempenho atlético e comportamento social. O presente livro propicia uma forma bastante prática de uso e todos os circuitos e suas variações, foram aplicados no treinamento e aperfeiçoamento das condições de saúde e desempenho de vários atletas de esportes como a natação, vôlei, handebol, basquete, tênis, golfe, capoeira, praticantes de ginástica e musculação, e também de pessoas que se encontravam em estado sedentário. Os princípios contidos no presente livro servem de base para nortear a elaboração de treinamentos práticos de circuitos geométricos de corridas intervaladas e também contínuas Os direcionamentos dos treinamentos abordados nos capítulos são em linhas gerais, voltados para o aperfeiçoamento das condições de saúde de pessoas comuns, não são abordados modelos de treinamentos específicos, voltados aos atletas de competições, apesar das bases gerais para tais treinamentos, estarem contidas no manual. Visando garantir eficiência e segurança no desenvolvimento dos trabalhos, é de fundamental importância a presença de profissionais de Educação Física, durante a elaboração e controle de programas de treinamentos, quer sejam eles individuais ou em grupos, ao ar livre ou nos espaços internos de escolas e indústrias. Independente do resultado a ser alcançado, a busca incessante por uma criação torna-se, imprescindível à vida. Prefácio. Sumário. Capítulo 1. Página. 21. 1.1. Atividade física e exercício físico, conceitos básicos. 22. 1.2. As nove qualidades físicas da Educação Física. In memoriam: Manuel José Gomes Tubino. 23. Capítulo 2. Página. 27. 2.1. Exames físicos e cardiológicos. 28. 2.2. Treinamento: riscos e cuidados. 31. 2.3. Problemas orgânicos relacionados com a baixa umidade relativa do ar. 35. Capítulo 3. Página. 36. 3.1. Tipos de corridas - Bases gerais para o treinamento. 37. 3.2. Frequência cardíaca. 44. 3.3. Medida da frequência cardíaca. 44. 3.4. Frequência cardíaca basal ou pulso basal. 46. 3.5. Prescrição básica de atividade por meio de FC. 48. 3.6. Diretrizes para o treinamento das fontes energéticas. 52. 3.7. Escolha o objetivo para o treinamento. 55. 3.8. Aquecimento. 58. Capítulo 4. Página. 61. 4.1. Periodização do treinamento. 62. 4.2. Organização básica do treinamento. 63. 4.3. Subdivisões da periodização. 63. 4.3.1. Macrociclo. 63. 4.3.2. Microciclos. 63. 4.3.3. Microciclos formais. 63. 4.3.4. Mesociclos. 64. 4.3.5. Microciclos, objetivos e subdivisões. 64. 4.3.6. Resumo da periodização. 64. 4.4. Períodos de treinamento. 65. 4.4.1. Período Básico ou pré preparatório - 04 a 08 semanas de duração. 65. 4.4.2. Período Adaptativo ou preparatório - 04 a 08 semanas de duração. 65. 4.4.3. Período Específico - 4 a 12 semanas de duração. 65. 4.4.4. Período de Transição- 1 a 4 semanas de duração. 65. 4.5. Tipos de periodização. 65. 4.6. Processos de manipulação da periodizaçãodo treinamento. 67. 4.7. Características ou sintomas de fadiga na aplicação das cargas de treinamento. 85. 4.8. Preencha racionalmente a periodização. 88. Capítulo 5. Página. 95. 5.1. Formas geométricas básicas. 96. 5.2. Formas geométricas aperfeiçoadas para movimentações. 101. 5.3. Complexos de Circuitos Conjugados. 209. 5.4. Exemplo de Complexo de Circuito Conjugado. 210. Referências. Página. 211. Apêndice I. Observações de Legendas. Página. 214. Apêndice II. Planilhas. Página. 215. Apêndice III. Dicas básicas para o treinamento. Página. 221. Anexos. Página. 22. "Teu compromisso é com a tua felicidade". Epicuro (341-270 a.C.); (como citado em Dantas,1999). Capítulo I 1.1. Atividade física e exercício físico, conceitos básicos. A falta ou a baixa Atividade física1 ou de Exercício físico2 regular gera mecanismos desastrosos sobre a integridade do organismo, em seus aspectos estruturais, funcionais e psicológicos, por meio de queda na Aptidão física3, com consequências negativas diretas de declínio sobre a saúde geral. Uma baixa aptidão física, comumente é associada a um estado de sedentarismo; o qual é o resultado direto de inatividade e/ou exercício físico deficiente. O presente estado deve ser revertido com a mudança de hábitos, que podem se iniciar por meio de uma vida mais ativa, passando pela melhoria das condições de alimentação, atitude psicológica positiva diante da vida, e atitudes práticas com mudanças radicais ao lidar com o estresse profissional e ambiental, reduzindo as pressões diárias. 1 De acordo com CONFEF (2002): “É todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com características biológicas e socioculturais”. De acordo com Howley & Powers (2000): “É qualquer forma de atividade muscular. Portanto, resulta no gasto de energia proporcional ao trabalho muscular e está relacionada ao condicionamento físico”. (p.286). 2 De acordo com CONFEF (2002): “Sequência sistematizada de movimentos de diferentes segmentos corporais, executados de forma planejada, segundo um determinado objetivo a atingir”. De acordo com Howley & Powers (2000): “O exercício representa um subgrupo da atividade física planejado com o objetivo de melhorar ou manter o condicionamento”. (p.286). 3 De acordo com Americam College Sports Medicine como citado em Nieman (1999): “Estado caracterizado por uma capacidade de realizar atividades diárias com vigor e uma demonstração de traços e capacidades que estão associados com um menor risco de desenvolvimento prematuro de doenças hipocinéticas”. De acordo com Niemann (1999): “É a capacidade de sobreviver, suportar, resistir ao estresse e perseverar sob circunstâncias difíceis nas quais um individuo não treinado desistiria”. Os termos atividade física e exercício físico serão aplicados como meios para atingir aptidão física, e compreendidos, como sendo: estímulos necessários para a melhoria e manutenção da saúde. O termo aptidão física, comumente não condiz com a realidade, porque é aplicado para sintetizar o estado de treinamento geral. Deve-se entender que a aptidão física esportiva é específica, estando vinculada diretamente com a capacidade ou qualidade física e/ou bio motora do treinamento realizado. As qualidades físicas são classificadas em: 1 Força, 2 Resistência, 3 Velocidade, 4 Coordenação, 5 Ritmo, 6 Flexibilidade, 7 Agilidade e Destreza, 8 Equilíbrio, 9 Relaxamento. Tubino (1979). Fit e Fitness são expressões inglesas, que foram incorporadas à cultura do esporte e Educação Física nacional. Quando isoladas a palavra Fit significa apto. Fitness é compreendida, como aptidão para qualquer coisa. Hollmann & Hettinger (1983). Certamente são poucos os indivíduos que conseguem atingir ou chegar a um estado elevado de condicionamento em todas as nove qualidades físicas. A chamada aptidão física total é pouco provável ou relativamente difícil de ser plenamente atingida. Atletas bem treinados para força e velocidade, não necessariamente conseguirão atingir concomitantemente grandes performances de resistência. Mesmo nos treinamentos de alto rendimento, há a possibilidade e necessidade de se atingir performances razoáveis e satisfatórias, sobre as qualidades físicas relacionadas à saúde geral. Bons resultados podem ser alcançados, quando da aplicação sensata de combinações de atividades, que favoreçam o desenvolvimento básico das capacidades bio motoras ligadas ao desenvolvimento e manutenção da saúde. Nieman (1999) corrobora Pate (1983), transcrevendo a resistência cardiorrespiratória, composição corporal, força muscular, resistência muscular e flexibilidade, como sendo os componentes básicos de capacidades bio motoras4, relacionadas à saúde. Agilidade, velocidade, potência, equilíbrio, coordenação e tempo de reação, são os componentes que correspondem à aptidão atlética ou esportiva. Entenderemos no decorrer deste livro, que a aptidão física, estará relacionada com as características de condicionamento físico ou treinamento, diretamente ligadas com melhorias das condições de saúde e qualidade de vida. 5 Qualidade de vida é definida rotineiramente de forma bastante individualizada. Acreditamos que a satisfação dos anseios, a realização dos desejos e das necessidades pessoais, pode ser mais uma definição, ou mais um exemplo de qualidade de vida. A qualidade de vida ou satisfação das necessidades que existe em nosso âmago, é o alvo a ser conquistado. A atividade física visa à melhoria da qualidade de vida por meio de estímulos que promovem saúde, bem estar físico, emocional e espiritual. Segundo Mellerowicz & Meller (1979), Kraus criou na década de 1961, o termo Hipocinesia, para denominar doenças que se originam por meio de inatividade, hoje conhecidas como doenças hipocinéticas (hipocinetic diseases). 4 Entendam como sinônimos: capacidades bio motoras, qualidades físicas e valências físicas. Ver mais em: Bompa (2002); Tubino (1979). 5 Como publicou Pate (1983): “Nesse contexto, a resistência cardiorrespiratória, a força/resistência muscular e a flexibilidade seriam os componentes que caracterizam a aptidão física relacionada à saúde”. Deve-se garantir a prática de atividades físicas ou exercícios, em toda e qualquer faixa etária, pelo fato de ser elemento crucial na modificação de perfis relacionados ao sedentarismo, que afetam diretamente e de modo negativo a saúde geral. 1.2. As nove qualidades físicas da Educação Física. In memoriam: Manuel José Gomes Tubino. Cada época padroniza e valoriza um modelo estético. No fim do século passado até os dias atuais resgatou-se ativamente o valor estético, predominantemente, encontrado na antiga Grécia, onde as formas corporais eram super admiradas, e por intermédio das artes, foram expressas nas formas de deuses do Olimpo. Hoje! Mais do que antes, possuímos uma verdade secular e, em perfeito ajuste ao capitalismo reinante, que, por meio do corpo, constrói seu alicerce no consumismo generalizado, afirmando a corpolatria no modismo atual. Entre transformações engenhosas e manobras do marketing moderno, está o homem que inconsciente, depara-se com análises próprias e síntese, imaturas. Nesse inconsciente coletivo, reinam as incertezas e o desconhecimento sobre o próprio querer. Tal realidade dedesconhecimento é campo propício ao sistema dominante, que por meio de estratégia de marketing e propaganda, perpetuam modelos de estética padronizados, ludibriando a sociedade com discursos centrados sobre saúde física e beleza fútil. Na busca por um status de beleza física no império social, muitos perdem a lucidez e a vida, por meio do uso de qualquer artifício, para alcançar o objetivo insano. Na comissão de frente desse folclórico espetáculo, encontramos alguns profissionais de Educação Física, e seus pares das várias áreas de saúde, completamente perdidos. Ainda são visíveis os muitos profissionais, que permanecem com discursos e atitudes, centralizados no marketing pessoal. A valorização extremista dada pela máquina de consumo, é que alimenta a presente postura de tais profissionais. Infelizmente, é comum não haver por parte da sociedade, nenhuma forma de análise ou questionamento mais apurado, sobre os mecanismos dominadores de mídia e mercado, e são raros os momentos, em que há alguma crítica, sobre discursos ou imposição das ideias e, atitudes relacionadas aos modismos. Observamos o singular posicionamento do corpo social ou sociedade, que sanciona como verdade absoluta, qualquer posicionamento profissional unilateral relacionado com a moda. Assumir uma posição profissional e de vida holística, a qual é permanentemente pisoteada e renegada, é uma exceção. A totalidade do homem certamente foi e permanece fragmentada nos dias atuais. Os limitados “profissionais”, com suas capacidades de auto- análise e coerência em estado de atrofia, e acompanhados pela falta de aprofundamento técnico, causa exclusiva de seus limitados conhecimentos, desestimulam o amadurecimento científico, emperrando o reconhecimento da Educação Física como profissão de saúde, perante a sociedade. Deparamo-nos com uma Educação Física ainda desgastada e em crise de identidade, que busca freneticamente o caminho estético e do desporto competitivo, no presente, para afirmar, num futuro próximo, que a crise não passou em branco. Permanecemos em crise de conhecimentos, e se a classe profissional não fizer uso das medidas e avaliações, acabará permanecendo no descrédito popular, vivido até agora. Felizmente já há o reconhecimento de profissionais de áreas afins, sobre o valor inestimável da prática de exercícios físicos, contribuindo para a popularização da real utilidade do professor de Educação Corporal. No momento crítico da atualidade, não podemos deixar de fazer ciência, e aprofundar sobre questões e mecanismos, que promovem e alimentam o perfil social incrédulo. Devemos criar condições de trabalho com equipe multidisciplinar, agregando classes profissionais das áreas de ciências Humanas e Exatas, que realmente possuem afinidades cientificas e congruência com a Educação Física, tais como Psicologia, Nutrição, Medicina, Informática, Administração, visando reverter o quadro de descrença, gerado por meio do desconhecimento popular. A saúde de milhões de pessoas esta no jogo. Saúde física versus saúde mental e social. A todo instante, dialogamos sobre saúde física, assumindo dessa forma, um padrão de ação profissional unilateral, esquecendo ou colocando de lado, o conceito universal de que saúde não é só a ausência de doenças. Saúde é o resultado de uma ação integrada e equilibrada, dos mecanismos, biológicos, psicológicos, sociais e espirituais. Modificado de Nieman (1999), como publicado em Chiesa (2007). Dentro de academias e escolas, será mera atividade do corpo, se não for consciente, coerente, educativa e libertadora a atividade que propomos realizar. Deverá ser educativa e política, acionada por meio da cientificidade e prática psicopedagógica. Exercício físico para quem e para quê? Se há dúvidas de como trabalhar no ser humano o desenvolvimento do seu bíceps psíquico, de seu tríceps espiritual, e de seu quadríceps social. Não podemos continuar aceitando algo sem uma profunda análise do estado mental dessa estrutura, da qual somos coadjuvantes como agentes diretos sobre o corpo social. Nós, profissionais de Educação Física, se continuamos com esse processo desorientado e sem um objetivo mínimo com o desenvolvimento humano, atingiremos precocemente o overuse, e nossa profissão continuará a ser encarada como adestramento, e permanecerá em segundo plano, sendo instalada em uma sala suja, no fim do corredor. Após estas colocações acima, já estamos com músculos e articulações aquecidos. O próximo passo seria o aquecimento cardiovascular; mas este já foi acionado pelo instinto crítico, daqueles mais sensíveis. Não basta estarmos preparados apenas fisiologicamente para uma competição, se não possuímos em mãos, o domínio cognitivo sobre o regulamento e controle organizacional, certamente, nessas condições não seremos vitoriosos. Estamos em estado competitivo, e ainda não nos demos conta. Sabemos apenas que poderão ser provas individuais ou coletivas. Talvez basquete, futebol ou corridas. Taxativamente, conclui-se pela análise da necessidade, que será apenas uma prova, de caráter político classista. O que importa na realidade vigente é a participação ativa de nossa equipe na competição e, se o grupo estiver como nunca, certamente será vencedor. O prêmio não será a tradicional medalha de ouro ou mesmo uma coroa de louros. Na altura desse campeonato, o que menos importa, é o valor material de alguma coisa. Exercícios físicos para quê? Se a cada dia a ciência atropela as informações ultrapassadas e as atitudes enraizadas no íntimo do agente/professor/passivo. Agente que abandonou os livros e pesquisas ou a própria razão de educador. Passivo professor que aceita qualquer crítica leiga e, ativa e conscientemente comete a omissão. Como agente professor é inativo, e vê-se fatigado cronicamente pela maratona científica, amarelando na corrida dos 110 metros, por causa das barreiras sociais, sendo por meio dessa atitude, arremessado fora por um ligeiro prático recordista. Continua-se resistindo na quadra sem cobertura ao forte sol e às constantes chuvas (que vêm por oração), que são medidas paliativas da natureza, para abrandar a passividade patológica que afoga e sufoca. Mas qual quadra? Faltam bolas, redes, tabelas e material mínimo didático. De dentro do oráculo, ouve-se o não ativo diretor escolar, que em plena ignorância administrativa e pedagógica, emite sua participação, por meio dos seguintes comentários: Esse professor não para. Isso é o que chamo de Força (01)! Ou será Resistência (02)? Resistência cardiovascular aeróbia e muscular localizada, para suportar em silêncio o tempo de repressão sofrido nos últimos anos. Força e atitude para mudar não faltam àqueles que desejam uma educação para um mundo melhor. Não desistir nunca, mesmo que a natureza social continue desfavorável. Esse é o estímulo adequado para desencadear uma reação imediata coletiva de mudança. A contração isométrica foi iniciada no presente parágrafo e, em breve acredito que será atingida a força explosiva necessária, para aperfeiçoar o processo geral de conscientização comunitário classista. Por meio da Velocidade (03) máxima possível de aceleração que pode ser atingida, e se o trote estiver na direção educativa associada a uma atitude mental positiva, em breve será rompida a barreira da velocidade, ainda nas primeiras décadas do século 21. Seguramente se um trabalho de Coordenação (04) finíssima for realizado entre as entidades representativas da classe, será atingido em temporecorde, o Ritmo (05) ideal previsto no planejamento crítico daqueles que se organizam tornando-se o estímulo adequado para a reação de mudança. Ainda falta Flexibilidade (06) nos orçamentos e métodos de ensino, que continuam ultrapassados, desde o alistamento no país. Todos repletos de teias, de bichos peçonhentos e ratos, que promovem uma corrosão lenta e contínua em toda a estrutura educacional. Por meio da política vigente, os profissionais do sistema de educação pública são desvalorizados e massacrados socialmente, pelo fato da prevalência de baixos salários e condições de insalubridade e insegurança no trabalho. Precisa-se urgentemente de alongamentos ou elevar os investimentos esportivos, sociais e pedagógicos, porque a rigidez continua extrema, com riscos de provocar uma ruptura social por meio da exclusão gerada. Para atingir uma ação coletiva básica, só falta um pouco de Agilidade e Destreza (07), porque há conhecimentos metodológicos suficientes que podem edificar uma emenda constitucional, para categoricamente enriquecer o espírito educacional do país. Agilidade ainda falta. Mas um pouco de estudos extra e dedicação, são sempre benéficos, porque para a obtenção da agilidade necessária ao processo de mudança, deve-se dispor de um tempo até o desempenho cultural atingir o platô esportivo organizador e governamental. Por meio de uma organização coordenada, será atingido o Equilíbrio (08) perfeito entre entidades de classe e órgãos representativos educacionais do governo, que após ter passado pelo período estático, será recuperado de forma dinâmica e, jamais poderá cair no Relaxamento (09). Exercícios físicos antes, durante e depois. Um abraço! Capítulo II 2.1 - Exames físicos e cardiológicos. Os indivíduos que decidem realizar exercícios físicos devem se submeter aos testes de esforço, preconizados por cardiologistas e fisiologistas do esporte, principalmente quando há problemas comprovados de comprometimento da saúde cardíaca individual ou em parentes mais próximos (avós, pais, irmãos e tios). A realização de treinamentos com segurança cardiovascular é maximizada, por intermédio de liberação médica, após analise de testes cardiológicos e ergométricos. Pessoas aparentemente saudáveis, sem problemas conhecidos de doenças, que se submetem aos treinamentos, com exercícios progressivos com intensidade submáxima, de característica baixa e moderada, sempre sob controle estrito e permanente, podem iniciar os treinamentos com baixo risco de apresentarem problemas. De acordo com Howley & Franks (2008): “Na verdade, os riscos de DC 6 na faixa dos que não se exercitam é maior do que na dos praticantes iniciantes, que optam por programas moderados”. (p.183). São inegáveis, que nas atividades do cotidiano da vida humana, existam riscos de acidentes, inclusive fatais, principalmente aqueles relacionados à violência no transito, fato que não exclui a necessidade de transporte. Apesar de que durante a prática de atividades físicas, principalmente de alto volume e alta intensidade, o organismo recebe uma grande carga de substâncias estressantes, como o cortisol, adrenalina, noradrenalina, que são neurotransmissores, que produzem efeito cardiotóxico e imunossupressor, e podem desencadear síndromes de colapso cardíaco. Weineck (1999 - 2005), a presente realidade não exclui a necessidade de exercícios físicos permanentes, para a recuperação e manutenção da saúde. 6DC - Doença cardíaca - grifo nosso. O elemento básico na aplicação dos exercícios é a necessidade de realização consciente, individualizada e de monitoramento contínuo. Devemos ficar atentos aos treinamentos com sobrecargas elevadas e constantes, porque o estresse excessivo sobre o organismo pode desencadear distúrbios cardiológicos em indivíduos propensos. De acordo com Weineck (2005): Um sistema cardiovascular sadio não entra em falência devido à sobrecarga da atividade física. A musculatura periférica entra em fadiga antes do músculo cardíaco e protege, com isso, o coração de sobrecarga”. Pessoas que apresentam algum problema cardiológico, idosas, ou que estão em estado sedentário, assim como, os atletas que são submetidos ao estresse competitivo, devem ser avaliadas com certa frequência e por meio de exames mais abrangentes e sofisticados. Após acometimento, por doenças respiratórias, gripes e infecções seguidas de febre, o individuo deve ser avaliado com cautela, por médico, antes de voltar gradativamente aos treinos. Deve-se garantir uma recuperação plena do organismo, antes de submetê-lo a novo estresse físico elevado. A aplicação de exames de caráter ortopédico relativamente simples, que visam à identificação de possíveis deformidades estruturais, é indicada a todos aqueles que desejam participar de treinos físicos. As medidas antropométricas e a elaboração de perfis de composição corporal servem para direcionar os treinamentos, por meio de avaliações periódicas, dos níveis de evolução corporal. Segundo Lillegard et al (2002), há dois objetivos com a avaliação física na pré participação, são eles: primário e secundário. Veja os exemplos na tabela 01 que segue abaixo. Tabela 01 Objetivos primários. Detectar condições que possam predispor a uma lesão. Detectar condições que possam ameaçar a vida ou levar a incapacidades. Cumprir as exigências legais e referentes ao seguro. Objetivos secundários. Determinar a saúde geral. Aconselhar em relação a assuntos referentes à saúde. Avaliar o nível do condicionamento físico para esportes específicos. Em relação direta com o esporte praticado, há recomendações para uma avaliação mais minuciosa, com ênfase especifica, em determinadas áreas corporais, que são mais solicitadas ou suscetíveis a lesões traumáticas, veja os exemplos na tabela 02 de Lillegard et al (2002). Tabela 02 Esporte Ênfase Futebol americano Pescoço, joelho, tornozelo. Basquete Tornozelo, joelho Beisebol Ombro, cotovelo Natação Ombro, ouvidos Luta Ombro, cotovelo, costas, pescoço, pele. Ginástica Punho, ombro, costas, tornozelo. Futebol de campo Tornozelo, quadril, joelho, pé, Corrida Alinhamento da extremidade inferior Vôlei Ombro, joelho, tornozelo. Nas corridas e deslocamentos em quadras de areia, os pequenos desníveis, podem provocar desconforto aos iniciantes, quando a intensidade do esforço é elevada e ou muito prolongada. Um treinamento anterior ou conjunto, para fortalecimento músculo articular, por meio de musculação é aceito como positivo de pré- habilitação ao treinamento dos esportes. Há certo consenso, em evitar a realização de treinamentos de corrida à beira mar, onde há grandes desníveis, e com areia dura. As atividades de circuitos de corridas e deslocamentos devem ser realizadas nos espaços com terreno regular ou nivelado, sejam eles de areia, grama ou outro tipo de piso. Principalmente as regiões corporais como tornozelos, joelhos, quadris e coluna lombar, são sobrecarregados desfavoravelmente, por grandes desníveis, assim como em solo duro. Em contrapartida, atividades desenvolvidas em campo nivelado com areia fofa ou grama natural, e executadas com intensidade e periodização progressiva, criam a possibilidade de adaptação e fortalecimento das estruturas articulares e musculares plenamente. Veja mais em Howley & Franks (2008). A propriocepção ou consciência do movimento é beneficiada por meio de movimentos com pequena instabilidade econstante desequilíbrio corporal controlado, que, no caso da movimentação em campos, quadras, e espaços com solo de areia, tendem a ser de baixo impacto sobre as articulações, durante os deslocamentos. Indivíduos com sobrepeso, portadores de lesões pregressas musculares e articulares, ou submetidos à cirurgias em ligamentos, tendões e articulações, devem realizar exame minucioso na região afetada. No surgimento de inchaço, rigidez e dor articular, faz-se a suspensão do treino, e deve-se tratar imediatamente, por meio de aplicação de gelo ou Crioterapia7, com imediato atendimento médico. Veja abaixo na tabela 03 de Lillegard et al (2002), as indicações e contraindicações da aplicação de Crioterapia. Atenção aos sintomas! Tabela 03. Indicações Contraindicações Lesões dolorosas agudas Hipersensibilidade ao frio Inflamação aguda Fenômeno de Raynaud 8 Espasmo muscular Crioglobulinemia Inflamação crônica (tendinite, bursite) Circulação comprometida Desconforto muscular tardio, caso surjam no nível de dor forte, (observe na escala visual analógica 01), com níveis iguais ou superiores a sete (7), deve-se avaliar com cautela a extensão e o desconforto. No caso de dores persistentes, que não desaparecem entre 24 a 72 horas, é sinal determinante para a redução da carga de esforço, que foi aplicada anteriormente no trabalho. De acordo com Tricolli (2001), as dores musculares tardias, quando se manifestam, costumam surgir após um período de (08) oito horas pós-esforço, e entre cinco a sete dias, desaparecem totalmente. (p. 39 - 40). A persistência de dores pode indicar uma Periodização (veja capítulo IV) equivocada, com intensidade de treino elevada e ou recuperação insuficiente, ou mesmo, de forma mais grave e aguda, a presença de lesão mais extensa sobre a massa muscular exercitada. 7 São técnicas e procedimentos utilizados em Fisioterapia, que visam a aplicação de gelo, em seguimentos corporais acometidos por traumas e lesões. 8 Segundo Kayser; Corrêa & Andrade (2009): “O fenômeno de Raynaud (FRy) caracteriza-se por episódios reversíveis de vasoespasmos de extremidades, associados a palidez, seguido por cianose e rubor de mãos e pés, que ocorrem usualmente após estresse ou exposição ao frio”. Escala 01. ESCALA VISUAL ANALÓGICA PARA A MEDIDA DA DOR. NÍVEL DE DOR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 DOR AUSENTE DOR FRACA DOR MODERADA DOR FORTE DOR EXTREMA DOR MÁXIMA CREMS:Centro Rodhia de Estudos Médicos-Sociais. 2.2 - Treinamento: riscos e cuidados. Os cuidados iniciam-se por intermédio de delimitação na área de trabalho ou treino, na qual iremos realizar a montagem de estações do circuito, para a realização de corridas e ou deslocamentos. O local para treinamento esta inicialmente em comum acordo com a disponibilidade de espaço existente. Comumente utilizamos espaços com metragem que variam em torno de 20m x 15m, 40m x 30m ou mais, como exemplo, os campos de futebol. Há alguns cuidados que devemos observar principalmente com os pés ao trabalhar deslocamentos na areia. Como proteção contra a ação abrasiva da areia entre os dedos ou mesmo na base dos pés, a utilização de meias ou sapatilhas de tecidos variados é indicada. O uso de tênis também é uma opção, como precaução deve-se usar meias um pouco mais longas e justas na perna, para evitar a entrada de areia dentro do calçado. Ao ar livre, a temperatura da areia exposta ao sol, pode tornar-se excessiva durante os dias mais calorosos, havendo a necessidade de proteção para os pés, visando a evitar queimaduras graves e consequente bolhas. Como cuidado básico, outra medida que deve ser adotada, é peneirar a areia, para a remoção de objetos estranhos cortantes e pontiagudos, evitando os possíveis cortes e perfurações nos pés e dedos. O profissional de Educação Física deve realizar uma varredura no ambiente que será utilizado para treinamento, objetivando identificar e corrigir buracos, e grandes desnivelamentos no terreno. É imperativo fiscalizar antecipadamente o local onde a atividade será realizada. Na tentativa de evitar as micoses, faz-se a higienização, não apenas dos pés após cada treinamento, mas também da quadra de areia, por meio de dedetização especializada. Os campos e quadras de gramas necessitam ser aparados constantemente, para manter a linearidade. Espaços com grama muito alta ou molhada, podem promover escorregões e consequente quedas. Com o intuito de minimizar os riscos de câncer de pele9, todos devem se proteger ao abrigo do sol e dispensar maior cuidado na proteção da pele por meio do uso de filtro ou bloqueador solar. O Fator de Proteção Solar (FPS) mínimo é 15. Os horários em que se deve evitar a exposição solar são entre 10 e 16 horas. Os filtros solares devem ser aplicados antes da exposição aos raios solares nos horários de risco, e reaplicados continuamente, sempre que se entrar na água, ou se enxugar. Pessoas que fazem parte do grupo de risco de câncer de pele devem ser orientadas a procurar informações mais especificas, com medico especializado ou dermatologista. É extremamente necessário o uso de filtro solar durante a exposição ao sol, negligenciar o uso é correr risco desnecessário de graves lesões do sol sobre a pele. Sabe-se que pessoas de pele clara, estão no grupo de maior risco a lesões solares, fato que não isenta dos cuidados básicos a que todos devem ter com a pele, ao se expor aos raios solares. 9 De acordo com INCA - Instituto Nacional de Câncer, (2011): “No Brasil, o câncer mais frequente é o de pele, correspondendo a cerca de 25% sobre todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. A radiação ultravioleta natural, proveniente do sol, é o seu maior agente etiológico”. As roupas para a pratica esportiva devem ser leves, de coloração clara e confortável, assim como, facilitar a evaporação do suor. Roupas apertadas podem causar desconforto e provocar irritação e assaduras de pele. O uso de bonés, chapéus e óculos escuros, é recomendado, em ambientes com incidência de luz solar. Durante os dias com prevalência de temperaturas elevadas, segundo o publicado em Howley & Franks (2008): “A porcentagem de superfície da pele exposta deve ser a maior possível para estimular a evaporação. Nesse caso, porém, é preciso usar um bloqueador solar para proteger do excesso de exposição ao sol”, (p. 186); o oposto é verdadeiro para os dias com incidência de baixa temperatura. De acordo com Mcardle (1998 – 2001), mais de 80% do calor produzido durante o exercício são perdidos por meio de evaporação pelo suor em um ambiente quente e seco. Quando a umidade do ar encontra-se elevada, há redução na eficiência do processo de evaporação, tornando-se menor, e consequentemente, elevando o risco de possíveis distúrbios orgânicos relacionados ao calor corporal excessivo. Deve-se ficar atento aos treinos realizados em dias com excessivo calor e umidade, que causam aumento mais acentuado da temperatura corporal, propiciando um maior risco de hipertermia, intermação ou insolação, provocando febre, dor de cabeça, desmaios, fraqueza, falta de fome, distúrbios de pressão arterial e arritmias na frequência cardíaca, etc. Os treinamentos que visam a aprimorar os padrões de saúde giram em torno de (30) trinta minutos a (60) sessenta minutos, estando diretamente relacionados com o estado de treinamentopessoal, horário do dia, temperatura ambiente e umidade do ar. Principalmente em treinos curtos intermitentes ou intervalados intensos, e nos treinos longos em torno de (60) sessenta minutos ou mais, em ambiente quente e úmido, a hidratação deve ser realizada já nos primeiros momentos de atividade. A ingestão adequada de água10 deve ser estimulada com intervalos regulares e permanentes, já o uso de compostos hidratantes11 orais com carboidratos e eletrólitos, deve ser recomendado por medico especialista em medicina desportiva ou nutricionista, porque podem existir contraindicações no caso de doenças cito: diabetes, hipertensão arterial etc. Deve-se tomar cuidado com os desequilíbrios na ingestão excessiva ou deficiente de líquidos antes, durante e após a atividade física. Ingerir volumes elevados de água pura, durante a atividade física prolongada acima de (60) sessenta minutos a varias horas, e em ambiente quente e úmido, pode em caso agudo, promover a perda excessiva de sais orgânicos, principalmente sódio, podendo levar em casos extremos, a um estado de hiponatremia12. A sede durante exercícios físicos, não é um bom indicativo da necessidade de hidratação corporal, quando a sede aparece já há um quadro de desidratação instalado, portanto, hidrate-se antes, durante e após a atividade física e ao longo de todo o dia. 10 “Em geral durante o exercício, se deve dar ênfase, à reposição de água e não ao sal ou às reservas de carboidratos”, Howley & Franks (2008, p.186). 11 De acordo com ACSM (como citado em Mcardle; Katch & Katch, 1998): “Durante um exercício com duração inferior a 1 h, existe pouca evidencia de diferenças no desempenho fisiológico ou físico entre consumir uma bebida com carboidratos - eletrólitos e água pura”. 12 Distúrbio de redução do volume de sais, presentes no soro sanguíneo. Na tabela 04, que se segue com dados compilados de Howley & Franks (2008, p.131), encontram-se recomendações básicas para a hidratação corporal por meio de ingestão d’água. Tabela 04 Recomendações Volume d'água Duas (02) horas antes do treino de endurance. 400 ml a 600 ml 10 min. a 20 min. antes de iniciar o treino. 200 ml a 300 ml Durante o treino a cada 15 min. a 20 min. 150 ml a 350 ml Para cada 500 g de peso corporal perdido. 475 ml a 700 ml Abaixo na ficha 01, se encontra um modelo para catálogo e identificação da redução ponderal durante exercícios físicos realizados no período de 90 minutos. O presente período de tempo para treinamento esta fora da realidade e dos objetivos do presente livro, portanto devemos utilizar com cautela, os dados dispostos no quadro 01. Com a identificação do peso corporal, catalogado na ficha 01 faz-se uso da ingestão de líquidos baseando-se em uma reposição de 80% sobre a redução ponderal observada, para isso utilizam-se os dados do quadro 01, modificado de Mcardle; Katch, & Katch (1985) como publicado em Chiesa (1999). Quando identificadas, temperatura e umidade relativa do ar, também podem ser catalogadas, visando comparações e controle sobre os futuros testes. Ficha 01. Ficha de redução ponderal 90 minutos. Identificação Pesagem kg Intervalo recomendado para beber líquidos. Ingestão recomenda (volume de líquidos) Nº Nome Antes Depois Quadro 01 Redução de peso corporal Minutos entre as pausas para ingestão de líquidos. Quantidade de líquidos por pausa (mililitros) 3,6 Não se recomenda nenhum treinamento - 3,4 - 3,2 10 266 3,0 251 2,7 251 2,5 15 325 2,3 311 2,1 281 1,8 251 1,6 20 311 1,4 281 1,1 222 0,9 30 237 0,7 177 0,5 45 177 0,2 60 177 2.3. Problemas orgânicos relacionados com a baixa umidade relativa do ar. 13 No período entre o final de inverno e início de primavera, quando a umidade relativa do ar torna-se muito baixa14, principalmente nos locais onde há predominância de baixo volume pluviométrico, regiões muito secas e com poucas florestas, lagos e açudes, há um maior aumento na incidência de síndromes alérgicas e respiratórias, podendo ser acompanhadas de sangramento nasal, provocadas pelo ressecamento de pele e mucosa das vias aéreas, assim como irritação dos olhos. Com relação à prática de atividades físicas, considera-se como “Estado de Atenção”, quando a umidade relativa do ar encontra-se entre 20% e 30%. No presente caso deve-se evitar a execução de atividades físicas e exercícios físicos ao ar livre no período entre 11 e 15 horas. O “Estado de Alerta” esta vinculado com a umidade do ar entre 12% e 20%; na presença de tal umidade, não se deve realizar treinamento físico e trabalho ao ar livre, durante o período entre 10 e 16 horas. 13 Base de dados recolhidos de <http://www.cpa.unicamp.br> acesso em 15 jun. 2011. 14 “O índice indicado para o homem é de no mínimo 60%, menos que isso, os problemas de saúde vão aparecer”. Disponível em>http://www.dppg.cba.ifmt.edu.br>acesso em 15 jun. 2011. Abaixo de 12% de umidade relativa do ar, considera-se Estado de Emergência, com consequente suspensão de exercícios físicos. A recomendação para uma maior atenção para a hidratação oral deve ser constante. Inalação por meio de nebulização e aplicação de soro fisiológico nas mucosas nasais devem ser orientadas por pessoal médico especializado. Capítulo III 3.1. Tipos de corridas - Bases gerais para o treinamento. Há muitas formas de movimentação corporal, que podem ser desenvolvidas por meio de caminhadas, trotes, deslocamentos e corridas. Abaixo se encontram no quadro 02, algumas variações de formas de movimentação, que devem ser utilizadas no cotidiano dos treinamentos de circuitos de corridas geométricas. Didaticamente, as formas de movimentação foram divididas em 04 blocos, em razão direta com a velocidade e variação de trabalho prático. Vide quadro 02. Quadro 02 Formas ou combinações básicas de movimentações. 01 - Caminhada Frontal ou simples com velocidade lenta e média Passadas de frente Percurso com velocidade constante. *Carregado Mochila com pesos, *cinto e colete lastrado. 02 - Trote/ jogging Frontal ou simples. Passadas de frente Velocidade constante ou variável. Com toque das mãos nos joelhos. Passada com elevação de joelhos Com toque das mãos nos calcanhares. Passada com elevação de calcanhares Carregado Passadas de frente Mochila com pesos, cinto e colete lastrado, cintos de ligas elásticas. 03 - Deslocamentos De costas Passadas de costas Percurso com velocidade constante.Lateral – deslocamento em linha simples. Passada lateral simples ou cruzada Lateral - deslocamento em linha diagonal. Lateral alternado - deslocamento em linha simples. Lateral alternado - deslocamento em linha diagonal. Ziguezague. Passada em ziguezague. 04 - Corridas Frontal ou simples. Passadas de frente Velocidade constante ou variável. Ziguezague. Passada em ziguezague. Carregado Passadas de frente Mochila com pesos, cinto e colete lastrado, cintos de ligas elásticas, *paraquedas. Aclive e declive Passadas de frente Velocidade constante ou variável. Mochila com pesos, colete lastrado. Os cintos de tração com elásticos e coletes lastrados com pesos adicionais em placas de chumbo ou limalha de ferro, são acessórios para aumentar a sobrecarga dos treinamentos dinâmicos e constituem a “forma *carregado” de treino. A utilização de recursos para aumento de sobrecargas no treinamento cíclico deve ser cuidadosamente estudada, principalmente em atletas profissionais durante a fase pré competitiva, para que o treino nãointerfira negativamente sobre a técnica de movimento esportivo. Outro modo de se elevar o grau de dificuldade na execução de corridas é por meio de paraquedas (PQDs). Os paraquedas possuem tamanhos variados e são usados em corridas com percursos curtos, retilíneos e em velocidade mais elevada, estando relacionados diretamente com objetivos específicos de treinamento, principalmente de atletas.15 Os acessórios descritos anteriormente, como cintos elásticos, colete lastrado e paraquedas, não devem ser aplicados aos treinos dos indivíduos iniciantes. Atenção especial deve ser dispensada nas atividades que são realizadas na “forma Carregado”, porque, são atividades de intensidade muito elevada, mesmo nas caminhadas. Os pesos dentro de mochilas elevam consideravelmente a sobrecarga cardíaca e estrutural (coluna, ombros, joelhos e tornozelos), inclusive em terreno plano. A intensidade a ser despendida durante os treinamentos deve ser ajustada, em comum acordo, com as condições individuais de treinabilidade. Os indivíduos iniciantes que estão em estado sedentário, devem realizar a atividade inicial por meio de caminhada, condizente com a percepção subjetiva de esforço da escala 02, com a classificação razoavelmente leve, até que seja alcançado progressivamente um nível de velocidade de aproximadamente 6,4 quilômetros por hora16. As escalas de percepção subjetiva de esforço (PSE) devem ser usadas com cautela e em conjunto com outras formas de controle, nos casos de treinamentos com volume ou intensidade mais elevados. É fato, que mesmo havendo questionamentos 15 02 PQDs de tamanho médio - resistência 11,8 kg. Objetivo: força rápida / capacidade de aceleração. 01 PQDs de tamanho grande - resistência 10 kg. Objetivo: força rápida / capacidade de aceleração. 02 PQDs de tamanho pequeno - resistência 08 kg. Objetivo: força rápida / capacidade de aceleração. 01 PQDs de tamanho médio - resistência 5,9 kg. Objetivo: aceleração / resistência de velocidade. 01 PQDs de tamanho pequeno - resistência 04 kg Objetivo: velocidade máxima/ técnica. 01 PQDs de tamanho médio ou 01 PQDs pequeno destacável - resistência 5,9 kg. Objetivo: aceleração / resistência de velocidade. Weineck (1999). 16 De acordo com o publicado em Howley & Franks (2008): ”Na prescrição de exercícios, caminhar 6,4 quilômetros em ritmo moderado é tão eficaz em termos de gasto calórico quanto correr 3,2 km”. (p.170). sobre a validade especifica das escalas de PSE e frequência cardíaca (FC), não há como negar, que elas se prestam a trazer praticidade, tornando-se um mecanismo de controle inicial básico do treinamento. A escala 0216 é uma proposta de classificação didática, a mesma, depende da sensação percebida de esforço, prevista na escala de classificação original de Gunar Borg do IPE (índice de percepção do esforço), escala 01. Abaixo se encontram nas escalas 03 e 0417, as zonas de Limiar Aeróbio, Limiar Anaeróbio, (FC) Frequência cardíaca, VO2 Maximo e Tolerância ao acido Láctico, que foram baseadas nos estudos de Bompa (2002). A escala 05 de Pina (como publicado em Marins & Giannich, 1996), foi elaborada de forma reduzida, tendo como intuito, facilitar a compreensão. A figura 01 é uma escala bastante simples ou pouco complexa, para ser utilizada. Confeccionada por meio de desenhos, facilita muito a identificação do estado de cansaço e consequente intensidade do esforço realizado, inclusive para crianças e idosos. Indivíduos que estão medicados por meio de controladores cardíacos (betabloqueadores), não devem fazer uso apenas das medidas de Frequência Cardíaca (FC), eles devem se valer também da utilização das escalas de percepção subjetiva de esforço; veja os exemplos na escala 01 e figura 01, assim como, de controles mais apurados, e exames periódicos, por meio de acompanhamento de médico especializado. A utilização de cardio frequencímetro é muito importante e prático, porque possibilita um controle mais exato, sobre a zona de 17 São adaptações da escala 01, original de Gunar Borg (como publicado em Pollock & Wilmore, 1993; Marins & Giannich, 1996-2003; Howley & Franks, 2008). FC individual, indicada para os treinos. Os tempos de recuperação e FC em alguns trabalhos devem ser os mais controlados possíveis, e visam a estimular o organismo a se adaptar de forma plena ao esforço. Escala 01. Nível Classificação do esforço (* IPE) 6 Muito, muito leve7 8 9 Muito leve 10 11 Razoavelmente leve 12 13 Um pouco difícil 14 15 Difícil 16 17 Muito difícil 18 19 Muito, muito difícil 20 Esforço máximo. Escala 02. *Escala analógica teórica de intensidade de movimentação. Intensidade Razoavelmente Leve Um pouco Difícil Difícil Muito Difícil Muito, muito difícil Esforço máximo Atividade Caminhada Trote Trote Deslocamentos Corridas Corridas Corridas Nível 11 13 15 17 19 20 Escala 03. Grau de percepção do esforço Classificação Nível Classificação do esforço Repouso 6 Muito, muito leve7 8 Atividade física 9 Muito leve10 11 Razoavelmente leve Exercício físico Zona de Aquecimento até 40 anos 12 Razoavelmente leve Zona de Limiar Aeróbio. 13 Um pouco difícil14 15 Limiar anaeróbio 15 Difícil 16 17 Muito difícil Zona de Vo2 Maximo. 18 Muito difícil Zona de Tolerância ao ácido láctico. 19 Muito, muito difícil20 Esforço máximo. Escala 04. Grau de percepção do esforço Classificação Nível FC Repouso 6 60 7 70 8 80 Atividade física 9 90 10 100 11 110 Zona de Aquecimento até 40 anos 12 120 Zona de Limiar Aeróbio. 13 130 14 140 15 150 Limiar Anaeróbio 15 150 16 160 17 170 Zona de Vo2 Maximo. 18 18 Zona de Tolerância ao ácido láctico. 19 Próxima ou igual à máxima20 Escala 05. Nível Condição 0 Repouso 0,5 Muito, muito fraco 1 Muito fraco 2 Fraco 3 Moderado 4 Algo pesado 5 Forte (pesado) 6 7 Muito pesado 8 9 Muito, muito forte quase máximo 10 Figura 01. . Ilustração de Rigatto & Orben (como publicado em Orben, 2006). 3.2. Frequência cardíaca. A seguir encontram-se algumas definições ou conceitos de frequência cardíaca (FC).18 “É o numero de contrações das cavidades do coração por minuto”. Barbanti (1979). “Frequência de pulso: É a frequência de ondas de pressão (ondas por minuto) propagadas ao longo das artérias periféricas, tais como a carótida ou as artérias radiais...” Ästrand (1979). O aumento de frequência cardíaca19, em resposta ao aumento ou elevação da carga, depende principalmente, do condicionamento físico do individuo em questão, sendo o aumento dessa frequência, proporcionalmente menor para os indivíduos mais treinados (bradicardia compensatória de treinamento). Uma redução na frequência cardíaca inferior ou igual a 12, Cole et al (1999) e 18 batimentos Bisel et al (2006), após esforço físico no primeiro minuto de recuperação é considerada anormal. Para estes mesmos pesquisadores (como citado em Pereira, 2009): “uma redução lenta da FC é um forte indicador de mortalidade” Segundo Joven et al publicado em Pereira (2009), após pesquisa realizada com 5713 indivíduos ativos e saudáveis, entre 42 e 53 anos, os autores concluíram que há um menor risco de morte súbita, naqueles que reduziram a FC em mais de 40 18 Segundo Bergamasco et al como publicado em Movimento & Percepção (2005): “A FC é o método preferido de monitoração da intensidade de exercício (Retechuki& Silva, 2001), fornecendo importantes informações para estabelecermos a intensidade de um treinamento e o estado de aptidão física em que se encontra o atleta (Weineck, 1999), sendo um método acessível a todos os técnicos e preparadores físicos (Sálvio, 2003)”. 19 Segundo Gray (1983): “Em geral, quanto mais condicionado for alguém, menos seu pulso subirá durante o exercício e mais rapidamente retornará à frequência de repouso”. batimentos no primeiro minuto de recuperação, em relação aos que reduziram a FC a menos de 25 batimentos. Torna-se de importância crucial, para a identificação de indivíduos com risco potencial para doenças cardíacas e morte súbita, observar a baixa redução na frequência cardíaca durante a recuperação. É importante avaliar permanentemente a FC de recuperação, tendo-se como base, os dados contidos nos dois parágrafos anteriores. 3.3. Medida de frequência cardíaca. A FC pode ser determinada por meio de simples contagem em uma leve palpação sobre a artéria do pescoço, veja o local na figura 0220, apresente técnica deve ser evitada, sendo apenas utilizada, no caso em que haja muita dificuldade, em verificar os outros locais de medição como a artéria radial no antebraço, figura 03, e artéria temporal, na cabeça. De acordo com Katch & Mcardle (1984); Howley & Franks (2008), o profissional que escolher a técnica de mensuração no pescoço deve estar bem familiarizado com a mesma, porque a pressão excessiva sobre a carótida pode alterar o numero de batimentos cardíacos, essa pressão pode estimular os barorreceptores do seio carotídeo, produzindo reflexo vasovagal, sobre o sistema circulatório, reduzindo a FC e pressão arterial 20 As figuras 02 e 03 foram obtidas de Gray (1983) como publicado em Chiesa (1999). (PA). A presente manobra deve ser evitada por aqueles indivíduos portadores de LDL colesterol elevado, e ateroscleróticos. A aferição da FC é mais segura e bastante eficiente na artéria radial, veja exemplo figura 03, localizada no lado do pulso onde se encontra o polegar. Como visto anteriormente, a utilização de frequencímetro cardíaco possibilita um controle pleno da medida de FC, tornando- se um equipamento de real e fundamental importância, no controle dos treinamentos, principalmente nos trabalhos em que a resposta cardíaca ao esforço, deve ser mais precisamente controlada durante os estímulos e intervalos de recuperação na forma de treinamento intervalado. A ausculta direta sobre a área cardíaca, realizada por meio de estetoscópio, possibilita não só a contagem de batimentos cardíacos ou FC, como também a identificação de arritmias e ruídos. O diagnóstico de possíveis patologias deve ser feito e confirmado por pessoal medico experiente, fisiologista e ou cardiologista qualificado, se possível em medicina esportiva. A contagem dos batimentos no treinamento pode ser realizada durante um período de 06 segundos, multiplicando-se por 10, o numero de batimentos percebidos. Se a contagem for realizada em 10 segundos, a multiplicação dos batimentos colhidos é feita por 06. Finalmente, se os batimentos cardíacos forem colhidos durante um tempo de 15 segundos, a multiplicação é feita por 04, para assim determinar a FC por minuto (FCM). A FC não deve ser medida, após treinamento físico, durante o período ininterrupto de 01 minuto. Diretamente relacionada com o condicionamento físico e saúde do individuo, a redução da FC se dá de forma mais acentuada nos primeiros minutos após a atividade, totalizando valores incorretos. Aconselha-se a medida de FC de treino no tempo de 10 segundos Figura 02 Figura 03 3.4. Frequência cardíaca basal ou pulso basal. O quadro 03A deve ser utilizado para o controle de frequência cardíaca basal diariamente. Os resultados das medidas diárias de frequência cardíaca basal21 (FCB) devem ser catalogados no quadro, e avaliados diariamente. A elevação da frequência cardíaca basal pode indicar problemas relacionados ao excesso de treinamento (estresse de treino), repouso e recuperação insuficientes, doenças oportunistas como gripes e infecções, estresse profissional etc. Na constatação de elevação da FC basal, é prudente reorganizar o microciclo semanal, por meio de redução na intensidade e volume, ou em ultimo caso, a suspensão temporária do treino. Uma breve suspensão do treinamento deve ser cogitada nos caos de suspeita e de excesso de treino, Overtraining ou sobre treino, na constatação, deve-se seguir á risca os conselhos do médico especialista. A redução da FC basal pode tornar-se parâmetro para a constatação de elevação do condicionamento físico22, por meio de melhorias funcionais do organismo, provocadas pelo aperfeiçoamento das funções fisiológicas cardíacas, respiratórias, circulatórias, musculares e possivelmente nervosa, induzidas pelo treinamento físico sistematizado de endurance. A FCB é avaliada após um período de repouso de atividades e exercícios físicos de aproximadamente 08 horas. O 21 Segundo Neumann (1999 como citado em Weineck,1999): “A avaliação da FC B (pulso matutino) é um método simples e eficaz para a constatação precoce de sobrecarga ou de distúrbios da saúde. É necessário um rearranjo do treinamento, caso haja um aumento de FC superior a 8 bat/min”. 22 De acordo com o publicado em Almeida & Araújo (2003): “Estudos sugerem que indivíduos bem treinados ou bem condicionados fisicamente (aerobicamente) possuem FC de repouso mais baixa, sugerindo maior atividade parassimpática, ou menor atividade simpática, como a explicação fisiológica para esse fato”. tempo para a contagem dos batimentos cardíacos deve ser durante 30 ou 60 segundos consecutivo. O individuo deve permanecer deitado e evitando qualquer esforço. Abaixo estão enumeradas algumas atitudes que podem alterar a FCB: 1- Insônia 2- Medicamentos 3- Alimentação excessiva antes de dormir; 4- Despertar brusco; 5- Atividade física momentos antes de dormir; 6- Ruídos no ambiente etc. Os distúrbios observados durante o sono devem ser anotados e confrontados com as respostas da FCB diária para comparação. Dentre as mudanças que ocorrem para o aperfeiçoamento do treinamento, destacam-se as manipulações na intensidade e no volume. Com a elevação da velocidade de deslocamentos e corridas, ou de aumentos sobre o volume total de trabalho, quando por meio de forma muito íngreme ou choque, há a possibilidade de haver alterações nas respostas de recuperação orgânica geral. Atenção especial deve ser dispensada, principalmente nos primeiros dias, após mudanças bruscas nos treinos. A verificação detalhada do comportamento da FCB é importantíssima ao aperfeiçoamento e ajuste nas condições ideais de treinamento individualizado. É prudente, aplicar reduções no volume e ou intensidade, nos casos de elevação de FCB. Não insista! É muito importante aplicar períodos de treinamentos menos exaustivos, para promover e ampliar a recuperação, não só física como psicológica do individuo. Quadro 03A TABELA CONTROLE DE FREQUÊNCIA CARDÍACA BASAL MENSAL Nome: Esporte: Ano: Gênero: Idade: Exercício físico: DIAS DO MÊS Fr eq uê nc ia c ar dí ac a m ed id a em 3 0 se gu nd os . 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Frequência cardíaca m edida em 30 segundos. 50 50 49 49 48 48 47 47 46 46 45 45 44 44 43 43 42 42 41 41 40 40 39 39 38 3837 37 36 36 35 35 34 34 33 33 32 32 31 31 30 30 29 29 28 28 27 27 26 26 25 25 24 24 23 23 22 22 21 21 20 20 19 19 18 18 17 17 16 16 15 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 DIAS DO MÊS 3.5. Prescrição básica de atividade por meio de FC. A FC de treinamento deve ser mantida em níveis mínimos e máximos previamente determinados, para maior resultado sobre os aspectos de treinamento e segurança cardíacos. A determinação da FC máxima (FCM) individual, para a posterior escolha dos limites na zona de FC de treinamento (FCT) ou zona alvo, deve ser na medida do possível, por meio de teste de esforço físico graduado, realizado por médico especializado. A FC máxima determinada por meio de teste de esforço máximo graduado, aplicado por cardiologista ou fisiologista do esporte é a forma mais segura, para a determinação e prescrição de intensidade de esforço por meio de zona alvo de treino. Com a impossibilidade de realização do teste de esforço máximo na determinação da FC máxima real, para o calculo da zona de FC de treinamento (zona alvo), podemos utilizar como base os dados da tabela 05A, com propostas de vários autores. A utilização de dados mais recentes de FC Máxima estimada, contidos da tabela 05B, por meio da nova equação23, estudada pelos pesquisadores: Tanaka, Monahan & Seals24 (como publicado em Howley & Franks, 2008, p.180); Revista Veja (2001, p.71), devem ser aplicados, em conjunto, com outros indicativos médicos individuais. A intensidade do esforço de treinamento deve estar, dentro da faixa de FCT, veja quadros 03B e 03C. O treinamento deve durar um período de tempo, o suficiente, para manter um gasto calórico cumulativo, entre 200kcl a 300kcl (Howley & Powers, 2000, p.290)25, ou entre 150kcal a 400kcal (Howley & Franks, 2008, p.176). 23 FC Máxima estimada por intermédio da equação: 208 - 0,7 x idade. 24 Cientistas pesquisadores na Universidade do Colorado. 25 Como publicado em Howley & Powers (2000): “A combinação entre a duração e a intensidade deve acarretar um gasto de cerca de 200-300kcal por sessão é consistente com a obtenção dos objetivos de perda de peso e de redução dos fatores de risco associados à doença coronariana” (p.290). Tabela 05A. Autores Karvonnen Jones et al. Marins Idade anos Fc Max Fc Max Fc Max 15 205 200 199 20 200 197 197 25 195 194 195 30 190 191 192 35 185 187 190 40 180 184 188 45 175 181 186 50 170 178 184 55 165 174 182 60 160 171 180 65 155 168 178 70 150 165 176 75 145 161 174 80 140 158 171 85 135 155 169 90 130 152 167 95 125 148 165 100 120 145 163 Tabela 05B Tabela para controle de treino por meio de estimativa (frequência cardíaca máxima). Frequência Cardíaca Máxima estimada por intermédio da equação: 208 - 0,7 x idade. Limites (alvos) Idade anos Fc max 90% 85% 80% 75% 70% 65% 15 198 178 168 158 148 138 128 20 194 175 165 155 146 136 126 25 191 171 162 152 143 133 124 30 187 168 159 150 140 131 122 35 184 165 156 147 138 128 119 40 180 162 153 144 135 126 117 45 177 159 150 141 132 124 115 50 173 156 147 138 130 121 112 55 170 153 144 136 127 119 110 60 166 149 141 133 125 116 108 65 163 146 138 130 122 114 106 70 159 143 135 127 119 111 103 75 156 140 132 124 117 109 101 80 152 137 129 122 114 106 99 85 149 134 126 119 111 104 97 90 145 131 123 116 109 102 94 95 142 127 120 113 106 99 92 100 138 124 117 110 104 97 90 Como método popular para a determinação da frequência cardíaca de treinamento, difundido por Karvonen26, a presente forma de determinação, aplica-se como percentual de frequência cardíaca de reserva (FC de reserva), na formula básica. A FC de treinamento deverá ser determinada por meio da resolução das equações abaixo: 26 Segundo publicado em Howley & Powers (2000, p.291). FC de reserva: (220 - idade - FC de repouso27). FC de treinamento: (% FC de reserva + FC de repouso). 27 A FC de repouso é medida durante o tempo de 01 (um) minuto consecutivo, após um período entre 03 (três) a 05 (cinco) minutos imóvel e se possível, estando o individuo deitado calmamente. O percentual da FC de reserva a ser utilizado, encontra-se no quadro 03B, segundo ACSM (como publicado em Ribeiro (2005). No quadro 03C, compilados de Howley & Franks (2008), há dados de % de FC de reserva e FC máxima, devendo ser relacionados ao estado de condicionamento físico individual, correspondente ao nível de aptidão física. Exemplo 01: Idade = 30 anos. FC de repouso: 60 BPM. FC de reserva: (220-30-60) = 130 BPM. Nível de Aptidão: 01 (Iniciante ou não condicionado) 65% FC de reserva = 85 BPM FC de treinamento = 145 BPM Exemplo 02: Idade = 30 anos. FC de repouso: 55 BPM. FC de reserva: (220-30-55) = 135 BPM. Nível de Aptidão: 02 (Intermediário ou atleta recreacional) 75% FC de reserva = 101 BPM FC de treinamento = 156 BPM Exemplo 03: Idade = 30 anos. FC de repouso: 50 BPM. FC de reserva: (220-30-50) = 140BPM. Nível de Aptidão: 03 (Avançado ou atleta de competição) 85% FC de reserva = 119 BPM FC de treinamento = 169 BPM Quadro 03B Nível de aptidão Classificação % de FC reserva 01 Iniciante ou não condicionado 50% a 65% 02 Intermediário - atleta recreacional 65% a 75% 03 Avançado - atleta de competição 75% a 85% . Quadro 03C Intensidade do exercício % de FC de reserva % de FC máxima Níveis escala Borg (original). 40% ou 50% a 85% 65% a 90% 12 a 16 Na prescrição de exercícios físicos por meio de frequência cardíaca, devemos utilizar um conjunto composto por vários métodos de controle, como exemplo, a sensação subjetiva de esforço, a qual é de fácil compreensão e encontrada nas escalas 03, 04, 05 e figura 01, visando à determinação previa de zona de frequência cardíaca de treinamento dentro de limites superior e inferior, dentre outros. A frequência cardíaca, para ser utilizada no treinamento cardiovascular respiratório, é comumente expressa por meio de % da FC máxima, a qual possui estreita relação com o % VO2 máximo28, como visto na tabela 06, composta por dados de Marion et al, como publicado em Branco et al (2004). 28 O VO2 máximo pode ser didaticamente compreendido, como sendo, a capacidade máxima orgânica em retirar ou absorver o oxigênio do ar durante a respiração; visando gerar energia para ser utilizada na produção de movimento. Modificado de <http://www.saudeemmovimento.com. Tabela 06 Relação do percentual da frequência cardíaca e percentual do consumo máximo de oxigênio ou VO2 máximo. % FC máxima % VO2 máximo 50 28 60 42 70 56 80 70 90 83 100 100 O VO2 é compreendido como sendo o gasto ou consumo de oxigênio pelo organismo, entre determinado percentual de intensidade, durante o exercício físico e ou atividade física, modificado de: http:// www.saudeemmovimento.com. O teste de VO2 máximo por meio de exercício progressivo é parâmetro confiável e seguro, para avaliação do estado de condicionamento físico e saúde, assim como, para a seleção de intensidade de treinamento básico ou inicial. Atletas ou indivíduos com aspirações competitivas devem recorrer aos testes de laboratório, visando a medir valores de Limiar anaeróbio, para prescrição de treinamento, apurada e direcionada individualmente. 3.6. Diretrizes para o treinamento das fontes energéticas. Nos quadros 04A e 04B, 05 e 06A, 06B e 06C, se encontram resumidas, as diretrizes para o treinamento das fontes energéticas com os respectivos objetivos das zonas dos treinamentos, a duração das fontes de energia e os períodos de tempo